🔴 WEGE3, IGTI11, SANB11 E OUTRAS 6 EMPRESAS DIVULGAM RESULTADOS DO 1T25 ESTA SEMANA – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2

Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa

7 de outubro de 2024
20:00 - atualizado às 14:27
Dilma Rousseff acena para as câmeras
Dilma Rousseff acena para as câmeras - Imagem: Shutterstock

“Voltamos ao Brasil de um passado não tão distante, onde uma postura fiscal excessivamente expansionista demandava uma política monetária mais rígida, gerando pressão sobre a dívida pública e custos maiores para alcançar o equilíbrio entre crescimento e inflação.”
 
“Com previsão de Selic a 13%, gestor vê risco de dinâmica parecida com a de 2013 e 2014.”
 
Retirei os dois trechos da Exame Insight, sob o comando da ótima Natalia Viri. Há uma tentação grande para traçar paralelos da atual situação brasileira com aquela vivida no Dilma 2.

Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação me parece bastante imprecisa. O resultado das eleições municipais corrobora o argumento.

Pacto fáustico brasileiro

Mais até do que isso, a dinâmica do pleito alinha-se com precisão àquilo que tenho chamado de “pacto fáustico brasileiro”. Caso os três leitores tenham perdido a edição passada desta newsletter ou tenham a memória prejudicada por substâncias nem sempre recomendadas para uma manhã de segunda-feira, retomo brevemente a proposta:
 
“Se não fizermos nos próximos meses o necessário ajuste fiscal, ainda haverá um consolo. Se formos pelo caminho negativo, teremos de conviver por mais um ano com a deterioração dos prêmios de risco e piora institucional. A partir daí, entraremos no grande debate de 2026, quando o sentimento anti-establishment e a migração da população mais para a direta devem fazer a sua parte. Um pacto desse tipo nunca é agradável. Mas a oferta envolveria mais um ano e três meses de sofrimento para posteriores nove anos potencialmente bons.
 
É bastante tentador.
 
No cenário bom, começamos a controlar os gastos agora e surfamos valuations muito baratos e um cenário internacional bastante favorável.  O kit Brasil inicia imediatamente uma escalada vigorosa.
 
Já no cenário ruim, teríamos um para perder, nove para ganhar, num ciclo ditado pela migração do pêndulo político para a responsabilidade fiscal, o respeito aos contratos, a valorização do empreendedor, a obediência à sinalização do sistema de preços e um maior esforço institucional. 
 
Pode estar aí um belo trade. Vai exigir paciência e sangue frio. Mas é um pacto que paga bem lá na frente.”

 
Avaliações econômicas e financeiras que se amparam em questões político-partidárias são costumeiramente acusadas de carregar vieses, ainda que o observador esteja ciente do risco e procure blindar-se dos próprios vícios e inclinações pessoais.

Viés é um negócio meio parecido com subsídio ou privilégio — todo mundo reconhece, mas sempre no outro.
 
Apelemos então à imprensa tradicional ou, melhor ainda, aos dados objetivos. Se você abrir o site do jornal Valor Econômico, do Grupo Globo, acusado pela direita dia-sim, dia-também, de estar à esquerda no espectro ideológico, vai ler a manchete: “força da reeleição e marcha para a direita marcam a disputa municipal deste ano”. 

O quadro abaixo é um bom resumo:

Os partidos do chamado Centrão e mais alinhados à direita dominaram a disputa, tendo inclusive avançado sobre a eleição de 2020. 

A força da direita fica mais nítida quando se destaca o contingente das capitais. Extraindo um trecho da própria reportagem:

Leia Também

"O PL reelegeu os prefeitos de Maceió (João Caldas) e Rio Branco (Tião Bocalom) e passou para o segundo turno em primeiro lugar em outras sete capitais. A sigla ainda disputa a rodada decisiva em João Pessoa e Belém. Caso reverta a desvantagem nessas duas cidades e confirme a dianteira nas demais, poderá ganhar a eleição em 11 capitais, resultado muito além das previsões mais otimistas do cacique da legenda, Valdemar Costa Neto.”

E se ainda resta dúvida sobre as dificuldades da esquerda, vale observar que o falecido PSDB obteve sucesso em 269 prefeituras, mais do que os 246 municípios de êxito do PT.

Chegamos a um oxímoro: qual seria a condição daquele com menos vitalidade ainda do que um morto?

Ganha forças para uma eventual disputa presidencial em 2026, sendo potencialmente o principal antagonista elegível ao lulopetismo.

As eleições municipais representam uma importante diminuição de risco para os mercados brasileiros (risco aqui entendido como chance de perda permanente do capital).

Numa perspectiva histórica, eleições municipais não são necessariamente boa proxy para os pleitos presidenciais subsequentes, mas costumam ser ótimos indicadores antecedentes para a composição seguinte do Parlamento.

Ou seja, há boa probabilidade de que o Congresso a ser formado em 2026 esteja mais à direita.

Com isso, explico o que quero dizer com a parte do título deste texto de “Não estamos no México”, onde a eleição de uma presidente de esquerda com um Legislativo também de esquerda trouxe forte pressão vendedora sobre o peso mexicano e sobre seus mercados em geral.

Por lá, investidores antecipam deterioração fiscal, maior intervencionismo na economia, queda da produtividade geral dos fatores e uma perversa reforma do Judiciário.

Já foi dito que se a Argentina tivesse um Centrão não teria ido por um caminho tão ruim. Talvez o mesmo paralelo sirva para o México.

No Brasil, o Centrão, que traz o malefício de impedir-nos um grande progresso, evita também rupturas, explosões, grandes desastres e aventuras não-testadas de revoluções cujo resultado sabe-se lá no que daria.

Lula 3 não é o Dilma 2

Ter um Congresso conservador (no sentido de que conserva as instituições e organizações correntes) representa a diminuição do risco de cauda, de uma grande deterioração de Brasil semelhante à observada no México ou mesmo na era Dilma.

Então chegamos à outra parte do título: Lula 3 não é o Dilma 2, embora, sejamos justos, possa haver certa semelhança. A primeira razão é simples: Lula não é Dilma. Essa é muito mais convicta e inflexível, aquele é macunaímico.

Fernando Haddad também não é Guido Mantega e tem se esforçado heroicamente para o cumprimento das metas fiscais, ainda que sob grande desconfiança sobre a credibilidade dessa meta e temores de liderar o Exército de um homem só num governo mais interessado no pé na tábua fiscal.

Marcos Pinto oferece boa analogia com a dupla Marcos Lisboa e Daniel Goldberg, secretários do Lula 1 com longa lista de reformas microeconômicas mais silenciosas, mas com impacto interessante sobre a produtividade brasileira.

Os interessados no assunto podem se atualizar a partir da reportagem “Microrreformas já têm efeitos na economia e podem elevar PIB”, diz secretário de Haddad, publicada na Folha em 27 de setembro.

Ainda que a política fiscal seja frouxa, haja certa elasticidade contábil excessiva e tenhamos uma espécie de restauracionismo estatista em curso, a modulação agora é diferente da anterior.

A diferença entre o remédio e o veneno muitas vezes é a dose. Não há hoje uma orientação desmedida da mesma intensidade da nova matriz econômica.

Mal ou bem, existe um arcabouço fiscal que limita grandes rompantes. O Congresso é conservador. E temos grande escrutínio das contas fiscais pela imprensa, pelo tecido empresarial e pela sociedade como um todo.

A crise brasileira

Existe ainda outra restrição importante para impedir que estejamos numa guinada semelhante à de 2014: o tempo. O livro “Uma certa ideia de Brasil: entre passado e futuro” faz uma bela coleção dos artigos de Pedro Malan entre 2003 e 2018.

Ali está claro como a deterioração da qualidade da política econômica brasileira, embora recaia muito sobre as costas da ex-presidente Dilma, tem sua origem já quando da substituição de Antonio Palocci por Guido Mantega.

O que vem a ser conhecido por nova matriz econômica pelos idos de 2011 teve suas sementes plantadas já em 2006. A crise brasileira vai eclodir mesmo em 2015. Foram nove anos (não nove meses!) de gestação.

Agora, se a alta probabilidade da “marcha à direita” se confirmar em 2026, teríamos um rali eleitoral contratado já para 15 meses à frente.

Até lá, por mais que as coisas se deteriorem, dado o cenário internacional favorável de corte de juros pelos principais Bancos Centrais e estímulos pronunciados na China, parece haver tempo suficiente para empurrarmos as coisas com a barriga e não explodirmos o fiscal, sobretudo porque o arcabouço fiscal e um Congresso conservador impedem grandes rupturas.

Talvez tenhamos contratado um ciclo construtivo longevo, sendo que as eleições de ontem oferecem um conforto de reduzir o downside, porque o cenário de cauda mais negativo perdeu probabilidade. A assimetria é bastante convidativa.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior

28 de abril de 2025 - 7:03

Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio

CALENDÁRIO ECONÔMICO

Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado

27 de abril de 2025 - 17:12

Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA

JÁ PODE PEDIR MÚSICA

Fernando Collor torna-se o terceiro ex-presidente brasileiro a ser preso — mas o motivo não tem nada a ver com o que levou ao seu impeachment

25 de abril de 2025 - 11:01

Apesar de Collor ter entrado para a história com a sua saída da presidência nos anos 90, a prisão está relacionada a um outro julgamento histórico no Brasil, que também colocou outros dois ex-presidentes atrás das grades

DE OLHO NA VIRADA

Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado

25 de abril de 2025 - 10:27

Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

HABLAS ESPANHOL?

Nubank (ROXO34) recebe autorização para iniciar operações bancárias no México

24 de abril de 2025 - 20:49

O banco digital iniciou sua estratégia de expansão no mercado mexicano em 2019 e já conta com mais de 10 milhões de clientes por lá

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso

23 de abril de 2025 - 20:01

Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

SELIC VS DÓLAR

Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global

22 de abril de 2025 - 15:50

Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial

DIA 92

Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros

21 de abril de 2025 - 17:12

O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)

METAL MAIS QUE PRECIOSO

É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano

21 de abril de 2025 - 15:01

Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos

FECHAMENTO DOS MERCADOS

A bolsa de Nova York sangra: Dow Jones cai quase 1 mil pontos e S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 2%; saiba o que derrubou Wall Street

21 de abril de 2025 - 11:16

No mercado de câmbio, o dólar perde força com relação a outras moedas, atingindo o menor nível desde março de 2022

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: é dada a largada dos balanços do 1T25; CMN, IPCA-15, Livro Bege e FMI também agitam o mercado

21 de abril de 2025 - 8:15

Semana pós-feriadão traz agenda carregada, com direito a balanço da Vale (VALE3), prévia da inflação brasileira e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)

VERÃO SEM FILAS

Sol sem clichê: 4 destinos alternativos para curtir o verão no Hemisfério Norte

20 de abril de 2025 - 13:00

De Guadalajara a Montreal, quatro cidades surpreendentes para quem quer fugir do lugar comum com charme e originalidade no verão do Hemisfério Norte

AVALIAÇÃO EM SP

Lula é reprovado por 59% e aprovado por 37% dos paulistas, aponta pesquisa Futura Inteligência

19 de abril de 2025 - 15:33

A condição econômica do país é vista como péssima para a maioria dos eleitores de São Paulo (65,1%), com destaque pouco satisfatório para o combate à alta dos preços e a criação de empregos

conteúdo EQI

IPCA de março é o mais alto para o mês desde 2023, mas esse ativo pode render acima da inflação; conheça

18 de abril de 2025 - 14:00

Com o maior IPCA registrado para o mês de março desde 2023, essa estratégia livre de IR pode ser ainda mais rentável que a inflação, aponta EQI

DIA 88

Show de ofensas: a pressão total de Donald Trump sobre o Fed e Jerome Powell

17 de abril de 2025 - 19:55

“Terrível”, “devagar” e “muito político” foram algumas das críticas que o presidente norte-americano fez ao chefe do banco central, que ele mesmo escolheu, em defesa do corte de juros imediato

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Escute as feras

16 de abril de 2025 - 20:00

As arbitrariedades tarifárias de Peter “Sack of Bricks” Navarro jogaram a Bolsa americana em um dos drawdowns mais bizarros de sua longa e virtuosa história

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar