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Quem precisa mudar? O que a Geração Z está expondo sobre educação e trabalho

Será que a Gen Z, com suas novas demandas, está mais alinhada com o futuro, ou as gerações anteriores estão certas ao apontar o dedo e acusá-los de ‘mimimi’?

10 de novembro de 2024
7:56 - atualizado às 15:58
Geração Z no trabalho
Geração Z no trabalho - Imagem: iStock

Eu não sabia que o último texto aqui na coluna ia dar tanto pano pra manga. Foram dezenas de reações e, no geral, muita gente parece estar 'pistola' com a Geração Z

Com tudo o que foi dito, decidi reunir algumas dessas opiniões para debater quem, afinal, tem razão nessa história: será que a Gen Z, com suas novas demandas, está mais alinhada com o futuro, ou as gerações anteriores estão certas ao apontar o dedo e acusá-los de 'mimimi'?

"A pior geração"

A Cida defende que "adulto bom é adulto que teve pais que deram uma educação mais ríspida, com intervenções um tanto calorosas" — incluindo aí o famoso “gritão” e a temida havaiana. Ao que parece, a nossa leitora não se sente traumatizada pela educação que recebeu, pelo menos não de forma consciente.

Sou da mesma geração da Cida, fruto de uma educação em que, vez ou outra, os pais recorriam a esse tipo de 'artifício'.

Mas existem temas que, independentemente das nossas opiniões, devem ser deixados para a ciência. E, neste caso, ela indica que o uso de punições físicas, como bater, pode trazer efeitos negativos ao desenvolvimento emocional e psicológico das crianças.

Hoje, o consenso científico e as recomendações de associações como a American Academy of Pediatrics e a Sociedade Brasileira de Pediatria sugerem uma abordagem de disciplina mais positiva, com foco em diálogo, limites claros e consistentes, além de ensinar formas construtivas de resolver conflitos.

Que lado bom?

Aqui, a crítica é para todos — geração Z e Millennials. Segundo o Marcos, o problema é o mau uso da tecnologia. E confesso que tendo a concordar com o nosso leitor.

Eu mesmo me vejo muito impactado pelas redes sociais, com comportamentos típicos dos nossos tempos: do scroll infinito, que me faz perder um tempo precioso, até a leve ansiedade causada pelo consumo de conteúdos que desencadeiam comparações e desejos.

E claro, o FOMO (fear of missing out, ou medo de perder algo) está sempre presente. Quando converso com amigos, escuto relatos parecidos.

Mas, como toda ação gera uma reação oposta, o lado positivo desse excesso de tempo nas telas é que as instituições de ensino estão se tornando mais criativas no planejamento de atividades offline e lúdicas. Um convite para resgatarmos o exercício da presença e da troca social.

Frágeis?

Eu mesmo custei a acreditar nessa história, até que foi amplamente divulgada por vários veículos. A partir daí, fica quase impossível defender qualquer ponto de vista favorável.

Na verdade, isso só reforça um ponto que abordei na última coluna: a grande lacuna na educação de habilidades socioemocionais que atravessa gerações.

Enquanto os baby boomers e a geração X sequer discutiam o tema, os millennials — predecessores da Gen Z — começaram a puxar essa conversa e tinham fé de que os 'zoomers' dominariam esse quesito.

Mas parece que, na tentativa de prover os mais jovens com recursos prontos e disponíveis a todo momento, acabamos exagerando. Hoje, fenômenos como levar os pais a entrevistas de trabalho denunciam um protecionismo extremo às adversidades e um jeito de educar que, talvez, tenha ido longe demais.

Todo mundo é um pouco responsável

Anj fez uma análise mais sistêmica da questão, e, cá entre nós, gosto muito dessa abordagem. No geral, todo mundo parece querer mandar a conta para a geração Z, mas falta olharmos para nossos próprios umbigos também. Se não estamos curtindo certos comportamentos dos mais jovens, o que faltou nas gerações anteriores para orientá-los melhor?

Seja como líder, pai ou mãe, colega de trabalho ou governante, o que você tem a ensinar e a aprender com nossos queridos geração Z?

Algumas dessas queixas talvez sejam mais fáceis de resolver do que você imagina. Muitas vezes, uma boa e velha conversa é capaz de provocar mudanças profundas.

O espírito do tempo nos convida a olhar as coisas sob novas perspectivas. E talvez a maior contribuição desses jovens seja justamente expor as formas não saudáveis como nos relacionamos com o trabalho, revelando práticas e modelos que já não fazem sentido na nossa época.

Até a próxima,

Thiago Veras

P.S.: Estive no Talent Connect na semana passada, o maior evento de RH organizado pelo LinkedIn, onde foram apresentadas as principais tendências e insights sobre o mundo do trabalho no próximo ano. Fiz uma cobertura dos principais destaques, que está disponível no perfil do Seu Dinheiro no LinkedIn. Confira lá!

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