DIA DE PAYROLL NOS EUA
Hoje, o foco dos mercados internacionais está voltado para o principal indicador econômico da semana.
Após uma reunião de política monetária do Federal Reserve que modulou o discurso em relação ao de março, com a comunicação de Powell soando menos restritiva ("hawkish") do que se temia — chegando até a ser interpretada como "dovish" em alguns aspectos específicos, conforme discutido anteriormente —, agora nos preparamos para os dados de emprego de abril nos EUA.
Este indicador é crucial para a orientação futura das taxas de juros tanto nos Estados Unidos quanto globalmente, incluindo o Brasil.
Às vésperas dessa divulgação, os mercados asiáticos fecharam a sexta-feira em alta, ecoando os avanços observados nos mercados ocidentais na quinta-feira, impulsionados, em parte, pelos excelentes resultados da Apple.
Inspirados pelo desempenho positivo na Ásia, os mercados europeus também abriram em alta hoje, assim como os futuros dos EUA. No entanto, há uma grande expectativa em relação aos números do payroll.
Uma surpresa negativa nos dados de emprego de abril, após o robusto acréscimo de 303 mil vagas em março, poderia diminuir o otimismo recente e desencadear um novo ciclo de volatilidade nos mercados, complicando os planos do Banco Central do Brasil.
A ver…
00:49 — 50 ou 25 pontos?
De volta do feriado, o Ibovespa abriu o mês de maio em alta, marcando 0,95% de ganho e atingindo 127.122 pontos, uma recuperação bem-vinda após um abril desafiador para os mercados globais.
A melhoria foi influenciada principalmente pela declaração de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), que sinalizou que não antecipa aumentos de juros nos EUA em curto prazo.
Nem mesmo resultados decepcionantes do Bradesco ou as preocupações com a mudança de liderança na Vale ofuscaram o otimismo do mercado na quinta-feira.
Na agenda local desta sexta-feira, o destaque foi para a produção industrial de março, que apresentou uma expansão de 1,4%, um resultado consideravelmente positivo que pode complicar as deliberações do Banco Central (BC).
Além disso, o cenário se torna mais incerto com o relatório de empregos dos EUA (payroll), que tem potencial para influenciar a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
No mercado, a expectativa de desaceleração no ritmo de cortes da Selic na próxima reunião do Copom já é predominante. A maioria dos investidores agora prevê um corte de 25 pontos, ao invés de 50.
A projeção mediana para a taxa Selic ao final do ciclo de política monetária foi ajustada de 9,50% para 9,75%.
A possibilidade de o Fed demorar mais para reduzir os juros tem sido mencionada frequentemente por Roberto Campos Neto, presidente do BC, como um fator de risco significativo.
Portanto, um resultado mais fraco do que o esperado no payroll de hoje poderia reacender esperanças de um corte mais agressivo de 50 pontos na próxima semana.
Para os ativos de risco, a continuidade do ciclo de redução de juros seria ideal. No entanto, reduzir a Selic de forma precipitada sem suporte do ambiente internacional poderia desestabilizar o câmbio, com consequências adversas para a inflação.
01:51 — Na expectativa pelo payroll
Nos Estados Unidos, após uma inicial hesitação pós-coletiva de Jerome Powell na quarta-feira, as ações encerraram em alta na quinta-feira.
Notavelmente, o Nasdaq Composite, que é composto por ações de tecnologia sensíveis a alterações nas taxas de juros, registrou um aumento de 1,5%. O S&P 500 e o Dow Jones Industrial Average também apresentaram ganhos.
A posição do Federal Reserve, que não sinalizou nenhuma intenção de aumentar as taxas, foi bem recebida pelo mercado.
Agora, a grande questão é quando as taxas começarão a ser reduzidas, sendo os dados econômicos futuros cruciais para essa determinação.
Paralelamente, a temporada de resultados tem mostrado força, com cerca de três quartos das empresas do S&P 500 que já reportaram para o primeiro trimestre superando as expectativas de lucros em 77%, um número significativamente acima do usual 67%.
Quanto ao relatório de emprego (payroll) dos EUA, a expectativa era de um aumento de 210 mil empregos não agrícolas em abril, uma queda em relação aos 303 mil de março.
A taxa de desemprego é projetada para permanecer estável em 3,8%, próxima do nível mais baixo historicamente.
Assim, espera-se uma desaceleração na criação de empregos, com os rendimentos médios mensais mantendo-se estáveis. Fatores como a imigração contribuem para a complexidade da análise do mercado de trabalho nos EUA.
A robustez do mercado de trabalho dá ao Fed mais margem para manter as taxas de juros altas por mais tempo.
Se os dados de emprego vierem abaixo ou em linha com as expectativas, porém mostrando desaceleração, a possibilidade de reduções nas taxas de juros em 2024, especificamente em setembro e dezembro, poderá ser mais palpável.
02:42 — O crescimento mexicano
A indústria manufatureira no México está experimentando uma fase de crescimento robusto, impulsionada significativamente pelos investimentos dos Estados Unidos e da China.
Com a tendência de diversificação das cadeias de suprimento norte-americanas, que buscam alternativas às operações chinesas, o México tem emergido como um beneficiário direto.
Este fenômeno, conhecido como "nearshoring", refere-se ao processo de realocação de operações de produção para locais mais próximos dos mercados de consumo principal, neste caso, os Estados Unidos.
À medida que essa realocação ganha força e as cadeias de abastecimento globais são reestruturadas, o setor industrial mexicano se posiciona como uma peça chave.
Historicamente, o México e a China competiram pelo domínio no mercado industrial norte-americano, mas recentes ajustes na dinâmica EUA-China colocam o México em uma posição favorável para capitalizar nessas mudanças.
Notavelmente, em 2023, o México superou a China tornando-se o maior exportador para os Estados Unidos, com a indústria transformadora, que constitui 40% da economia mexicana, sendo uma grande força motriz.
A tendência de aumento nas importações dos EUA do México prosseguiu em 2024, dando sinais de sucesso sustentável a longo prazo.
03:37 — A guerra entre as drogas de emagrecimento
Estar na posição de empresa mais valiosa da Europa traz seus próprios desafios, como a Novo Nordisk está descobrindo. A empresa dinamarquesa, conhecida por produzir Ozempic e Wegovy, está vendo um crescimento substancial nos negócios.
Recentemente, a Novo Nordisk relatou que as vendas de Wegovy dobraram no último trimestre, com cerca de 25 mil novos usuários por semana apenas nos EUA.
Além disso, a empresa registrou um lucro líquido de US$ 3,65 bilhões e elevou suas projeções de vendas para 2024. Apesar desses resultados impressionantes, suas ações experimentaram uma queda. Estima-se que até 2030, aproximadamente 70 milhões de americanos já terão utilizado o medicamento.
Paralelamente, a Eli Lilly, uma concorrente dos EUA, também está obtendo sucesso significativo em vendas.
Em resposta, a Novo Nordisk está considerando reduzir os preços para se manter competitiva, especialmente devido ao Zepbound, um produto concorrente da Lilly, o que poderia resultar em receitas abaixo das expectativas.
Atualmente, a Novo Nordisk lidera o mercado global de tratamento de obesidade, mas muitos no setor acreditam que a Lilly poderá ultrapassá-la, dada a contínua expansão de vendas e investimentos em produção da rival, especialmente enquanto ambas as empresas enfrentam limitações de oferta devido ao aumento da demanda.
Olhando para o futuro, espera-se uma redução adicional nos preços à medida que a produção e a concorrência escalarem.
04:25 — Um novo acordo de defesa
Os preços do petróleo estão em alta hoje, mas se encaminham para a maior perda semanal dos últimos três meses, com o cenário de demanda incerta e taxas de juros elevadas contendo apenas parcialmente a queda, devido à expectativa de que a Opep+ mantenha suas restrições à produção.
Além disso, os prêmios de risco geopolítico reduziram-se com a possibilidade de um cessar-fogo temporário, alimentado pelas negociações entre os EUA e a Arábia Saudita em torno de um acordo histórico que poderia oferecer garantias de segurança ao reino e facilitar o estabelecimento de relações diplomáticas com Israel.
Embora esse acordo enfrente numerosos desafios, ele poderia significar uma mudança substancial nas dinâmicas regionais, principalmente após os eventos de 7 de outubro, quando um ataque do Hamas a Israel desencadeou um conflito na Faixa de Gaza.
As conversas avançaram nas últimas semanas, e muitas autoridades estão otimistas de que Washington e Riad podem finalizar um acordo nas próximas semanas.
Tal pacto não só reforçaria a segurança de Israel e da Arábia Saudita como também consolidaria a influência dos EUA na região, em detrimento do Irã e até da China.