SEMANA QUENTE DE RESULTADOS CORPORATIVOS
Internacionalmente, os mercados iniciam a semana com uma postura levemente mais otimista, refletida pela alta nos índices de ações, uma desvalorização do dólar e uma certa estabilidade no mercado de commodities.
Por outro lado, as taxas de juros nos Estados Unidos ainda estão em ascensão, com os rendimentos dos títulos de 10 anos acima de 4,65%.
Para piorar, no panorama geopolítico, os Estados Unidos aprovaram durante o final de semana um pacote de ajuda militar à Ucrânia superior a US$ 60 bilhões, exacerbando as tensões internacionais.
Paralelamente, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou uma medida proibindo a empresa chinesa TikTok, um projeto que agora será analisado pelo Senado, reafirmando as preocupações que discutimos na última semana sobre a continuidade dos conflitos internacionais.
Na agenda desta semana, destaque para a divulgação dos resultados financeiros de grandes empresas de tecnologia, após recentes correções nos principais índices dos EUA.
Espera-se resultados de empresas como Microsoft, Meta Platforms, Alphabet e Tesla, que fazem parte do grupo conhecido como "Magnificent Seven"(ou Sete Magníficas), as gigantes da tecnologia.
A questão que se coloca é se os lucros dessas empresas podem fomentar uma recuperação dos mercados.
Além disso, teremos dados importantes nos EUA, como o indicador preferido de inflação do Fed e a primeira estimativa do PIB americano para o 1T24.
No Brasil, as atenções estarão voltadas para os reflexos desses desenvolvimentos globais, ao mesmo tempo que o país segue de olho na agenda fiscal do governo e no início da temporada de resultados corporativos.
A ver…
00:52 — O clima não está legal em Brasília
Nesta semana no Brasil, daremos início à temporada de resultados corporativos, destacando-se a divulgação dos balanços de empresas importantes como Usiminas amanhã, Assaí, Neoenergia e Vale na quarta-feira, seguidos por Klabin e Multiplan na quinta-feira, e Quero-Quero e Hypera na sexta-feira.
Além disso, na sexta-feira também será divulgado o IPCA-15, um indicador que poderá ajustar as expectativas dos investidores brasileiros em relação às próximas ações do Banco Central.
Também está em pauta a atenção para os desdobramentos da decisão da Petrobras sobre a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários anteriormente retidos, com decisão final marcada para a assembleia em 25 de abril.
Este pagamento proporcionará cerca de R$ 6 bilhões adicionais em caixa para a União.
Porém, este valor está longe de ser suficiente para o governo lidar com as urgentes pautas fiscais no Legislativo, que já totalizam um impacto financeiro de R$ 70 bilhões.
Além das questões imediatas, o mercado está cada vez mais preocupado com a sustentabilidade das contas públicas do país.
As credibilidades dessas contas, já questionáveis, foram ainda mais comprometidas pelo ambiente político tenso e pelas recentes revisões orçamentárias para 2025.
As projeções indicam que o aumento nas despesas obrigatórias continuará pressionando o sistema fiscal.
O esforço necessário para gerenciar essa situação será substancial e contínuo, com o governo necessitando de um adicional de R$ 50 bilhões até agosto deste ano.
Embora estejam sendo consideradas novas medidas, como a possível sobretaxa de até 25% sobre o aço importado, essas ações ainda parecem insuficientes.
Um ajuste fiscal que se baseie apenas no aumento da arrecadação parece improvável de resolver a questão.
01:45 — Crescimento econômico, inflação de março e resultados corporativos
Nos Estados Unidos, os holofotes desta semana estão voltados para a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre e do índice de Preços para Consumo Pessoal (PCE) de março, indicador de inflação preferencial do Federal Reserve. Uma leitura elevada neste último poderia intensificar as tensões nos mercados financeiros.
Esses desenvolvimentos ocorrem em um momento delicado para os títulos do Tesouro, que estão a caminho de registrar seu pior mês do ano.
De fato, a semana anterior foi particularmente desafiadora para o mercado de ações, especialmente para as empresas de tecnologia voltadas para inteligência artificial, que vinham apresentando crescimento robusto nos últimos 18 meses.
O índice Nasdaq recuou 2% apenas hoje, acumulando uma perda semanal de 5,5%, marcando sua pior performance desde novembro de 2022 e a quarta semana consecutiva de declínios. O S&P 500 também não ficou atrás, com uma queda semanal de 3%.
Além disso, a atual temporada de resultados financeiros ainda não conseguiu dissipar as preocupações em relação às taxas de juros. Espera-se que mais de 150 empresas do S&P 500 apresentem seus resultados nesta semana, com SAP e Verizon abrindo as divulgações na segunda-feira.
Na sequência, teremos anúncios importantes de empresas como Freeport-McMoRan, GE, Lockheed Martin, PepsiCo, Spotify, Tesla e Visa na terça-feira. AT&T, Boeing, Chipotle e Meta estão programados para quarta-feira, enquanto Alphabet, Intel e Microsoft farão suas divulgações na quinta-feira, finalizando a semana com Chevron e Exxon Mobil na sexta-feira.
Especial atenção será dada às grandes corporações de tecnologia. Os lucros do grupo conhecido como Magnificent 7, que inclui Apple, Amazon e Nvidia, devem apresentar um crescimento de 38% no primeiro trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior, destacando-se do crescimento geral de 2,4% nos lucros esperados ano a ano para o S&P 500.
Um desempenho acima do esperado dessas gigantes poderia oferecer o suporte necessário para uma recuperação das ações.
02:38 — Drogas de emagrecimento
Desde 1990, a incidência global de obesidade aumentou significativamente, com a taxa entre crianças quadruplicando e duplicando entre adultos, conforme revela uma nova pesquisa divulgada na revista The Lancet.
Atualmente, medicamentos baseados no peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1 (GLP-1), como Ozempic e Wegovy, estão sendo utilizados tanto para o tratamento clínico da obesidade quanto para perda de peso por motivos estéticos por indivíduos não obesos. Essa variedade de aplicações traz distintas consequências econômicas.
De forma geral, os consumidores desses medicamentos estão redirecionando seus gastos, favorecendo a indústria farmacêutica em detrimento de outros setores econômicos.
Isso pode levar a uma diminuição nas taxas de poupança, já que os fundos são realocados para cobrir os custos da medicação, resultando em um impulso econômico líquido modesto.
Além disso, espera-se que a produtividade da população obesa que faz uso desses tratamentos aumente, com mais indivíduos podendo participar ativamente do mercado de trabalho.
A previsão é que, somente nos Estados Unidos, mais de 70 milhões de pessoas farão uso desses medicamentos nos próximos anos, gerando um impacto significativo na economia e na sociedade.
03:21 — Repercutindo os encontro em Washington na semana passada
Na semana passada, ocorreram as reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial em Washington, D.C., que contaram com uma série de discussões prolongadas sobre vários temas econômicos globais.
Um dos assuntos mais prementes foi o crescimento contínuo da dívida global, que vem causando preocupações significativas por potencialmente restringir o crescimento econômico futuro e sustentar um ambiente de taxas de juros elevadas por um período prolongado.
Um desafio particularmente grave é a demografia, que impacta diretamente a dinâmica da dívida.
A diminuição da base de contribuintes e o encolhimento do crescimento econômico, em um contexto de endividamento significativamente mais alto que antes da Crise Financeira Global, levantam sérias questões sobre a sustentabilidade fiscal.
Neste cenário, a imigração é vista como uma solução viável para os países desenvolvidos, especialmente na Europa, para mitigar a escassez de mão de obra.
No entanto, essa solução gera consequências para os países em desenvolvimento, que frequentemente perdem seus trabalhadores mais qualificados.
Além disso, discutiu-se o descolamento entre a economia real e o sentimento dos consumidores, que estão enfrentando um nível elevado de preços.
Isso indica que o Federal Reserve poderá ter espaço para reduzir as taxas de juros no futuro, apesar de enfrentar um cenário com uma taxa terminal potencialmente mais alta neste ciclo.
As próximas eleições americanas também foram um tópico de interesse, com previsões apontando para uma corrida eleitoral ainda mais acirrada do que em 2020.
Donald Trump lidera as pesquisas, mas como um azarão, enquanto Joe Biden conta com o suporte de uma estrutura partidária democrata bem mais organizada.
04:16 — Dia da Terra
No Dia da Terra, é essencial refletir sobre os custos das condições climáticas extremas, que estão se tornando cada vez mais frequentes.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o ano passado foi marcado por 28 desastres meteorológicos e climáticos que resultaram em perdas de pelo menos US$ 1 bilhão cada, estabelecendo um novo recorde anual.
Olhando para os últimos 40 anos, os Estados Unidos sofreram prejuízos acumulados superiores a US$ 2,6 trilhões devido a esses desastres, incluindo danos de US$ 110 bilhões causados apenas pelo furacão Ian na Flórida em 2022.
A frequência crescente desses eventos está diretamente ligada à crise climática que intensifica condições extremas.
O ano de 2023 foi o mais quente já registrado e marcou o quarto ano consecutivo em que os EUA enfrentaram mais de 18 desastres com custos na casa dos bilhões.
Um estudo recente destacou que a crise climática custa globalmente US$ 391 milhões por dia, equivalente a US$ 16 milhões por hora.
O impacto dessas condições climáticas extremas vai além dos danos imediatos. As alterações climáticas causam estragos em infraestruturas e culturas agrícolas, elevando os preços dos alimentos e disparando os prêmios de seguro, especialmente em regiões mais vulneráveis.
Companhias de seguros têm recuado da cobertura em estados mais propensos a desastres.
Além disso, o aquecimento dos oceanos potencializa os furacões, sugerindo que temporadas de tempestades mais intensas e custosas possam se tornar o novo normal.
Projeções indicam que, até a metade deste século, a crise climática poderá custar à economia global trilhões de dólares anualmente.