Com Selic alta, investidor saca quase R$ 130 bilhões de fundos e busca retorno na renda fixa isenta de imposto de renda
Fundos de renda fixa, ações e multimercados perderam recursos para as letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA), de acordo com a Anbima

Era de se esperar que conflitos geopolíticos — com duas guerras em curso —, juros elevados no mundo inteiro e o temor de uma recessão eventualmente cobrassem seus efeitos — e o cenário de investimentos brasileiro não foi exceção. Com maior aversão ao risco, o último ano marcou uma fuga robusta de investidores dos fundos de investimento.
A indústria de fundos registrou uma saída líquida (saldo entre captações e resgates) de R$ 127,9 bilhões no acumulado de 2023 até dezembro, de acordo com relatório da Anbima.
Desse total, os fundos de renda fixa, ações e multimercados somaram perdas de R$ 211,1 bilhões — compensados parcialmente pela captação positiva de R$ 66,2 bilhões de produtos estruturados em 2023.
Os resgates refletem a situação macroeconômica e volátil do Brasil e do mundo todo, segundo Pedro Rudge, vice-diretor da Anbima e sócio fundador da Leblon Equities.
“A dificuldade de 2023 é que foi um ano bastante volátil. Por isso, em alguns momentos, a percepção de risco foi maior e o investidor se retraiu e preferiu buscar alternativas mais seguras.”
Afinal, a atratividade dos fundos é ligada à rentabilidade — e, no último ano, a maior parte dos fundos multimercados — aqueles que podem investir em diversas classes de ativos — marcou rendimentos abaixo do CDI, assim como boa parcela de fundos de renda fixa.
Leia Também
Ou seja, se os gestores têm dificuldade de apresentar retornos positivos, o investidor passa a procurar alternativas para alocar o seu dinheiro.
- VEJA TAMBÉM - RENDA FIXA 2024: ESTE CDB E LCI ESTÃO ENTRE MELHORES INVESTIMENTOS PARA BUSCAR LUCRO ACIMA DA SELIC
A vez dos títulos de renda fixa isentos de imposto de renda
Mas qual o objetivo dos investidores em abandonar os fundos no ano passado? E, mais importante que isso, para onde foi esse dinheiro todo?
Em resumo, a busca por maior rentabilidade e a fuga da mordida do Leão da Receita Federal motivou a saída bilionária de fundos de investimento.
Segundo a Anbima, o investidor brasileiro trocou os fundos por aplicações em títulos de renda fixa no último ano — e os grandes receptores desse dinheiro sacado foram os títulos bancários, em especial os que contam com isenção de imposto de renda (IR).
Só em títulos que contam com benefício fiscal, os investimentos somaram R$ 283,9 bilhões até novembro de 2023 — superando as saídas líquidas dos fundos. Nesse caso, estamos falando de produtos como letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA), certificados de recebíveis (CRAs e CRIs), letras imobiliárias garantidas (LIGs) e debêntures incentivadas.
Mesmo sem contar com a isenção de IR, outros títulos bancários como os CDBs atraíram investimentos de R$ 119,8 bilhões ao longo do último ano até novembro.
Produto | Investimentos (R$ bilhões) | Var (%) |
---|---|---|
LCA | 106,6 | 34,6% |
LCI | 100,9 | 46,7% |
CRA | 26,2 | 36,2% |
LIG | 20,6 | 23,8% |
CRI | 20,0 | 48,9% |
Debêntures incentivadas | 9,7 | 12,7% |
Subtotal de títulos isentos | 283,9 | 35,5% |
CDB | 119,8 | 16,8% |
Títulos Públicos | 28,8 | 21,4% |
Debêntures tradicionais | 4,8 | 37,0% |
Poupança | -44,2 | -4,7% |
Subtotal de demais títulos | 109,2 | 6,0% |
TOTAL | 393,1 | 15,1% |
O que esperar do mundo de investimentos em 2024
Na visão de Pedro Rudge, vice-diretor da Anbima, a tendência é que esse movimento de atração das LCIs, LCAs e outros títulos bancários de renda fixa continue no curto prazo.
“Talvez continue nos primeiros seis meses de 2024 devido à atratividade do patamar de juros e investidores buscando instrumentos mais seguros e que ofereçam retorno interessante. E se tiver isenção fiscal, ainda melhor”, afirmou Rudge, durante entrevista coletiva.
Apesar de o ciclo de cortes da taxa Selic já estar em curso, os juros devem permanecer em um patamar ainda elevado ao longo do primeiro semestre deste ano devido ao ritmo de reduções de 0,50 pontos percentuais por reunião proposto pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, segundo a Anbima.
Na visão do executivo, se os últimos anos marcaram um período sombrio para fundos de maior risco, a primeira metade de 2024 deve registrar um alívio para essas classes, com uma realocação de patrimônio dos investidores em produtos mais arriscados.
“A redução na Selic aumenta a atratividade de fundos mais arriscados, e classes como multimercados, ações e fundos imobiliários tendem a ganhar maior relevância e atratividade em ambiente de juros menores.”
Segundo Rudge, ainda não é possível enxergar uma migração de recursos de fundos de renda fixa para outras classes de investimentos.
Esse movimento deu sinais no fim de 2023, mas logo a volatilidade interrompeu qualquer alteração muito significativa. Entretanto, para o executivo, durante a primeira metade deste ano, poderá haver alguma mudança.
- ONDE INVESTIR EM 2024: Descubra o que esperar do cenário econômico brasileiro e internacional e quais são os melhores investimentos para a sua carteira, em diferentes classes de ativos. Clique aqui.
Paciência recompensada nos fundos de ações
Enquanto os fundos de renda fixa e multimercados sofreram no ano passado, as carteiras de renda variável foram a surpresa positiva de 2023, com retorno acima do Ibovespa no último ano — sem considerar os gestores de carteiras passivas, que precisam seguir o índice.
“Quem teve visão de longo prazo acabou se beneficiando. Isso destaca a importância da diversificação da carteira para não se manter em apenas uma classe de ativos”, afirmou o executivo da Anbima.
Ex-CEO da Americanas (AMER3) na mira do MPF: Procuradoria denuncia 13 antigos executivos da varejista após fraude multibilionária
Miguel Gutierrez é descrito como o principal responsável pelo rombo na varejista, denunciado por crimes como insider trading, manipulação e organização criminosa
Mais valor ao acionista: Oncoclínicas (ONCO3) dispara quase 20% na B3 em meio a recompra de ações
O programa de aquisição de papéis ONCO3 foi anunciado dias após um balanço aquém das expectativas no quarto trimestre de 2024
Ainda dá para ganhar com as ações do Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11)? Não o suficiente para animar o JP Morgan
O banco norte-americano rebaixou a recomendação para os papéis BBAS3 e BPAC11, de “outperform” (equivalente à compra) para a atual classificação neutra
Como fica a garantia de R$ 250 mil dos CDBs de Banco Master e Will Bank caso a aquisição do grupo pelo BRB saia do papel?
Papéis passariam para o guarda-chuva do BRB caso compra do Banco Master pela instituição brasiliense seja aprovada
Casas Bahia (BHIA3) quer pílula de veneno para bloquear ofertas hostis de tomada de controle; ação quadruplica de valor em março
A varejista propôs uma alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill dias após Rafael Ferri atingir uma participação de cerca de 5%
Tanure vai virar o alto escalão do Pão de Açúcar de ponta cabeça? Trustee propõe mudanças no conselho; ações PCAR3 disparam na B3
A gestora quer propor mudanças na administração em busca de uma “maior eficiência e redução de custos” — a começar pela destituição dos atuais conselheiros
Vale tudo na bolsa? Ibovespa chega ao último pregão de março com forte valorização no mês, mas de olho na guerra comercial de Trump
O presidente dos Estados Unidos pretende anunciar na quarta-feira a imposição do que chama de tarifas “recíprocas”
Conservador, sim; com retorno, também: como bater o CDI com uma carteira 100% conservadora, focada em LCIs, LCAs, CDBs e Tesouro Direto
A carteira conservadora tem como foco a proteção patrimonial acima de tudo, porém, com os juros altos, é possível aliar um bom retorno à estratégia. Entenda como
O e-commerce das brasileiras começou a fraquejar? Mercado Livre ofusca rivais no 4T24, enquanto Americanas, Magazine Luiza e Casas Bahia apanham no digital
O setor de varejo doméstico divulgou resultados mistos no trimestre, com players brasileiros deixando a desejar quando o assunto são as vendas online
Nova York em queda livre: o dado que provoca estrago nas bolsas e faz o dólar valer mais antes das temidas tarifas de Trump
Por aqui, o Ibovespa operou com queda superior a 1% no início da tarde desta sexta-feira (28), enquanto o dólar teve valorização moderada em relação ao real
Não é a Vale (VALE3): BTG recomenda compra de ação de mineradora que pode subir quase 70% na B3 e está fora do radar do mercado
Para o BTG Pactual, essa mineradora conseguiu virar o jogo em suas finanças e agora oferece um retorno potencial atraente para os investidores; veja qual é o papel
TIM (TIMS3) anuncia pagamento de mais de R$ 2 bilhões em dividendos; veja quem tem direito e quando a bolada cai na conta
Além dos proventos, empresa anunciou também grupamento, seguido de desdobramento das suas ações
Nem tudo é verdade: Ibovespa reage a balanços e dados de emprego em dia de PCE nos EUA
O PCE, como é conhecido o índice de gastos com consumo pessoal nos EUA, é o dado de inflação preferido do Fed para pautar sua política monetária
Não existe almoço grátis no mercado financeiro: verdades e mentiras que te contam sobre diversificação
A diversificação é uma arma importante para qualquer investidor: ajuda a diluir os riscos e aumenta as chances de você ter na carteira um ativo vencedor, mas essa estratégia não é gratuita
Após virar pó na bolsa, Dotz (DOTZ3) tem balanço positivo com aposta em outra frente — e CEO quer convencer o mercado de que a virada chegou
Criada em 2000 e com capital aberto desde 2021, empresa que começou com programa de fidelidade vem apostando em produtos financeiros para se levantar, após tombo de 97% no valuation
Tarifas de Trump derrubam montadoras mundo afora — Tesla se dá bem e ações sobem mais de 3%
O presidente norte-americano anunciou taxas de 25% sobre todos os carros importados pelos EUA; entenda os motivos que fazem os papéis de companhias na América do Norte, na Europa e na Ásia recuarem hoje
Nova faixa do Minha Casa Minha Vida deve impulsionar construtoras no curto prazo — mas duas ações vão brilhar mais com o programa, diz Itaú BBA
Apesar da faixa 4 trazer benefícios para as construtoras no curto prazo, o Itaú BBA também vê incertezas no horizonte
JBS (JBSS3) pode subir 40% na bolsa, na visão de Santander e BofA; bancos elevam preço-alvo para ação
Companhia surpreendeu o mercado com balanço positivo e alegrou acionistas com anúncio de dividendos bilionários e possível dupla listagem em NY
110% do CDI e liquidez imediata — Nubank lança nova Caixinha Turbo para todos os clientes, mas com algumas condições; veja quais
Nubank lança novo investimento acessível a todos os usuários e notificará clientes gradualmente sobre a novidade
CEO da Americanas vê mais 5 trimestres de transformação e e-commerce menor, mas sem ‘anabolizantes’; ação AMER3 desaba 25% após balanço
Ao Seu Dinheiro, Leonardo Coelho revelou os planos para tirar a empresa da recuperação e reverter os números do quarto trimestre