Campos Neto defende “choque fiscal positivo” como condição para Selic cair de forma sustentável
Falta de confiança na política fiscal dificulta o processo de convergência da inflação para a meta, disse o presidente do BC; saiba mais
Em meio à desconfiança do mercado financeiro sobre a trajetória fiscal, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (21) que medidas para equalizar as contas públicas são importantes para a política monetária.
Isso porque a falta de confiança na política fiscal dificulta o processo de convergência da inflação para a meta. Para que possa haver juros mais baixos, ele afirmou, é preciso um choque fiscal positivo.
"Isso é muito importante para nós, no BC, para sermos capazes de diminuir os juros de forma sustentável. Porque, no fim, nossa missão é atingir a meta de inflação, e é muito difícil fazer isso quando existe uma percepção de que o fiscal está desancorado", afirmou, em um evento da 20-20 Investment Association, em São Paulo.
O presidente do BC repetiu que, no mercado, parece haver alguma desconfiança sobre a capacidade do novo arcabouço fiscal entregar as metas propostas.
Também voltou a dizer que, sempre que foi possível conviver com juros sustentavelmente menores no País, isso ocorreu por causa de um choque fiscal positivo.
Independência do Banco Central
Além do aumento da confiança, necessária para o equilíbrio econômico, Campos Neto aproveitou para ressaltar e defender a importância da autonomia do BC para o país. Ele afirmou que essa independência precisaria de três dimensões para de fato acontecer.
Leia Também
Felipe Miranda: Alguém está errado
Depois de empate com sabor de vitória, Ibovespa reage à Vale em meio a aversão ao risco no exterior
"Você precisa ter autonomia operacional, você precisa ter autonomia administrativa, e você precisa ter autonomia financeira. E ele tinha uma nota abaixo disso, dizendo que o risco de não ter uma é acabar com nenhuma", afirmou Campos Neto. "Às vezes, se você tem autonomia operacional, mas não tem autonomia financeira, você pode ficar asfixiado na parte financeira."
Ele repetiu que a aprovação da autonomia operacional do BC foi um ganho importante inclusive para que a autoridade monetária pudesse aumentar os juros em um ano eleitoral.
Produtividade e novas tecnologias
Ainda durante o evento, Campos Neto afirmou que as despesas de governos com seguridade social têm aumentado no mundo todo, um reflexo do envelhecimento da população. Por isso, ele argumentou, é necessário avançar em reformas que aumentem a produtividade.
"Nós seremos capazes de ser mais produtivos? O que vejo hoje é que não estamos nos tornando mais produtivos neste momento, mas há muitas novas tecnologias surgindo, e pode ser que isso ocorra", afirmou ele.
- Qual é a melhor opção para se aposentar sem depender do INSS? Simule na nossa ferramenta gratuita
O presidente do BC destacou que, partindo do princípio que qualquer aumento de produtividade virá da adoção de novas tecnologias, isso vai aumentar a distância entre países ricos e em desenvolvimento.
"A verdadeira pergunta é: seremos capazes de ser mais produtivos? Para isso, vamos precisar de reformas no lado da oferta", disse Campos Neto, sem deixar de reiterar que o Brasil aprovou algumas reformas desse tipo durante a pandemia, como com a aprovação da lei de liberdade econômica.
De acordo com ele, essas novas tecnologias fazem com que o uso do dinheiro físico tenha uma diminuição natural, apesar de este não ser um objetivo do Banco Central. Até porque, parte da população, especialmente nas classes D e E, ainda recebe os salários em dinheiro, mas tem se bancarizado por causa do Pix. lembrou ele. "Não é nosso objetivo não ter dinheiro. Nosso objetivo é ter mais opções para as pessoas fazerem coisas de forma mais barata, mais segura e mais competitiva".
*Com informações do Estadão Conteúdo
Veja também: SELIC alta NÃO prejudica todas as ações. Quem se salva?
Efeito borboleta: Investidores monitoram ata do Fed, falas de dirigentes e IPCA de setembro para antecipar rumos do Ibovespa e dos juros
Participantes do mercado esperam aceleração da inflação oficial no Brasil em meio a temores de ciclo de alta de juros ainda maior
Sabatinando Galípolo: Senado vota hoje indicado de Lula para suceder Campos Neto no Banco Central, mas Ibovespa tem outras preocupações
Além da sabatina de Galípolo, Ibovespa terá que remar contra a queda do petróleo e do minério de ferro nos mercados internacionais
Selic de dois dígitos será mais norma que exceção, diz economista do Citi; como os bancões gringos veem juros e inflação no Brasil?
Cautela do Banco Central em relação à pressão inflacionária é bem vista por economistas do Citi, do JP Morgan e do BofA, que deram suas projeções para juros em 2024 e 2025
Varejistas, imobiliárias e mais: veja as ações mais (e menos) afetadas pela alta da Selic, segundo o BTG Pactual
Magazine Luiza, Casas Bahia e JHSF estão entre as empresas que mais podem sofrer com a alta da Selic; BTG aponta onde investir neste cenário
Subir a Selic foi um erro do Banco Central? O que os dados econômicos dessa semana revelam
Divulgação do IPCA-15 surpreende o mercado e Campos Neto é questionado sobre “erro” do Copom; veja esta e outras notícias sobre SUVs, renda fixa e Ibovespa
Wake me up when september ends
Até aqui, setembro tem sido um mês desafiador para os FIIs. Quais lições e oportunidades podemos tirar do período?
Novo título de renda fixa com isenção de IR e os rumores sobre a venda bilionária de ações da JBS (JBSS3) pelo BNDES: os destaques do Seu Dinheiro na semana
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que a nova renda fixa pode ser disponibilizada no mercado em breve; veja as matérias mais lidas da última semana
A Selic não vai parar de subir? Campos Neto diz como ficam os juros com melhora da inflação; presidente do BC também manda recado sobre a questão fiscal
Eventos como a aprovação do teto dos gastos e do arcabouço fiscal, disse, abriram espaço para trabalhar com uma taxa Selic menor
Campos Neto não curtiu? Desemprego atinge o menor nível para agosto — mas parte dos economistas acha isso ‘ruim’
Além da queda da taxa de desemprego próxima de uma situação de pleno emprego, o rendimento real dos trabalhadores cresceu
Só os conservadores se salvaram: títulos públicos sofrem em setembro, mês que teve até greve do Tesouro Direto; veja as maiores altas e quedas
Tesouro Selic foi o único título do Tesouro Direto a apresentar retorno positivo em mês marcado pelo início de um novo ciclo de alta na taxa básica de juros
Campos Neto errou? Presidente do BC responde sobre condução da taxa de juros após relatório de inflação
Comentários de Campos Neto foram feitos durante entrevista coletiva para falar do Relatório Trimestral de Inflação
Banco BV lança CDB que rende até 136% do CDI e com resgate até nos finais de semana; veja como investir
O novo título faz parte da ação que comemora os 36 anos do banco neste mês de setembro
Vale (VALE3) leva a melhor no cabo de guerra com a Petrobras (PETR4) e ajuda Ibovespa a fechar em alta; dólar recua a R$ 5,4447
No mercado de câmbio, o dólar à vista opera em queda, mas longe das mínimas do dia
E agora, Campos Neto? IPCA-15 contraria projeções e desacelera, mas será suficiente para mudar postura do Banco Central com os juros?
Prévia da inflação oficial desacelera de 0,19% para 0,13 na leitura mensal e cai a 4,12 no acumulado em 12 meses, segundo o IBGE
Campos Neto vê exagero dos mercados na precificação dos riscos fiscais; veja o que o presidente do Banco Central disse dessa vez
Durante evento do Banco Safra, nesta terça-feira (24), RCN também falou sobre perspectiva em relação à economia norte-americana e os impactos das queimadas no Brasil nos preços
Ata do Copom mantém tom duro e amplia apostas de que BC vai acelerar alta da Selic
Embora o Copom não tenha indicado claramente qual será seu próximo passo, a expectativa é de que alta dos juros seja acelerada na próxima reunião, marcada para o início de novembro
Entre estímulos e desestímulos: corte de juros na China anima bolsas internacionais, mas Ibovespa espera a ata do Copom
Iniciativas do banco central chinês incluem a redução do compulsório bancário e corte de juros para financiamentos imobiliários e compra de um segundo imóvel
Corte de juros nos EUA não resolve tudo na bolsa: bomba fiscal põe em risco fim de ano do mercado de ações no Brasil
Da mesma forma, o aumento dos juros por aqui é insuficiente sem um compromisso firme do governo com a responsabilidade fiscal
Roberto Campos Neto vai colocar o pé no acelerador dos juros? Ao menos, é o que sugere o Boletim Focus
De acordo com a edição desta semana, os próximos encontros da autoridade monetária devem elevar a Selic para o patamar de 11,50% ao ano no fim de 2024
O último corte: juros na China, discursos de membros do Fed e expectativas sobre a ata do Copom; confira o que mexe com as bolsas hoje
Decisões de política monetária dão o tom dos principais índices globais nesta segunda-feira, enquanto investidores aguardam semana pesada de indicadores e falas de autoridades