A SEMANA PROMETE: PREPARANDO O MOTOR PARA A SUPER QUARTA
Terminamos a semana passada aqui no Brasil com queda na bolsa, alta nas taxas de juros e valorização do dólar, enquanto o mercado se posiciona para uma importante semana com diversas decisões sobre política monetária.
Nos Estados Unidos, especificamente, a persistência da inflação pode fazer com que o Federal Reserve adote uma postura mais cautelosa na sua estratégia de flexibilização monetária, mesmo que a expectativa de que o ciclo de redução de juros inicie em junho ainda seja predominante.
A atenção dos investidores está voltada, especialmente, para o gráfico de pontos a ser divulgado após a reunião da quarta-feira, que revelará as projeções dos membros do Fomc para os rumos da política monetária.
Com a inflação ainda em destaque, prevê-se que o gráfico sinalize a possibilidade de menos cortes de juros este ano do que os três inicialmente antecipados (junho, setembro e dezembro).
Contudo, não é apenas nos Estados Unidos que as decisões de política monetária estão em foco.
Cerca de dez bancos centrais ao redor do mundo estão definindo suas taxas de juros nesta semana, incluindo Brasil, China e Japão.
Na China, indicadores positivos de produção industrial e vendas no varejo podem reforçar a manutenção da taxa de juros atual na decisão de hoje.
No Japão, há a expectativa de que o banco central encerre a política de juros negativos.
No Brasil, o debate se concentra na possível manutenção ou retirada do forward guidance, sinalizando se a queda dos juros seguirá o mesmo ritmo das reuniões anteriores.
Caso o forward guidance seja removido, isso poderá indicar uma desaceleração no ritmo de redução da taxa Selic.
Nos mercados asiáticos, a segunda-feira terminou majoritariamente em alta, enquanto os futuros dos EUA e os mercados europeus apresentam ganhos nesta manhã.
No segmento das commodities, o petróleo é um dos destaques, negociado acima dos US$ 86 por barril, refletindo as expectativas e os movimentos globais no setor.
A ver…
00:54 — Contratar ou não contratar, eis a questão
No cenário econômico brasileiro, há expectativas de mudanças na condução da política monetária pelo Copom, considerando os recentes indicadores robustos da economia, especialmente nos setores de serviços, varejo e emprego.
Diante disso, especula-se a possibilidade de uma conclusão antecipada no ciclo de redução da taxa básica de juros, potencialmente estabilizando-se em 9,5% ao ano, ao contrário dos 9% anteriormente previstos pelo mercado.
A certeza quanto a este desfecho ainda é um campo aberto a debates. Eu, particularmente, ainda tenho mais para 9%.
Um ponto crítico a ser observado na reunião do Comitê desta semana é a possível retirada do "forward guidance", a orientação futura que tem sinalizado "cortes de mesma magnitude nas próximas reuniões".
A persistência da inflação, conjuntamente com a incerteza fiscal, o desempenho surpreendente de certos setores da economia e o adiamento no ajuste da política monetária nos Estados Unidos, poderiam levar o Banco Central a reconsiderar seu compromisso com futuras reduções de juros.
Neste contexto, o Copom poderia optar por mais dois cortes de 50 pontos-base, em março e maio, seguidos de uma desaceleração para cortes de 25 pontos a partir de junho.
Essa eventualidade, por sua vez, poderia impactar negativamente o mercado de ativos, apesar de o cenário atual já se mostrar desafiador: a desvalorização das ações da Vale tem sido uma força dominante no declínio do Ibovespa este ano, representando quase 60% da queda.
Esse cenário não é exclusivo à Vale, visto que a CSN apresenta recuos ainda mais acentuados, e gigantes globais como BHP e Rio Tinto também enfrentam desvalorizações significativas, reflexo da baixa nos preços do minério de ferro e das incertezas quanto à economia chinesa.
Tal dinâmica coloca em xeque o desempenho da Bolsa brasileira, fortemente influenciada pelo segmento de commodities.
01:37 — O que importa é a coletiva
Nos Estados Unidos, a passagem de uma sequência de altas para uma semana de atuação mais modesta instigou ansiedade nos investidores.
A inflação, revigorada como foco de atenção, provocou uma escalada nos rendimentos dos títulos, com os de 2 e 10 anos do Tesouro registrando incrementos diários, culminando em 4,721% e 4,303%, respectivamente, na sexta-feira.
Esses valores, apesar de inferiores aos picos de outubro de 2023, superam as expectativas de dezembro, quando o espectro da recessão pairava sobre o mercado.
O ajuste nas expectativas do mercado em relação à política do Federal Reserve também se destaca.
Se no começo do ano a previsão era de seis reduções na taxa de juros para 2024, a conformidade com a projeção mediana dos dirigentes do Fed em dezembro, que prevê três cortes ao longo do ano, agora é evidente.
Essa sincronia é bem-vinda, embora possa ser efêmera.
Esta semana reserva importantes eventos monetários, incluindo a reunião do Federal Open Market Committee, que provavelmente manterá a taxa de juros estável entre 5,25% e 5,5%.
Com a coletiva de imprensa de Powell e as novas projeções econômicas no horizonte, especialmente o aguardado gráfico de pontos, paira a questão: as recentes estatísticas inflacionárias induziram o Fed a moderar seus planos de redução dos juros?
O mercado, agora resignado ao mantra “juros mais altos por mais tempo”, ainda anseia por esses três ajustes de 25 pontos, distribuídos de junho a dezembro.
02:41 — E os japoneses?
O Banco do Japão destaca-se como a exceção entre as instituições financeiras globais no atual ciclo de ajustes de taxas, com a possibilidade eminente de encerrar sua prolongada fase de taxas de juros negativas já nesta semana, marcando o primeiro aumento de taxas desde 2007.
Essa perspectiva tem sido cada vez mais discutida entre executivos, especialmente porque os custos de financiamento já começaram a subir, com cerca de 70% das companhias japonesas sentindo ou prevendo encargos maiores até meados de 2024.
Essa mudança significativa de política, esperada para ser anunciada na noite de segunda-feira, representa um desafio, considerando que simboliza a alteração de uma estratégia de 17 anos.
Desde sua nomeação, Kazuo Ueda, governador do Banco do Japão, sinalizou essa transição, indicando que a época para tal ajuste pode ter finalmente chegado.
Essa mudança ocorre num momento em que o mercado de ações japonês alcançou novos patamares, quebrando recordes que duravam décadas.
É provável que a transição para taxas de juros mais altas tenha um impacto considerável sobre os ativos de risco, refletindo a magnitude dessa decisão na economia e nos mercados financeiros do Japão.
03:26 — Uma nave espacial gigante
A SpaceX, companhia aeroespacial de Elon Musk, celebrou o terceiro voo de seu imponente foguete Starship, apesar de um incidente em que um dos propulsores se perdeu após alcançar a órbita.
Este feito distingue-se especialmente após dois testes anteriores não terem atingido os objetivos esperados.
Em contraste com o Falcon 9, que possui aproximadamente 70 metros de altura e capacidade de carregar cerca de 70 toneladas para a órbita terrestre baixa, o Starship se eleva quase a 120 metros, com uma capacidade projetada para transportar entre 150 a 250 toneladas para o espaço.
Este avanço é significativo na atual corrida espacial, antecipando o potencial da Starship para transportar astronautas à Lua até 2026 e, seguindo a ambição de Musk, alcançar Marte até 2035.
Apesar do retorno planejado do foguete em duas partes para reutilização não ter ocorrido devido à perda do propulsor do primeiro estágio, o episódio não é visto como um revés.
Pelo contrário, reflete a estratégia da SpaceX de evoluir por meio de uma sequência de testes rápidos, falhas, e melhorias contínuas.
Essa abordagem tem solidificado sua posição de liderança no setor, sugerindo que o segmento espacial pode em breve se revelar um campo fértil para novas oportunidades de investimento.
04:13 — "Reeleito" (risos)
A reeleição de Putin para seu quinto mandato na Rússia, conquistando quase 88% dos votos segundo resultados preliminares deste domingo, já suscitou críticas por parte dos Estados Unidos e da Ucrânia.
As eleições, amplamente consideradas não livres e manipuladas, permitiram a participação de apenas três candidatos simbólicos, que não expressaram oposição à invasão da Ucrânia por Putin.
Esse cenário sinaliza a extensão do controle de Putin sobre a Rússia por mais seis anos, perpetuando sua liderança iniciada em 1999, alternando entre os cargos de primeiro-ministro e presidente.
No seu pronunciamento após a "vitória", Putin interpretou sua "reeleição" como um endosso do povo russo às suas políticas recentes, incluindo o conflito na Ucrânia.
Ele descartou a noção de que a Rússia poderia se ver prejudicada pela guerra, mesmo diante da expansão da OTAN com a adesão da Finlândia e da Suécia.
A situação na Ucrânia aponta para uma iminente divisão territorial, um fenômeno não observado no cenário mundial há muitas décadas.
A permanência de Putin no poder reforça a percepção de um agravamento da tensão global, reforçando a tese de uma nova Guerra Fria.