CALMA, PESSOAL, NÃO É A TERCEIRA GUERRA MUNDIAL… MAS VAMOS MANTER OS OLHOS BEM ABERTOS, OK?
No início do ano, eu comentei que as questões geopolíticas seriam predominantes em 2024. Isso se confirmou neste final de semana, especialmente após o ataque do Irã a Israel no último sábado.
Um representante militar de Israel afirmou que o país está disposto a fazer "tudo o que for necessário" para se defender. Vamos ver até onde vai esse "tudo".
Por sua vez, Teerã ameaçou intensificar os ataques caso haja retaliações. Apesar da gravidade do ataque, ele não escalou para o nível de catástrofe que muitos temiam nos últimos dias, graças a uma defesa bem preparada por Israel, que conseguiu neutralizar 99% da ofensiva.
Agora, o mundo aguarda a resposta israelense aos ataques, enquanto o tema continua a dominar os debates internacionais.
Neste momento, os mercados mostram-se relativamente estáveis após os eventos no Oriente Médio. Essa calma pode parecer estranha, mas é típico dos mercados não ponderarem completamente os riscos extremos.
O Irã declarou que considera o caso encerrado, e o presidente dos EUA, Joe Biden, apelou à moderação.
Além disso, a semana segue carregada de outros eventos relevantes: continuamos com a temporada de resultados nos EUA, aproximamo-nos do halving do Bitcoin em 20 de abril, e aguardamos novos dados do mercado de trabalho americano.
Espera-se também que várias autoridades monetárias comentem ao longo do dia, possivelmente discutindo os efeitos do recente aumento nos preços do petróleo sobre a inflação.
A ver…
00:55 — O Orçamento para 2025
Na última sexta-feira, o Ibovespa registrou uma queda de 1,14%, fechando abaixo dos 126 mil pontos, em sintonia com o recuo dos índices em Nova York.
Os mercados ainda digerem os impactos da tensa semana de divulgação dos índices inflacionários, que deixaram suas marcas.
Nos Estados Unidos, as ações enfrentaram o dia mais difícil desde janeiro, após notícias de possíveis preparativos de Israel para um ataque iraniano a alvos governamentais.
Apesar do clima menos tenso do que o inicialmente temido, ainda há espaço para uma migração para ativos considerados seguros, como títulos do Tesouro americano e o dólar, que encerrou com alta de 0,61%, cotado a R$ 5,12.
A agenda da semana conta com a divulgação do IBC-Br de fevereiro, na quarta-feira, e uma reunião do Conselho da Petrobras na sexta-feira, que pode trazer novidades sobre os dividendos extraordinários.
No tocante à Petrobras, suas ações caíram na sexta-feira após a destituição do presidente do Conselho.
Caso a Advocacia-Geral da União não consiga reverter a decisão que afastou Pietro Mendes do cargo, um presidente interino deverá ser eleito.
Há um receio por parte da ala política de uma possível derrota na votação sobre a distribuição integral dos dividendos extraordinários aos acionistas minoritários, o que seria benéfico para a ação.
Além dessas questões corporativas, vale destacar a atenção para o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025, que será apresentado pela equipe técnica econômica nesta tarde. Espera-se uma possível revisão da meta fiscal para o próximo ano.
Diante das incertezas sobre a evolução da arrecadação, o governo estuda a modificação da meta fiscal de 2025, proposta no novo arcabouço fiscal, de um superávit de 0,5% do PIB para um de até 0,25% do PIB.
Mais do que novas metas, é crucial que o governo apresente um plano de ação concreto, algo que até agora não ocorreu.
01:49 — Alguém pediu volatilidade?
Nos EUA, as ações enfrentaram uma semana tumultuada, culminando em uma sexta-feira desafiadora.
O Dow Jones Industrial Average despencou 476 pontos, ou 1,2%, acumulando uma perda semanal de 2,4%. Essa foi a pior semana para o índice de grandes empresas em mais de um ano.
Apesar de uma leve recuperação nos futuros esta manhã, a instabilidade do mercado se acentua.
O Índice de Volatilidade do Mercado CBOE, frequentemente chamado de "Índice do Medo", fechou a sexta-feira com um aumento de 16%, alcançando US$ 17,31 — o maior fechamento desde outubro.
Hoje, o índice continua ligeiramente acima dos US$ 17. As quedas recentes foram impulsionadas pelos persistentes temores inflacionários e por crescentes tensões geopolíticas, além das incertezas trazidas pela temporada de balanços.
Para a semana, a agenda econômica está repleta de indicadores importantes, incluindo o relatório de vendas no varejo de março na segunda-feira, o terceiro livro bege do ano do Federal Reserve na quarta-feira, e o principal índice econômico do Conference Board para março, previsto para quinta-feira.
Também serão divulgados diversos dados sobre o mercado imobiliário dos EUA. Quanto às vendas no varejo de hoje, embora as expectativas de inflação sejam altas, a inflação real se mostra mais amena, especialmente para famílias de renda média, apoiando um poder de compra que tem sustentado o consumo.
02:36 — Mais resultados
Nos Estados Unidos, a temporada de resultados corporativos continua robusta, com o banco Goldman Sachs divulgando seus resultados financeiros esta manhã, antes do mercado abrir, e sendo seguido por Bank of America e Morgan Stanley amanhã.
A agenda da semana também inclui nomes de peso como Netflix, Johnson & Johnson, United Airlines, UnitedHealth, ASML, Prologis, Taiwan Semiconductor Manufacturing, American Express e Procter & Gamble.
Na última sexta-feira, observamos uma queda significativa nas ações de grandes bancos, impactadas pelos resultados do primeiro trimestre que revelaram os desafios impostos pelos altos juros nos EUA, particularmente no segmento de empréstimos.
Apesar dessa pressão, os resultados em geral foram positivos. O JPMorgan, por exemplo, superou as expectativas de lucros para o primeiro trimestre e suas receitas cresceram conforme as previsões de Wall Street.
Projetando para o futuro, a expectativa é que as empresas do índice S&P 500 registrem um crescimento médio anual de 3,8% nos lucros por ação para este primeiro trimestre.
Se confirmado, esse crescimento seria o menor desde meados de 2023, mas ainda marcaria o terceiro trimestre consecutivo de expansão.
Por outro lado, os lucros das chamadas "Sete Magníficas" - Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon, Nvidia, Meta e Tesla - devem registrar um aumento de 38% no período.
03:22 — O homem taxa
Donald Trump, candidato presidencial pelo Partido Republicano, enfrentará um marco histórico ao ser o primeiro ex-presidente a ser julgado criminalmente, enfrentando 34 acusações de falsificação de registros comerciais.
Segundo o promotor de Manhattan, Alvin Bragg, Trump escondeu um pagamento de US$ 130 mil para Stormy Daniels, atriz de filmes eróticos que afirmou ter tido um caso com ele antes das eleições de 2016.
Esse pagamento, disfarçado de reembolso por serviços jurídicos na contabilidade da Organização Trump, é apontado por Bragg como um ato ilegal.
As penalidades poderiam chegar a quatro anos de prisão, mas especialistas consideram improvável que Trump seja encarcerado.
Apesar deste cenário legal conturbado, Trump mantém forte influência eleitoral para as eleições deste ano, mesmo com o recente fortalecimento de Biden.
A situação no Oriente Médio poderia agravar a posição do governo Biden, contribuindo ainda mais para isso.
Trump tem propostas que causam preocupação, como a imposição de uma tarifa de 10% sobre todas as importações, 60% sobre as da China, e 100% sobre automóveis estrangeiros, incluindo os do México.
Essas políticas, se implementadas, poderiam iniciar uma guerra comercial com a China e outros países, levando, no pior dos cenários, a uma recessão global.
04:18 — O ataque coreografado do Irã
O ataque do Irã a Israel na noite de sábado, com mais de 300 mísseis e drones, representa um novo capítulo em uma região já tensionada.
Esse ataque, o primeiro realizado diretamente do território iraniano contra Israel, não resultou em mortes, graças à interceptação eficaz pelos sistemas de defesa antiaérea de Israel, com o apoio dos EUA, Reino Unido, França e outros países aliados.
A natureza do ataque, que pareceu permitir tempo suficiente para a intercepção, sugere que o Irã não buscava iniciar um conflito total.
Agora, a resposta de Israel é incerta, mas pode ser moderada, visto que o primeiro-ministro Netanyahu recebeu um reforço político e de apoio após o incidente (está mais seguro no cargo agora).
Todas as partes parecem ter razões para não escalar o conflito. Israel continua focado em Gaza, onde mantém operações contra o Hamas, que ainda detém reféns israelenses. O Irã declarou que já alcançou seus objetivos com o ataque.
Nos EUA, o presidente Biden, criticado por democratas por seu apoio a Israel após a morte de civis palestinos em Gaza, pode usar este incidente para justificar esforços para evitar uma guerra maior.
No entanto, os mercados globais podem enfrentar mais instabilidade nos próximos dias devido às incertezas sobre futuras ações de Israel e seus aliados.
Em um cenário de pior caso, teme-se que o preço do petróleo possa ultrapassar os 100 dólares por barril e que haja uma corrida para ativos seguros como dólar.
Essa situação poderia exacerbar as pressões inflacionárias e afetar as taxas de juros.