Bom dia, pessoal. Os ativos brasileiros enfrentaram um impacto negativo ontem devido às declarações do presidente da Petrobras a respeito dos dividendos, gerando um movimento de cautela entre os investidores.
Hoje, há espaço para uma potencial recuperação, embora o cenário para os contratos de petróleo no mercado internacional não apresente sinais positivos nesta manhã.
O destaque do dia fica por conta da divulgação do PCE de janeiro, indicador preferencial do Fed para medir a inflação.
Esse dado é crucial e pode redefinir as expectativas de mercado quanto a um possível corte de 75 pontos-base nas taxas de juros até o final do ano, iniciando em junho — especialmente após os números do PIB divulgados ontem, que não provocaram grandes comoção.
Neste momento, os mercados europeus demonstram um leve otimismo, contrastando com a cautela vista nas sessões asiáticas.
Como argumentei, o foco central está nos próximos números da inflação nos EUA, influenciando o comportamento dos futuros americanos, que iniciam o dia em baixa.
Dependendo dos resultados do PCE, este cenário pode se alterar ao longo do dia.
Adicionalmente, na Europa, serão divulgados dados de inflação de fevereiro para França, Espanha e Alemanha, ajustando as expectativas para o índice de inflação da Zona do Euro e contribuindo para o quadro geral de antecipação e análise por parte dos investidores quanto às tendências inflacionárias e suas implicações nas decisões de política monetária futuras.
A ver…
00:52 — Dólar a R$ 5 ou a R$ 4,70… Eis a questão…
No cenário brasileiro, as recentes declarações do presidente da Petrobras capturaram a atenção do mercado, cujos detalhes discutirei adiante.
Hoje, nosso foco se volta para o panorama internacional, buscando indícios que possam replicar o otimismo gerado pelo resultado favorável do IPCA-15 desta semana.
Um resultado externo abaixo do esperado poderia potencialmente aproximar o câmbio do patamar desejado de R$ 4,90, vislumbrando até mesmo os R$ 4,70 em um segundo momento.
Por outro lado, números mais robustos no cenário internacional poderiam elevar o dólar para a casa dos R$ 5.
Em âmbito doméstico, o destaque recai sobre a Pnad Contínua do trimestre até janeiro, que registrou um aumento na taxa de desemprego de 7,4% para 7,6%, interrompendo uma sequência de nove quedas consecutivas.
No entanto, este dado assume uma relevância menor diante do contexto mais amplo.
Paralelamente, em Brasília, com a ausência do presidente Lula, a equipe econômica avança no encaminhamento de um projeto de lei urgente ao Congresso, que visa substituir a MP da reoneração da folha de pagamentos.
Espera-se uma solução negociada com os parlamentares, adiando o início da reoneração para 2025 ou 2026 e estendendo o período total de reoneração até 2029.
Qualquer atualização no âmbito fiscal, aliada aos positivos indicadores de arrecadação deste início de ano, tem o potencial de influenciar favoravelmente a curva de juros.
Esse respiro recente nos permite antecipar possíveis ajustes na meta fiscal somente em maio, após a divulgação do segundo relatório bimestral de receitas e despesas, mantendo o mercado em expectativa quanto à continuidade das políticas fiscais e seus impactos econômicos.
01:47 — Subia quase 5% no mês até ontem, quando caiu mais de 5%
As ações da Petrobras sofreram um revés significativo ontem, registrando uma queda superior a 5%, impactadas pelas recentes declarações de Jean Paul Prates.
O presidente da estatal expressou a necessidade de adotar uma postura mais prudente quanto à distribuição de dividendos volumosos, com o objetivo de posicionar a empresa como líder no segmento de energias renováveis.
Essa orientação, embora ecoe pronunciamentos similares feitos no ano anterior, que acabaram não se concretizando, causou inquietude entre os investidores, especialmente após o recente avanço no valor das ações, levando-os a buscar pretextos para capitalizar ganhos.
Prates enfatizou uma preferência por uma abordagem conservadora em detrimento de uma agressiva, sugerindo um redirecionamento estratégico significativo.
A Petrobras projeta que, em uma década, metade de suas receitas provenha de energias eólicas, solares e biocombustíveis, e está se estruturando para realizar aquisições estratégicas que catalisem essa transição.
Entretanto, no curto prazo, tais empreendimentos demandam investimentos substanciais, incluindo oportunidades de aquisição em energias renováveis e petróleo, além dos investimentos em petroquímica e produção de fertilizantes.
A expectativa do mercado por anúncios de dividendos excepcionais para o próximo relatório de resultados, previsto para 7 de março, acabou por se frustrar com os novos direcionamentos da empresa.
Importante destacar que, em 2022, a Petrobras se posicionou como a segunda maior distribuidora de dividendos no setor de óleo e gás, superada apenas pela Saudi Aramco.
Apesar da possibilidade de uma recuperação das ações, impulsionada pelo esclarecimento oficial da companhia, o impacto já observado neste mês já é considerável.
02:35 — O esperar do PCE?
Na sessão de ontem nos Estados Unidos, o mercado de ações terminou o dia em terreno negativo, enfrentando dificuldades para definir um rumo diante da expectativa de um relatório de inflação mais elevado previsto para hoje.
Esse comportamento vem na esteira da revisão para baixo da estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre para 3,2%, ligeiramente abaixo da previsão anterior de 3,3%, o que frustrou o mercado.
Paralelamente, houve uma revisão para cima no consumo das famílias, de 2,8% para 3%, e um aumento nas despesas governamentais, de 3,3% para 4,2%, equilibrando as percepções — apesar da diminuição na projeção de crescimento do PIB, os dados sugerem uma demanda mais vigorosa do que inicialmente antecipado.
Este contexto serve como pano de fundo para a divulgação do índice de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), que mede a inflação.
A previsão é que o relatório de janeiro mostre uma aceleração da inflação, impulsionada pelos índices elevados de preços ao consumidor e ao produtor observados no último mês.
O mercado projeta que o núcleo do PCE registre um aumento mensal de 0,4% em janeiro, acima do incremento de 0,2% de dezembro.
Em termos anuais, espera-se uma elevação de 2,8%, ligeiramente abaixo do crescimento de 2,9% registrado em dezembro.
Um resultado superior ao esperado poderá valorizar o dólar e pressionar negativamente os ativos de risco.
03:29 — Desdobramentos políticos americanos
Nos Estados Unidos, ontem tivemos a notícia de que líderes congressistas alcançaram um compromisso de última hora, evitando o fechamento do governo federal previsto para sexta-feira.
Este acordo gerou controvérsias, especialmente entre os republicanos mais conservadores, que não demoraram a expressar suas críticas.
Com esse acordo, o governo assegurou financiamento até o fim de setembro, embora alguns departamentos críticos, como Defesa e Segurança Interna, permaneçam sob a ameaça de um fechamento em 23 de março, aguardando uma nova resolução.
Em outro desdobramento importante, Mitch McConnell, líder republicano no Senado, anunciou sua intenção de deixar a liderança em novembro, embora pretenda continuar seu mandato como senador até janeiro de 2027.
Aos 82 anos, McConnell enfrenta crescentes questionamentos sobre sua saúde e capacidade para manter a liderança, um debate que se estende ao presidente Joe Biden para as eleições de novembro.
Por falar em eleições, Illinois tornou-se o terceiro estado a barrar Donald Trump de participar das primárias presidenciais republicanas, em resposta ao seu envolvimento no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro.
Este cenário reforça o debate sobre a possibilidade de judicialização da candidatura de Trump, uma variável que, embora improvável, tem potencial para dominar as manchetes.
No dia em que foi revelado que o crescimento econômico dos EUA no último trimestre do ano passado foi um pouco mais modesto do que o previsto, crescendo a uma taxa anualizada de 3,2% em vez de 3,3%, recebemos também uma previsão bastante otimista da S&P Global.
A organização ajustou sua projeção para o crescimento do PIB dos EUA em 2024 de 1,5% para 2,4%. Esse ajuste reflete um encerramento robusto de 2023 e um começo animador de 2024.
Embora se espere uma desaceleração no crescimento à medida que o impacto total da política monetária restritiva se manifeste, existe uma expectativa de que os Estados Unidos mantenham um desempenho acima da média, continuando a se destacar entre as economias desenvolvidas.
Este padrão de crescimento robusto pode se estender ao Brasil em 2024 (lembre-se do IBC-Br mais forte do que o esperado no final do ano passado).
Atualmente, a expectativa mediana para o crescimento do Brasil é de 1,5%, mas não seria surpreendente ver um crescimento na faixa de 2% a 2,5%.