Vai piorar antes de melhorar? Milei começa a arrumar uma Argentina economicamente destruída
Em poucos meses, Milei conseguiu diminuir inflação, cortar os juros e aumentar reservas do Banco Central da Argentina, mas custo social é alto
Nos últimos meses, a Argentina tem atraído bastante atenção do mercado. Desde a eleição de Javier Milei, apesar do estresse inicial, os ativos do país têm se valorizado de forma significativa.
No acumulado do ano, o índice do mercado acionário argentino já superou até mesmo a alta da Nvidia, uma das favoritas entre as teses de tecnologia.
Até Stanley Druckenmiller, famoso por gerenciar o fundo de George Soros na década de 1990, está investindo no país, especialmente após o discurso impactante de Milei em Davos.
No entanto, além da retórica, temos observado fundamentos no movimento.
- VOCÊ JÁ DOLARIZOU SEU PATRIMÔNIO? A Empiricus Research está liberando uma carteira gratuita com 10 ações americanas pra comprar agora. Clique aqui e acesse.
Como está a economia argentina
A notícia mais relevante foi o primeiro superávit orçamentário da Argentina em mais de uma década, após o governo anterior deixar a Casa Rosada com um déficit de 5,5% do PIB.
Paralelamente, o novo governo conseguiu aumentar as reservas do banco central, reduzir as taxas de juros de referência e diminuir a oferta monetária.
Mais impressionante ainda, desde que assumiu o cargo em dezembro, a nova equipe econômica argentina conseguiu o que muitos consideravam impossível: reduzir a inflação mensal consecutivamente nos últimos três meses, de 25% em dezembro para cerca de 10% em março.
Ainda é alta, sim, mas há um progresso significativo.
Custo social das medidas de Milei é alto
Essas conquistas, contudo, têm um alto preço para os argentinos, especialmente devido às melhorias nas contas.
A terapia de choque aplicada pelo governo conseguiu equilibrar o orçamento e desacelerar a inflação, mas trouxe um grande custo social.
A austeridade fiscal e monetária resultou em uma recessão profunda, com a atividade econômica encolhendo em março, aumento do desemprego e salários reais atingindo o ponto mais baixo desde 2003. Infelizmente, a terapia de choque demandava sacrifícios.
O governo espera que esses sacrifícios sejam temporários, dando lugar a uma recuperação econômica firme à medida que a produção se expande no segundo trimestre, impulsionada pelas exportações agrícolas.
Francamente, sou cético quanto a essa hipótese. Após anos de descaso, será preciso mais tempo para arrumar a casa.
Quanto sofrimento os argentinos aguentam antes de se voltar contra Milei?
Hoje, não está claro quanto mais sofrimento os argentinos estarão dispostos a suportar antes de se voltarem contra as políticas do presidente.
Por enquanto, ele tem conseguido manter um nível de popularidade razoável, embora ocorram inúmeras greves quase diariamente no país, evidenciando uma significativa desaprovação.
A movimentação política por trás dessa situação é notável. Eu mesmo era cético quanto à capacidade de Milei de executar suas reformas.
Ele precisava realizar muitas mudanças em pouco tempo, enfrentando a falta de uma maioria parlamentar, o que o forçaria a recorrer a decretos presidenciais para implementar seu plano.
Milei é, de fato, um dos presidentes institucionalmente mais fracos que a Argentina teve nos tempos modernos, enfrentando a forte oposição das alas mais à esquerda, que dominam o Congresso e, teoricamente, prefeririam ver seu fracasso.
Surpreendentemente, os peronistas mostraram-se dispostos a fazer concessões.
- Receba matérias especiais do Seu Dinheiro + recomendações de investimentos diretamente em seu WhatsApp. É só clicar aqui e entrar na In$ights, comunidade gratuita.
Na presidência, Milei mostra-se mais sensato que na campanha
Ajudou o fato de que o presidente Milei revelou-se significativamente mais sensato do que durante a campanha, para surpresa de quase todos.
Ao assumir o cargo, ele mostrou-se mais disposto a ouvir, envolver-se e comprometer-se do que se esperava. Para isso, montou um time econômico muito respeitado internacionalmente.
Liderada pelo experiente ex-banqueiro Luis Caputo, que trabalhou com o antigo presidente Mauricio Macri, a nova equipe econômica embarcou em uma agenda abrangente de terapia de choque, incluindo uma desvalorização do peso e um forte aperto fiscal.
Ao mesmo tempo, recuaram de propostas mais radicais.
Nem tudo é perfeito, claro. O plano original de redução do déficit de Caputo previa uma combinação de cortes de despesas de 60% e aumentos de impostos de 40%.
Esse plano, no entanto, foi bloqueado pelo Congresso no início deste ano, deixando o governo sem outra escolha senão confiar em cortes de despesas impopulares.
- LEIA TAMBÉM: Juro real de volta aos 6%: com bolsa na pior e dólar nas alturas, essa é uma nova oportunidade?
Plano de Milei é sustentável?
Embora o setor público argentino esteja sem dúvida excessivamente inchado e precise de um bom corte, muitos dos cortes nas despesas sociais que Milei está apostando para equilibrar o orçamento são recessivos e não necessariamente sustentáveis.
Muito se questiona quanto à sustentabilidade de todo esse movimento.
Adicionalmente, o descontentamento público só poderá intensificar-se à medida que as medidas de austeridade se aprofundarem, minando ainda mais a capacidade do presidente de aprovar legislação e limitando sua margem de manobra.
A situação pode piorar… Isso faz parte, porém, do tratamento de choque necessário para a recuperação econômica.
Resta ver quanto tempo as reformas levarão para surtir efeito completo.
Ainda falta muito para arrumar a Argentina, mas os primeiros passos foram dados. Anima o fato de Milei ter se mostrado um líder mais moderado.
- O investidor brasileiro pode sair ganhando com Milei? Segundo Matheus Spiess, ainda é cedo para dizer se a Argentina vai se “reerguer” graças ao novo presidente. Mas, enquanto isso, existe uma empresa brasileira que pode se beneficiar dessa história. Clique AQUI e confira o nome dela.
Bruno Mérola: Como ter máximo retorno e evitar grandes perdas
Confiamos exageradamente em nossa versão futura, nossa atenção de curto prazo é capturada por estímulos infinitos e somos, na maioria, imperfeitos em adequar a execução cotidiana à estratégia bem definida de longo prazo
Agora vai? Ibovespa acumula queda de 7,66% no ano e dólar começa o semestre perto de R$ 5,60, mas gestor acha que nem tudo está perdido em 2024
O Seu Dinheiro inicia hoje a série sobre onde investir no segundo semestre com as projeções do CEO da Bradesco Asset, Bruno Funchal, para o período
Foco em qualidade: um FII para quem está de olho nas compras
Tendo em vista o ótimo nível de geração de renda (com boa previsibilidade), aliado a um potencial razoável de valorização da cota, o fundo se encaixa perfeitamente no radar de quem está de olho em comprar fundos imobiliários neste momento mais delicado
Prazo para dívida caducar pode voltar a contar do zero se algum valor do devedor for apreendido pela Justiça?
Ele foi condenado na Justiça a pagar um valor, mas não tem dinheiro e ficou inadimplente – mas uma quantia que caiu em sua conta bancária foi apreendida
Ibovespa chega ao fim do semestre em recuperação, mas ainda tem um longo caminho para reverter perdas acumuladas no ano
Cada vez mais analistas consideram que o Ibovespa já atingiu fundo do poço, mas bolsa só deve deslanchar mesmo quando Fed começar a cortar os juros
Netuno retrógrado na bolsa? Mercados internacionais de ações amanhecem no vermelho e desafiam Ibovespa, mas não é por causa dos astros
Temores com a inflação global seguem em pauta em dia de RTI no Brasil e PIB nos EUA e na véspera de um dos índices preferidos do Fed para decidir os juros
Rodolfo Amstalden: Não vamos ficar mais ricos reclamando da vida
Tem time imprimindo goleada nos gramados compactos da Copa América, e tem gente ganhando dinheiro com ativos de risco brasileiros
Ibovespa busca fôlego para voltar a subir em dia de IPCA-15 e definição de novo regime de meta de inflação
Lá fora, bolsas internacionais sobem com recuperação do setor de semicondutores e podem ajudar o Ibovespa a encontrar fôlego nesta reta final de semestre
Por que algumas narrativas se destacam no mercado de criptomoedas?
Para identificar as próximas grandes oportunidades no mercado de cripto, é crucial avaliar quanta informação nova e sem preço está presente em uma narrativa
Depois de 5 altas seguidas, Ibovespa tenta igualar a melhor sequência do ano até agora, mas não terá vida fácil
Ata da última reunião do Copom tende a dar o tom dos negócios no Ibovespa hoje, mas perda de fôlego da inteligência artificial lá fora pode pesar