FOREVER WAR?
O Ocidente passou a madrugada analisando possíveis consequências da reação de Israel aos recentes ataques iranianos.
Nesta sexta-feira, os mercados acionários asiáticos sofreram quedas significativas, refletindo o agravamento das tensões geopolíticas no Oriente Médio e as contínuas preocupações sobre as altas taxas de juros nos Estados Unidos, que têm afetado negativamente o ânimo dos investidores.
Na Europa, o panorama não foi diferente, com os principais índices registrando perdas pela manhã. Nos Estados Unidos, os futuros dos mercados também apontaram para baixo, influenciados pelos resultados decepcionantes da Netflix e da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company.
A pauta do dia está relativamente tranquila, com poucos anúncios de resultados corporativos previstos para o resto do dia.
Apesar da tensão global que sugere uma guerra interminável (cenário de "forever war"), os preços do petróleo internacional apresentaram queda, indicando que a retaliação de Israel pode ter contribuído para uma desescalada do conflito.
A ver…
00:57 — Dor de cabeça
Ontem, a incerteza quanto ao ambiente econômico global levou os mercados a fecharem sem uma direção clara.
No Brasil, o Ibovespa encerrou praticamente estável, com um modesto ganho de 0,02%, atingindo 124.196 pontos, e assim interrompeu uma série de perdas anteriores.
Por outro lado, o dólar experimentou uma alta, fechando a R$ 5,25, reflexo da pressão exercida pelos juros nos Estados Unidos que continuam a impactar mercados emergentes como o Brasil.
Para hoje, apesar do cenário internacional pouco favorável, há assuntos locais relevantes em pauta, como a reunião do Conselho de Administração da Petrobras que pode vir a decidir sobre os dividendos extraordinários.
A diretoria executiva propõe a distribuição de 50% dos lucros, com o apoio de Prates e Haddad, enquanto os ministros Alexandre Silveira e Rui Costa sugerem um limite de 30%. As divergências políticas podem complicar as decisões. Ainda não está claro se essa deliberação ocorrerá hoje ou será adiada para 25 de abril.
Adicionalmente, há outros desafios fiscais significativos.
O Ministério da Fazenda lida com a pressão para manter o Perse, um programa de apoio ao setor de eventos, considerando um compromisso de gastar mais R$ 15 bilhões ao longo de três anos em troca de sua conclusão em 2027.
Além disso, duas "pautas-bomba" preocupam: a possível aprovação pelo Senado da PEC que introduz o quinquênio para o judiciário (bônus de carreira), o que poderia resultar em despesas adicionais de R$ 42 bilhões, e a alteração na regra de pagamento do abono salarial, que poderia impactar o orçamento em R$ 28 bilhões.
Esses fatores contribuem para uma maior incerteza fiscal, especialmente após as recentes revisões das metas de superávit e os desafios ao arcabouço fiscal, deteriorando a confiança do mercado e oferecendo pouca esperança de melhora no curto prazo.
01:45 — Falas duras
Ontem nos EUA, o S&P 500 parecia pronto para quebrar uma sequência de quedas na abertura do mercado, apresentando inicialmente um aumento de 0,6%.
No entanto, o índice perdeu ímpeto ao longo do dia devido a comentários firmes de membros do Federal Reserve, fechando em baixa pela quinta sessão consecutiva.
Este padrão repetiu-se ao longo da semana, com o índice começando o dia positivamente, apenas para terminar em território negativo. Este fenômeno ocorreu sete vezes este mês, apenas uma vez a menos que o recorde de oito dias de 2012.
Essa recorrência sugere uma fraqueza técnica no índice, indicando que muitos investidores estão prontos para vender suas ações ao menor sinal de incerteza. As declarações recentes do Fed acionaram essas vendas, impulsionando os rendimentos dos títulos de 10 anos para 4,65%.
Hoje, além das preocupações geopolíticas persistentes, o mercado está assimilando os resultados corporativos da Netflix e da TSMC. Também estão previstos para hoje os resultados trimestrais da American Express e da Procter & Gamble.
A fragilidade observada pela manhã pode prenunciar mais um dia desafiador nos mercados internacionais.
02:39 — Dilema europeu
Os líderes da União Europeia estão atualmente explorando as melhores formas de implementar uma união unificada do mercado de capitais entre os países membros.
Ao longo dos últimos dez anos, várias propostas têm sido debatidas, com o objetivo central de diversificar as fontes de financiamento por todo o bloco e promover investimentos transfronteiriços.
O desenvolvimento deste mercado unificado também traria vantagens competitivas em toda a Europa e disponibilizaria uma quantidade significativa de capital para estimular a economia da região.
Os defensores desta iniciativa argumentam que as empresas europeias enfrentam atualmente uma barreira financeira considerável, esbarrando em dificuldades para acessar o capital disponível.
Existe, igualmente, uma necessidade urgente de captar capital para financiar projetos custosos, desde a adoção de tecnologias de energia limpa até a inteligência artificial.
Atualmente, as empresas europeias enfrentam desafios para competir com suas equivalentes nos Estados Unidos e na China, em um contexto de intensificação das tensões geopolíticas, crescente protecionismo e subsídios significativos nas maiores economias globais.
O novo projeto visa elevar a competitividade da Europa ao centralizar a supervisão dos mercados de capitais dos 27 estados-membros sob o controle da ESMA, o órgão regulador dos mercados financeiros da UE. Embora haja desacordo, como é comum, pela primeira vez em anos, a proposta parece estar ganhando impulso para avançar.
03:24 — A maior eleição do mundo
As eleições na Índia, que se iniciam hoje e se estendem ao longo de sete semanas, apresentam números impressionantes. Quase um bilhão de eleitores estão habilitados a votar, o que explica a duração prolongada do processo eleitoral.
Este ano, milhares de candidatos disputam 543 assentos na câmara baixa do parlamento, com a participação de centenas de partidos políticos.
No entanto, apesar da magnitude deste que é o maior exercício democrático do mundo, as atenções estão voltadas quase exclusivamente para uma figura: o atual primeiro-ministro, Narendra Modi. Seu partido, o hindu-nacionalista Bhartiya Janata (BJP), é amplamente favorito para conquistar a terceira vitória consecutiva.
O BJP tem centrado sua campanha na figura de Modi, de 73 anos, enaltecendo-o como um líder que cumpre suas promessas.
De fato, sob a gestão de Modi, a Índia tem experimentado um forte crescimento econômico. A rivalidade entre os EUA e a China tem beneficiado a Índia, atraindo investimentos de grandes empresas internacionais como Apple e Tesla.
Modi também mantém grande popularidade entre os pobres rurais, graças a iniciativas como fornecimento de gás de cozinha a preços acessíveis e programas de habitação, além de políticas que apelam à maioria hindu.
Com essa base de apoio, é provável que Modi permaneça no poder, continuando a liderar a Índia no que muitos veem como uma trajetória ascendente, potencialmente rivalizando com a China como principal motor do crescimento global.
04:11 — Uma resposta desescalatória
Durante a madrugada, os mercados globais reagiram com preocupação a notícias de explosões em Isfahan, uma cidade iraniana crucial para o programa nuclear do país.
Inicialmente, o preço do petróleo subiu diante da incerteza gerada pela situação. Contudo, a tendência do petróleo já se reverteu (cai neste momento).
De fato, Israel executou um ataque retaliatório contra o Irã, seguindo o lançamento de mais de 300 drones e mísseis sobre seu território no último final de semana, dos quais 99% foram interceptados.
O alvo escolhido por Israel, próximo mas não diretamente nas instalações nucleares, sinaliza uma estratégia de desescalada (posso atacar, mas irei).
Israel se viu compelido a responder de maneira modesta, dado que o recente ataque do Irã foi em retaliação ao bombardeio israelense ao consulado iraniano em Damasco no início do mês.
Importante destacar que autoridades iranianas indicaram não haver planos para novas retaliações.
Além disso, a União Europeia apelou para que ambos os países evitem novos conflitos.
Apesar dessa aparente desescalada dos eventos mais recentes, as tensões na região parecem estar longe de uma resolução, indicando um prolongamento da instabilidade, de forma similar ao conflito contínuo na Ucrânia.