Caos nos mercados? Dólar bate em R$ 5,90 no pico do dia e Ibovespa perde os 128 mil pontos na mínima — o que mexe com as bolsas aqui e lá fora
Nos EUA, uma enxurrada de indicadores refletem o comportamento das bolsas antes do feriado. No Brasil, rumores sobre o pacote fiscal seguem ditando o ritmo das negociações.
Os investidores norte-americanos vão comemorar o Thanksgiving, ou o Dia de Ação de Graças, amanhã (28) digerindo uma série de indicadores divulgados nesta quarta-feira (27) que são cruciais para definir o rumo dos juros nos EUA. Por aqui, o mercado não tem trégua com a expectativa pelo pacote de corte de gastos — que fez o dólar disparar e chegar à casa de R$ 5,90 na máxima do dia.
Entre todos os dados apresentados nos EUA hoje, vale olhar para o trio Produto Interno Bruto (PIB), índice de preços para gastos pessoais (PCE) e pedidos de seguro-desemprego.
A economia norte-americana cresceu ao ritmo anualizado de 2,8% no terceiro trimestre, de acordo com a segunda leitura do PIB do Departamento de Comércio do país. O resultado confirmou o dado inicialmente divulgado e as projeções da FactSet.
Segundo a Capital Economics, a segunda leitura do PIB dos EUA sugere que a maior economia do mundo continua resiliente.
Por isso, os investidores aguardavam com ansiedade pelo PCE — a medida preferida do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) para a inflação. O índice avançou 0,2% em outubro na comparação com setembro. Em termos anuais, houve alta de 2,3%. As duas comparações vieram em linha com as estimativas da FactSet.
O mercado de trabalho, que junto com a estabilidade de preços, forma o mandato duplo do Fed também mostrou solidez: o número de pedidos de seguro-desemprego caiu em 2 mil na semana encerrada em 23 de novembro, para 213 mil, segundo o Departamento do Trabalho. Analistas consultados pela FactSet esperavam alta para 215 mil.
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Confira os outros dados que saíram nos EUA hoje e que mexem com a bolsa aqui e lá fora:
- Gastos com consumo: os gastos com consumo foram revisados em baixa, para uma alta anualizada de 3,5% no terceiro trimestre, ante variação inicialmente divulgada de 3,7% para o período, mostrou o relatório do PIB. Apesar da revisão, o ritmo é de aceleração ante o segundo trimestre, quando os gastos com consumo aumentaram 2,8%.
- PCE no trimestre: o índice de preços para gastos do consumidor avançou 1,5% no terceiro trimestre, depois de avançar 2,5% no trimestre imediatamente anterior. O núcleo do índice, que desconsidera preços de alimentos e energia, aumentou 2,1%. O resultado veio abaixo da estimativa inicial, de avanço de 2,2% no período, e representa uma desaceleração depois da alta de 2,8% no segundo trimestre.
- Bens duráveis: as encomendas de bens duráveis subiram 0,2% em outubro ante setembro, a US$ 286,6 bilhões. O resultado veio abaixo do esperado, uma vez que analistas consultados pela FactSet previam alta de 0,5% nas encomendas do período.
- ISM de Chicago: o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) de Chicago caiu para 40,2 em novembro, ante 41,6 em outubro, segundo pesquisa da própria instituição. O resultado frustrou a expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam avanço do indicador a 44.
- NAR: as vendas pendentes de imóveis tiveram aumento de 2% entre setembro e outubro, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Corretores (NAR, na sigla em inglês). O resultado contrariou expectativas da FactSet, que previa queda de 2,1% nas vendas do período. Na comparação anual, as vendas pendentes de imóveis avançaram 5,4% em outubro.
A bolsa e o dólar no Brasil…
A enxurrada de dados nos EUA que mostraram uma inflação em linha com o previsto em outubro, mas um aumento acima do esperado na renda e nos gastos dos norte-americanos reduziram o ritmo de queda dos yields dos Treasurys, mas deram força ao dólar na comparação com o real.
Além disso, a moeda norte-americana experimenta uma forte rodada de valorização neste início da tarde, renovando sucessivas máximas, com especulações em torno do pacote fiscal.
O dólar chegou a R$ 5,9062 perto de 14h10 diante dos rumores de que o governo pretende incluir no conjunto de medidas fiscais a proposta de isenção de imposto de renda a pessoas físicas com renda de até R$ 5 mil.
A expectativa é de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se pronuncie na noite de hoje para comunicar ponto a ponto quais serão as medidas de ajuste fiscal.
O Ibovespa, por sua vez, segue renovando mínimas na sessão em meio às incertezas sobre o pacote fiscal. O recuo, no entanto, era contido na alta das ações da Vale (VALE3), com ganho de 1,10%.
Por volta de 14h30, o principal índice de ações da bolsa brasileira caía 1,40%, aos 128.103,33 pontos. Na mínima do dia, o Ibovespa chegou aos 127.767,82 pontos.
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A reação em Wall Street
As bolsas em Wall Street reagiram imediatamente aos dados nos EUA. O Dow Jones superou os 45 mil pontos pela primeira vez logo após a abertura, enquanto os yields (rendimentos) dos títulos do Tesouro norte-americano de dez anos ganharam fôlego.
A euforia, no entanto, durou pouco. As bolsas em Nova York passaram a operar no negativo algumas horas depois, com o Nasdaq recuando 1%.
Os traders pareciam lucrar com grandes nomes da tecnologia que tiveram um bom desempenho neste ano — o que explica o desempenho do Nasdaq.
A Nvidia, que subiu mais de 160% em 2024, recuava mais de 3% no início da tarde. A Meta perdia cerca de 1% após subir cerca de 60% este ano. Dell e a HP tinham queda de mais de 12% após fornecerem projeções fracas sobre lucros.
Vale lembrar que essa é uma semana de negociação mais curta para as bolsas nos EUA, com o mercado fechando mais cedo para o feriado de Ação de Graças amanhã (28) e sem funcionar na sexta-feira (29), por isso, o volume de negócios é menor que o normal.
Ainda assim, a semana é notável, com o Dow e o S&P 500 atingindo máximas históricas.
A negociação de novembro, que foi definida por um rali pós-eleitoral com a vitória de Donald Trump, também termina esta semana. O Dow deve garantir ganho de mais de 7% em novembro, a caminho da maior alta mensal de 2024. O S&P 500 e o Nasdaq devem saltar mais de 5%.
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