O IMPOSTO INVISÍVEL QUE TODOS PAGAMOS, QUERENDO OU NÃO
Hoje está agendada a divulgação dos índices de preços ao consumidor tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos, representando o custo de vida não visível que afeta a todos, independentemente da vontade.
Esses anúncios, previstos para a manhã, poderão influenciar o mercado de maneira positiva ou negativa.
Nos EUA, o foco estará em avaliar se os dados influenciarão as expectativas de redução das taxas de juros pelo Federal Reserve em junho.
Espera-se que o índice apresente um aumento, impulsionado principalmente pelos preços mais altos da gasolina, embora a diminuição nos preços de carros usados possa oferecer algum alívio.
A questão crítica será se os números estarão acima ou abaixo das previsões.
No Brasil, a situação é semelhante: antecipa-se uma aceleração da inflação, mas um resultado abaixo do esperado seria crucial para manter a perspectiva de continuação do ciclo de flexibilização monetária.
Nesta manhã, as bolsas europeias operam em alta, refletindo a tendência positiva observada no fechamento dos mercados asiáticos, que foram liderados por ações do setor tecnológico. Em contraste, a bolsa de Tóquio registrou uma leve queda, alimentada por especulações de que o Banco do Japão poderia começar a endurecer sua política monetária.
Os futuros nos Estados Unidos também estão em ascensão, antecipando os dados importantes do dia.
Ontem, Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase & Co, comentou que a possibilidade de uma recessão nos EUA ainda não está descartada, o que poderia justificar a manutenção das taxas de juros nos níveis atuais até pelo menos junho, um cenário que já estava dentro das expectativas.
A ver…
00:43 — O medo da queda da popularidade começa a falar mais alto
No mercado brasileiro, o Ibovespa apresentou ontem um desempenho significativamente inferior ao observado nos mercados internacionais, influenciado negativamente pelas quedas nas ações da Vale e da Petrobras.
A situação se agravou após declarações do presidente Lula, que enfatizou o aspecto social da Petrobras e defendeu que a empresa não deveria priorizar apenas os interesses dos acionistas.
Para piorar, em uma entrevista ao SBT, Lula reviveu sua faceta populista, direcionando críticas ao setor financeiro, ao Banco Central e aos opositores da decisão de reter os dividendos extraordinários na companhia.
Essas declarações, aparentemente motivadas pela preocupação com a queda na popularidade, tiveram suas consequências negativas no mercado.
Para o dia de hoje, a atenção está voltada para o IPCA de fevereiro, dado que ajudará a calibrar as expectativas do mercado em relação à reunião do Copom da próxima semana.
Lula também teceu críticas às altas taxas de juros, omitindo que até mesmo os diretores do Banco Central por ele indicados já expressaram a possibilidade de abandonar a orientação futura na próxima reunião, o que poderia indicar uma desaceleração no ritmo de redução das taxas a partir de junho.
Espera-se que o reajuste das mensalidades escolares e o aumento do ICMS sobre a gasolina façam a inflação de fevereiro ir para 0,78%, uma aceleração em relação aos 0,42% registrados em janeiro.
Para o acumulado dos últimos 12 meses, projeta-se uma desaceleração de 4,51% para 4,44%, ficando abaixo do limite superior da meta de inflação. Um resultado abaixo do previsto seria positivamente recebido pelo mercado.
01:52 — Você piscou e não percebeu: Lula é o presidente da Petrobras
Relatos indicam que a recente turbulência nas ações da Petrobras pode ser resultado de um embate entre Alexandre Silveira, Ministro de Minas e Energia, e Jean Paul Prates, presidente da estatal.
Aparentemente, a política de retenção integral dos lucros, optando por distribuir apenas dividendos ordinários, foi influenciada por conselheiros nomeados pelo Ministério de Minas e Energia e pela Casa Civil.
Esse episódio evidencia, mais uma vez, a interferência política do governo, já que Prates tinha a intenção de reter somente 50% dos lucros.
Para contornar a situação e evitar maiores conflitos, o próprio presidente Lula interveio, definindo a estratégia de retenção de lucros, apesar de existirem restrições legais sobre o uso desses recursos para investimentos – um ponto que partes do governo buscam contornar, identificando possíveis lacunas na legislação.
Ainda está em discussão uma proposta que sugere a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários da Petrobras para 2023, que poderia ser aprovada na assembleia de acionistas em abril, beneficiando significativamente o governo.
Se essa distribuição for concretizada, do total de R$ 43 bilhões previstos, o governo federal receberia cerca de 28% desse montante.
Distribuir metade desse valor representaria um acréscimo de R$ 6 bilhões aos cofres públicos, enquanto a liberação total implicaria em um benefício de R$ 12 bilhões adicionais para o governo.
Essa injeção de recursos viria em um momento oportuno, considerando o atual debate sobre a política fiscal.
A expectativa é que a revisão da meta fiscal, alterando-a de 0% para 0,25% do PIB, ocorra em maio. Embora não seja o ideal, diante das circunstâncias atuais, tal medida pode ser vista como um esforço de contenção de danos.
02:48 — Quando vem o corte?
Nos Estados Unidos, as bolsas de Nova York encerraram a segunda-feira com movimentos leves, em um ambiente de prudência aguardando os novos dados de inflação, programados para serem divulgados hoje.
Este relatório de IPC, essencial para a orientação futura, antecede a próxima reunião do Federal Reserve.
Diante de uma economia que mantém sua força e uma inflação persistente, o Fed tem a possibilidade de adotar uma abordagem mais cautelosa quanto à redução das taxas de juros em 2024.
Esse cenário levou os investidores a postergar suas expectativas de cortes para momentos ainda mais distantes. A expectativa geral é de que o índice tenha subido 0,4% em fevereiro, um acréscimo em relação ao crescimento de 0,3% registrado em janeiro.
Para o núcleo do IPC, que desconsidera os preços voláteis de energia e alimentos, projeta-se um aumento de 0,3% para fevereiro, ligeiramente abaixo do 0,4% de janeiro.
Isso representaria uma taxa anual de 3,7%, comparada a 3,9% do mês anterior, marcando o ritmo de crescimento anual mais baixo desde abril de 2021.
Conforme expressado pelo presidente do Fed, Jerome Powell, em seu recente depoimento ao Congresso, a expectativa é que os dados recém-divulgados fortaleçam a confiança dos formuladores de política de que a inflação está caminhando de maneira sustentável em direção à meta de 2% ao ano estabelecida pelo banco central.
03:35 — Concorrência no mercado de medicamentos para emagrecimento
Atualmente, os medicamentos para emagrecimento estão entre os mais procurados no setor farmacêutico, disputando espaço com os renomados Ozempic e Wegovy da Novo Nordisk, bem como Mounjaro e Zepbound da Eli Lilly.
Nesse cenário competitivo, novas empresas, incluindo a Viking Therapeutics e a Pfizer, estão emergindo como desafiantes aos líderes de mercado Novo Nordisk e Eli Lilly.
Projeções de analistas indicam que as vendas do Zepbound poderão atingir US$ 16,9 bilhões até 2029, sem contar os US$ 24 bilhões previstos em vendas para o Mounjaro, comercializado pela Lilly para tratamento do diabetes tipo 2, sinalizando um crescente interesse e potencial de mercado nesse segmento.
Paralelamente, a Novo Nordisk está avançando no desenvolvimento de uma inovação em medicamentos para perda de peso.
Um estudo preliminar com um número reduzido de pacientes testou uma versão oral diária de um fármaco denominado amicretina, resultando em uma perda de peso corporal de 13% após 12 semanas.
Para efeito de comparação, o Wegovy proporcionou uma redução de peso de 9,8% após 20 semanas em um estudo clínico.
Em outro desenvolvimento, o medicamento VK2735 da Viking Therapeutics levou a uma perda de peso de 14,7% em 13 semanas durante um teste de fase intermediária.
Estamos presenciando uma competição acirrada pelo desenvolvimento de soluções que ofereçam significativa redução de peso no menor intervalo de tempo possível.
Essa dinâmica está moldando o mercado de uma maneira intrigante, consolidando a Novo Nordisk como a empresa de maior valor na Europa.
04:29 — Alguém ainda se lembra dos juros negativos?
Após enfrentar a mais grave escalada inflacionária em várias décadas, é surpreendente relembrar que, até o final de 2020, os investidores estavam dispostos a aceitar taxas de juros negativas em aproximadamente US$ 18,4 trilhões em dívida.
Nessa época, instituições como o Banco Central Europeu, o Banco Nacional da Suíça e o Banco do Japão mantinham suas taxas de juros em patamares inferiores a zero.
No entanto, com o aumento da inflação, os bancos centrais europeus ajustaram suas políticas e abandonaram as taxas negativas, com o Banco Nacional da Suíça fazendo sua correção em setembro de 2022 e deixando o Banco do Japão isolado na manutenção de taxas abaixo de zero.
À medida que especialistas avaliam essa fase de políticas monetárias, surgem opiniões divergentes quanto à sua efetividade.
O Banco Central Europeu defende que as taxas negativas foram bem-sucedidas, incentivando empréstimos, aprimorando a implementação de políticas no sistema financeiro e estimulando a economia, embora a questão seja complexa.
Com a inflação superando novamente a marca de 2% e os salários apresentando crescimento saudável, antecipa-se que Kazuo Ueda, Governador do Banco do Japão, eleve a taxa de juros de curto prazo de -0,1% até abril, marcando o primeiro aumento no país desde 2007.
Esse movimento sinalizaria um realinhamento com as práticas convencionais de política monetária, após um longo período de experimentações que levaram o Banco do Japão a acumular um vasto portfólio de dívidas e ações, elevando seu balanço para 127% do PIB anual.
Ainda que a flexibilização quantitativa e a taxa de juros negativa tenham contribuído para a desvalorização do iene (impulsionando os lucros empresariais e elevando o Nikkei 225 a recordes inéditos desde 1989), foi apenas com os impactos da Covid-19 e do conflito entre Rússia e Ucrânia que a inflação ultrapassou os 2%.
O retorno a uma situação mais convencional, portanto, traz um certo alívio.