Hypera (HYPE3) trata oferta da EMS como hostil e conselho aponta 3 motivos para rejeitar proposta; ações caem na bolsa
Os executivos da farmacêutica lamentaram o fato de a proposta de fusão ter sido feita e divulgada com a bolsa aberta, o que afetou o desempenho das ações
A Hypera (HYPE3) ficou nos holofotes do mercado financeiro na última semana após receber uma oferta de fusão com a EMS, o que foi bem visto pelos investidores e se refletiu em uma forte recuperação das ações da farmacêutica.
Na manhã desta quinta-feira (24), porém, um comunicado enviado pela Hypera à CVM lançou um balde de água fria sobre as ambições da EMS.
O documento afirma que, após reunião do Conselho de Administração para avaliar a proposta, a Hypera decidiu não aceitar os termos propostos.
“A decisão do Conselho de Administração considerou, principalmente, no melhor interesse da Companhia e seus acionistas”, diz a publicação.
Por volta das 10h40, as ações HYPE3 operavam em queda de 3,84%, negociadas a R$ 26,31.
São três os motivos que levaram à rejeição da proposta:
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- A Hypera considerou que o portfólio de produtos da EMS, focado principalmente em medicamentos genéricos, não está alinhado com os segmentos que a empresa avalia como estratégicos. Vale dizer que a farmacêutica é dona de marcas como Engov, Merthiolate e Benegrip;
- A companhia e a EMS têm uma cultura organizacional e práticas de governança corporativa bastante distintas, sendo a Hypera uma companhia aberta desde 2008, com substancial dispersão acionária, e a EMS uma empresa familiar de capital fechado;
- A EMS fez uma avaliação que “subestima significativamente” o valor da Hypera. De acordo com o Trademap, o valor de mercado da Hypera é da ordem de R$ 17,27 bilhões, levando em conta o fechamento da última quarta-feira (23).
Além disso, os executivos da Hypera lamentaram o fato de a proposta de fusão ter sido feita e divulgada com o pregão da B3 em pleno funcionamento, o que afetou o desempenho dos papéis naquele dia.
“Por fim, a Companhia reforça que a administração segue focada na execução da estratégia de otimização de capital de giro divulgada ao mercado em 18 de outubro de 2024, com enorme potencial de geração de valor para seus acionistas de longo prazo”, conclui o documento.
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Relembre o caso: Hypera (HYPE3) e EMS
Para entender toda a novela da fusão entre as farmacêuticas, é preciso voltar alguns passos.
Na última segunda-feira (21), as ações da farmacêutica chegaram a desabar 17% na bolsa brasileira na abertura do pregão antes de entrarem em leilão por oscilação máxima permitida.
Acontece que na sexta-feira (18) anterior, a empresa havia anunciado o início de um processo de otimização de capital de giro. Além da nova estratégia, a Hypera ainda informou a descontinuidade das projeções financeiras (guidance) para 2024.
Na sequência, o Itaú BBA rebaixou a recomendação para as ações HYPE3 de “outperform” — equivalente a compra — para “market perform”, correspondente a neutro. XP Investimentos, o Goldman Sachs e o BTG Pactual também mantiveram as recomendações neutras para o papel.
Mas foi na tarde de segunda-feira que a Hypera recebeu a proposta da EMS para uma fusão das farmacêuticas, o que fez as ações passarem a subir após o anúncio.
De acordo com o documento, a ideia não era apenas fazer uma combinação de negócios, como também pretende fazer uma oferta pública de aquisição (OPA) pelas ações dos acionistas minoritários da Hypera. No entanto, a proposta foi rejeitada nesta quinta-feira.
Para os analistas do JP Morgan, em um relatório publicado após a recusa da Hypera, ainda é preciso esperar para ver com maior clareza todos os possíveis desdobramentos do caso. Isso porque há espaço para que a EMS melhore os termos do acordo ou até mesmo que outras empresas do setor façam alguma proposta para incorporar as operações da farmacêutica.
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