Uma ação barata demais? Depois do tombo, saiba se chegou a hora de investir no Bradesco (BBDC4)
Negociando por menos de 7x preço/lucros, abaixo do seu valor patrimonial e com um aparente desconto para os pares do setor, boa parte do mercado já começa a se perguntar se BBDC4 não ficou barata demais.

No mercado, a notícia da semana foi o enorme tombo de 15% das ações do Bradesco (BBDC4), depois de resultados muito ruins relativos ao quarto trimestre de 2023.
A instituição, que costumava brigar pelo posto de maior banco do país com o Itaú (ITUB4), perdeu quase R$ 25 bilhões de valor em apenas um dia, e caiu para a quarta posição no setor.

É bom lembrar que essa não é a primeira vez que o Bradesco decepciona seus acionistas desta maneira nos últimos anos.
Em novembro de 2022, BBDC4 despencou 17% em um dia ao divulgar resultados pífios referentes ao terceiro trimestre de 2022. No dia da divulgação do quarto trimestre de 2022, caiu mais 8%.
Enfim, você já deve ter entendido que a situação não anda muito boa pelos lados da Cidade de Deus, sede do banco em Osasco.
Para tentar reverter essa situação, o Bradesco trocou o CEO no fim do ano passado, e junto com os resultados divulgados nesta semana, anunciou um plano de reestruturação com a ajuda da consultoria McKinsey.
Leia Também
Negociando por menos de 7x preço/lucros, abaixo do seu valor patrimonial e com um aparente desconto para os pares do setor, boa parte do mercado já começa a se perguntar se BBDC4 não ficou barata demais.

Será que chegou a hora de apostar no Bradescão? Será que o plano de reestruturação e a "gloriosa" McKinsey vão ajudar a colocar o bancão nos trilhos novamente? Eu não apostaria nisso, pelo menos, não tão cedo.
- Leia também: Vale a pena investir em empresas de crescimento? Só quando não é o Coringa que toma as decisões
Reestruturações são mais difíceis do que você imagina
Eu não vou mentir para você, logo que comecei a trabalhar como analista, no auge da minha inocência no mercado financeiro, eu acreditava em qualquer "plano de reestruturação".
Nas apresentações de Powerpoint, as companhias pareciam conhecer exatamente quais eram os problemas que tinham levado para o buraco. Além disso, com a ajuda de consultorias famosas – McKinsey, Galeazzi, Falconi, etc – elas diziam saber exatamente o caminho para sair de lá.
Depois da apresentação podia-se ouvir palmas, acionistas se abraçavam emocionados, e analistas corriam para o escritório para revisar o preço das ações para cima com os novos inputs otimistas.
Mas a verdade é que o mundo dos negócios é infinitamente mais difícil do que slides de PPT. Enquanto a companhia em dificuldades tenta se recuperar, a concorrência vai aproveitar a oportunidade para tentar roubar mercado.
Com a situação delicada, ela também vai ter mais dificuldade para contrair empréstimos, rolar dívidas, etc. Não vai sobrar tanto dinheiro para divulgar a marca em campanhas de marketing, nem para oferecer boas remunerações, o que pode levar a perda de talentos. É uma bola de neve…
Hoje, com vários anos de mercado nas costas e algumas frustrações, aprendi que são poucas as reestruturações que realmente dão certo e, mesmo quando acontecem, costuma demorar muito mais tempo do que se imagina.
A Vulcabrás, um dos casos recentes mais interessantes de reestruturação no Brasil, demorou cerca de 5 anos para ver suas ações voltarem a se recuperar.
E se você pesquisar no Google, vai encontrar notícias sobre reestruturação nas Casas Bahia (antiga Via Varejo), na CVC Corp e na Marisa da década passada, e elas seguem tentando sair do buraco até hoje…

Antes de continuar, é importante dizer que eu não estou comparando o Bradesco com essas companhias.
Financeiramente, o Bradesco vive uma situação muito melhor – o banco dá lucro e não tem problemas de solvência.

Mas a rentabilidade (Retorno Sobre Patrimônio Líquido, ou RSPL) está muito abaixo de seus pares. Além disso, há um outro componente importantíssimo aqui: o tamanho. Estamos falando de uma instituição gigantesca, de R$ 140 bilhões de valor de mercado e mais de 85 mil colaboradores.
É como tentar dar um cavalo de pau em um transatlântico: não é impossível, mas não será nada fácil, e muito menos rápido.
Um outro ponto merece atenção daqui para frente. Será que os correntistas continuarão a enxergar no Bradesco um porto seguro, assim como acontece com o Itaú? Será que investidores vão continuar aceitando taxas tão baixas para CDBs do Bradesco quanto aceitam para CDBs do Itaú, por exemplo?
Tudo isso pode ter implicações no custo de captação e na rentabilidade futura, o que nos leva de volta à pergunta: será que chegou a hora de apostar no Bradescão?
Bradesco: ainda é cedo
Se você está certo de que o Bradesco voltará a entregar a mesma rentabilidade que Itaú e outras companhias do setor, a resposta é óbvia: compre BBDC4.
Mas com resultados muito abaixo dos pares, um plano de reestruturação que tem boas chances de ser mais difícil e demorado do que o mercado está pensando, entendo que o desconto de BBDC4 seja merecido neste momento.
Por esses motivos, na série Vacas Leiteiras, o nosso bancão preferido continua sendo o Itaú (ITUB4) que, além de ótimos resultados no quarto trimestre de 2023, ainda anunciou o pagamento de R$ 11 bilhões em dividendos extraordinários.
Mais importante: ao que tudo indica, o banco deve distribuir ainda mais dividendos em 2024. Além do Itaú, a série conta com diversas boas pagadoras de dividendos. Se quiser conferir a lista completa, deixo aqui o convite.
- Além de Itaú (ITUB4): veja outras 4 ações que Ruy Hungria recomenda para quem busca lucrar com dividendos este ano. Uma delas negocia a apenas 4x Valor da Firma/Ebitda e pode pagar até 10% em proventos. Acesse a lista gratuitamente aqui.
Um grande abraço e até a semana que vem.
Ruy
Agenda econômica: Payroll, balança comercial e PMIs globais marcam a semana de despedida da temporada de balanços
Com o fim de março, a temporada de balanços se despede, e o início de abril chama atenção do mercado brasileiro para o relatório de emprego dos EUA, além do IGP-DI, do IPC-Fipe e de diversos outros indicadores
Impasse no setor bancário: Banco Central deve barrar compra do Banco Master pelo BRB
Negócio avaliado em R$ 2 bilhões é visto como ‘salvação’ do Banco Master. Ativos problemáticos, no entanto, são entraves para a venda.
Nubank (ROXO34): Safra aponta alta da inadimplência no roxinho neste ano; entenda o que pode estar por trás disso
Uma possível explicação, segundo o Safra, é uma nova regra do Banco Central que entrou em vigor em 1º de janeiro deste ano.
Banco de Brasília (BRB) acerta a compra do Banco Master em negócio avaliado em R$ 2 bilhões
Se o valor for confirmado, essa é uma das maiores aquisições dos últimos tempos no Brasil; a compra deve ser formalizada nos próximos dias
O e-commerce das brasileiras começou a fraquejar? Mercado Livre ofusca rivais no 4T24, enquanto Americanas, Magazine Luiza e Casas Bahia apanham no digital
O setor de varejo doméstico divulgou resultados mistos no trimestre, com players brasileiros deixando a desejar quando o assunto são as vendas online
Não é a Vale (VALE3): BTG recomenda compra de ação de mineradora que pode subir quase 70% na B3 e está fora do radar do mercado
Para o BTG Pactual, essa mineradora conseguiu virar o jogo em suas finanças e agora oferece um retorno potencial atraente para os investidores; veja qual é o papel
TIM (TIMS3) anuncia pagamento de mais de R$ 2 bilhões em dividendos; veja quem tem direito e quando a bolada cai na conta
Além dos proventos, empresa anunciou também grupamento, seguido de desdobramento das suas ações
Nem tudo é verdade: Ibovespa reage a balanços e dados de emprego em dia de PCE nos EUA
O PCE, como é conhecido o índice de gastos com consumo pessoal nos EUA, é o dado de inflação preferido do Fed para pautar sua política monetária
Não existe almoço grátis no mercado financeiro: verdades e mentiras que te contam sobre diversificação
A diversificação é uma arma importante para qualquer investidor: ajuda a diluir os riscos e aumenta as chances de você ter na carteira um ativo vencedor, mas essa estratégia não é gratuita
Após virar pó na bolsa, Dotz (DOTZ3) tem balanço positivo com aposta em outra frente — e CEO quer convencer o mercado de que a virada chegou
Criada em 2000 e com capital aberto desde 2021, empresa que começou com programa de fidelidade vem apostando em produtos financeiros para se levantar, após tombo de 97% no valuation
Do Pix ao câmbio online: Itaú anuncia transferências e pagamentos instantâneos em moeda estrangeira direto pelo app
Funcionalidade é fruto da parceria entre o Itaú e a Wise Platform e permite tanto a transferência quanto pagamentos online, com rastreio das operações.
JBS (JBSS3) pode subir 40% na bolsa, na visão de Santander e BofA; bancos elevam preço-alvo para ação
Companhia surpreendeu o mercado com balanço positivo e alegrou acionistas com anúncio de dividendos bilionários e possível dupla listagem em NY
110% do CDI e liquidez imediata — Nubank lança nova Caixinha Turbo para todos os clientes, mas com algumas condições; veja quais
Nubank lança novo investimento acessível a todos os usuários e notificará clientes gradualmente sobre a novidade
CEO da Americanas vê mais 5 trimestres de transformação e e-commerce menor, mas sem ‘anabolizantes’; ação AMER3 desaba 25% após balanço
Ao Seu Dinheiro, Leonardo Coelho revelou os planos para tirar a empresa da recuperação e reverter os números do quarto trimestre
Em reviravolta, ações da CVC (CVCB3) deixam a ponta negativa do Ibovespa e chegam a subir 6%. Afinal, o resultado do 4T24 é positivo ou negativo?
A empresa saiu das maiores quedas do Ibovespa para as maiores altas, com o mercado avaliando se os pontos negativos foram maiores do que os positivos; saiba o que fazer com as ações agora
Oncoclínicas (ONCO3) fecha parceria para atendimento oncológico em ambulatórios da rede da Hapvida (HAPV3)
Anunciado a um dia da divulgação do balanço do quarto trimestre, o acordo busca oferecer atendimento ambulatorial em oncologia na região metropolitana de São Paulo
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC
Braskem (BRKM5) salta na bolsa com rumores de negociações entre credores e Petrobras (PETR4)
Os bancos credores da Novonor estão negociando com a Petrobras (PETR4) um novo acordo de acionistas para a petroquímica, diz jornal
JBS (JBSS3): Com lucro em expansão e novos dividendos bilionários, CEO ainda vê espaço para mais. É hora de comprar as ações?
Na visão de Gilberto Tomazoni, os resultados de 2024 confirmaram as perspectivas positivas para este ano e a proposta de dupla listagem das ações deve impulsionar a geração de valor aos acionistas
Azzas cortadas? O que está por trás da disputa que pode separar o maior grupo de moda da América Latina
Apesar da desconfiança sobre o entrosamento entre os líderes, ninguém apostava num conflito sem solução para a Azzas 2154, dona de marcas como Hering e Arezzo