ABSORVENDO A FALA DA NOVA PRESIDENTE
Hoje, o mercado global retorna à sua liquidez habitual com a volta dos ativos americanos ao cenário de negociações. O mesmo se aplica aos ativos britânicos, que também não foram negociados ontem devido ao feriado.
Nesta manhã, os mercados europeus estão em queda, enquanto os futuros americanos apresentam alta. Na Ásia, a terça-feira não foi favorável, com os principais índices da região registrando quedas após o aumento na taxa de inflação dos preços no produtor do setor de serviços do Japão em abril.
Ontem, o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, destacou que definir o nível dos juros neutros no Japão será um desafio particularmente difícil em comparação aos bancos centrais de outras economias, devido ao prolongado período de política acomodatícia do país.
A ver…
00:56 — Entre a prévia da inflação e as novidades fiscais
No Brasil, o Ibovespa interrompeu ontem uma sequência de seis quedas consecutivas, registrando um tímido aumento de 0,15% no pregão com o menor volume de liquidez em cinco anos. A bolsa brasileira parece estar abandonada, de fato.
Na agenda de hoje, teremos a divulgação do IPCA-15 de maio.
O resultado abaixo do esperado pode fortalecer a tese de um corte adicional de 25 pontos-base na Selic antes de pausar o ciclo. Por outro lado, um número em linha ou acima das expectativas torna mais provável uma pausa nos cortes.
Além do dado de inflação, teremos também o resultado primário do Tesouro de abril. Esse número será acompanhado das propostas de compensações pela manutenção da desoneração fiscal. Integrantes da equipe econômica antecipam que as medidas serão duras e amplas para cobrir o déficit na arrecadação, estimado em R$ 25,8 bilhões pela Receita.
O Senado, no entanto, só deve votar a partir de junho a urgência e o mérito da desoneração da folha para empresas e municípios; afinal, com o feriado de Corpus Christi na quinta-feira, o Congresso terá sessões apenas até quarta-feira.
A Fazenda não pretende utilizar a taxação de compras internacionais para financiar a desoneração, já que o presidente Lula não quer assumir o desgaste político dessa decisão (o ano eleitoral pesa). Outros movimentos estão sendo estudados, incluindo um possível aumento na tributação sobre cigarros.
Não há detalhes concretos sobre as medidas de compensação no momento.
As propostas de compensação virão junto com a apresentação do segundo projeto de lei complementar que regulamenta a Reforma Tributária de Consumo, abordando os detalhes do comitê gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços). Portanto, a agenda em Brasília está bastante movimentada.
01:41 — A novela da nova presidente da Petrobras
Além disso, no Brasil, os investidores estão reagindo à primeira coletiva de Magda Chambriard como presidente da Petrobras. Minha avaliação é que, embora não tenha sido tão ruim quanto poderia ser, ainda está longe do ideal.
Muitos dos pontos abordados parecem tirados de um passado distante, como a defesa enfática do "chefinho" Lula e a tentativa de ressuscitar a indústria naval, uma iniciativa que já fracassou anteriormente.
Um tópico que deve chamar atenção é o impasse envolvendo a Unigel, uma fábrica de fertilizantes que tenta fechar um contrato com a Petrobras, já classificado pelo TCU como prejudicial às finanças da empresa.
O setor de fertilizantes é de grande interesse para a ala política do governo, que deseja ver a Petrobras reativar outras fábricas desativadas durante os governos Temer e Bolsonaro. Considero essa uma péssima ideia. Estamos retrocedendo nisso e é um risco imenso.
Apesar dessas situações que remetem aos mandatos Lula II e Dilma I, alguns pontos positivos merecem destaque. Um exemplo é a defesa da exploração da Margem Equatorial. Para Chambriard, é crucial repor reservas, e a exploração dessa região, no Nordeste e Norte, bem como da Bacia de Pelotas, no Sul, é essencial para compensar o declínio da produção do pré-sal a partir de 2030.
Afinal, "produzir petróleo em águas ultra profundas é o que sabemos fazer, e o foco não poderia ser outro senão zelar pela produtividade." Pelo menos isso é positivo.
O próprio ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou ontem que a Margem Equatorial “não é a foz do Amazonas”, estando a 500 quilômetros do local. Um grande "veja bem". Menos mal.
Sobre a questão dos dividendos e da política de preços, a presidente foi vaselina, com respostas ambíguas sobre seguir a lógica empresarial. Vamos observar os próximos meses. Lembrem-se: o governo quer esses dividendos para fechar as contas.
02:39 — Na expectativa
Os EUA retornam hoje às atividades após o feriado, e os futuros mostram um leve otimismo. O grande destaque da semana, no entanto, ainda está por vir.
Na quinta-feira, teremos a segunda leitura do PIB do primeiro trimestre, com expectativa de revisão de 1,6% para 1,3% na comparação trimestral.
Em seguida, na sexta-feira, será divulgado o deflator PCE de abril, com o consenso da Bloomberg indicando uma desaceleração de 0,32% para 0,25% na comparação mensal.
Um resultado em linha ou abaixo do esperado no deflator PCE poderia alimentar a expectativa de dois cortes de juros ainda em 2024, um em setembro e outro em dezembro, ambos de 25 pontos-base.
Para hoje, está prevista a divulgação da sondagem de confiança do consumidor. Um pequeno aperitivo apenas, diante da importância do resto da semana.
03:24 — Gasolina mais barata?
Nos EUA, o governo Biden, com o objetivo de reduzir os preços da gasolina no varejo antes do feriado de 4 de julho, liberará um milhão de barris de gasolina – aproximadamente 42 milhões de galões – da Reserva de Fornecimento de Gasolina do Nordeste.
Esta medida, anunciada pela secretária de Energia, Jennifer Granholm, visa garantir que o abastecimento suficiente chegue ao tri-estado e ao Nordeste quando os americanos mais precisam, especialmente entre o Memorial Day e o 4 de julho. A Reserva foi criada após a supertempestade Sandy em 2012.
O combustível será transferido ou entregue a varejistas e terminais em lotes de 100 mil barris.
O Departamento de Energia destacou três objetivos principais: garantir um processo de licitação competitivo, assegurar que os suprimentos cheguem aos varejistas antes do feriado de 4 de julho e que a gasolina seja vendida a preços competitivos.
As propostas devem ser submetidas até hoje, 28 de maio. Biden tem pressionado as empresas a reduzirem os preços, uma vez que os consumidores continuam a enfrentar a inflação, que impacta os orçamentos familiares. A preocupação com a inflação em um ano eleitoral é evidente.
04:17 — Tensão sobre o barril
A morte de um guarda egípcio durante um confronto com tropas israelenses em uma passagem de fronteira de Gaza na segunda-feira aumentou as tensões após um ataque aéreo israelense no domingo, que resultou na morte de pelo menos 40 palestinos.
As Forças de Defesa de Israel relataram um tiroteio na fronteira e mencionaram que as discussões com o Egito estavam em andamento, sem fornecer mais detalhes.
O ataque aéreo recebeu condenação internacional, e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu o descreveu como um "erro trágico".
Esse incidente ocorre em um momento delicado, às vésperas de uma reunião da OPEP+ no domingo, 2 de junho.
É esperado que a Arábia Saudita e seus aliados prolonguem os cortes na produção de petróleo até o segundo semestre deste ano, pressionando os preços.
Além disso, o Irã elevou o estoque de urânio enriquecido para até 60%, níveis próximos aos necessários para armas nucleares. Esses eventos contribuíram para que o preço do barril de petróleo voltasse a superar os US$ 83.