Bom dia, pessoal. Nesta manhã, os mercados globais exibem uma tranquilidade maior após um dia de relativa estabilidade na Ásia.
Observamos uma tendência positiva nos mercados europeus, e os futuros nos Estados Unidos estão em alta, com os investidores em expectativa pelos importantes dados de inflação que serão divulgados mais adiante na semana.
No Japão, houve uma desaceleração nos índices de inflação ao consumidor de janeiro, o que levou a um aumento nas máximas locais por mais um dia consecutivo, apesar de essa desaceleração ter sido menos pronunciada no setor de serviços.
Na pauta econômica, o índice que mede os preços ao consumidor no varejo no Reino Unido apresentou uma queda em sua aceleração.
Ao mesmo tempo, estamos analisando os recentes dados sobre a confiança dos consumidores na Alemanha e na França.
Nos Estados Unidos, a expectativa pela divulgação da confiança do consumidor parece ser apenas um anticlímax para os aguardados anúncios do Produto Interno Bruto (PIB) na quarta-feira e do Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) na quinta-feira.
Também estão previstas declarações de autoridades do setor monetário.
Com o petróleo e o minério de ferro registrando altas nesta manhã, o mercado brasileiro pode ganhar um impulso adicional enquanto aguarda o anúncio da prévia da inflação oficial, que está programado para hoje.
A ver…
00:44 — Qual será o IPCA-15?
Em território brasileiro, observamos uma agenda repleta de reuniões significativas envolvendo o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com seus pares dos BRICS+ e outras figuras de destaque, incluindo Janet Yellen, dos EUA.
Paralelamente, o relatório Focus destaca-se na pauta dos investidores, prometendo oferecer uma orientação mais precisa para as expectativas do mercado.
No entanto, o destaque do dia recai sobre a divulgação da prévia da inflação oficial de fevereiro, o IPCA-15, que avançou 0,78% em fevereiro, contra projeções que apontavam para um aumento de 0,82% no período, marcando uma aceleração em relação ao avanço de 0,31% registrado no mês anterior.
Esse incremento projetado elevou a taxa acumulada em 12 meses de 4,47% para 4,49%, sendo que o limite superior das expectativas do mercado estava fixado em 0,91% (variação mensal). Qualquer valor que superasse a mediana das estimativas provavelmente seria mal recebido pelo mercado.
Esse incremento inicial no ano não é inesperado, influenciado pelo ajuste sazonal nas mensalidades escolares e pela nova alíquota do ICMS sobre combustíveis, que impulsionam a inflação.
Entretanto, a preocupação reside na deterioração da qualidade desses dados.
Se essa tendência de piora persistir, aumenta a possibilidade de o Banco Central do Brasil revisar sua postura quanto à flexibilização da política monetária. Isso não significa que haja expectativa de interrupção nos cortes de juros.
A previsão é que o Banco Central siga adiante com os ajustes já anunciados, reduzindo a taxa Selic em mais duas ocasiões por 50 pontos-base, alcançando 10,25% em maio.
O cerne da questão é a possibilidade de futuras diretrizes sobre movimentos adicionais serem suspensas, além de uma potencial moderação no ritmo dos cortes a partir de junho, ajustando para reduções de 25 pontos-base ao invés de 50.
01:39 — Timidez
Após alcançarem picos sem precedentes na semana anterior, as bolsas americanas registraram uma retração ontem, em um momento de antecipação por parte dos investidores frente a uma série de indicadores econômicos importantes e declarações de integrantes do Federal Reserve, que serão decisivas para as futuras direções das taxas de juros.
O S&P 500 experimentou uma queda para aproximadamente 5.070 pontos, apesar da Nvidia atingir um patamar inédito de valorização.
Paralelamente, a Amazon foi incorporada ao Dow Jones Industrial Average, um movimento que, historicamente, pode não prenunciar um bom presságio para o desempenho imediato de suas ações, como evidenciado pela significativa desvalorização das ações da Walgreens após sua adesão ao índice em 2018.
Contudo, os mercados ainda vislumbram a possibilidade de estender seus avanços para além das máximas atuais, caso o cenário econômico continue a se mostrar favorável.
Esse momento de robustez no mercado, puxado pelas gigantes do setor, instiga reflexões sobre a sustentabilidade do atual ciclo de valorização.
Quanto aos eventos do dia, o calendário financeiro destaca uma série de divulgações de resultados corporativos que prometem capturar a atenção, incluindo empresas como eBay, Monster Beverage, Ross Stores, Macy's, Lowe's, AutoZone, First Solar, Norwegian Cruise Line, Redfin, Beyond Meat, Virgin Galactic e Constellation Energy.
Em termos de dados econômicos, os índices Case-Shiller de preços de imóveis referentes a dezembro são aguardados, embora a atenção dos mercados esteja voltada para indicadores mais críticos programados para a semana, especialmente o Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), o preferido do Fed para medir a inflação, com divulgação prevista para quinta-feira.
02:27 — O ritmo chinês
Nesta terça-feira, a maioria das bolsas asiáticas apresentou retração, refletindo uma postura cautelosa dos investidores em antecipação a uma sequência de importantes indicadores econômicos previstos para esta semana.
O ambiente nos mercados regionais foi influenciado por um fechamento negativo em Wall Street na sessão anterior, sugerindo que o recente ímpeto de alta impulsionado pelo setor de tecnologia pode estar perdendo força.
Especificamente, os índices chineses Shanghai Shenzhen CSI 300 e Shanghai Composite exibiram uma variação mínima, revelando uma atmosfera de incerteza após a interrupção de uma sequência de oito sessões de ganhos na véspera.
O enfraquecimento das ações chinesas nos últimos dias, sequência da recuperação observada a partir dos níveis mais baixos em cinco anos no início do mês, pode ser atribuído tanto a uma pausa estratégica dos investidores quanto a preocupações contínuas acerca das intervenções governamentais, como as penalidades impostas aos operadores quantitativos por vendas massivas de ações.
Essa cautela surge mesmo após as medidas de estímulo de Pequim terem contribuído para um rebote dos mercados chineses das mínimas históricas.
Contudo, o temor persiste de que investir nas ações chinesas, especialmente diante de uma crise imobiliária em curso, possa acarretar riscos significativos.
Os próximos dados do índice de gerentes de compras (PMI) de fevereiro, aguardados para o final desta semana, prometem fornecer insights mais definitivos sobre a condição econômica da principal economia da Ásia.
03:11 — Prestação de contas dos gestores de endowments em 2023
O ano de 2023 não foi tão promissor para os gestores dos fundos patrimoniais (endowments) das prestigiadas universidades da Ivy League nos Estados Unidos, ao contrário do que aconteceu com muitos investidores globalmente.
Os endowments, essenciais para o sustento financeiro de causas ou instituições específicas — neste caso, instituições educacionais de elite —, não conseguiram alcançar as expectativas.
Apesar de a Ivy League ser reconhecida por abrigar algumas das universidades mais renomadas mundialmente, o desempenho de seus fundos patrimoniais deixou a desejar no último ano, conforme evidenciado pelos relatório mais recentes.
Curiosamente, o desempenho médio desses fundos não apenas ficou aquém do benchmark global de 70/30 (composto por 70% em ações e 30% em títulos), mas também não conseguiu superar o desempenho de fundos menores. Isso suscitou dúvidas sobre a eficácia do Modelo de Yale, uma estratégia de investimento inovadora concebida por David Swensen, que propunha uma abordagem de longo prazo, aproveitando mercados menos eficientes, especialmente em áreas como private equity e venture capital.
A atual dificuldade desses mercados explica, em parte, os resultados insatisfatórios (tem sido um período difícil para a última safra de PEs e VCs).
Entretanto, questionar a validade do Modelo de Yale seria precipitado.
A análise de desempenho a longo prazo, particularmente os retornos ao longo de uma década, mostra que o modelo ainda sustenta resultados positivos.
Além disso, a persistente preferência das universidades de elite por uma alocação significativa em investimentos alternativos, que agora representa cerca de 55% dos portfólios dos maiores fundos e a manutenção de uma parcela de 19% em renda fixa, reforçam a confiança no modelo.
Portanto, apesar de o ano de 2023 ter se mostrado uma janela desafiadora para esses fundos, a situação parece ser mais uma exceção do que uma regra, indicando que as estratégias adotadas ainda têm sua validade no longo prazo.
04:32 — Finalmente, dentro da OTAN
O Parlamento húngaro aprovou ontem a adesão da Suécia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), consolidando um processo iniciado pela Suécia em 2022, junto com a Finlândia.
Esta ação marca uma significativa mudança de direção para o país escandinavo, que tradicionalmente adotava uma política de neutralidade, especialmente notável após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Apesar da resistência inicial de figuras como o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban e o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, a votação favorável transformou a Suécia no 32º membro da aliança, garantindo-lhe a cobertura do Artigo 5, que assegura a defesa mútua entre os membros em caso de ataque.
A entrada da Suécia na OTAN é vista como um reforço estratégico, especialmente no Mar Báltico e no Ártico, graças às suas capacidades navais avançadas e caças modernos.
Além disso, a posição geográfica da Suécia, estendendo-se por cerca de 1.600 quilômetros de norte a sul, a estabelece como um corredor vital para o movimento de tropas e equipamentos para o flanco oriental da aliança, essencial em cenários de defesa das nações bálticas e da Finlândia contra possíveis agressões russas.
O apoio à adesão à OTAN na Suécia permanece forte, apesar de uma minoria opositora ser reativada pela possibilidade de instabilidade durante um potencial segundo mandato de Donald Trump.
Apesar dos ganhos territoriais que a Rússia possa alcançar na Ucrânia, a análise do contexto mais amplo sugere que essas conquistas não representam uma vitória para Putin, considerando as significativas perdas estratégicas e diplomáticas enfrentadas pela Rússia nos últimos dois anos.