A SEMANA PROMETE AINDA MAIS VOLATILIDADE
Esta semana promete ser importante, destacando-se pela divulgação da ata da última reunião do Copom no Brasil e pelos dados de inflação nos Estados Unidos. Além disso, mesmo se aproximando do final, a temporada de resultados ainda reserva anúncios de grandes empresas, incluindo Walmart e Home Depot, além de Alibaba e Cisco.
No cenário local, a Petrobras apresentará seus resultados na noite desta segunda-feira. Outro ponto de interesse reside nos registros 13F, que revelam as alterações trimestrais nas carteiras dos principais fundos de investimento.
A inteligência artificial também estará em foco, com a OpenAI devendo anunciar atualizações nesta segunda-feira, e a Alphabet, proprietária do Google, realizando sua conferência anual de desenvolvedores.
No mercado asiático, as ações encerraram o dia majoritariamente em baixa, com os mercados chineses mostrando volatilidade devido a indicadores econômicos e políticos ambíguos — os dados de inflação de abril na China não foram particularmente animadores, com altos custos de energia mantendo a inflação ao consumidor levemente acima de 0% ao ano, enquanto a deflação dos preços ao produtor persiste, embora com uma redução na intensidade.
Além disso, a perspectiva de novos impostos nos EUA também pesou negativamente.
Enquanto isso, os mercados europeus registraram quedas nesta manhã, em contraste com os futuros americanos que indicam alta.
No setor de commodities, tanto o petróleo quanto o minério de ferro apresentam valorização.
A ver…
00:52 — Se preparando para o Focus e para a ata
No Brasil, o Boletim Focus divulgado hoje deve mostrar uma postura mais cautelosa do mercado em resposta a um Copom dividido, com projeções de inflação elevadas devido à falta de ancoragem das expectativas.
A esperança é que a ata da última reunião do Banco Central, que será divulgada amanhã, forneça esclarecimentos adicionais sobre a recente decisão de política monetária, potencialmente apaziguando as preocupações do mercado.
Adicionalmente, a atenção permanece voltada para a situação crítica no Rio Grande do Sul, onde foi decidido que os fundos destinados ao socorro das vítimas e à reconstrução das áreas afetadas não afetarão o resultado primário, uma medida justificável dada a gravidade da situação do estado.
Além disso, a agenda econômica da semana inclui a divulgação do índice de serviços e do IBC-Br, um indicador considerado uma prévia mensal do PIB, que serão publicados na terça e quarta-feira, respectivamente.
Na última sexta-feira, uma taxa de inflação levemente superior ao esperado para abril complicou ainda mais a tarefa do Banco Central. O índice subiu 0,38% no mês, comparado a 0,16% em março e a uma previsão de 0,35%. No acumulado do ano, a inflação registra um aumento de 1,80% e, nos últimos 12 meses, de 3,69%, abaixo dos 3,93% observados nos 12 meses anteriores.
Apesar disso, o relatório trouxe alguns aspectos positivos: a inflação continua abaixo da média dos últimos anos e o índice de difusão também recuou, juntamente com aumentos mais moderados nos preços livres e nos núcleos, que estão se aproximando da meta anualizada do Banco Central.
Uma desaceleração da inflação entre maio e junho seria altamente benéfica e bem recebida pelo mercado.
01:47 — Moderando o tom até a inflação
Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones Industrial Average concluiu sua semana mais positiva do ano, registrando o oitavo aumento consecutivo na sexta-feira.
Neste período, o índice blue-chip acumulou uma valorização de 4,5%, superando o S&P 500, mais abrangente, por quase um ponto percentual. Após uma queda de 5% no mês anterior, o Dow Jones começou a ganhar ímpeto em maio, subindo todos os dias do mês até agora.
No entanto, os outros índices apresentaram ganhos mais moderados, evidenciando que o Dow, devido à sua natureza mais concentrada, não reflete necessariamente o comportamento do mercado americano como um todo.
As expectativas do mercado estão voltadas agora para a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor na quarta-feira.
As persistentes altas taxas de inflação têm impactado negativamente a confiança dos investidores ao longo do ano. Os analistas preveem que o índice de inflação suba 0,3% em abril, comparado ao mês anterior.
A tendência recente dá motivos para um certo pessimismo: a inflação tem aumentado consistentemente ao longo do ano, e cada incremento leva os investidores a ajustarem suas expectativas quanto a possíveis cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve.
Em janeiro, o mercado especulava sobre a possibilidade de até sete cortes nas taxas de juros para este ano — uma previsão otimista que foi drasticamente revisada para dois cortes ou menos.
Embora abril não seja visto como um mês decisivo para uma virada, qualquer indicação positiva já poderia trazer benefícios mínimos para os mercados.
02:35 — Recompras!
Ainda nos Estados Unidos, as recompras de ações corporativas registraram um aumento de 16,5% este ano em comparação ao mesmo período do ano passado, refletindo um otimismo das empresas quanto às suas perspectivas e à economia em geral.
Destacam-se nesse movimento gigantes como Apple, Meta Platforms e Wells Fargo, que estão investindo em si mesmas de forma significativa.
Até a semana passada, as empresas do S&P 500 que já divulgaram seus lucros do primeiro trimestre realizaram recompras de ações no valor de US$ 181,2 bilhões, representando um acréscimo de US$ 25,7 bilhões em relação ao mesmo período do ano anterior. No total, 433 empresas anunciaram recompras de ações durante o trimestre, marcando um aumento de 15%.
Empresas líderes no setor de tecnologia têm sido particularmente ativas nas recompras.
A Apple, por exemplo, anunciou uma nova rodada de recompra de ações no valor de US$ 110 bilhões, tendo já recomprado US$ 23,5 bilhões no primeiro trimestre. Essas recompras têm sido um motor importante para o desempenho do mercado, contribuindo para a valorização de 9,3% do S&P 500 este ano.
As recompras são frequentemente interpretadas como um sinal de que as empresas estão confiantes em seus lucros futuros e em suas projeções de crescimento.
Além disso, vale destacar que não apenas estão recomprando ações, empresas como Meta e Alphabet iniciaram o pagamento de dividendos este ano, adicionando um suporte robusto ao mercado de ações.
03:28 — Novas tarifas
A administração Biden está se preparando para impor uma série de tarifas significativas para restringir a entrada de veículos elétricos chineses nos Estados Unidos. Prevê-se que as tarifas sobre esses veículos alcancem 102,5%, tornando sua venda no mercado americano praticamente inviável devido ao alto custo.
Adicionalmente, o governo americano planeja elevar as tarifas sobre outros produtos chineses relacionados à energia limpa, incluindo baterias, minerais e células solares, em uma medida para apoiar os fabricantes locais desses produtos.
Essas elevadas tarifas marcam uma intensificação significativa no conflito comercial entre os EUA e a China, destacando como a disputa agora se expande para incluir as tecnologias envolvidas na transição energética.
A preocupação dos EUA com os veículos elétricos chineses se deve à sua alta qualidade e custo reduzido, resultado de substanciais subsídios governamentais, representando uma ameaça direta à indústria automobilística americana.
O preço médio de um veículo elétrico nos EUA é de US$ 47.500, enquanto na China é de apenas US$ 28.000, conforme apontado pela Dunne Insights. Essa diferença destacou o atraso dos fabricantes ocidentais em competir eficazmente.
Elon Musk, CEO da Tesla, até mencionou que essa competição poderia devastar a indústria automobilística ocidental. As tarifas propostas, que podem ser adotadas de maneira similar pela União Europeia, surgem como uma resposta a esses desafios competitivos.
Contudo, as crescentes divisões comerciais entre os blocos econômicos liderados pelos EUA e aqueles alinhados com a China ameaçam a colaboração comercial global e o crescimento econômico.
04:19 — Introduzindo IA à saúde
Se um dia tivermos medicamentos capazes de curar câncer, diabetes e doenças cardíacas, muito desse avanço será atribuído à inteligência artificial (IA). Dado que o desenvolvimento de medicamentos exige imensos volumes de dados, investimento financeiro e testes laboratoriais, as empresas de biotecnologia estão investindo pesadamente em modelos de aprendizado de máquina.
Estes modelos estão sendo utilizados tanto para criar novos fármacos quanto para identificar o tratamento mais adequado à bioquímica individual dos pacientes.
Um exemplo notável dessa tendência é a iniciativa do Google, que intensificou seus esforços ontem com o lançamento do AlphaFold 3 pelo seu laboratório de pesquisa DeepMind AI, em colaboração com o Isomorphic Labs. Este modelo de IA é projetado para prever a estrutura e as interações de todas as moléculas biológicas.
A importância dessa inovação reside na potencial transformação do processo de descoberta de medicamentos, atualmente marcado por uma alta taxa de insucesso de 90%. Essa ineficácia decorre, em parte, da compreensão limitada que temos sobre os inúmeros componentes minúsculos do corpo humano e como as doenças interagem com eles.
Atualmente, a indústria farmacêutica trabalha com um repertório de cerca de 10 milhões de moléculas para desenvolver medicamentos, enquanto estima-se que existam um decilhão de moléculas possíveis, um número astronômico com 33 zeros.
A capacidade dos modelos de aprendizado de máquina de prever como uma molécula proposta para tratamento pode interagir com o corpo humano pode acelerar significativamente a identificação de candidatos promissores para medicamentos.
Isso representa um território inovador e esperançoso na área da saúde, prometendo revolucionar a maneira como desenvolvemos tratamentos médicos.