Onda de calor na Super Quarta: o que esperar das decisões de juros dos bancos centrais no Brasil e nos EUA
A última semana se encerrou no Brasil com volatilidade no mercado financeiro, antecipando decisões importantes de juros ao redor do mundo
A semana passada se encerrou no Brasil com o mercado financeiro enfrentando uma maré de desafios: o Ibovespa caiu, os juros subiram e o dólar se valorizou.
Tudo isso às vésperas de uma semana recheada de decisões cruciais sobre política monetária ao redor do globo.
Nos Estados Unidos, a resiliência da inflação está pressionando o Federal Reserve a ser mais ponderado em suas ações, apesar das expectativas predominantes de que o ciclo de redução dos juros possa começar em junho.
O foco dos investidores está especialmente voltado para as projeções futuras que serão reveladas através do gráfico de pontos após a reunião da próxima quarta-feira, um documento que indicará as expectativas dos membros do Fomc sobre a direção futura das taxas de juros.
Dada a persistente preocupação com a inflação, é provável que as novas projeções sugiram um número menor de cortes nas taxas de juros para este ano do que os três inicialmente previstos para junho, setembro e dezembro.
- Hora de investir na renda variável? Com um possível corte na Selic a caminho, será que esse é o momento de se posicionar para a “virada de chave”? Veja a resposta na transmissão gratuita, no dia 21/03.
Mais decisões de juros ao redor do mundo
Mas a atenção não se restringe apenas aos Estados Unidos e Brasil.
Leia Também
Esta semana marca um período intenso de decisões de política monetária ao redor do mundo, com implicações para seis das dez moedas mais negociadas internacionalmente.
Este panorama global de decisões monetárias evidenciará como as percepções dos bancos centrais sobre os riscos inflacionários estão começando a divergir significativamente, impactando diretamente as estratégias dos investidores e o comportamento do mercado financeiro.
Fonte: Bloomberg.
Mas vamos por partes…
O que esperar do Brasil?
No cenário econômico brasileiro atual, a grande questão em debate é se o Banco Central vai manter ou abandonar a orientação futura que vem adotando, a qual tem indicado a continuidade do ritmo de cortes na taxa Selic conforme visto nas últimas reuniões.
Esta decisão está especialmente sob os holofotes dada a série de indicadores econômicos positivos recentemente observados, destacando-se o desempenho dos setores de serviços, varejo e emprego.
A remoção do forward guidance pode sinalizar uma moderação na velocidade de redução da Selic, sugerindo inclusive a possibilidade de um encerramento precoce do ciclo de cortes, com a taxa estabilizando-se talvez em 9,5% ao invés dos 9% previamente antecipados pelo mercado.
No entanto, ainda há bastante espaço para discussão sobre esse possível desfecho, com opiniões divergentes.
Pessoalmente, ainda vejo a taxa Selic terminando mais perto de 9%.
No entanto, a combinação de uma inflação teimosa, incertezas no campo fiscal, desempenhos econômicos que surpreendem positivamente e um adiamento na normalização da política monetária nos EUA pode compelir o Banco Central a repensar suas próximas ações quanto à política de juros.
Diante deste pano de fundo, o Comitê de Política Monetária (Copom) pode decidir por realizar mais dois ajustes de 50 pontos-base nas próximas reuniões de março e maio, para então talvez moderar o ritmo de cortes para 25 pontos a partir de junho.
Como a situação fiscal pode afetar os juros
Um elemento de preocupação relevante é a situação fiscal do país, que mais uma vez se apresenta como um desafio.
Para esta semana é esperado o lançamento do primeiro Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do ano, um documento crucial para entendermos a saúde das finanças públicas e determinar a necessidade de ajustes fiscais para cumprir metas.
A revisão da meta fiscal é iminente; a questão que permanece é a magnitude e o timing dessa revisão.
O ambiente é de cautela, conforme refletido nos prêmios de risco elevados, principalmente nos títulos de vencimento mais longo, que estão mais expostos às incertezas fiscais.
Se não há uma âncora fiscal, precisamos ao menos de uma monetária (juros mais elevados).
Fonte: Tesouro Direto.
Economia brasileira segue robusta
Além da tensão fiscal, o mercado de juros futuros e o dólar experimentam altas após a divulgação dos dados do IBC-BR referentes a janeiro, que evidenciaram a robustez da economia brasileira.
Diante desse cenário, cresce entre os investidores a expectativa de que o Copom possa adotar uma postura mais conservadora, especialmente considerando a projeção de que a inflação possa encerrar o ano mais próxima do limite superior da meta do que do objetivo central.
Apesar de reconhecer uma possibilidade realista de ambas as direções (seja a manutenção ou a remoção do forward guidance), vejo maior probabilidade na continuidade da orientação atual, sugerindo o mesmo ritmo de cortes nas próximas duas reuniões, com a indicação subsequente de que a orientação futura será descartada no encontro subsequente.
Portanto, minha expectativa é que o Copom proceda com um corte de 50 pontos-base na próxima reunião, sinalize a possibilidade de implementar ajustes semelhantes nas duas reuniões seguintes, e, posteriormente, se distancie de projeções a longo prazo.
Com essa perspectiva, prevejo que as decisões iminentes sobre a taxa Selic e as declarações relacionadas possam ter um impacto limitado sobre os movimentos de mercado.
E os juros nos EUA?
Nos Estados Unidos, o ressurgimento da inflação como um ponto central de preocupação impulsionou os rendimentos dos títulos do Tesouro, com os de 2 e 10 anos alcançando, respectivamente, 4,721% e 4,303% ao final da semana passada.
Estes níveis, embora abaixo dos picos alcançados em outubro de 2023, superam as projeções de dezembro, um período marcado pela temida possibilidade de recessão.
Notável também é a evolução das expectativas do mercado quanto à política monetária do Federal Reserve.
Inicialmente, esperava-se que o Fed realizasse até sete cortes na taxa de juros para 2024. Agora, alinha-se à previsão mediana dos dirigentes do Fed de dezembro, que antecipa três reduções de taxa ao longo deste ano.
Dada esta perspectiva, é provável que o Comitê Federal de Mercado Aberto mantenha as taxas de juros estabilizadas entre 5,25% e 5,5%, refletindo um ajuste nas expectativas e um cenário econômico que continua a desafiar as previsões.
Leia também
- Corrida do ouro e do bitcoin levou a novos picos históricos, mas até onde vai o fôlego dessa tendência?
- O dragão está adormecido, mas ainda é prematuro dizer que a China atingiu seu ápice
O que está em jogo
À medida que nos aproximamos da coletiva de Jerome Powell e da divulgação das novas projeções econômicas, incluindo o crucial gráfico de pontos, surge uma interrogação crucial: será que os recentes indicadores de inflação fizeram o Federal Reserve reavaliar seus planos de alívio nos juros?
Adotando o lema de “manter os juros elevados por um período prolongado”, o mercado ainda vê como possível a implementação de três cortes de 25 pontos cada, espalhados entre junho e dezembro.
Nesta conjuntura, é esperado que as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) e inflação sejam revisadas para cima, refletindo as mais recentes informações disponíveis.
Quanto às taxas de juros, antecipa-se que a projeção média de três reduções ao longo do ano permaneça inalterada. No entanto, espera-se uma harmonização nas opiniões dos membros do Fed, diminuindo a variação nas suas previsões.
Um eventual ajuste ascendente nas projeções, por outro lado, poderia resultar em um aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro e uma retração nos ativos de maior risco. Embora este não seja o cenário-base para a reunião atual, há expectativas de que tal ajuste ascendente ocorra ao longo do ano.
As consequências para os mercados
Os mercados financeiros do Brasil mostram uma reação sensível às previsões de taxas de juros nos Estados Unidos, adicionando uma camada complexa à interpretação das tendências financeiras atuais.
Recentemente, observou-se um sincronismo entre as expectativas de mercado e as diretrizes do Federal Reserve americano, particularmente sobre a expectativa de que o processo de relaxamento da política monetária se iniciará em junho, acompanhado por três cortes de juros ao longo do ano.
Dada a solidez da economia americana e a continuidade da inflação, exacerbadas pela ascensão surpreendente dos preços do petróleo, que atingem máximas de quase cinco meses, é natural que cresça a preocupação com possíveis revisões dessas expectativas.
Essa conjuntura alimenta a apreensão de que o Fed possa ajustar suas projeções, potencialmente limitando-se a apenas dois cortes de juros até o final do ano, em sua próxima reunião.
Tal perspectiva, ainda que não seja a dominante no momento, poderia desencadear impactos negativos significativos nos mercados emergentes, que são profundamente influenciados pela política de taxas de juros dos EUA.
Este cenário, em um panorama macroeconômico sem precedentes, sublinha a incerteza dos caminhos a serem percorridos para a normalização da inflação global em direção às metas predefinidas.
Mesmo diante de análises perspicazes e projeções, a rota exata para a estabilização permanece uma incógnita, navegando por um território desconhecido repleto de especulações e expectativas ajustadas.
- Saiba como investir após a decisão do Copom: os analistas da Empiricus Research vão te dar essa resposta na quinta-feira, dia 21 de março, logo após o anúncio das novas taxas de juros do país. Inscreva-se gratuitamente aqui para ter acesso às recomendações.
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
Rali do Trump Trade acabou? Bitcoin (BTC) se estabiliza, mas analistas apontam eventos-chave para maior criptomoeda do mundo chegar aos US$ 200 mil
Mercado de criptomoedas se aproxima de uma encruzilhada: rumo ao topo ou a resultados medianos? Governo Trump pode ter a chave para o desfecho.
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Agenda econômica: balanço da Nvidia (NVDC34) e reunião do CMN são destaques em semana com feriado no Brasil
A agenda econômica também conta com divulgação da balança comercial na Zona do Euro e no Japão; confira o que mexe com os mercados nos próximos dias
No G20 Social, Lula defende que governos rompam “dissonância” entre as vozes do mercado e das ruas e pede a países ricos que financiem preservação ambiental
Comentários de Lula foram feitos no encerramento do G20 Social, derivação do evento criada pelo governo brasileiro e que antecede reunião de cúpula
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
Warren Buffett não quer o Nubank? Megainvestidor corta aposta no banco digital em quase 20% — ação cai 8% em Wall Street
O desempenho negativo do banco digital nesta sexta-feira pode ser explicado por três fatores principais — e um deles está diretamente ligado ao bilionário
Azeite a peso de ouro: maior produtora do mundo diz que preços vão cair; saiba quando isso vai acontecer e quanto pode custar
A escassez de azeite de oliva, um alimento básico da dieta mediterrânea, empurrou o setor para o modo de crise, alimentou temores de insegurança alimentar e até mesmo provocou um aumento da criminalidade em supermercados na Europa
Banco do Brasil (BBAS3) de volta ao ataque: banco prevê virada de chave com cartão de crédito em 2025
Após fase ‘pé no chão’ depois da pandemia da covid-19, a instituição financeira quer expandir a carteira de cartão de crédito, que tem crescido pouco nos últimos dois anos
CEO da AgroGalaxy (AGXY3) entra para o conselho após debandada do alto escalão; empresa chama acionistas para assembleia no mês que vem
Além do diretor-presidente, outros dois conselheiros foram nomeados; o trio terá mandato até a AGE marcada para meados de dezembro
Ação da Americanas (AMER3) dispara 200% e lidera altas fora do Ibovespa na semana, enquanto Oi (OIBR3) desaba 75%. O que está por trás das oscilações?
A varejista e a empresa de telecomunicações foram destaque na B3 na semana mais curto por conta do feriado de 15 de novembro, mas por motivos exatamente opostos
Oi (OIBR3) dá o passo final para desligar telefones fixos. Como ficam os seis milhões de clientes da operadora?
Como a maior parte dos usuários da Oi também possui a banda larga da operadora, a empresa deve oferecer a migração da linha fixa para essa estrutura*
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações