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Camille Lima
Camille Lima
Repórter no Seu Dinheiro. Estudante de Jornalismo na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.
EXPANSÃO INTERNACIONAL

Nvidia já vale quase quatro ‘Ibovespas’ — e ainda tem investidor de olhos fechados para o exterior, diz sócio do BTG

Segundo Marcelo Flora, a expansão no exterior é “inevitável”, mas ainda há obstáculos no caminho de uma verdadeira internacionalização da carteira dos brasileiros

Camille Lima
Camille Lima
1 de outubro de 2024
15:40 - atualizado às 14:23
Marcelo Flora, sócio do BTG Pactual
Marcelo Flora, sócio do BTG Pactual - Imagem: Divulgação/BTG Pactual

Uma das empresas mais valiosas do planeta, a titã da inteligência artificial Nvidia arranha a marca dos US$ 3 trilhões em valor de mercado — isto é, já vale quase quatro ‘Ibovespas’, considerando o atual market cap do índice de ações da bolsa brasileira, de cerca de US$ 727,6 milhões. No entanto, segundo Marcelo Flora, sócio diretor do BTG Pactual, ainda há investidores de olhos fechados para o exterior.

“Nós não podemos fechar os olhos para as oportunidades. Em função dos últimos movimentos de taxas de juros nos Estados Unidos e nos países desenvolvidos, que começaram a anunciar reduções novamente, a liquidez da bolsa brasileira vem sendo dragada para esses mercados internacionais”, disse Flora, em painel durante o evento Anbima Global Insights.

“Portanto, não faz nenhum sentido o investidor brasileiro deixar de aproveitar essas oportunidades”, acrescentou.

Investimentos no exterior

Para o sócio do BTG, o Brasil possui um caminho extenso a percorrer em direção à internacionalização dos investimentos. Porém, a expansão no exterior é “inevitável”. 

“Lá atrás, por razões históricas, tínhamos a sensação de que investimentos offshore eram coisa de doleiro e de quem fazia coisa errada, e existia uma série de restrições regulatórias que contribuíram para esse cenário. Esse mercado era muito circunscrito ao público ‘ultra high net worth’ [altíssimo poder aquisitivo]. Mas o regulador teve um mérito gigante, a CVM acompanhou o movimento do mercado e entendeu que era importante flexibilizar”, afirmou.

Segundo o economista, ainda há um esforço a ser feito, mas a “disseminação da informação da educação financeira relacionada aos investimentos internacionais foi uma oportunidade que se abriu”. 

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Apesar do tom otimista, Flora ainda vê obstáculos no caminho de uma verdadeira internacionalização da carteira de investimentos dos brasileiros.

Na avaliação do sócio do BTG, o Brasil já evoluiu do ponto de vista regulatório, mas é preciso ampliar o conhecimento sobre investimentos no exterior — não só para o investidor, como também para gestores e assessores de investimentos.

“Não adianta simplesmente proibir, há algum tempo tinha discussão sobre RLP [um serviço que proporciona maior liquidez para as operações na bolsa], e a mídia especializada falando de clientes perdendo dinheiro com isso. Acontece que os investidores começaram a ir para plataformas de forex, que não são reguladas”, disse. 

“Não adianta querer impedir o movimento. O cliente vai fazer, não interessa, eu preferia quando ele estava perdendo dinheiro com RLP, porque pelo menos estava preso... agora o cliente aposta em bets e acha que é investimento. Não dá para simplesmente fechar os olhos, proibir e achar que resolveu o problema.”

Para o sócio do BTG Pactual, ainda que a educação financeira tenha entrado nos holofotes, ainda trata-se de um dos maiores desafios para a expansão internacional dos investimentos. 

“Quando vai para o offshore, é um cenário ainda mais árido do ponto de vista do investidor, mesmo aquele que já é mais acostumado a investir. Mesmo em famílias de altíssima renda, que já investem lá fora faz tempo, é possível perceber uma concentração razoável em bonds [títulos de dívida] de empresas brasileiras”, afirmou. 

“Isso é uma forma de ver o tamanho do desafio: se mesmo quando o cliente private quando investe no exterior tem esse tipo de comportamento, sem dúvida leva algum tempo para que a gente consiga fazer com que as informações sejam disseminadas e adequadamente compreendidas.”

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