Campos Neto vai elevar a taxa Selic? Mercado espera manutenção dos juros, mas vê chance de comunicado mais duro do Copom
A grande dúvida do mercado para hoje é se o BC adotará ou não um forward guidance mais agressivo sobre o futuro dos juros
Está marcada para esta quarta-feira (31) mais uma reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom. O encontro será o primeiro após Roberto Campos Neto, o presidente do BC, e os outros diretores da instituição decretarem o fim do ciclo de cortes da taxa básica de juros (Selic).
E a expectativa é que a Selic permaneça inalterada após o fim da reunião de hoje. Mesmo com o aumento nas previsões para a inflação, a ampla maioria do mercado aposta na manutenção da taxa em 10,5% ao ano.
A verdadeira dúvida entre analistas e especialistas em política monetária está no tom do comunicado que o Copom divulgará junto à decisão — e o que ele revelará sobre o futuro dos juros. Confira aqui qual foi o veredito do comitê.
“De um lado temos o mercado financeiro precificando três altas de juros ainda este ano, levando a Selic a 11,5%, de outro temos o mercado americano precificando três quedas de juros nos EUA para o mesmo período. Deverá o nosso BC subir juros, quando as principais economias do mundo começam um ciclo de queda?”, questiona Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos.
- Empiricus Research libera relatórios semanais de renda fixa com recomendações de títulos que podem render acima da Selic. Cadastre-se gratuitamente para receber.
Palavras duras podem indicar novas alta da Selic ainda este ano
Para o Goldman Sachs, há uma chance de que a resposta para essa pergunta seja sim. Em entrevistas após a decisão de junho, Campos Neto declarou diversas vezes que um aumento nas taxas de juros não é o cenário base do Copom.
Porém, o banco de investimento avalia que o comunicado de hoje pode incluir um forward guidance — orientação futura que “dá pistas” a respeito dos rumos da política monetária — mais duro.
Leia Também
Na visão dos analistas, o BC pode adotar um tom mais agressivo para sugerir a possibilidade de aumento da Selic no curto prazo, possivelmente na reunião de setembro, dado o aumento esperado nas projeções da inflação.
O BTG Pactual também não descarta um cenário em que ao menos parte do comitê defenda a alta nos juros.
“Continuamos avaliando que será necessário maior apoio e credibilidade da política fiscal para garantir que o cenário de inflação não se torne mais desafiador e que a desancoragem das expectativas não se aprofunde ainda mais”, defendem os analistas.
Inflação e ruídos fiscais: os vilões da curva de juros
Vale relembrar que a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 subiu. Segundo a última edição do Boletim Focus, divulgada na segunda-feira (29), a expectativa passou de 4,05% para 4,10% este ano.
O número está acima da meta 3% que deve ser perseguida pelo BC e se aproxima do limite superior da faixa de tolerância, de 4,5%. Também houve alta na projeção de 2025, que passou de 3,9% para 3,96%.
Considerando a deterioração das expectativas, o Goldman Sachs afirma que há necessidade de que o Copom permaneça “vigilante e conservador”. “O cenário externo melhorou ligeiramente desde a reunião de 19 de junho. Portanto, é principalmente o cenário interno que exige cautela”, dizem os analistas.
- Analista recomenda títulos que podem render bem mais do que o IPCA e do que CDI. Baixe o relatório gratuito aqui.
Além da inflação, outro ponto que exige cautela no quadro local é a situação fiscal do país.
O ministério da Fazenda promoverá um congelamento de R$ 15 bilhões em gastos no Orçamento de 2024.
Mas, apesar do corte temporário de gastos, o governo elevou para R$ 28,8 bilhões a projeção de déficit primário neste ano, em meio a despesas crescentes e dificuldades para compensar a desoneração da folha de pagamento.
E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem enviado sinais mistos ao mercado a respeito de seu compromisso com o controle dos gastos públicos.
No dia 16 de junho, por exemplo, ele disse em entrevista não ver problema se o déficit fiscal for zero, de 0,1% ou de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Lula afirmou ainda que seria aceitável não cumprir a meta fiscal se houvesse "coisas mais importantes para serem feitas".
Já em um pronunciamento em rede nacional transmitido no último domingo (28), o presidente declarou que não abrirá mão da responsabilidade fiscal. “Entre as muitas lições de vida que recebi de minha mãe, dona Lindu, aprendi a não gastar mais do que ganho”, disse ele.
Polícia Federal: general preso imprimiu plano de execução de autoridades no Palácio do Planalto
PF divulgou que o general reformado Mário Fernandes deu o nome de Planejamento ao arquivo impresso
O que se sabe até agora sobre o complô dos ‘Kids Pretos’ para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes — e que teria a participação do vice de Bolsonaro
A ideia de envenenamento, de acordo com o plano do general, considerava a vulnerabilidade de saúde e a ida frequente de Lula a hospitais
É hora de taxar os super-ricos? G20 faz uma proposta vaga, enquanto Lula propõe alíquota que poderia gerar US$ 250 bilhões por ano no mundo
Na Cúpula do G20, presidente Lula reforça as críticas ao sistema tributário e propôs um número exato de alíquota para taxar as pessoas mais ricas do mundo
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
O primeiro dia do G20 no Rio: Biden, Xi e Lula falam de pobreza, fome e mudanças climáticas à sombra de Trump
As incertezas sobre a política dos EUA deixaram marcas nos primeiros debates do G20; avanços em acordos internacionais também são temas dos encontros
O tamanho do corte que o mercado espera para “acalmar” bolsa, dólar e juros — e por que arcabouço se tornou insustentável
Enquanto a bolsa acumula queda de 2,33% no mês, a moeda norte-americana sobe 1,61% no mesmo intervalo de tempo, e as taxas de depósito interbancário (DIs) avançam
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Agenda econômica: balanço da Nvidia (NVDC34) e reunião do CMN são destaques em semana com feriado no Brasil
A agenda econômica também conta com divulgação da balança comercial na Zona do Euro e no Japão; confira o que mexe com os mercados nos próximos dias
No G20 Social, Lula defende que governos rompam “dissonância” entre as vozes do mercado e das ruas e pede a países ricos que financiem preservação ambiental
Comentários de Lula foram feitos no encerramento do G20 Social, derivação do evento criada pelo governo brasileiro e que antecede reunião de cúpula
Milei muda de posição na última hora e tenta travar debate sobre taxação de super-ricos no G20
Depois de bloquear discussões sobre igualdade de gênero e agenda da ONU, Milei agora se insurge contra principal iniciativa de Lula no G20
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
Azeite a peso de ouro: maior produtora do mundo diz que preços vão cair; saiba quando isso vai acontecer e quanto pode custar
A escassez de azeite de oliva, um alimento básico da dieta mediterrânea, empurrou o setor para o modo de crise, alimentou temores de insegurança alimentar e até mesmo provocou um aumento da criminalidade em supermercados na Europa
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Está com pressa por quê? O recado do chefão do BC dos EUA sobre os juros que desanimou o mercado
As bolsas em Nova York aceleraram as perdas e, por aqui, o Ibovespa chegou a inverter o sinal e operar no vermelho depois das declarações de Jerome Powell; veja o que ele disse
A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas
As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?
Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira
A Argentina dos sonhos está (ainda) mais perto? Dólar dá uma trégua e inflação de outubro é a menor em três anos
Por lá, a taxa seguiu em desaceleração em outubro, chegando a 2,7% em base mensal — essa não é apenas a variação mais baixa até agora em 2024, mas também é o menor patamar desde novembro de 2021