Campos Neto defende “choque fiscal positivo” como condição para Selic cair de forma sustentável
Falta de confiança na política fiscal dificulta o processo de convergência da inflação para a meta, disse o presidente do BC; saiba mais

Em meio à desconfiança do mercado financeiro sobre a trajetória fiscal, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (21) que medidas para equalizar as contas públicas são importantes para a política monetária.
Isso porque a falta de confiança na política fiscal dificulta o processo de convergência da inflação para a meta. Para que possa haver juros mais baixos, ele afirmou, é preciso um choque fiscal positivo.
"Isso é muito importante para nós, no BC, para sermos capazes de diminuir os juros de forma sustentável. Porque, no fim, nossa missão é atingir a meta de inflação, e é muito difícil fazer isso quando existe uma percepção de que o fiscal está desancorado", afirmou, em um evento da 20-20 Investment Association, em São Paulo.
O presidente do BC repetiu que, no mercado, parece haver alguma desconfiança sobre a capacidade do novo arcabouço fiscal entregar as metas propostas.
Também voltou a dizer que, sempre que foi possível conviver com juros sustentavelmente menores no País, isso ocorreu por causa de um choque fiscal positivo.
Independência do Banco Central
Além do aumento da confiança, necessária para o equilíbrio econômico, Campos Neto aproveitou para ressaltar e defender a importância da autonomia do BC para o país. Ele afirmou que essa independência precisaria de três dimensões para de fato acontecer.
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"Você precisa ter autonomia operacional, você precisa ter autonomia administrativa, e você precisa ter autonomia financeira. E ele tinha uma nota abaixo disso, dizendo que o risco de não ter uma é acabar com nenhuma", afirmou Campos Neto. "Às vezes, se você tem autonomia operacional, mas não tem autonomia financeira, você pode ficar asfixiado na parte financeira."
Ele repetiu que a aprovação da autonomia operacional do BC foi um ganho importante inclusive para que a autoridade monetária pudesse aumentar os juros em um ano eleitoral.
Produtividade e novas tecnologias
Ainda durante o evento, Campos Neto afirmou que as despesas de governos com seguridade social têm aumentado no mundo todo, um reflexo do envelhecimento da população. Por isso, ele argumentou, é necessário avançar em reformas que aumentem a produtividade.
"Nós seremos capazes de ser mais produtivos? O que vejo hoje é que não estamos nos tornando mais produtivos neste momento, mas há muitas novas tecnologias surgindo, e pode ser que isso ocorra", afirmou ele.
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O presidente do BC destacou que, partindo do princípio que qualquer aumento de produtividade virá da adoção de novas tecnologias, isso vai aumentar a distância entre países ricos e em desenvolvimento.
"A verdadeira pergunta é: seremos capazes de ser mais produtivos? Para isso, vamos precisar de reformas no lado da oferta", disse Campos Neto, sem deixar de reiterar que o Brasil aprovou algumas reformas desse tipo durante a pandemia, como com a aprovação da lei de liberdade econômica.
De acordo com ele, essas novas tecnologias fazem com que o uso do dinheiro físico tenha uma diminuição natural, apesar de este não ser um objetivo do Banco Central. Até porque, parte da população, especialmente nas classes D e E, ainda recebe os salários em dinheiro, mas tem se bancarizado por causa do Pix. lembrou ele. "Não é nosso objetivo não ter dinheiro. Nosso objetivo é ter mais opções para as pessoas fazerem coisas de forma mais barata, mais segura e mais competitiva".
*Com informações do Estadão Conteúdo
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