Brasil retoma autossuficiência de alumínio e produção avança 24% em 2023; ainda existe espaço no mercado?
A recuperação na oferta acontece, principalmente, devido ao religamento do complexo industrial da Alumar, no Maranhão
O Brasil retomou autossuficiência em alumínio e viu a produção brasileira do metal avançar 24% em 2023, atingindo o patamar de 1,006 milhão de toneladas, apontam dados preliminares da Associação Brasileira do Alumínio (Abal).
Assim, o resultado representa a segunda melhora anual consecutiva após o setor mostrar recuperação de 5,1% no indicador em 2022.
A recuperação na oferta acontece, principalmente, devido ao religamento do complexo industrial da Alumar, no Maranhão, que voltou às operações no segundo semestre de 2022 e contribuiu para o incremento da produção em escala do metal no último ano, encerrando o ciclo de paralisação que havia sido iniciado em 2015.
Ao Broadcast, a presidente-executiva da Abal, Janaina Donas, destacou que a perspectiva tanto para a oferta quanto para a demanda dentro do setor são positivas no Brasil, dado que a indústria tem sido favorecida pela redução gradual da taxa básica de juros.
Também ajudaram na retomada do alumínio a volta das tendências estruturais observadas, que estimularam o crescimento do consumo do metal.
Alumínio resistente como aço
No setor, o alumínio é defendido como estratégico para a transição energética, devido ao seu potencial de reciclabilidade e boa condutividade elétrica.
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Além disso, há características favoráveis relacionadas à resistência mecânica, o que sinaliza para um potencial crescimento do metal em setores como energia e transportes.
A porta-voz da indústria nacional do alumínio também mencionou que o Brasil deve encerrar o ciclo de investimentos de 2022 a 2025 com a execução de R$ 30 bilhões em investimentos, fator que sustenta a visão do setor sobre o potencial crescimento que a demanda pelo metal deve desempenhar nos próximos anos.
Na terça-feira, 9, a executiva promoveu a abertura do 9º Congresso Internacional do Alumínio, e na ocasião defendeu que o Brasil reúne uma série de vantagens competitivas para o fortalecimento da indústria de base.
Ela destacou ainda o fato da cadeia brasileira do metal ser verticalizada, estando presente desde a mineração da bauxita até as etapas de industrialização, comercialização e reciclagem do alumínio em sua forma final. "Não somos apenas um país exportador de commodities", encerrou Donas.
Consumo cresce com melhora do padrão de vida
Para os próximos anos, a perspectiva de um aumento da renda e do padrão de vida da população brasileira deve incrementar o consumo de alumínio no Brasil, disse ao Broadcast o secretário-geral do International Aluminium Institute (IAI),Miles Prosser, que representa a indústria de alumínio no mundo.
Segundo Prosser, o Brasil está bem posicionado para desempenhar um papel significativo no fornecimento global de alumínio com alto valor agregado, principalmente em função de dispor de uma matriz energética limpa e um mercado interno robusto.
Com relação ao mercado global, o secretário mencionou que o consumo de alumínio deve crescer impulsionado por um aumento na preocupação com a transição energética.
Hoje, o montante mais relevante de consumo de alumínio no País está presente no mercado de embalagens, mas há perspectivas de crescimento da presença do metal em outros segmentos.
Já no setor elétrico, por exemplo, cabos condutores produzidos com alumínio podem favorecer a expansão da rede, além da aplicação do metal voltado para a energia solar.
Tensões comerciais
Porém, há um crescente aumento de pressão por parte da indústria por incentivos para aumentar a competitividade ou medidas de defesa comercial em todo mundo.
O cenário global é de um excesso de produção de bens, principalmente partindo da China, que avançam sobre os domésticos de outros países.
Nos Estados Unidos, o país tem adotado o IRA (Inflation Reduction Act), que se traduz em um pacote de incentivos para a transição energética, além da Seção 232, que estabelece uma barreira comercial mais rígida voltada à proteção estratégica do mercado americano.
Já na Europa, por sua vez, o continente adotou o CBAM (Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira, em português), que visa sobretaxar produtos importados que sejam intensivos em emissões de CO2.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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