SEMANA DE MENOR LIQUIDEZ, MAS AINDA ASSIM IMPORTANTE
A semana começa com o Memorial Day nos EUA nesta segunda-feira, o que reduz a liquidez dos mercados internacionais.
Ainda assim, os próximos dias serão cruciais, especialmente na quinta e sexta-feira, com a divulgação do PIB dos EUA e do deflator PCE, respectivamente.
Em um contexto de ansiedade entre os investidores devido aos próximos passos da política monetária americana, esses dados serão fundamentais para moldar o humor do mercado.
No exterior, também teremos a publicação do índice de preços ao consumidor da Zona do Euro e o PMI de maio da China no final da semana.
Hoje é feriado no Reino Unido, o que diminui ainda mais a liquidez.
Os mercados asiáticos subiram nesta segunda-feira, acompanhando uma recuperação em Wall Street no final da semana passada, com atenção voltada para a próxima divulgação dos principais dados econômicos nos EUA.
O tom positivo também foi impulsionado pelas notícias de que os lucros das empresas industriais da China aumentaram em abril, após uma queda no mês anterior.
A alta do preço do barril de petróleo pode animar um pouco o mercado brasileiro, que vem enfrentando dificuldades nas últimas semanas e terá um feriado na quinta-feira desta semana.
A ver…
00:58 — Atenção para a inflação e para o fiscal
No Brasil, apesar do feriado de quinta-feira reduzir a semana útil, os próximos dias prometem ser movimentados.
Hoje, por exemplo, a nova presidente da Petrobras concederá sua primeira coletiva no cargo. Amanhã pela manhã, teremos a divulgação do IPCA-15 de maio.
A expectativa é de uma aceleração na comparação mensal, passando de 0,21% no mês passado para 0,50% neste mês, impulsionada principalmente por itens voláteis ou regulamentados, como passagens aéreas, combustíveis e produtos farmacêuticos.
Um dado abaixo do esperado ou qualitativamente melhor pode acalmar o mercado após a fala problemática de Haddad.
Além disso, teremos dados de emprego de abril, com o Caged (folha de pagamento) na terça-feira e a Pnad (taxa de desemprego) na quarta-feira, além do resultado primário do governo central referente a abril.
No âmbito fiscal, a incerteza sobre a trajetória das contas públicas continua a gerar apreensão. O mercado está na expectativa do anúncio do pacote para compensar a desoneração.
Olhando para a meta de resultado, o objetivo do governo de terminar 2024 com um déficit próximo a zero nas contas primárias deve ser flexibilizado entre julho e setembro, algo que pode afetar negativamente o mercado, apesar de já ser amplamente esperado.
01:45 — E a política monetária
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu na sexta-feira que as projeções inflacionárias estão em alta.
Nesta segunda-feira, ele deverá participar de um almoço promovido pelo Lide. Qualquer novidade sobre a condução dos trabalhos do Copom ou do Conselho Monetário Nacional pode influenciar o mercado.
Após a declaração de Haddad, expressando desconforto com a meta fiscal, acredito que a meta de inflação possa ser mantida em 3%, mesmo que a inflação efetiva fique em torno de 4%, funcionando como uma meta informal.
Historicamente, durante os governos do PT, a inflação raramente esteve no centro da meta (dos 26 anos de metas de inflação, 16 foram sob administrações do PT).
Em relação ao Banco Central, o relator da PEC da autonomia orçamentária e administrativa da instituição prevê iniciar a tramitação do texto a partir de 3 de junho.
Campos Neto almeja alcançar a independência completa do BC até o final de seu mandato, o que seria uma conquista significativa.
02:39 — Novas máximas
Nos EUA, o verão chegou não oficialmente no momento em que a temporada de balanços está chegando ao fim.
Os últimos dias foram mais calmos no mercado americano, com a Bolsa de Valores de Nova York registrando o menor volume de negócios do ano na semana passada.
Ainda assim, os índices tiveram uma semana relativamente boa, em especial o Nasdaq Composite, que registrou na sexta-feira o seu quinto ganho semanal consecutivo, fechando em máxima histórica mais uma vez.
Hoje, não há mercado nos EUA, mas as negociações voltam amanhã.
Embora as preocupações com a inflação e as taxas tenham assustado o mercado ontem, os investidores ainda têm muitos motivos para se sentirem otimistas do ponto de vista fundamental.
Com 96% das empresas do S&P 500 reportando lucros do primeiro trimestre, o índice está no caminho certo para aumentar os lucros trimestrais em 6% em relação ao ano anterior.
Essa seria a taxa de crescimento trimestral mais rápida desde o primeiro trimestre de 2022.
Na agenda macroeconômica, há muita ansiedade para o PIB na quinta-feira e para o PCE na sexta-feira.
03:21 — O verão americano
Milhões de americanos começaram suas programações para o verão. Estão pegando voos, viajando de carro, acendendo churrasqueiras ou aproveitando piscinas.
Muitos esperam que este Memorial Day marque o início de mais um verão de fortes gastos dos consumidores em viagens e atividades de lazer. Até agora, a temporada começou bem.
A Administração de Segurança de Transporte relatou que a quinta-feira da semana passada foi o segundo dia mais movimentado nos aeroportos da história, com cinco dos 10 dias mais movimentados de todos os tempos ocorrendo neste mês.
Estima-se que 43,8 milhões de americanos viajaram pelo menos 80 quilômetros neste último final de semana, um aumento de 4% em relação ao ano passado e próximo do recorde histórico de 44 milhões durante o fim de semana do Memorial Day de 2005.
Ou seja, não víamos números de viagens como esses no fim de semana do Memorial Day há quase 20 anos.
Isso se traduz em mais atividade econômica e, consequentemente, mais pressão inflacionária.
O verão promete ser um desafio para o mercado financeiro, que anseia por cortes de juros.
04:14 — O provável fracasso de Sunak
A eleição no Reino Unido (RU) é um dos grandes eventos internacionais do ano e, como mencionamos na semana passada, a antecipação das eleições pegou todos de surpresa.
Desde o anúncio de Rishi Sunak sobre a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições para 4 de julho, o mercado começou a fazer algumas projeções.
A análise recente de Julius Baer chamou minha atenção, pois sugere que a estratégia do primeiro-ministro pode fracassar.
Não estou surpreso. Como mencionei anteriormente, a estratégia de Sunak visa aproveitar a recente queda da inflação e a recuperação econômica emergente.
No entanto, os Conservadores têm apenas seis semanas para reconquistar os eleitores, enquanto as pesquisas os mostram 20% atrás dos Trabalhistas.
Para alguns Conservadores, o objetivo nem é vencer, mas evitar uma vitória esmagadora dos Trabalhistas, o que resultaria em um governo mais fraco e mais fácil de se opor.
De qualquer forma, o equilíbrio de poder está prestes a mudar no RU após quase 15 anos.