A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas
As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião

O objetivo de todo alpista é chegar ao cume, mas, no caso da Selic, essa missão está difícil de ser alcançada — o próprio presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que a inflação no Brasil tem mostrado dificuldade em convergir à meta.
"Temos números de IPCA um pouco piores na ponta", disse RCN, enfatizando, porém, que o BC tem a preocupação de fazer um ciclo que permita às expectativas voltarem à meta.
"As expectativas são a parte que gera mais preocupação", acrescentou.
As primeiras declarações públicas de Campos Neto depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião. Atualmente a Selic está em 11,25% ao ano.
Os documentos trouxeram a revisão de 3,5% para 3,6% na projeção do BC para a inflação no horizonte relevante da política monetária mesmo considerando mais 1 ponto porcentual na taxa de juros.
A questão, de acordo com Campos Neto, é que a inflação implícita, a diferença entre as taxas de juros nominal e real, tem uma desancoragem grande. A atividade no Brasil, segundo ele, está muito forte e levando a surpresas consecutivas.
Leia Também
- Acima da Selic a 11,25% ao ano: conheça 8 ações que ainda podem valorizar acima da taxa de juros, segundo analista
A disparada do dólar é combustível para juros altos, Campos Neto?
A escalada do dólar rumo aos R$ 6 ainda está fresca na memória do mercado — a moeda norte-americana chegou à casa dos R$ 5,90 na máxima intradia no início do mês e, desde então, ainda flutua em patamares elevados.
Mas o presidente do Banco Central disse que essa disparada ocorrida na esteira da eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos deve afetar menos o Brasil do que outros emergentes. Segundo ele, China e México tendem a sentir os maiores impactos.
"Minha percepção é a de que é óbvio que, se você tiver um dólar forte, isso vai afetar os outros países com mercados emergentes, mas a minha visão era de que o Brasil seria menos afetado", disse Campos Neto. "Ele será afetado, mas em menor intensidade."
O banqueiro central repetiu que os principais debates em torno das eleições norte-americanas já apontavam para uma inflação mais alta no futuro.
TRUMP ELEITO: Como ficam DÓLAR, JUROS e em quais AÇÕES INTERNACIONAIS apostar
Um ponto de inflexão na política fiscal
Campos Neto também disse que a política fiscal brasileira atingiu um "ponto de inflexão" em que começa a gerar muitos prêmios de risco. Nesse cenário, apertos fiscais podem produzir um efeito expansionista para as condições financeiras e o crescimento econômico, afirmou.
"Você diminui o prêmio de risco, e isso tem um peso maior no investimento e na forma como as pessoas se comportam do que o próprio fiscal", disse o presidente do BC. "Nós estamos, eu acho, nesse ponto de inflexão em que às vezes mais é menos."
A declaração ecoa uma mensagem que já havia aparecido na ata do Copom de novembro.
O colegiado afirmou: "A redução de crescimento dos gastos, principalmente de forma mais estrutural, pode inclusive ser indutor de crescimento econômico no médio prazo por meio de seu impacto nas condições financeiras, no prêmio de risco e na melhor alocação de recursos."
Campos Neto disse que um aumento dos gastos sociais, por exemplo, pode resultar em crescimento econômico menor, devido à elevação dos prêmios de risco. Ele repetiu que, globalmente, a dívida e os juros cresceram após a pandemia de Covid-19, o que tem extraído liquidez dos mercados.
Mais cedo, em entrevista à Folha de S.Paulo, RCN disse que o governo Lula precisa agir rapidamente para cortar despesas e garantir que o arcabouço fiscal seja sustentável em longo prazo.
"O que poderia ser capaz de reverter esse prêmio de risco é um conjunto de medidas que tenham duas dimensões. A primeira é gerar um corte de gastos na carne no ano de 2025, que seja relevante. E, depois, medidas que indiquem aos agentes econômicos que estruturalmente o arcabouço fica mais sustentável para a frente", afirma Campos Neto.
Sobre o tempo que o governo tem para implementar essas ações, ele argumenta que quanto mais rápido, melhor: "Quanto mais se espera, depois mais você acaba tendo que fazer. Vai gerando uma dinâmica de piora. O choque que precisa ser produzido depois é maior".
Ele ressalta que a demora nas medidas fiscais pode causar sérios impactos no mercado, como investimentos perdidos e oportunidades desperdiçadas: "É gente que não investe, é alguém que fez um hedge, é um investimento que vinha para o Brasil e não veio. É sempre bom voltar a um preço melhor, mas não é verdade que a trajetória não influencia. O ideal é você se antecipar e não agir depois que o mercado já piorou muito."
Além de juros e inflação: a autonomia do BC com Galípolo
RCN afirmou ainda esperar que seu sucessor no cargo consiga aprovar a autonomia financeira da autarquia — ele será substituído pelo atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, no início de 2025.
"A gente fez a autonomia operacional e, infelizmente, não conseguimos avançar na autonomia financeira. Espero que meu sucessor consiga avançar nisso, acho que é muito importante para o Banco Central ter esse ciclo completo", disse.
O banqueiro central citou como marca da sua gestão o aumento da eficiência da intermediação financeira, com iniciativas como Pix e Open Finance.
Outro legado, segundo ele, é a transparência. Campos Neto disse que tentou abrir mais as informações e mostrar que as decisões do BC são técnicas.
"Espero que a gente continue nesse movimento de inovação, continue nesse movimento de transparência e continue nesse movimento de autonomia", afirmou Campos Neto.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Nova faixa do Minha Casa Minha Vida deve impulsionar construtoras no curto prazo — mas duas ações vão brilhar mais com o programa, diz Itaú BBA
Apesar da faixa 4 trazer benefícios para as construtoras no curto prazo, o Itaú BBA também vê incertezas no horizonte
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC
Lula firma acordos com Japão, mas frustração do mercado ajuda a derrubar as ações dos frigoríficos na bolsa
Em rara visita de Estado ao Japão, o presidente brasileiro e o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, firmaram nesta quarta-feira (26) dez acordos de cooperação em áreas como comércio, indústria e meio ambiente
Ato falho relevante: Ibovespa tenta manter tom positivo em meio a incertezas com tarifas ‘recíprocas’ de Trump
Na véspera, teor da ata do Copom animou os investidores brasileiros, que fizeram a bolsa subir e o dólar cair
Selic em 14,25% ao ano é ‘fichinha’? EQI vê juros em até 15,25% e oportunidade de lucro de até 18% ao ano; entenda
Enquanto a Selic pode chegar até 15,25% ao ano segundo analistas, investidores atentos já estão aproveitando oportunidades de ganhos de até 18% ao ano
Sem sinal de leniência: Copom de Galípolo mantém tom duro na ata, anima a bolsa e enfraquece o dólar
Copom reitera compromisso com a convergência da inflação para a meta e adverte que os juros podem ficar mais altos por mais tempo
Com a Selic a 14,25%, analista alerta sobre um erro na estratégia dos investidores; entenda
A alta dos juros deixam os investidores da renda fixa mais contentes, mas este momento é crucial para fazer ajustes na estratégia de investimentos na renda variável, aponta analista
Cuidado com a cabeça: Ibovespa tenta recuperação enquanto investidores repercutem ata do Copom
Ibovespa caiu 0,77% na segunda-feira, mas acumula alta de quase 7% no que vai de março diante das perspectivas para os juros
Inocentes ou culpados? Governo gasta e Banco Central corre atrás enquanto o mercado olha para o (fim da alta dos juros e trade eleitoral no) horizonte
Iminência do fim do ciclo de alta dos juros e fluxo global favorecem, posicionamento técnico ajuda, mas ruídos fiscais e políticos impõem teto a qualquer eventual rali
Felipe Miranda: Dedo no gatilho
Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.
Eles perderam a fofura? Ibovespa luta contra agenda movimentada para continuar renovando as máximas do ano
Ata do Copom, balanços e prévia da inflação disputam espaço com números sobre a economia dos EUA nos próximos dias
Agenda econômica: Ata do Copom, IPCA-15 e PIB nos EUA e Reino Unido dividem espaço com reta final da temporada de balanços no Brasil
Semana pós-Super Quarta mantém investidores em alerta com indicadores-chave, como a Reunião do CMN, o Relatório Trimestral de Inflação do BC e o IGP-M de março
Juros nas alturas têm data para acabar, prevê economista-chefe do BMG. O que esperar do fim do ciclo de alta da Selic?
Para Flávio Serrano, o Banco Central deve absorver informações que gerarão confiança em relação à desaceleração da atividade, que deve resultar em um arrefecimento da inflação nos próximos meses
Co-CEO da Cyrela (CYRE3) sem ânimo para o Brasil no longo prazo, mas aposta na grade de lançamentos. ‘Um dia está fácil, outro está difícil’
O empresário Raphael Horn afirma que as compras de terrenos continuarão acontecendo, sempre com análises caso a caso
Não fique aí esperando: Agenda fraca deixa Ibovespa a reboque do exterior e da temporada de balanços
Ibovespa interrompeu na quinta-feira uma sequência de seis pregões em alta; movimento é visto como correção
Deixou no chinelo: Selic está perto de 15%, mas essa carteira já rendeu mais em três meses
Isso não quer dizer que você deveria vender todos os seus títulos de renda fixa para comprar bolsa neste momento, não se trata de tudo ou nada — é até saudável que você tenha as duas classes na carteira
Warren Buffett enriquece US$ 22,5 bilhões em 2025 e ultrapassa Bill Gates — estratégia conservadora se prova vencedora
Momento de incerteza favorece ativos priorizados pela Berkshire Hathaway, levando a um crescimento acima da média da fortuna de Buffett, segundo a Bloomberg
Ainda sobe antes de cair: Ibovespa tenta emplacar mais uma alta após decisões do Fed e do Copom
Copom elevou os juros por aqui e Fed manteve a taxa básica inalterada nos EUA durante a Super Quarta dos bancos centrais
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir
Renda fixa mais rentável: com Selic a 14,25%, veja quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI
Conforme já sinalizado, Copom aumentou a taxa básica em mais 1,00 ponto percentual nesta quarta (19), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas