Governo da Grécia vai na contramão e impõe polêmica semana de trabalho de seis dias
País europeu quer aumentar a produtividade reduzir a escassez de trabalhadores qualificados
Em busca de produtividade e bem-estar para os funcionários, empresas de várias regiões do mundo experimentam uma carga reduzida de trabalho com a semana de quatro dias.
Mas um país chamou a atenção por ir na direção contrária à nova tendência global.
A Grécia é o primeiro país europeu a aumentar a carga semanal de trabalho em algumas empresas, introduzindo uma semana de seis dias. O objetivo do governo é aumentar a produtividade e ajudar a reduzir a escassez de mão de obra jovem e qualificada.
A medida entrou em vigor na segunda-feira (1º) e faz parte de um conjunto de leis trabalhistas aprovadas no ano passado.
Segundo o governo, o novo esquema se aplicará a funcionários de empresas privadas que prestam serviço 24 horas por dia.
Pela medida, trabalhadores de setores industriais selecionados e da manufatura têm a opção de trabalhar duas horas adicionais por dia ou um turno extra de oito horas.
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A lei também prevê uma recompensa adicional de 40% sobre o salário diário.
Com a mudança, a carga de trabalho de 40 horas pode ser estendida para 48 horas por semana em algumas empresas.
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Recuperação econômica e escassez de mão de obra
Segundo o governo do primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis, a medida é “favorável aos trabalhadores” e “profundamente orientada para o crescimento”. Além disso, a lei foi criada para dar suporte aos funcionários que não estão sendo suficientemente recompensados por horas extras e para ajudar a reprimir o problema do “trabalho não declarado”.
O primeiro-ministro da Grécia também citou a diminuição da população e a escassez de trabalhadores qualificados como principais motivações para a criação da nova lei.
Ao aprovar o novo pacote de leis trabalhistas no ano passado, Mitsotakis chamou a questão de “bomba-relógio”.
Estima-se que cerca de 500 mil gregos emigraram desde o início do ano passado. Vale lembrar que o país do sul da Europa ainda se recupera de uma crise de dívida que durou quase uma década, que começou no final de 2009 e trouxe impactos severos à economia do país.
Sindicatos criticam a medida
Sindicatos e observadores políticos criticaram duramente a medida. Especialistas chamaram a medida de “um grande retrocesso” para a força de trabalho que já trabalha a maior quantidade de horas da União Europeia.
Os críticos também argumentam que as novas leis arruínam as proteções legais e retrocedem os direitos dos trabalhadores estabelecidos em nome da flexibilidade.
Segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a população da Grécia trabalha mais do que os trabalhadores nos Estados Unidos, Japão e outros países da Europa.
Em todo o ano de 2022, os gregos trabalharam, em média, 1.886 horas – mais do que a média dos EUA, de 1.811 horas, e a média da União Europeia, de 1.571 horas.