O QUE FALTA PARA O HUMOR MUDAR?
A quinta-feira apresenta um ritmo mais tranquilo globalmente, focado principalmente na progressão da temporada de resultados financeiros nos Estados Unidos.
A Netflix está programada para anunciar seus resultados após o encerramento do mercado, e também será divulgado o relatório sobre pedidos de auxílio-desemprego americano.
Paralelamente, continua o evento conjunto do FMI e do Banco Mundial em Washington, marcado por uma série de falas de autoridades em reuniões e painéis.
Destaque para a presença de representantes do Federal Reserve, que podem reiterar a postura cautelosa destacada por Jerome Powell no início da semana.
Nos mercados de ações, a Ásia mostrou resiliência, recuperando-se das recentes baixas e desconsiderando uma orientação menos positiva de Wall Street, com expectativas voltadas para um robusto desempenho da TSMC, gigante da indústria de semicondutores, impulsionando esperanças de recuperação no setor tecnológico.
Os mercados europeus e os futuros americanos também demonstram sinais de recuperação, especialmente após comentários do presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, que antecipou uma queda significativa na inflação britânica no próximo mês, sugerindo que as taxas de juros no Reino Unido podem ser reduzidas antes das dos Estados Unidos.
No mercado de commodities, o minério de ferro registra alta nesta manhã, enquanto os preços do petróleo recuam ligeiramente após recentes ganhos.
A ver…
00:57 — O que aprendemos depois de seis quedas seguidas?
Numa agenda mais tranquila hoje, destaque para a segunda prévia do IGP-M e o fluxo cambial. As atenções se voltam para as falas de Fernando Haddad e Roberto Campos Neto na coletiva do G-20.
Ontem, o presidente do Banco Central adotou uma postura firme, com declarações percebidas como conservadoras. Em face das incertezas geopolíticas, das incógnitas sobre a redução dos juros nos Estados Unidos, e da preocupação com a disciplina fiscal, a cautela se impõe como única opção viável para o Banco Central.
Ainda assim, é esperado um corte de 50 pontos na taxa de juros em maio, conforme sinalizado anteriormente, embora já haja especulações sobre uma possível desaceleração no ritmo de flexibilização monetária antes mesmo de junho.
Tal cenário poderia afetar negativamente a credibilidade do Banco Central, que se apoiou na orientação futura em sua última reunião, mas as circunstâncias atuais podem deixar pouca margem para alternativas.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em maio pode ser menos consensual, refletindo uma maior divisão entre os membros.
Neste contexto, será crucial observar os votos de Gabriel Galípolo e Paulo Picchetti, considerados favoritos para suceder Campos Neto.
Outro aspecto relevante é que o Banco Central provavelmente manterá sua postura de não intervir mais no mercado cambial.
Essa decisão ocorre em um momento em que o interesse dos investidores estrangeiros no real depreciado levou as apostas na valorização do dólar a níveis recordes na sessão anterior.
Ontem, a posição líquida comprada em dólar por meio de derivativos (dólar futuro, dólar mini, swap e cupom cambial) atingiu o valor mais alto já registrado, totalizando US$ 70,3 bilhões. Esse aumento pode ser um indicativo de sobrecompra, mas existem razões válidas para esse posicionamento, pelo menos a curto prazo.
01:49 — Nem o S&P 500 tem aguentado
Os principais índices acionários dos EUA registraram sua mais extensa sequência de perdas desde janeiro, impactados pela queda de várias gigantes do setor tecnológico, apesar de uma diminuição nos rendimentos dos títulos — a tendência de alta dos juros parece ter alcançado seu ápice após um leilão bem demandado de T-Bonds de 20 anos, que resultou na redução dos rendimentos e na queda do dólar em escala global.
Contudo, as ações continuaram em queda pelo quarto dia seguido, com o S&P 500 recuando mais de 4% desde seu pico histórico. O Nasdaq 100 sofreu uma contração de mais de 1% apenas na quarta-feira. Este declínio veio na sequência de comentários cautelosos do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que moderou as expectativas de cortes iminentes nas taxas de juros.
Atualmente, os investidores ajustaram suas previsões para apenas um ou dois cortes de taxa este ano, uma revisão significativa em relação aos seis ou sete esperados no início de 2024 e aos três antecipados pelas autoridades do Fed há um mês.
Ao mesmo tempo, as empresas americanas reportaram dificuldades crescentes para repassar custos elevados, conforme revelado pelo Livro Bege da Fed, que compila dados de contatos comerciais regionais. No entanto, essa informação não foi suficiente para reverter a tendência de baixa do mercado acionário.
Para o dia de hoje, o mercado aguarda a divulgação de mais resultados corporativos, incluindo de empresas como Blackstone, Intuitive Surgical, Netflix e Taiwan Semiconductor Manufacturing, além dos dados sobre pedidos de auxílio-desemprego.
02:35 — Tarifas inflacionárias
O presidente dos EUA, Joe Biden, propôs um aumento significativo nas tarifas sobre o aço e o alumínio importados da China.
Biden solicitou que as tarifas existentes sobre estes metais sejam triplicadas, elevando as tarifas sobre o aço para cerca de 25% das importações chinesas, um salto significativo em relação à taxa atual de aproximadamente 7,5%.
Esta política marca um passo importante para a administração Biden, especialmente considerando os desafios em curso para controlar a inflação e alcançar a meta de 2% estabelecida pela Reserva Federal.
Embora as tarifas possam ter um efeito inflacionário, o impacto esperado pode ser moderado, dada a proporção relativamente pequena de aço e alumínio importados da China comparado às importações dos EUA provenientes de países como Canadá, Brasil e México.
Estas novas tarifas propostas operariam sob o mesmo mecanismo das implementadas durante a administração Trump, o que sugere uma continuidade nas políticas comerciais, independentemente das mudanças na liderança política.
Isso reflete uma possível percepção de continuidade na política econômica externa entre Biden e Trump, contrastando principalmente nas agendas domésticas.
Este movimento mostra como, às vezes, as decisões econômicas transcenderam diferenças partidárias maiores, especialmente em assuntos de política externa e comércio.
03:28 — Trocando de motor
As décadas de crescimento exponencial da China alteraram profundamente a economia global, saturando os mercados internacionais com produtos e capital a preços acessíveis.
Contudo, a realidade atual apresenta desafios significativos para a China, incluindo o envelhecimento populacional, uma crise no setor imobiliário, crescente protecionismo por parte do Ocidente e uma desaceleração econômica que aponta para o fim de seu período de expansão "milagrosa".
Em contrapartida, muitos olhares se voltam agora para a Índia, antecipando que ela possa ser a próxima a experimentar um surto de crescimento econômico substancial.
Com uma economia de aproximadamente 3,5 trilhões de dólares, consideravelmente menor que os 17,8 trilhões de dólares da economia chinesa, a Índia parece estar na posição inicial de um ciclo de crescimento que poderia posicioná-la como a nova locomotiva do crescimento mundial.
De acordo com projeções, a Índia poderia assumir a liderança como a principal força de crescimento econômico global até 2028, medido pela paridade do poder de compra, se conseguir atingir metas fundamentais em áreas vitais como melhoria de infraestrutura, expansão das habilidades e participação da força de trabalho, e urbanização eficiente.
Para alcançar essa posição, a Índia necessitaria sustentar um crescimento anual de 9% até o final desta década, enquanto a China teria que reduzir seu crescimento para 3,5%.
Em um cenário mais conservador, com a Índia crescendo a uma taxa anual de 6,5%, ela alcançaria esse marco apenas em 2037. Resta acompanhar para ver se tais expectativas serão cumpridas.
04:12 — Chuva no deserto
Dubai, conhecida como uma das cidades mais áridas do globo, enfrentou uma inundação sem precedentes esta semana, após a tempestade mais intensa já registrada na região.
Entre segunda e terça-feira, nuvens carregadas descarregaram o equivalente a dois anos de precipitação, desafiando a infraestrutura urbana inadequada para tamanha quantidade de água, com falta de bueiros eficientes e áreas verdes que facilitassem a absorção da chuva.
Este evento extremo resultou em inundações de ruas, prédios e pistas de aeroporto, levando ao fechamento de escolas e negócios, e foi responsável pela morte de uma pessoa nos EAU e outras 18 no vizinho Omã.
Após as enchentes, surgiram especulações nas redes sociais sugerindo que as chuvas torrenciais poderiam ter sido exacerbadas pela prática de semeadura de nuvens, um método onde aviões dispersam partículas de sal nas nuvens para aumentar a condensação e, consequentemente, a precipitação.
No entanto, as autoridades dos Emirados Árabes Unidos prontamente negaram os relatórios que indicavam que seu programa de alteração climática tivesse contribuído para a gravidade da tempestade.
Evidências sugerem que, mesmo com a semeadura de nuvens, o aumento na precipitação não excederia 20% a 25%. Parece, então, que a causa mais provável para as chuvas seja as mudanças climáticas, que, segundo projeções, aumentarão a pluviosidade na região dos EAU em 15% a 30% nos próximos anos.