REVANCHISMO DAS ANTIGAS: ONDE ESTÁ A MATURIDADE?
Esta semana promete ser agitada, repleta de eventos críticos, incluindo decisões de política monetária, anúncios de resultados financeiros das gigantes de tecnologia (Apple, Amazon, Microsoft e Alphabet) e a divulgação de dados econômicos de grande impacto.
Como cereja do bolo, estamos nos aproximando da chamada "Super Quarta", um dia marcado por reuniões cruciais das autoridades monetárias tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.
Espera-se que os juros se mantenham estáveis nos EUA, na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano, enquanto prevê-se uma redução de 50 pontos-base na Selic brasileira, que deverá atingir 11,25%.
O foco estará nas comunicações dessas reuniões, que poderão indicar possíveis direções para os próximos meses.
Além disso, os dados de emprego dos EUA são muito aguardados, com potencial para ajustar as expectativas dos investidores.
No panorama internacional, os futuros dos mercados americanos e os mercados europeus enfrentam um início de semana desafiador, embora a semana tenha começado com uma tendência positiva na Ásia.
Isso se deu mesmo diante do anúncio da liquidação da Evergrande, uma importante incorporadora imobiliária chinesa.
O otimismo asiático foi impulsionado por novas medidas de estímulo do governo chinês e mudanças no mercado acionário, incluindo a suspensão do empréstimo de ações específicas para vendas a descoberto.
No mercado de commodities, observa-se instabilidade, especialmente após o preço do barril de petróleo ter ultrapassado novamente a marca de US$ 83, influenciado pelos recentes ataques no Mar Vermelho.
A ver…
00:55 — Governo não sabe perder e parte para o revanchismo
O mercado brasileiro reagiu positivamente à notícia da última sexta-feira, que indicou a desistência do governo em nomear Guido Mantega para um cargo executivo na Vale.
Este reconhecimento da realidade por parte de Brasília foi um alívio. Inicialmente, parecia que a única preocupação do presidente Lula seria impedir a recondução de Eduardo Bartolomeu à liderança da Vale.
Essa situação, apesar de não ser ideal, ainda era gerenciável, especialmente considerando outros candidatos qualificados como Luís Guimarães, ex-Cosan.
Contudo, a atitude do presidente não se limitou a isso. No fim de semana, surgiu uma nova questão: o governo cobrou da Vale R$ 25,7 bilhões referentes a outorgas supostamente não pagas nas renovações antecipadas de contratos das ferrovias Carajás e Vitória Minas, remontando ao governo de Bolsonaro. Esta ação, que parece carregar um tom de revanche, é preocupante.
Apesar disso, essa questão parece estar resolvida agora. O foco volta a ser a agenda fiscal. A recém-anunciada política industrial ainda causa desconforto, mas em uma escala menor.
Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, sugeriu que o investimento na nova política industrial poderia exceder os R$ 300 bilhões inicialmente previstos.
Paralelamente, Haddad expressou descontentamento por não ter sido consultado na formulação do pacote, o que impactou negativamente a percepção fiscal - uma preocupação que diminuiu ao longo da semana passada.
Agora, aguardamos desenvolvimentos nas negociações fiscais, com a revisão da meta fiscal sendo inevitável.
Contanto que esta revisão se mantenha abaixo de 1% do PIB, o mercado provavelmente não reagirá tão negativamente.
Um aspecto crucial a ser monitorado hoje são as contas do Governo Central, que se espera um déficit primário de R$ 116,70 bilhões em dezembro, apontando para um déficit acumulado de R$ 232,20 bilhões para o ano de 2023.
01:54 — Os resultados das gigantes
Nos Estados Unidos, os principais índices do mercado de ações mostraram pouca variação na última sexta-feira, mesmo diante de novos dados que reforçaram a tendência de desaceleração da inflação.
O índice de preços de despesas de consumo pessoal, excluindo alimentos e energia, registrou um aumento anual de 2,9% em dezembro, marcando a primeira vez em que ficou abaixo de 3% após um longo período.
Este desenvolvimento indica que o Federal Reserve está progredindo em direção à sua meta de inflação de 2%, embora ainda haja trabalho a ser feito. Apesar dessa evolução positiva, o mercado reagiu de maneira moderada, muito por conta de surpresas em alguns resultados corporativos.
Um exemplo notável foi a queda de quase 12% nas ações da Intel na sexta-feira, após a divulgação de resultados trimestrais decepcionantes.
Em contraste, a American Express apresentou um desempenho robusto, relatando lucros estáveis e perspectivas otimistas para 2024.
Até o momento, 25% das empresas do S&P 500 reportaram seus resultados para o quarto trimestre, e os números são mistos.
Apenas 69% das empresas superaram as estimativas de lucro dos analistas, um pouco abaixo da média de cinco anos de 77%. Atualmente, estima-se que o S&P 500 apresentará uma redução de 1,4% nos lucros do quarto trimestre.
Nesta semana, algumas das maiores empresas de energia e tecnologia podem mudar essa direção do mercado. Alphabet (Google) e Microsoft estão programadas para reportar na terça-feira, enquanto Apple, Amazon e Meta Platforms (Facebook) divulgarão seus resultados na quinta-feira. Estes relatórios serão acompanhados de perto pelos resultados da Exxon Mobil e Chevron, previstos para sexta-feira, o que poderá alterar o atual panorama do mercado.
02:48 — Super Quarta e dados de emprego
Ainda nos EUA, os dados econômicos divulgados na semana anterior forneceram insights importantes. A primeira estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) para o quarto trimestre de 2023 indicou que a economia americana continuou crescendo de forma sólida, com uma expansão anualizada de 3,3%, ajustada sazonalmente e considerando a inflação.
Essa expansão aconteceu sem um aumento correspondente na inflação, um sinal positivo para a economia.
Nesta semana, as atenções se voltam para a reunião do Federal Reserve e os novos dados sobre o mercado de trabalho de janeiro.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) fará seu anúncio sobre política monetária na quarta-feira à tarde, com uma coletiva de imprensa subsequente do presidente do Fed, Jerome Powell.
Não se espera mudança nas taxas de juros nesta reunião, mas o mercado estará atento a quaisquer indicações sobre a possibilidade de cortes nas taxas, que poderiam começar no final do segundo trimestre.
No que se refere ao mercado de trabalho, a semana começa com a divulgação da Pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Trabalho de dezembro, na terça-feira, e prossegue com o Índice de Custos do Emprego para o quarto trimestre na quarta-feira.
O ponto alto será o relatório de empregos de janeiro, na sexta-feira. Prevê-se um acréscimo de 175 mil empregos não agrícolas e uma taxa de desemprego de 3,8%.
Resultados abaixo do esperado podem ser vistos de forma positiva pelo mercado, pois podem sinalizar uma política monetária mais flexível.
03:36 — Liquidada
Iniciamos a semana com a notável informação de que a Evergrande, uma das maiores incorporadoras imobiliárias da China e figura central na crise imobiliária do país, enfrentará liquidação.
Essa decisão foi tomada após o Tribunal Superior de Hong Kong aprovar uma petição de credores internacionais.
A Evergrande, que acumulou uma dívida superior a US$ 300 bilhões, havia solicitado repetidas vezes às autoridades mais tempo para resolver suas dívidas no exterior, mas sem sucesso.
A tentativa de reestruturar a imensa corporação imobiliária não encontrou um caminho viável. Recentemente, iniciaram-se negociações entre a Evergrande e seus principais credores para elaborar um plano que permitisse a continuidade das operações da empresa, porém sem êxito.
As ações da Evergrande em Hong Kong sofreram uma interrupção após uma queda acentuada de 21%, totalizando uma desvalorização de 90% em um período de 12 meses.
Paradoxalmente, outras áreas do mercado de ações de Hong Kong tiveram avanços, estimuladas por medidas recentes de suporte ao mercado. Com a liquidação, a gestão da Evergrande passará para as mãos de liquidantes provisórios.
04:27 — Mais instabilidade
Os preços do petróleo ultrapassaram novamente a marca dos US$ 83 por barril, reagindo a um ataque de drone que resultou na morte de três militares americanos na Jordânia.
Esse incidente, atribuído pela Casa Branca a militantes supostamente apoiados pelo Irã – uma acusação que o Irã nega veementemente –, intensifica as tensões na região do Oriente Médio.
Além disso, recentes ataques também visaram um navio-tanque de combustível no Mar Vermelho, aumentando a preocupação com a segurança do transporte de petróleo através dessa rota marítima crítica.
Esta escalada de tensões ocorre em um contexto em que a Corte Internacional de Justiça da ONU (CIJ) optou por não apelar por um cessar-fogo em Gaza.
Apesar das tentativas de Israel de negociar um cessar-fogo em troca da liberação de reféns, o Hamas rejeitou as propostas.
Em um desenvolvimento paralelo, atendendo a um pedido da África do Sul, a CIJ instruiu Israel a tomar todas as medidas necessárias para permitir mais ajuda humanitária aos palestinos.
Estes eventos recentes aumentam a incerteza na região em uma semana crítica, na qual a Opep+ deve decidir sobre os níveis de produção de petróleo para abril, com a reunião prevista para quinta-feira.