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Larissa Vitória
Larissa Vitória
É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo na Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo portal SpaceMoney e pelo departamento de imprensa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
POLÍTICA MONETÁRIA

Campos Neto acelerou: Copom aumenta o ritmo de alta da Selic e eleva os juros para 11,25% ao ano

A decisão pelo novo patamar da taxa, que foi unânime, já era amplamente esperada pelo mercado

Larissa Vitória
Larissa Vitória
6 de novembro de 2024
18:33 - atualizado às 19:20
campos neto ibovespa bolsa selic ações
Imagem: Montagem: Giovanna Figueredo

Atuar no Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) é como correr uma maratona cujo principal adversário é a inflação. E, com a linha de chegada de 2024 se aproximando e o IPCA cada vez mais perto do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o Copom decidiu acelerar a passada para tentar voltar a liderar essa disputa na reta final do ano.

Na penúltima reunião do ano, encerrada nesta quarta-feira (5), Roberto Campos Neto, presidente do BC, e seus diretores elevaram a taxa básica de juros brasileira, a Selic, em 0,5 ponto percentual.

Com isso, a Selic — que é o principal trunfo do BC na corrida contra a inflação — subiu para 11,25% ao ano. A decisão pelo novo patamar da taxa, que foi unânime, já era amplamente esperada pelo mercado.

Essa é a segunda vez que o Copom decide apertar a Selic neste ano. A primeira ocorreu em setembro após um intervalo de dois anos apenas optando por quedas e manutenção da taxa.

Na ocasião, porém, a elevação teve uma magnitude menor, de 0,25 ponto percentual. Agora, segundo o comunicado divulgado a pouco, a decisão de acelerar o aperto é justificada pelo atual cenário inflacionário.

O BC não informou se deve manter o novo ritmo nas próximas reuniões, afirmando apenas que o tamanho de ajustes futuros na Selic e a magnitude total do ciclo serão ditados pelo "firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução dinâmica de inflação".

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Vale relembrar que o IPCA-15, considerado a prévia oficial da inflação brasileira, acelerou mais do que se esperava em outubro e chegou a 4,47% no acumulado em 12 meses. O resultado coloca o indicador muito próximo do teto da meta do CMN para 2024, que é de 3%, mas conta com uma banda de oscilação que permite que o índice feche o ano entre 1,50% e 4,50%.

Além disso, os especialistas consultados pelo próprio BC já preveem o estouro da meta. De acordo com a última edição do Boletim Focus, divulgada na segunda-feira (4), a projeção para o IPCA de 2024 passou de 4,55% para 4,59%.

Para 2025, a projeção da inflação também subiu de 4% para 4,03%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,61% e 3,5%, respectivamente.

Como a política fiscal impacta a taxa Selic

Além das perspectivas para a inflação, o Copom também destacou estar acompanhado "com atenção" como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a frente monetária e os ativos financeiros.

"A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio", cita o comunicado.

Nesta semana notícias a respeito de um potencial pacote de corte de gastos dominaram o noticiário de Brasília. O Ministério da Fazenda apresentou a proposta a outras pastas do governo ontem e deve enviá-la ao Congresso ainda nesta semana, mas não deu detalhes sobre as medidas que serão adotadas.

De acordo com o Copom, uma política fiscal "crível e comprometida" com a sustentabilidade da dívida e com a execução de medidas estruturais para o orçamento "contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária".

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