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Maria Eduarda Nogueira
Maria Eduarda Nogueira
Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-graduação em Comunicação e Marketing Digital na ESPM. Trabalhou com comunicação institucional e jornalismo de viagens antes de entrar no mercado financeiro. Está sempre disponível para falar sobre inovação, livros e cultura pop.
TOUROS E URSOS #203

Nunca estive tão otimista quanto estou hoje com o bitcoin (BTC), afirma gestor do primeiro fundo de criptomoedas do Brasil

Há oito anos e meio no mercado, Axel Blikstad fala ao podcast Touros e Ursos que ‘tem coisa melhor para acontecer’ em 2025

Maria Eduarda Nogueira
Maria Eduarda Nogueira
21 de dezembro de 2024
8:01 - atualizado às 15:27
podcast touros e ursos bitcoin btc criptomoedas
Imagem: Youtube/Divulgação

Se hoje em dia o investidor brasileiro já não é tão “chegado” às criptomoedas, imagine oito anos atrás. Foi nesse período que Axel Blikstad começou a atuar no mercado de ativos digitais, depois de sair de uma carreira bem tradicional no mercado financeiro. 

Responsável por fundar o primeiro fundo de cripto do Brasil, em janeiro de 2018, ele é bem firme ao dizer que nunca esteve tão otimista com as moedas digitais como está hoje

O otimismo é justificado: na reta final de 2024, o bitcoin (BTC), principal ativo do ecossistema, atingiu o notável marco de US$ 100 mil, esperado com entusiasmo pelos investidores. 

O caminho até esse ponto não foi exatamente tranquilo. O sócio-fundador da B2V Crypto revela que o primeiro ano de existência do Genesis Block Fund foi marcado por um duro “inverno cripto”, que é o jargão utilizado para se referir ao bear market nesse mercado. Nesse período, o veículo de investimento registrou perda de quase 80%. 

Desde então, as coisas melhoraram significativamente. O B2V Crypto 100 subiu 459% desde a criação até o fim de novembro, contra 69% do CDI no mesmo período.

Entre as opções de investimento da gestora, ele é o fundo com maior parcelainvestida no fundo Genesis (que é exclusivamente investido em criptomoedas), mas se restringe a investidores profissionais, ou seja, aqueles que têm mais de R$ 10 milhões em investimentos financeiros.

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  • Explicando: fundos voltados para o público geral e qualificado precisam ter maior parcela investida em títulos públicos, o que explica o fato de eles não registrarem o mesmo retorno de fundos de investidores profissionais. 

Para 2025, Blikstad acredita que há coisas melhores para acontecer no mundo dos ativos digitais. Há um fundamento principal por trás dessas boas projeções: a mudança de perspectiva para o ambiente regulatório.

Em outras palavras: o mundo, principalmente os Estados Unidos, está mais favorável para as criptomoedas.

No podcast Touros e Ursos dessa semana, o gestor explicou em detalhes o que mudou no mundo cripto para justificar o otimismo. Dê play para ouvir na íntegra no YouTube:

Um admirável mundo novo para as criptomoedas

Na visão de Blikstad, não foi somente a eleição de Donald Trump que impulsionou a alta recente das criptos, especialmente o bitcoin. 

Politicamente, os Estados Unidos viveram o chamado “red sweep” (algo como uma “varredura vermelha”), que significa que os republicanos ficaram com o controle da Câmara e do Senado. O gestor avalia isso positivamente, já que o Partido Democrata mostrava-se desfavorável ao ecossistema cripto. 

Somado a isso, a SEC – órgão regulador do mercado de capitais estadunidense, equivalente à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) – também teve mudanças importantes que resultaram em um ambiente mais pró-cripto. 

“Acho que a gente tem o dream team para cripto entrar nos Estados Unidos. A saída do Gary Gensler é espetacular”, comenta o sócio-fundador da B2V Crypto, em referência ao atual presidente do órgão, que tem uma postura bem anti-cripto. 

No começo do mês, quando Paul Atkins foi nomeado para ser o novo presidente da SEC, o bitcoin subiu 3,8% em menos de 3 horas

Na ocasião, Trump destacou que Atkins reconhece que “essas tecnologias [as moedas digitais] e outras inovações são fundamentais para tornar a América maior do que nunca.”

“A SEC agora está querendo ajudar e não punir”, diz o convidado.

Ainda falando de Estados Unidos, Blikstad comentou que a aprovação dos ETFs de Bitcoin no começo do ano, somada à popularidade que eles conquistaram nos portfólios dos investidores, gerou bilhões de dólares para o mercado. Hoje, esses veículos de investimento detêm cerca de 5% de todo o estoque de BTC do mercado.

O gestor também comenta que muitos países – entre eles, os Estados Unidos, a Rússia, o Japão, a Holanda e a Alemanha – estão pensando em fazer reservas estratégicas de bitcoin.

Com esse cenário favorável e o risco regulatório diminuindo, as pessoas estão mais propensas a investir em criptomoedas.

Não só os investidores pessoa física como também as empresas. Um dos destaques é a MicroStrategy, que comprou 479 mil bitcoins nos últimos quatro anos, exercendo uma pressão compradora no mercado. 

No caso brasileiro, Blikstad comenta que “ainda há muito ceticismo. No Brasil, as pessoas ainda não estão confortáveis em investir em tecnologia”. 

Criptomoedas para 2025: quais são as recomendações?

Falando de alocação de portfólio, o gestor explicou que a B2V Crypto assume uma postura “totalmente agnóstica” na seleção de ativos, tentando sempre buscar o que tem melhor risco-retorno. 

“Estamos bastante concentrados em coisas que a gente acredita que vão ter um benefício desse esclarecimento da parte regulatória nos Estados Unidos”, comenta, afirmando que  o fundo tem hoje 10 ativos.

Entre as moedas citadas, estão aquelas ligadas aos protocolos de finanças descentralizadas (DeFi), como a UniSwap (UNI). 

Ele também destaca Aviator (Avi) e Solana (SOL), que foi a cripto de melhor performance em 2023. 

Como recomendação, Blikstad fala entre 1% e 5% do portfólio em criptomoedas, a depender do perfil do investidor e do tempo de investimento – idealmente, acima de 3 anos. 

No bloco dos touros e ursos, os Estados Unidos também teve o devido destaque. Como ursos, foram eleitos a dívida do país e o presidente do Federal Reserve (banco central estadunidense), Jerome Powell, que “bagunçou” o mercado nesta semana. Por outro lado, o dólar foi tido como touro da semana. 

Outro touro também relacionado à tecnologia foi a empresa BroadCom, que, nesta semana, entrou para o clube do trilhão (companhias com mais de US$ 1 trilhão de valor de mercado).

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