🔴 É HOJE: APRENDA ESTRATÉGIA PARA BUSCAR RENDA EXTRA DE ATÉ R$ 2 MIL POR DIA NA BOLSA VEJA AQUI

Felipe Miranda: Proteja-se da inflação

Temos de escolher entre a cloroquina para covid ou para a inflação, cada uma com seu próprio desrespeito à ciência

16 de dezembro de 2024
19:58 - atualizado às 15:18
focus ipca inflação renda fixa
Imagem: Canva / Montagem: Bruna Martins

O sonho acabou. Nem a utopia brasileira temos mais. De brinde, perdemos também a hipótese de sermos o país do futuro, que foi sequestrado pela dívida pública muito alta. Nossos filhos e netos devem ter feito algo muito grave para nos vingarmos com a imposição dessa herança maldita. Castigo severo.

Quando o Brasil completou 100 anos de independência, celebramos com a Semana da Arte Moderna. Tarsila faz sucesso até hoje em Paris. Aos 200 anos, o que tivemos? Nada, rigorosamente nada. Sobrou-nos o troféu consolação de um show pop de Caetano e Bethânia, com direito a música gospel.

Depois deles, não há nada. Ou só há o nada. Talvez o leitor mais rigoroso possa apontar que existe Anitta, o que, me desculpem, eu consideraria um reforço ao ponto, não um contra-argumento.

Inflação à brasileira

Com o manifesto antropofágico, sonhávamos em absorver o melhor do estrangeiro, misturando-o à “vitalidade iorubá” e à “improvisação ameríndia”, filtrado pela “ternura portuguesa”. Até alertávamos para o risco de, ao nos civilizarmos, incorrermos em neuroses que nos entristecesse demais. Metaforicamente, perderíamos a alegria nas pernas para ceder ao rigor tático das duas linhas de 4 dos italianos. Dionísio teria dificuldades em conviver com Apollo, perderia a luta.

Podemos ficar tranquilos. Não corremos esse risco. Parecemos condenados a algo pior do que o sugerido pelo “mal estar na civilização”. Não nos civilizamos direito e não temos mais qualquer movimento cultural relevante. A miscigenação brasileira, merecidamente celebrada no “Elogio do vira-lata”, encontra um apartheid intelectual.

O estrangeiro, de onde poderíamos beber o progresso técnico, insumos de ponta e baratos, e a fronteira do conhecimento, é combatido em prol da proteção do conteúdo nacional. A dialética entre grupos distintos de pensamento é interrompida porque quem defende a minuta do golpe não suporta aqueles que rasgaram (sem ler) os livros de Economia. Temos de escolher entre a cloroquina para covid ou para a inflação, cada uma com seu próprio desrespeito à ciência.

Leia Também

A direita truculenta e a esquerda que não faz conta. A falsa dicotomia entre a responsabilidade social e fiscal, como se a primeira pudesse ser feita sem a segunda.

E assim perdemos a mistura, a diversidade, o sincretismo, cada um envolto à sua própria prisão sem grades. Sem a alternativa, a hipótese nula não pode ser falseada. Não há avanço em direção à síntese, por construção. Paramos na tese, na largada. E até no futebol, perdemos também.

O risco de 2025

“Ai, que preguiça”. O herói duplamente preguiçoso talvez tenha sido a única herança preservada de alguma manifestação brasileira típica. Ignoramos a disciplina, o estudo, a técnica, para promover a retórica da catimba contra a Faria Lima e contra Roberto Campos Neto, que, aliás, tem sido mais do que um ótimo banqueiro central — com o aumento de 100 pontos na Selic e seu forward guidance, ele foi além de seu próprio mandato, blindando Galípolo e garantindo uma transição mais suave. Não seria essa a definição de estadista?

“É Fantásticô”, realmente. Se "o único problema é o juro, mas vamos cuidar disso também”, escancaramos o risco de perdermos não só a âncora fiscal, mas também a monetária. A inflação projetada para 2025 já marca 6%, com viés de alta caso o câmbio não se acomode. Se o juro for menor do que o apontado pelos modelos consagrados para controlar a inflação, pela simples aplicação da paridade câmbio-juro, perderemos a moeda. O dólar não vai ser R$ 6,50 ou R$ 7,00. Não devemos subestimar o papel do câmbio para promover o ajuste forçado — a lira turca perdeu 95% a partir de uma experiência monetária mal-sucedida.

A realidade se impõe. Podemos fechar os olhos para a aritmética das contas públicas, mas, cedo ou tarde, sentaremos num banquete das consequências. Quando o ajuste fiscal não é feito pelo corte de gastos, ele acontece por meio da inflação. Vamos ver isso em 2025. Quando a dívida pública é paga pelo “calote branco”. Ruim para o pobre, pois a inflação concentra renda. Ele tem quase a integralidade da renda destinada a consumo, não sobra nada para poupança. O rico está protegido em NTN-B e em investimentos no exterior.

Esta talvez seja a maior prescrição para 2025: há um risco não-desprezível de a inflação ser muito maior do que todos estão supondo, de modo que o investidor deveria se proteger contra esse cenário. 

O dólar segue como um bom refúgio. O excepcionalismo americano é um call de consenso e muito povoado. Apesar da posição técnica não ser boa, o fundamento segue apontando nessa direção.

Os prefixados devem ser preteridos aos indexados. Não me iludo. Se as coisas continuarem piorando, vamos terminar com algum controle de capitais, algum tipo de tabelamento e algum tipo de criatividade para mensurar a inflação. Por ora, no entanto, não estamos lá. E há boas formas de garantir um bom retorno real, protegido da inflação.

Ações de empresas com dificuldades para remarcar preços deveriam ter desempenho ruim em termos relativos. Aquelas com pricing power tendem a ir bem. Foque naquelas cujos contratos estão vinculados à inflação. Eletrobras oferece uma TIR real superior a 15%. 

O consolo cultural brasileiro é o filme “Ainda estou aqui”. Faz referência à ditadura. Mas também poderia falar da inflação. 

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando até a morte é incerta: Em dia de agenda fraca, Ibovespa reage ao IBC-Br em meio a expectativa de desaceleração

13 de dezembro de 2024 - 8:21

Mesmo se desacelerar, IBC-Br de outubro não altera sinalizações de alta dos juros para as próximas reuniões

SEXTOU COM O RUY

A Selic subiu, o dólar disparou e chegou a hora de fazer alguns ajustes no portfólio – mas sem exageros

13 de dezembro de 2024 - 7:07

Muitas vezes os investidores confundem “ajustes” com “mudança completa” e podem acabar sendo pegos no contrapé, perdendo muito dinheiro com aquilo que acreditavam ser uma estratégia defensiva

EM XEQUE

Dólar vai acima de R$ 7 ou de volta aos R$ 5,20 em 2025: as decisões do governo Lula que ditarão o futuro do câmbio no ano que vem, segundo o BTG 

12 de dezembro de 2024 - 17:29

Na avaliação dos analistas, há duas trajetórias possíveis para o câmbio no ano que vem — e a direção dependerá quase que totalmente da postura do governo daqui para frente

NEM PRECISA DE BOLA DE CRISTAL

Depois do adeus de Campos Neto com alta da Selic, vem aí a decisão dos juros nos EUA — e o mercado diz o que vai acontecer por lá

12 de dezembro de 2024 - 13:01

Novos dados de inflação e emprego da maior economia do mundo deixam mais claro qual será o próximo passo do Fed antes da chegada de Donald Trump na Casa Branca; por aqui, Ibovespa recua e dólar sobe

Conteúdo Empiricus

‘É possível que sintamos saudades da Selic a 13,75% ao ano’, diz analista: onde investir na renda fixa após o Copom e IPCA de novembro?

12 de dezembro de 2024 - 12:00

De tédio nenhum investidor está sofrendo nesta semana. Duas divulgações macroeconômicas importantes rondam os noticiários durante esses dias. A última terça-feira (10) começou com o anúncio do IPCA de novembro, que desacelerou 0,39% e acumula 4,87% nos últimos 12 meses – bem acima do teto da meta de inflação, estabelecido em até 4,5%. O indicador […]

DEPOIS DO COPOM

Ninguém escapa da Selic a 12,25%: Ações do Carrefour (CRFB3) desabam 10% e lideram perdas do Ibovespa, que cai em bloco após aperto de juros pelo Copom 

12 de dezembro de 2024 - 11:54

O desempenho negativo das ações brasileiras é ainda mais evidente entre as empresas cíclicas e companhias que operam mais alavancadas

A NOVA ERA DO TURISMO

Turismo de luxo não é Paris: viajantes endinheirados buscam autenticidade e destinos fora do padrão

12 de dezembro de 2024 - 9:02

Anuário de Tendências de Luxo 2025 mostra o que os turistas de alto padrão estão buscando e priorizando nas viagens; veja os destaques

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Caça ao tesouro (Selic): Ibovespa reage à elevação da taxa de juros pelo Copom — e à indicação de que eles vão continuar subindo

12 de dezembro de 2024 - 8:01

Copom elevou a taxa básica de juros a 12,25% ao ano e sinalizou que promoverá novas altas de um ponto porcentual nas próximas reuniões

APERTO NOS JUROS

É hora de ser conservador: os investimentos de renda fixa para você se proteger e também lucrar com a Selic em alta

12 de dezembro de 2024 - 6:35

Banco Central aumentou o ritmo de elevação na taxa básica de juros, favorecendo os investimentos atrelados à Selic e ao CDI, mas investidor não deve se esquecer de se proteger da inflação

ENTREVISTA COM EXECUTIVO

Energia limpa e dados quentes: Brasil é o ‘El Dorado’ da Inteligência Artificial — e a chave da equação perfeita para ramo que deu 90% das receitas da Nvidia (NVDC34)

12 de dezembro de 2024 - 6:01

Para Marcel Saraiva, gerente de vendas da divisão Enterprise da Nvidia no Brasil, país precisa seguir um caminho para realizar o sonho da soberania de IA

RETORNO TURBINADO

Selic vai a 12,25% e deixa renda fixa conservadora ainda mais atrativa; veja quanto rendem R$ 100 mil na sua reserva de emergência

11 de dezembro de 2024 - 19:00

Copom aumentou a taxa básica em mais 1,00 ponto percentual nesta quarta (11), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas

DECISÃO DO BC

No adeus de Campos Neto, Copom pisa mais fundo no acelerador, eleva Selic para 12,25% e indica taxa acima dos 14% no ano que vem

11 de dezembro de 2024 - 18:35

Trata-se da terceira elevação da taxa desde o final do ciclo de corte nos juros, em setembro. E novos ajustes da mesma magnitude devem ocorrer nas próximas reuniões

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Encontros e despedidas: Ibovespa se prepara para o resultado da última reunião do Copom com Campos Neto à frente do BC

11 de dezembro de 2024 - 8:09

Investidores também aguardam números da inflação ao consumidor norte-americano em novembro, mas só um resultado muito fora da curva pode mudar perspectiva para juros

SD ENTREVISTA

Por que os R$ 70 bilhões do pacote de corte de gastos são “irrelevantes” diante do problema fiscal do Brasil, segundo o sócio da Kinea 

11 de dezembro de 2024 - 7:06

De acordo com Ruy Alves, gestor de multimercados da Kinea, a desaceleração econômica do Brasil resultaria em uma queda direta na arrecadação, o que pioraria a situação fiscal já deteriorada do país

DIA DE DECISÃO

Campos Neto dá adeus ao BC, mas antes deve acelerar a alta dos juros e Selic pode ficar acima dos 12% ao ano; confira as previsões para o Copom

11 de dezembro de 2024 - 6:07

A principal expectativa é por uma alta de 0,75 ponto percentual na taxa, mas os especialistas não descartam um desfecho alternativo e ainda mais restritivo para a reunião de hoje

NOVAS CHANCES

Quase metade dos brasileiros encara investir em moedas digitais como diversificação, diz pesquisa; Nordeste lidera adoção de criptos no país

10 de dezembro de 2024 - 16:31

Pesquisa da Consensys revela o apetite dos brasileiros pelo mercado cripto e a insatisfação com o sistema financeiro tradicional e as ‘Big Techs’

COMIDA SALGADA

Alimentação ainda pesa, e IPCA se aproxima do teto da meta para o ano — mas inflação terá poder de influenciar decisão sobre juros amanhã?

10 de dezembro de 2024 - 11:06

Além de Alimentação e bebidas, os grupos que também impactaram o IPCA foram Transportes e Despesas pessoais

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ibovespa aguarda IPCA de novembro enquanto mercado se prepara para a última reunião do Copom em 2024; Lula é internado às pressas

10 de dezembro de 2024 - 8:09

Lula passa por cirurgia de emergência para drenar hematoma decorrente de acidente doméstico ocorrido em outubro

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Os juros vão subir ainda mais? Quando a âncora fiscal falha, a âncora monetária precisa ser acionada com mais força

10 de dezembro de 2024 - 7:08

Falta de avanços na agenda fiscal faz aumentar a chance de uma elevação ainda maior dos juros na última reunião do Copom em 2024

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Histerese ou apenas um ciclo — desta vez é diferente?

9 de dezembro de 2024 - 20:00

Olhando para os ativos brasileiros hoje não há como precisar se teremos a continuidade do momento negativo por mais 18 meses ou se entraremos num ciclo mais positivo

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar