Super Quarta: por que as entrelinhas podem dizer mais que a decisão de juros nos EUA e no Brasil
Embora ambas as instituições devam manter as taxas de juros inalteradas, suas comunicações deverão ser distintas
Esta semana é decisiva para a política monetária global, com importantes deliberações nos Estados Unidos (Fed), Japão (BoJ), Reino Unido (BoE) e Brasil (BCB).
Cada região possui suas próprias expectativas, e a "super quarta-feira" se destaca como o ponto alto, com anúncios do Fed americano e do BCB brasileiro. Embora ambas as instituições devam manter as taxas de juros inalteradas, suas comunicações deverão ser distintas.
Para o Japão, a expectativa é de que o BoJ possa novamente elevar suas taxas de juros, enquanto no Reino Unido, o BoE provavelmente manterá suas taxas inalteradas, pelo menos por enquanto.
Mas vamos por partes.
Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. Frente aos desafios econômicos recentes, é esperado que o comitê adote uma postura firme e unânime no combate à inflação, buscando reancorar as expectativas do mercado.
Não se espera novos cortes na taxa de juros para este ano, sendo mais provável que ocorram apenas em 2025.
Leia Também
Para que o Brasil recupere a confiança do mercado, é essencial que, além de uma política monetária dura, o governo implemente cortes significativos nos gastos e mantenha uma política monetária conservadora.
A pedra no sapato fiscal
Por falar nisso, há uma crescente preocupação com a situação fiscal. O início desta semana foi marcado por renovadas apreensões em relação ao déficit público. A relação dívida bruta sobre PIB subiu 1,1 ponto percentual em apenas um mês, alcançando agora 77,8% do PIB, refletindo os desafios fiscais enfrentados pelo país.
LEIA TAMBÉM: Uma rotação setorial está em andamento — e ela conversa com o ‘Trump Trade’
A situação fiscal do Brasil continua alarmante, com as despesas crescendo a um ritmo mais rápido que as receitas, em desacordo com as diretrizes do novo arcabouço fiscal. As medidas implementadas até agora não conseguiram corrigir essa tendência.
No último ano, os gastos aumentaram 8% acima da inflação, enquanto o novo modelo fiscal estipula que os gastos devem crescer a um ritmo inferior ao das receitas, com um limite anual de 2,5%.
Diante desse quadro crítico, é essencial acompanhar os detalhes do corte de R$ 15 bilhões em gastos públicos para 2024, que serão anunciados hoje. Uma ação coordenada entre o governo e o Congresso é necessária para reequilibrar as contas públicas, embora as eleições municipais deste ano possam dificultar avanços significativos.
Sem uma âncora fiscal efetiva, a política monetária precisa assumir um papel mais destacado. Isso, combinado com fatores externos como o fortalecimento do dólar, justifica a manutenção das atuais taxas de juros.
Embora a curva de juros sugira uma possível elevação, não acredito que a Selic aumentará. Manter a taxa atual até o próximo ano, com uma postura firme, deveria ser suficiente.
A expectativa para o Fed
Nos Estados Unidos, a abordagem será diferente.
A expectativa é que o Federal Reserve mantenha a taxa de juros entre 5,25% e 5,50% ao ano, o nível mais alto em duas décadas, mas a orientação futura deve indicar um possível corte.
Na semana passada, dados positivos sobre o crescimento econômico dos EUA levantaram preocupações inflacionárias. O modelo GDPNow do Fed de Atlanta projetou um crescimento do PIB de 2,83% no terceiro trimestre de 2024, enquanto o modelo do Fed de Nova York apontou para 2,70%.
No entanto, a relação usual entre crescimento econômico e inflação parece ter se enfraquecido, o que impulsionou as ações no final da semana passada.
O índice de gastos com consumo pessoal (PCE) mostrou um leve aumento de preços em junho, conforme esperado pelos economistas, mantendo o Federal Reserve no caminho para um possível corte nas taxas de juros em setembro.
- Analista recomenda títulos que podem render bem mais do que o IPCA e do que CDI. Baixe o relatório gratuito aqui.
Espera-se que essa possibilidade seja abordada na coletiva de imprensa de Jerome Powell após a reunião de quarta-feira.
A ferramenta FedWatch do CME Group indica que a probabilidade de um corte de 25 pontos-base em setembro é de 90%. As expectativas para o fim do ano situam a taxa entre 4,50% e 4,75%, com a possibilidade de três cortes de 25 pontos ao longo do ano.
Discordo dessa perspectiva. Acredito que o cenário mais provável seja de dois cortes de 25 pontos cada, um em setembro e outro em dezembro, estabilizando a taxa entre 4,75% e 5,00% ao final do ano, o que seria suficiente para acalmar o mercado. Além disso, a semana trará mais indicadores do mercado de trabalho, culminando com a divulgação dos dados de emprego de julho na sexta-feira.
As autoridades estão empenhadas em controlar a inflação sem causar danos excessivos ao mercado de trabalho, evitando manter as taxas de juros elevadas por períodos prolongados. Este objetivo coloca em destaque o relatório mensal de empregos dos EUA, que será divulgado na sexta-feira, além de outras atualizações relevantes sobre o mercado de trabalho.
Resumidamente, portanto, espera-se que as taxas de juros se mantenham estáveis na iminente "super quarta-feira", embora com comunicações distintas. No Brasil, o tom deve ser conservador, refletindo uma deterioração do cenário econômico. Nos Estados Unidos, espera-se uma inclinação inicial para um possível corte de juros em setembro.
Essa abordagem pode resultar em um fortalecimento relativo, embora modesto, do real brasileiro. A decisão do Banco do Japão também será crucial, pois um possível aumento dos juros japoneses poderia afetar negativamente o real, já que o iene é frequentemente utilizado como moeda de financiamento em operações de carry trade.
Além disso, deve-se esperar uma redução nas pressões sobre ativos mais sensíveis ao aperto monetário nos Estados Unidos, especialmente nos mercados emergentes, como visto no primeiro trimestre deste ano. Isso poderia abrir um segundo semestre mais promissor para as ações dessas regiões, especialmente no Brasil, que tem demonstrado grande sensibilidade às variações dos juros americanos.
Rodolfo Amstalden: Qual é a exata distância entre 25 e 50 bps?
Em mais uma Super Quarta, os bancos centrais do Brasil e dos EUA anunciam hoje o futuro das taxas básicas de juros
Às vésperas do Copom, mercado projeta Selic a 11,25% em 2024; veja como investir nesse cenário
Analistas acreditam que alta dos juros pode ser positivo para a Bolsa, mas investidor precisa estar preparado; confira dossiê com recomendações e análises de onde investir
Aqui está o motivo por que os investidores de bitcoin (BTC) esperam pelo melhor no quarto trimestre de 2024
A maior criptomoeda do mundo se aproxima do seu melhor trimestre histórico, com uma “tempestade perfeita” se formando à frente
Dia de uma super decisão: bolsas amanhecem voláteis em meio à espera das decisões sobre juros no Brasil e EUA
Enquanto as apostas de um corte maior crescem nos Estados Unidos, por aqui o Banco Central está dividido entre manter ou elevar a Selic
Inflação vai “explodir” e Selic voltar a 13,50% se Banco Central optar por ajuste gradual, diz Felipe Guerra, da Legacy
Responsável pela gestão de R$ 20 bilhões, sócio-fundador da Legacy defende ajuste maior da Selic, mas espera alta de 0,25 ponto pelo Copom hoje
Como a decisão de juros do Fed nos EUA pode tirar o bitcoin (BTC) da faixa do “zero a zero” após o halving — e ainda iniciar novo rali das criptomoedas
As decisões do Fed sobre os juros impactam diretamente o cenário macroeconômico, que influencia o desempenho dos ativos de risco
‘O mundo pode mudar’ a partir da decisão do Fed, afirma estrategista: saiba se o seu patrimônio está preparado para a decisão de juro mais importante dos últimos anos
Federal Reserve deve cortar juro depois de 4 anos e definir “um novo paradigma para os mercados”, afirma estrategista-chefe da Empiricus; entenda o que pode mudar
Fed, Copom e o ‘cavalo de pau na neblina’: ‘Hiper Quarta’ marca momento de inflexão para o investidor; saiba como agir
Money Times, portal parceiro do Seu Dinheiro, prepara dossiê com reportagens, análises e curadoria de conteúdo para auxiliar o investidor após as decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos
Bitcoin (BTC) atinge os US$ 60 mil antes da esperada decisão de juros nos Estados Unidos e lançamento de token de Trump
Os juros são entendidos pelo mercado como o “preço do dinheiro”: se estão altos, fica mais difícil captar recursos — e o contrário também vale
A véspera do dia mais importante do ano: investidores se preparam para a Super Quarta dos bancos centrais
Em meio a expectativa de corte de juros nos EUA e alta no Brasil, tubarões do mercado local andam pessimistas com o Ibovespa
Fed corta os juros? Copom eleva a Selic? Saiba o que esperar de mais uma Super Quarta dos bancos centrais
Enquanto o Fed se prepara para iniciar um processo de alívio monetário, Brasil flerta com juros ainda mais altos nos próximos meses
O que pensam os “tubarões” do mercado que estão pessimistas com a bolsa — e o que pode abrir uma nova janela de alta para o Ibovespa
Após o rali em agosto, grandes gestoras do mercado aproveitaram para mexer nas posições de seus portfólios — e o sentimento negativo com a bolsa brasileira domina novas apostas dos economistas
BTG eleva projeção para o S&P 500 em 2024 e elege as 20 melhores ações americanas para investir em setembro
Apesar das expectativas para o cenário de juros e as eleições nos EUA, o cenário macro para as ações continua forte e com oportunidades
Corte de 0,25 p.p. ou 0,50 p.p.? Nada disso: senadores democratas pedem diretamente para o chefe do BC dos EUA que Fed corte juros em 0,75 p.p.
As autoridades dos EUA acrescentam que “claramente” chegou a hora de reduzir as taxas, diante da desaceleração dos preços e de dados indicando o arrefecimento do emprego
Dólar cai e se aproxima dos R$ 5,50 mesmo com ‘puxadinho’ de Flávio Dino no Orçamento — e a ‘culpa’ é dos EUA
Real tira proveito da queda do dólar nos mercados internacionais diante da expectativa de corte de juros pelo Fed
Ouro nas máximas históricas: tem espaço para mais? Goldman Sachs dá a resposta e diz até onde metal deve ir
“Nossos analistas veem uma alta potencial de cerca de 15% nos preços do ouro com o aumento das sanções norte-americanas, igual àquele visto desde 2021”, destaca o relatório
Não tem como fugir da Super Quarta: bolsas internacionais sentem baixa liquidez com feriados na Ásia e perspectiva de juros em grandes economias
Enquanto as decisões monetárias da semana não saem, as bolsas internacionais operam sem um único sinal
Agenda econômica: Decisões de juros no Brasil e nos EUA são destaque em “Super Semana” de decisões de política monetária
Além das decisões dos juros das principais economias globais, a agenda econômica também aguarda índices de inflação no Reino Unido, Zona do Euro e Japão
Fazenda atualiza estimativas e eleva previsão para inflação em 2024; veja quais são os ‘vilões’ do IPCA
Segundo o boletim macrofiscal, a expectativa da Fazenda é de que a inflação volte a cair no acumulado em doze meses após outubro
O tamanho que importa: Ibovespa acompanha prévia do PIB do Brasil, enquanto mercados internacionais elevam expectativas para corte de juros nos EUA
O IBC-Br será divulgado às 9h e pode surpreender investidores locais; lá fora, o CME Group registrou aumento nas chances de um alívio maior nas taxas de juros norte-americanas