Bom dia, pessoal. Hoje, os mercados globais mostram sinais positivos ao amanhecer.
Na Ásia, as bolsas tiveram um desempenho notável nesta quinta-feira, com destaque para o índice de Tóquio, que alcançou um novo patamar recorde ao fechar.
Os mercados na Europa e os futuros nos Estados Unidos também apresentam uma tendência de alta significativa, antecipando um dia favorável em escala mundial, impulsionados por um apetite ao risco acentuado.
Esse otimismo é impulsionado pelo desempenho surpreendentemente positivo da Nvidia, uma líder americana em semicondutores.
A reação do mercado aos resultados da empresa foi tão intensa que suas ações se tornaram o centro das atenções, refletindo um momento de grande otimismo que pode até ofuscar a postura ligeiramente mais cautelosa, ou hawkish, evidenciada na ata do Federal Reserve divulgada na véspera.
A ata do Fed trouxe mais clareza sobre as diretrizes de sua política monetária, indicando uma estratégia alinhada com possíveis reduções de taxa e a expectativa de um "pouso suave" para a economia.
Adicionalmente, a reunião do Banco Central Europeu (BCE) hoje está gerando expectativas, podendo seguir os passos recentes do Banco da Inglaterra (BoE) com indicações de um corte de juros mais cedo do que o previsto inicialmente.
No entanto, acredita-se que as autoridades monetárias europeias aguardarão as ações do Fed antes de implementar quaisquer ajustes significativos.
Ainda assim, a reunião do BCE hoje promete ser um marco importante.
Esse clima positivo também influenciou o mercado de commodities, criando um ambiente propício que beneficiou os ativos brasileiros, que ontem viram o Ibovespa superar novamente a marca de 130 mil pontos.
A ver…
00:56 — Ou vai ou racha
No Brasil, a atenção do mercado hoje está voltada para a divulgação dos dados de arrecadação de janeiro, com altas expectativas de resultados positivos.
Paralelamente, no âmbito fiscal, Lula planeja uma reunião com Arthur Lira e outros líderes políticos para definir as prioridades legislativas do semestre, com um olhar especial para a agenda econômica.
Temas críticos como a reoneração de certos setores e o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) estarão na mesa de discussões, visando ajustar as receitas do governo ou minimizar sua deterioração.
Sobre a questão da reoneração, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que a proposta, que afetará 17 setores, será transformada de medida provisória para projeto de lei, a ser enviado ao Congresso na próxima segunda-feira (26).
Embora a implementação não seja imediata, devido à necessidade de aprovação legislativa e ao período de noventa dias para entrada em vigor, essa abordagem representa um compromisso funcional.
Além disso, os resultados financeiros da Vale, previstos para serem anunciados esta noite, só serão completamente analisados amanhã.
Contudo, a expectativa já gera um clima de ansiedade no mercado hoje.
A mineradora enfrenta um momento de tensão com o governo, que se intensificou após recusar uma indicação presidencial de Guido Mantega.
O presidente Lula, sem reconhecer falhas ou retratar-se por declarações absurdas recentes, tem demonstrado uma postura de retaliação contra a empresa.
Agora, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará suspendeu a licença operacional da Vale para a mina de cobre de Sossego, em Canaã dos Carajás.
A Vale já comunicou que está avaliando as ações necessárias para restabelecer a licença. Este episódio é mais um indicativo de relações tensas entre a empresa e o governo, marcado por uma nuance de revanchismo.
01:44 — Levemente mais hawkish, como o esperado
Nos Estados Unidos, ontem, nos momentos finais do pregão, o mercado de ações estava à beira de registrar o terceiro dia consecutivo de perdas.
No entanto, o S&P 500 surpreendeu com sua maior virada do ano, fechando em alta de 0,1% após uma queda inicial de 0,6% durante a sessão.
Esta recuperação representou a mais significativa do índice em um único dia desde 6 de outubro de 2023, quando, após uma queda de 0,9%, conseguiu fechar com um avanço de 1,2%.
O índice Dow Jones seguiu o mesmo caminho, enquanto o Nasdaq ficou um pouco atrás, refletindo sobre as implicações da ata do Federal Reserve e antecipando os resultados da Nvidia.
A publicação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto foi um dos principais fatores que influenciaram o mercado ontem.
O documento revelou que a maioria dos membros do Fed permanece mais cautelosa em relação ao risco de reduzir as taxas de juros prematuramente do que o de mantê-las altas por um período prolongado, o que poderia eventualmente prejudicar a economia.
Em resumo, parece que o Fed não tem pressa em iniciar a redução das taxas de juros, com expectativas apontando para o início desse processo em junho, em vez de maio, especialmente se a economia mantiver sua trajetória de força.
Além disso, discursos de autoridades monetárias programados para hoje e novos dados sobre o mercado de trabalho estão previstos, podendo fornecer suporte adicional ao mercado, ajudando a estabilizar as expectativas futuras.
02:38 — Nvidia: a festa tem que continuar!
A Nvidia continua a surpreender o mercado. Apesar de uma queda inicial esta semana, que viu suas ações recuarem cerca de 7% com os investidores realizando lucros antes da divulgação dos resultados financeiros, o entusiasmo em torno da inteligência artificial (IA) permanece inabalável e promete equilibrar as operações do dia.
As ações da empresa registraram um salto significativo nas negociações após o fechamento da quarta-feira, contratando uma belíssima quinta-feira, uma vez que os resultados divulgados superaram as expectativas.
O lucro ajustado por ação no trimestre de janeiro alcançou US$ 5,16, ultrapassando as previsões dos analistas que apontavam para US$ 4,59.
Com uma receita de US$ 22,1 bilhões, a Nvidia superou as estimativas de mercado de US$ 20,4 bilhões.
Ao longo dos últimos doze meses, a empresa viu suas vendas atingirem US$ 60,922 bilhões, marcando um impressionante crescimento de 126% em comparação ao ano fiscal anterior.
Mesmo a notícia de que as vendas de chips para a China, um de seus maiores mercados, sofreram uma queda significativa no trimestre devido às restrições impostas pelo governo dos EUA não foi suficiente para abalar o otimismo dos investidores.
A IA generativa, em particular, alcançou um momento decisivo, com a demanda por essa tecnologia crescendo globalmente entre empresas, setores e países.
A Nvidia reportou que o aumento nos resultados de seu segmento de data centers reflete um crescimento nas remessas de GPUs Nvidia Hopper, que são empregadas no treinamento e inferência de modelos de IA, incluindo aplicações de IA generativa e processamento de linguagens complexas.
Os grandes fornecedores de serviços de computação em nuvem contribuíram com mais da metade da receita do segmento de data centers no trimestre, evidenciando a contínua euforia em torno da IA entre os investidores.
03:29 — É proibido vender
Na mais recente e drástica medida para estabilizar o mercado de ações, a China implementou uma proibição que impede grandes investidores institucionais de diminuir suas posições no início e no término das sessões diárias de negociação.
Essa restrição vem na sequência de uma limitação prévia ao "short selling" (venda a descoberto), que é a prática de apostar contra o mercado.
A diretiva foi comunicada pela entidade reguladora do mercado a grandes gestores de fundos e equipes de operações.
Adicionalmente, a Comissão Reguladora da China estabeleceu um grupo especial em colaboração com as bolsas de valores nacionais para supervisionar as operações de venda a descoberto, além de advertir as entidades que se beneficiam dessas operações.
Essas ações marcam uma intensificação do controle governamental sobre as atividades de mercado, colocando em xeque as estratégias de fundos e de investidores institucionais.
Tal intervenção sugere a criação de uma atmosfera artificial no mercado de ações, o que levanta dúvidas sobre a eficácia e a saúde a longo prazo dessa abordagem na manutenção da estabilidade do mercado.
04:13 — O império da dívida
O Instituto de Finanças Internacionais (IIF) reportou que a dívida global experimentou um acréscimo superior a US$ 15 trilhões no último ano, elevando o total a uma cifra inédita de US$ 313 trilhões.
Apesar desse crescimento marcante, a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) mundial seguiu uma trajetória de queda pelo terceiro ano seguido, movimento este majoritariamente liderado pelos mercados desenvolvidos.
No entanto, a taxa de redução dessa proporção dívida/PIB perdeu ímpeto de forma acentuada no último ano, refletindo uma desaceleração no crescimento econômico e na inflação.
Por outro lado, em economias emergentes, observou-se um avanço para níveis recordes na relação dívida/PIB em 2023, destacando-se aumentos significativos em países como Índia, Argentina, China, Rússia, Malásia e Arábia Saudita.
Este panorama sublinha que as preocupações com a estabilidade fiscal ultrapassam limites nacionais, constituindo-se em um desafio de escopo mundial.
O avanço desregrado do endividamento ameaça precipitar uma volatilidade acentuada nas condições globais de financiamento.
Esse quadro é exacerbado pela crescente divisão geoeconômica, conflitos geopolíticos e um reforço no protecionismo comercial, fatores que podem intensificar as oscilações e a severidade nas percepções de risco ao redor do mundo.
O Brasil, inserido nesse contexto, enfrenta suas próprias incertezas fiscais e políticas, que obstruem uma valorização mais significativa do real.
Um ajuste cambial para faixas próximas de R$ 4,50 a R$ 4,70 seria mais condizente com os princípios da balança comercial do país.
Uma rota fiscal brasileira convincente em direção ao equilíbrio, ancorada por um regime fiscal robusto, poderia fortalecer o real de maneira considerável.