Campos Neto nomeia o ‘vilão’ que pressiona inflação e impede Selic de cair; veja o que disse o presidente do BC brasileiro em Jackson Hole
Em simpósio dos banqueiros centrais nos Estados Unidos, presidente do BC brasileiro disse que inflação está convergindo para meta, mas num processo mais lento que o esperad
Em excesso, mesmo algo bom pode ser negativo. A Economia, ciência do cobertor curto, está repleta de exemplos, e os mais evidentes talvez apareçam na política monetária.
Se a deflação e a recessão são deletérios, uma atividade econômica e um mercado de trabalho aquecidos demais podem não ser muito melhores, levando a inflação para as alturas.
Em sua apresentação no simpósio de Jackson Hole, no estado americano do Wyoming, o presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, tratou de nos lembrar dessas máximas ao apontar o "vilão" para a inflação brasileira neste momento, aquilo que impede a taxa básica de juros de cair mais: o mercado de trabalho aquecido.
"Tem sido desafiador ter um processo de desinflação com o mercado de trabalho aquecido, especialmente em mercados emergentes como o Brasil", disse Campos Neto no último sábado (24), durante a conferência anual do Federal Reserve de Kansas City, que reúne banqueiros centrais do mundo todo.
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Para Campos Neto, este desafio tem tornado o processo de levar a inflação de volta à meta mais lento que o esperado. Ele também afirmou que os índices de preços ao consumidor estão acelerando em toda a América Latina.
"O Brasil sempre teve um histórico de inflação mais alta do que outros mercados emergentes, mas estamos neste momento em que o processo de desinflação está estagnado", disse o presidente do BC brasileiro. Parte disso "tem a ver com 'como você continua esse processo com o mercado de trabalho aquecido?'"
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A taxa básica de juros, a Selic, tem sido mantida em 10,50% desde junho, e agora as perspectivas do mercado são de novas elevações, mesmo com a expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano, a partir de setembro.
O próprio Campos Neto e o diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, cotado para ser o novo presidente da autarquia, têm sinalizado que o Copom aumentará os juros se necessário.
A inflação brasileira atingiu o teto da meta em julho, e os indicadores de atividade econômica vêm superando as estimativas. Dentro do índice, a pressão maior vem dos preços de serviços, o que está diretamente ligado ao emprego.
Campos Neto disse ainda, no evento de ontem, que programas de transferência de renda do governo, antes usados para suavizar os impactos da pandemia no mercado de trabalho, aumentaram recentemente.
No entanto, a melhoria nas expectativas sobre o cenário fiscal do país ajudou a reduzir as taxas de juros do Brasil no passado, apoiando a ideia de que, quanto mais coordenadas são as políticas fiscal e monetária, "mais eficaz você é", disse o presidente do BC.
Banqueiros centrais em todo o mundo "precisam entender que a inflação está convergindo, mas o processo teve um custo significativo para a sociedade", acrescentou Campos Neto.
*Com informações da Bloomberg
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