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Camille Lima
Camille Lima
Repórter no Seu Dinheiro. Estudante de Jornalismo na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.
REAÇÃO AO RESULTADO

Fred Trajano revela as três apostas do Magazine Luiza após se blindar da alta de juros; ações MGLU3 sobem com balanço forte no 3T24

Para o executivo, ainda é preciso dar novos passos em direção à monetização do GMV para garantir a lucratividade em meio aos juros altos no Brasil

Camille Lima
Camille Lima
8 de novembro de 2024
16:09
Fred Trajano, CEO do Magazine Luiza (MGLU3)
Fred Trajano, CEO do Magazine Luiza (MGLU3) - Imagem: Reprodução/Facebook/Montagem Seu Dinheiro

Mesmo depois de entregar o quarto balanço consecutivo do Magazine Luiza (MGLU3) no azul, o CEO Frederico Trajano revelou que ainda não está satisfeito com o estágio de “blindagem” da varejista aos ciclos de aumento da Selic.

Para o executivo, ainda é preciso dar novos passos em direção à monetização do GMV (volume de vendas em canais digitais) para garantir a lucratividade em meio aos juros altos no Brasil.

“Ainda não acho que chegamos ao patamar ideal de margens operacionais. Nós ainda precisamos evoluir para tornar o resultado ainda mais blindado e à prova de Selic. Nós precisamos evoluir todas as agendas, como penetração de produtos financeiros online e Ads”, disse Fred Trajano, em teleconferência com analistas na manhã desta sexta-feira (8).

Vale lembrar que o Magalu anunciou na noite passada o balanço do terceiro trimestre de 2024, com lucros acima do esperado pelo consenso de mercado, receitas em expansão e margens robustas. Você confere aqui o resultado na íntegra.

As ações do Magazine Luiza reagiram positivamente ao resultado. Por volta das 15h45, os papéis subiam 4,80%, a R$ 9,83. 

No acumulado do ano, porém, a varejista perdeu mais da metade de seu valor de mercado, com queda de 54% na B3 desde janeiro, hoje avaliada em pouco mais de R$ 7 bilhões.

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As atuais apostas do Magazine Luiza (MGLU3) 

Na avaliação de Fred Trajano, o principal pilar para a futura expansão de rentabilidade é o aumento das margens dentro do ecossistema Magalu. 

Hoje, as principais apostas do Magalu estão em quatro novas verticais de negócios: a fintech MagaluBank, o serviço de armazenagem em nuvem Magalu Cloud, a divisão de anúncios Magalu Ads e a unidade de logística Magalog.

Um dos destaques do 3T24 foi justamente a evolução da operação financeira e a melhoria da unidade de cartões de crédito Luizacred. “Ela chegou a patamares de ROE dignos de Itaú, com tendência de crescer mais ainda no quarto trimestre independente do cenário econômico.”

De acordo com o executivo, no curto prazo, o aumento da penetração do CDC digital — o “carnezinho gostoso” virtual — também possui um potencial significativo de aumento de margens e contribuição para o Ebitda consolidado.

O Magalu a partir de 2026

O CEO da varejista também já traçou as novas metas a serem atingidas após a conquista da meta de um “Magazine Luiza à prova de Selic” — e deu um spoiler do que vem pela frente na nova estratégia de cinco anos que está sendo desenhada para o Magalu.

Uma das expectativas para o próximo plano, que deve tomar forma a partir de 2026, é incrementar o volume de vendas digitais  de forma relevante por meio da aposta em publicidade, com o Magalu — especialmente considerando o desempenho positivo do retail media em gigantes do e-commerce como a Amazon.

“Praticamente todas as empresas que entram em jornada de retail media têm contribuição pro resultado. É comum ver operações de anúncios de varejistas que começaram há mais tempo chegarem a representar mais de 5 pontos percentuais no GMV das empresas. No caso de uma agenda só razoavelmente bem sucedida para o Magazine Luiza, que consiga cerca de 2 p.ps no GMV e com margem de contribuição de 70%, o Magalu Ads sozinho poderia incrementar o Ebitda do grupo em 1%”, projetou o CEO.

Vem aí o Magalu Cloud

Do lado de tecnologia, uma das principais apostas de longo prazo do executivo é o Magalu Cloud. Nas contas de Trajano, existe um mercado de armazenagem em nuvem no Brasil de R$ 90 bilhões, mas com poucos players brasileiros competindo com as gigantes estrangeiras, que possuem altos custos insustentáveis para pequenas e médias empresas.

“A nossa ideia para construir o Magalu Cloud era investir para conseguir conter o nosso próprio crescimento de custos em cloud. Mas hoje vemos oportunidade grande no futuro para melhorar e ter uma participação de mercado no negócio que tende a ter margens positivas. Eu digo que o mercado brasileiro tem espaço para as Ferraris que são as clouds gringas, mas também para uma Toyota da vida como o Magalu Cloud.”

A inteligência artificial também é vista como uma “oportunidade gigantesca”, especialmente diante do potencial disruptivo da Lu para se tornar, além de uma digital influencer, um novo canal de vendas relevante para o Magazine Luiza, afirmou Fred Trajano.

Por fim, Trajano enfatizou os planos do Magalu para explorar a multicanalidade do marketplace (3P) durante o novo ciclo estratégico, com a entrada de produtos de sellers do 3P nas lojas físicas.

O que dizem os analistas sobre o 3T24 do Magazine Luiza

Na visão do BTG Pactual, a lucratividade do Magazine Luiza (MGLU3) foi outra vez o destaque do balanço, impulsionada por maiores receitas de serviços e uma abordagem mais racional na operação.

Segundo os analistas, o foco na lucratividade deve persistir nos próximos trimestres, com tendências de melhoria de receita.

No entanto, a varejista ainda deve ser pressionada pelo crescimento mais lento do volume de vendas online, dada a exposição a categorias altamente cíclicas, como eletrônicos e eletrodomésticos, além do impacto de altas taxas de juros nos resultados da Luizacred e do elevado custo de financiamento para descontar recebíveis — o que pode afetar os resultados financeiros e o lucro líquido. 

“Reconhecemos que taxas de juros mais altas nos próximos trimestres devem pressionar o lucro líquido da empresa, mas os últimos trimestres mostraram sinais encorajadores com melhores tendências de lucratividade, uma abordagem mais racional para tomar taxas e seu modelo de negócios multicanal alavancando a operação de mercado, sustentando nossa tese de compra”, afirmou o banco, em relatório.

Em meio à tese otimista, o BTG fixou um preço-alvo de R$ 25 para as ações do Magalu (MGLU3) nos próximos 12 meses, uma valorização potencial de 166% em relação ao último fechamento.

Já o Goldman Sachs avaliou os números do terceiro trimestre como positivos e em linha com as expectativas do mercado — mas manteve recomendação neutra para MGLU3, com preço-alvo de R$ 15 para os próximos 12 meses, alta potencial de 59%.

O banco norte-americano destacou a “melhora notável” dos resultados da Luizacred, com maior qualidade do crédito e estabilização da carteira de empréstimos após os sequenciais declínios anuais nos últimos trimestres.

Para o Itaú BBA, ainda que o Magalu tenha sustentado as tendências de melhoria, o crescimento online ainda não se materializou apesar dos esforços da varejista para fortalecer a proposta de valor, como os investimentos em centros de distribuição, a parceria com a Aliexpress e o lançamento do CDC Digital.

“Com a empresa sendo negociada a um múltiplo de 12 vezes a relação entre preço e lucro (P/L) para 2025, em linha com a média do setor, optamos por ficar de fora das ações por enquanto”, disse o banco.

Enquanto isso, na avaliação do JP Morgan, o Magazine Luiza reportou mais um conjunto de bons resultados no terceiro trimestre — e agora que o nível de lucratividade foi reconstruído, a expectativa é que as discussões gradualmente mudem para as tendências de crescimento da varejista.

Os analistas também continuaram com recomendação neutra para a varejista.

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