VÉSPERA DE CARNAVAL: O MERCADO JÁ SAIU PARA O FERIADO?
Bom dia, pessoal.
O mercado financeiro brasileiro entrará em recesso nos próximos dias, retomando as atividades apenas na tarde de quarta-feira para um meio período de negociações.
Essa pausa não é exclusiva ao Brasil, já que o início das celebrações do Ano Novo Lunar, marcando a chegada do Ano do Dragão, também provocou uma diminuição na atividade das bolsas chinesas, com as negociações na região previstas para serem suspensas até o final da próxima semana.
Por falar na região, nesta sexta-feira, os mercados que estiveram abertos da Ásia apresentaram resultados variados, ecoando um otimismo moderado de Wall Street na sessão anterior.
O Japão se destacou, alcançando um fechamento recorde, o mais alto em 34 anos.
Na Europa, os mercados operam sem uma tendência definida nesta manhã, enquanto os futuros dos EUA esboçam um movimento de alta, seguindo os recordes estabelecidos pelo S&P 500 e pelo Dow Jones na quinta-feira.
Os investidores estão avaliando as recentes declarações de Susan Collins, presidente do Fed de Boston, que sinalizou a necessidade de mais provas de que a inflação está se estabilizando em torno da meta de 2% antes de qualquer ajuste nas taxas de juros.
Por enquanto, a expectativa de redução das taxas persiste, aguardando-se apenas uma definição sobre o momento e a magnitude desse ajuste. As commodities, por sua vez, apresentam um desempenho positivo nesta manhã, com destaque para o aumento nos preços do petróleo e do minério de ferro.
O Mercado em 5 Minutos volta na quinta-feira que vem.
A ver…
00:48 — Revisão de meta postergada?
O mercado brasileiro reagiu negativamente à divulgação da inflação de janeiro, que registrou um aumento de 0,42% em relação ao mês anterior, superando as expectativas de 0,35%.
Além do valor estar acima do esperado, a composição dos dados também deixou a desejar.
Apesar disso, o Banco Central do Brasil deve prosseguir com a redução das taxas de juros, embora as esperanças de um corte mais agressivo tenham sido atenuadas.
Enquanto nos preparamos para o feriado, os Estados Unidos aguardam a divulgação da inflação ao consumidor na próxima terça-feira, o que pode influenciar os mercados globais dependendo do resultado. Hoje, a agenda econômica destaca os dados do setor de serviços.
No que diz respeito à política fiscal, tradicionalmente um ponto crítico para o Brasil, o Ministério da Fazenda mostra-se aberto a revisar a estratégia e o cronograma da reoneração da folha de pagamento.
Em busca de um meio-termo, Haddad considera a possibilidade de excluir a reoneração da medida provisória atual, propondo, em vez disso, um projeto de lei ao Congresso.
A regra atual prevê o fim da desoneração a partir de abril, com uma implementação gradativa até 2027 e a aplicação da alíquota completa em 2028. Sob a nova proposta, o início da cobrança plena seria postergado para 2029.
O progresso nessas negociações é crucial para evitar ajustes abruptos na meta fiscal.
Ademais, dados preliminares apontam para uma arrecadação robusta em janeiro, o que poderia permitir ao governo postergar a definição sobre a meta de eliminar o déficit nas contas primárias de março para maio, facilitando as discussões.
01:36 — Recorde atrás de recorde
Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 quase ultrapassou a marca dos 5 mil pontos na última quinta-feira, alcançando brevemente esse patamar antes de encerrar o dia um pouco abaixo, estabelecendo um novo recorde de fechamento em 4.997,91 pontos.
Embora a diferença entre 5.000 e 4.999 pontos possa parecer mínima, marcos numéricos redondos carregam um peso psicológico significativo para os investidores.
Contribuíram para esse clima positivo as ações da Walt Disney e da Arm Holdings, com a valorização desta última reforçando a tese de crescimento sustentado por avanços em inteligência artificial, um setor que continua a impulsionar lucros recordes para as empresas de tecnologia. Paralelamente, os títulos do Tesouro dos EUA viram um aumento na demanda, apesar da venda de papéis de longo prazo.
O mercado de ações americano manteve-se inesperadamente otimista em uma semana de escassos indicadores econômicos e sem novidades concretas sobre o cronograma dos cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve.
A mensagem repetida pelos dirigentes do Fed durante a semana foi clara: não se deve esperar uma redução nas taxas na reunião de março, com as expectativas se ajustando para um corte mais provável em junho do que em maio.
Embora a perspectiva de menos cortes possa parecer negativa para as ações à primeira vista, historicamente, um ritmo mais moderado de redução das taxas tem sido benéfico para o mercado.
Isso se deve ao fato de o S&P 500 ter apresentado um desempenho superior no primeiro ano de ciclos de flexibilização monetária mais graduais em comparação com aqueles de ajustes mais rápidos, evidenciando que o gradualismo tende a ser recompensado no longo prazo.
02:29 — Os bancos regionais voltam a causar preocupação
Nos Estados Unidos, apenas uma semana após anunciar um corte surpresa nos dividendos e um acréscimo de meio bilhão de dólares em provisões para perdas em empréstimos, as ações do New York Community Bancorp experimentaram uma queda superior a 26% nos últimos cinco dias, atingindo níveis próximos aos mais baixos desde 1997.
Essa tendência levanta alarmes sobre a possibilidade de uma nova crise no setor bancário.
Essas advertências não são novas e vêm sendo discutidas desde o início do ciclo de aumento de taxas pela Federal Reserve há dois anos.
As preocupações se intensificaram recentemente com o início da redução do suporte da Fed aos bancos, uma medida introduzida após a crise bancária do ano passado, exemplificada pela situação do Silicon Valley Bank.
A Moody's rebaixou a nota de crédito do New York Community Bancorp para a categoria de "junk" (lixo), na terça-feira, apontando para desafios financeiros, de gerenciamento de riscos e de governança enfrentados pela instituição.
Nesta semana, a Secretária do Tesouro, Janet Yellen, informou ao Congresso que os bancos estão enfrentando pressões nas suas carteiras de empréstimos imobiliários comerciais, com os reguladores bancários focados em auxiliar as instituições a lidar com essas questões e a gerenciar os riscos, especialmente nas áreas com altas taxas de vacância.
Fusões bancárias surgem como uma estratégia viável, semelhante ao que ocorreu no ano passado. Apesar dos desafios, não antecipo que os estresses atuais desencadeiem uma turbulência no mercado de ações como a vista em 2023.
03:11 — A armadilha deflacionária
À medida que os mercados asiáticos celebram o Ano Novo Chinês, surge a oportunidade de refletir sobre uma questão macroeconômica crucial para a China em 2024: a deflação e seu impacto tanto na economia quanto nos mercados financeiros.
Apesar de a China ter adotado uma postura mais flexível em suas políticas monetária e fiscal desde a segunda metade de 2021, essas medidas ainda são insuficientes para impulsionar uma recuperação econômica robusta.
Na verdade, as políticas adotadas pelo país ainda apresentam um caráter contracionista significativo.
Embora tenham sido realizados esforços para mitigar os excessos nos setores de crédito e imobiliário, o processo de ajuste ainda não foi concluído.
Observa-se uma retração estrutural na disposição de famílias e empresas em consumir e investir, com a expectativa de que essa tendência de cautela nos gastos persista, limitando assim a eficácia das políticas monetárias e fiscais implementadas.
O processo de reequilíbrio econômico, com uma transição do investimento em capital para o consumo doméstico, acarreta perspectivas de um crescimento global mais moderado.
Diante do cenário deflacionário, a China enfrenta a necessidade de adotar taxas de juros mais baixas e promover uma desvalorização de sua moeda para estimular a economia.
Enquanto a deflação continuar a ser uma realidade na China e as políticas de prosperidade comum permanecerem em vigor, os baixos múltiplos no preço das ações devem ser vistos mais como uma armadilha de valor do que como uma oportunidade de investimento atrativa.
04:24 — Estado Pária
Rússia, Coreia do Norte e Irã representam os estados pária mais influentes no cenário mundial atual.
Desde a incursão russa na Ucrânia em fevereiro de 2022, essas nações intensificaram sua colaboração, motivadas pelas severas sanções que enfrentam, uma animosidade compartilhada em relação aos Estados Unidos e um desejo conjunto de desafiar as normas internacionais para desestabilizar uma ordem global que percebem como favorecendo os interesses do Ocidente.
Atuando como forças disruptivas na ordem geopolítica vigente, eles visam subverter as instituições, governos e princípios fundamentais que a apoiam.
A Coreia do Norte, antes considerada um incômodo pela Rússia, emergiu como um aliado vital na campanha militar russa na Ucrânia.
Em setembro de 2023, um pacto entre Kim Jong Un e Vladimir Putin foi selado, permitindo o envio de armamentos norte-coreanos para a Rússia em troca de alimentos, energia e suporte tecnológico russo, incluindo assistência via satélite.
Rússia e Irã, entretanto, consolidaram uma parceria de longa data voltada para a defesa do regime de Bashar Assad na Síria, evoluindo recentemente de uma colaboração tática para uma aliança militar e econômica mais profunda.
Prevê-se que, em 2024, a coordenação entre esses estados pária se intensifique, elevando a ameaça à estabilidade geopolítica global à medida que ampliam suas capacidades e empreendem ações cada vez mais desestabilizadoras internacionalmente.
A Rússia desempenhará um papel central nesse processo, buscando potencializar seu esforço bélico na Ucrânia enquanto tenta deslocar o foco do Ocidente para outras regiões.
O impacto desestabilizador de sua cooperação ampliada, especialmente considerando a tolerância ou até mesmo o apoio implícito de Pequim, representa um risco significativo que não pode ser negligenciado.