25 OU 50 PONTOS BASE, QUEM FOI MELHOR? SÓ O TEMPO DIRÁ…
Hoje é um dia de grande expectativa no Brasil, com os investidores aguardando ansiosamente o anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) após o fechamento do mercado.
Internacionalmente, os mercados estão avaliando a recente decisão do Riksbank da Suécia sobre sua política monetária, em uma semana marcada por intensas comunicações de várias autoridades de bancos centrais.
Ontem, por exemplo, um comentário de Neel Kashkari, de Minneapolis, moderou o otimismo dos investidores.
Os líderes dos bancos centrais das economias avançadas estão refletindo sobre se devem permitir que suas políticas se tornem excessivamente restritivas ao crescimento econômico.
Caso a resposta seja negativa, as taxas de juros reais deveriam ser flexibilizadas para responder adequadamente à inflação.
Nos mercados europeus, o dia começou positivo, contrastando com os futuros americanos, que apresentaram queda nesta manhã em antecipação aos dados de vendas e estoques no atacado nos EUA.
A maioria das bolsas asiáticas teve um desempenho fraco nesta quarta-feira, com uma pausa na recuperação dos mercados chineses (as declarações de alguns membros do Fed levantaram dúvidas sobre o timing de possíveis cortes nos juros, gerando mal-estar).
No Japão, o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, comentou que o primeiro-ministro Fumio Kishida está atento aos efeitos da desvalorização do iene sobre os preços, sinalizando uma possível coordenação mais apertada à medida que a moeda segue se enfraquecendo Por fim, os preços do petróleo e do minério de ferro registraram queda hoje.
A ver…
00:51 — O placar do Copom
No Brasil, o Ibovespa encerrou o pregão de ontem com uma alta de 0,58%, alcançando 129.210,48 pontos.
Essa valorização ocorreu em meio a uma temporada de resultados positivos que foram bem recebidos pelos investidores, e também após a assimilação de um menor risco associado ao indispensável apoio ao estado do Rio Grande do Sul.
A alta se concretizou mesmo com alguns contratempos, como a queda das ações da Suzano, que ocorreu após os investidores reagirem a notícias de que a empresa sondou a International Paper para uma proposta de compra avaliada em cerca de US$ 15 bilhões.
Em Brasília, os investidores aguardam a apresentação, prevista para até quinta-feira, dos detalhes da desoneração fiscal envolvendo setores e municípios, o que reduziria uma fonte de preocupação para a equipe econômica em um momento em que o país enfrenta outros problemas, como a crise no Rio Grande do Sul.
Na parte final de ontem, o Senado aprovou simbolicamente o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) de auxílio ao estado, determinando que os custos dessa ajuda não afetarão a meta de resultado primário. Essa decisão ocorre em um contexto de incerteza fiscal e inflacionária.
Por exemplo, ontem a Verde Asset manifestou preocupações com as contas do governo, uma opinião que geralmente é levada a sério pelo mercado, dado o respeito que a comunidade financeira tem por Luis Stuhlberger.
O ceticismo surge na véspera da decisão do Copom sobre a taxa de juros. Atualmente, apostar em um corte de 50 pontos é uma posição pouco comum, até mesmo dentro da Empiricus, embora eu pessoalmente veja espaço para tal medida.
Por outro lado, há argumentos plausíveis para um corte de 25 pontos, que representaria uma desaceleração no ritmo de aperto monetário diante das incertezas crescentes, apesar de uma melhora no cenário internacional recentemente.
Mais do que o tamanho do corte na Selic hoje, o que realmente gera ansiedade é a divisão de votos dentro do Copom, o que poderia indicar uma discrepância entre os técnicos e os novos diretores.
01:46 — Acorde sobre a tarifa!
O Brasil finalmente firmou um novo acordo com o Paraguai sobre a tarifa de Itaipu, que prevê um aumento de 15,3% na tarifa atual, passando de US$ 16,71 por quilowatt-mês (KW.mês) para US$ 19,28/KW.mês, com vigência até 2026, conforme informado por fontes ao Broadcast.
Contudo, foi estabelecido um mecanismo para que o consumidor brasileiro não sinta o impacto deste aumento tarifário.
Esse mecanismo consiste em um repasse dos US$ 3 adicionais que serão arrecadados por Itaipu Binacional, que será compensado em um encontro de contas com sua controladora brasileira, a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A (ENBPar).
O ajuste na tarifa representa um meio-termo entre as demandas brasileiras e as expectativas do Paraguai, que desejava elevar o Custo Unitário dos Serviços de Eletricidade (Cuse) para US$ 22/KW.mês.
Este novo acordo deverá permitir que o Paraguai negocie diretamente com grandes consumidores brasileiros a energia excedente de Itaipu após 2026, período após o qual a tarifa de Itaipu para os consumidores regulados (atendidos pelas distribuidoras) deverá reduzir-se ao custo operacional da usina, estimado entre US$ 10 e US$ 12. Essa negociação remove um risco potencial que poderia afetar o fornecimento de energia.
02:33 — Agenda morna
Nos Estados Unidos, a recente alta que impulsionou as ações ao longo dos últimos dias enfrentou desafios para manter seu ímpeto ontem. Parece que os ativos estão se encaminhando para uma fase de consolidação após um período de estiramento excessivo nas posições.
No entanto, o Dow Jones Industrial Average ainda registrou sua quinta alta consecutiva – a mais longa sequência de ganhos no ano de 2024 – tendo subido em sete dos últimos oito pregões.
O S&P 500, por sua vez, teve ganhos em nove dos últimos doze dias, enquanto o Nasdaq Composite está a apenas 0,7% de alcançar seu máximo histórico.
As ações, fundamentalmente, são um reflexo das expectativas de crescimento futuro dos lucros, o que sugere que, apesar das distrações de curto prazo, o foco no crescimento se tornará mais evidente no médio e longo prazo.
Estes são sinais promissores para o mercado em geral, particularmente à medida que a resiliência da economia global começa a ser percebida por um número crescente de empresas.
Os "Sete Magníficos", que foram cruciais para a recuperação de 2023, também desempenharam a maior parte do trabalho pesado em termos de lucros neste trimestre, registrando um aumento de 48% no lucro por ação ano a ano no primeiro trimestre.
Olhando para o futuro, espera-se que as demais 493 empresas do índice diminuam a diferença em relação às "7 Magníficas" até o final do ano. Com cerca de 80% dos resultados do primeiro trimestre já divulgados pelas empresas do S&P 500, observou-se um aumento de cerca de 7% no lucro por ação em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto a receita cresceu 3,5%. Definitivamente, uma temporada positiva para o mercado.
03:25 — Cada vez mais se escuta falar da chance de um segundo mandato de Donald Trump
Já discuti anteriormente sobre a formação de expectativas para as eleições deste ano nos Estados Unidos, particularmente em relação à possibilidade de um segundo mandato de Donald Trump. Vale elucubrar mais um pouco sobre os possíveis cenários.
Por exemplo, embora sua abordagem de política comercial, um dos pilares de sua campanha, possa não representar uma mudança drástica em relação às políticas protecionistas já adotadas por Biden, é claro que um segundo mandato de Trump buscaria exercer um controle mais rigoroso sobre as relações comerciais em geral.
Uma preocupação específica surge da potencial proposta de limitar a independência do Federal Reserve, incluindo a possibilidade de consultar sobre movimentos de taxas de juros e até de destituir o presidente da autoridade monetária antes do término de seu mandato. Uma medida assim seria extremamente negativa para os mercados.
A Oxford Economics apresentou dois cenários possíveis. No cenário "Trump Limitado", a política fiscal seria mais flexível devido à prorrogação dos cortes de impostos pessoais, resultando em um aumento de 4,5 pontos percentuais na relação dívida/PIB federal até 2033; tarifas de 25% sobre importações específicas, como metais e automóveis, seriam aplicadas à União Europeia e à China, que reagiriam com retaliações; e a imigração seria reduzida em 30%.
Em um cenário "Trump Total", menos provável, haveria reduções adicionais de impostos e aumentos nos gastos; porém, tarifas de 60% seriam impostas sobre produtos chineses e de 10% sobre mercadorias de outros grandes parceiros comerciais, que também reagiriam com retaliações.
Essas tarifas, aplicadas de forma constante, contribuiriam para a redução da relação dívida/PIB. Além disso, nesse cenário, a China desvalorizaria sua moeda em 10% em relação ao dólar (uma consequência que parece inevitável nessas circunstâncias) e a imigração cairia 50%. Ambos os cenários teriam impactos significativos globalmente.
04:19 — Argentina surpreende
Como já discutimos uma vez, a Argentina registrou seu primeiro superávit orçamentário em mais de uma década. Paralelamente, a alta inflação mensal, embora ainda significativa, começou a mostrar sinais de desaceleração, mesmo que de forma tímida.
Após uma série de gestões que prejudicaram gravemente a economia argentina, o presidente Javier Milei está começando a reverter essa situação. Claro, ainda é cedo para afirmar que venceu os desafios, mas os resultados iniciais são promissores.
Milei enfrentou enormes obstáculos: não só herdou uma economia devastada do governo de Alberto Fernández, mas também lida com uma minoria no Congresso, o que o forçou a recorrer a decretos presidenciais para implementar a maior parte de suas reformas ambiciosas.
Milei é, de fato, um dos presidentes institucionalmente mais fracos que a Argentina teve nos tempos modernos, lutando contra a forte oposição dos peronistas, que dominam o Congresso e, teoricamente, prefeririam ver seu fracasso.
Contrariando as expectativas, os peronistas mostraram-se dispostos a fazer concessões. E uma parte significativa disso é que, excluindo Cristina Kirchner, muitos peronistas estão de fato satisfeitos em ver progressos econômicos essenciais acontecendo, progressos pelos quais eles não precisam assumir responsabilidade direta.
Ao final das contas, Milei tem se mostrado um líder mais moderado do que inicialmente prometido: suas nomeações para cargos importantes, por exemplo, foram bem recebidas.
No entanto, é importante reconhecer que o custo de sustentar a economia argentina resultou em uma redução na renda real, o que levou a um enfraquecimento do consumo e do crescimento econômico, além de um declínio nos padrões de vida e um aumento da pobreza.
A situação pode piorar. Isso faz parte do tratamento de choque necessário para a recuperação econômica. Resta ver quanto tempo as reformas levarão para surtir efeito completo.