O SUPERÁVIT COMERCIAL BRASILEIRO: ERRA QUEM PENSA QUE SÓ EXPORTAMOS NOVELAS
Os mercados globais estão enfrentando um dia ligeiramente mais desafiador comparado ao anterior. Os índices europeus registram queda, antecipando-se à próxima reunião do Banco Central Europeu, que se espera que mantenha as taxas de juro estáveis no patamar recorde de 4% pela quarta vez consecutiva.
Entretanto, espera-se que forneça novos insights sobre a perspectiva econômica da região, com projeções atualizadas que podem justificar a iniciativa de cortes de taxas ainda dentro deste ano.
No mercado de commodities, observa-se uma falta de uniformidade, com o preço do petróleo em declínio enquanto o minério de ferro valoriza.
Essa tendência mais pessimista segue o padrão visto nos mercados asiáticos, que registraram baixas nesta quinta-feira.
Tal movimento foi influenciado por mensagens mistas de autoridades do Federal Reserve dos EUA acerca do futuro das taxas de juros americanas, somado à inquietude gerada pela potencial mudança de política no Banco do Japão.
Os futuros americanos mostram-se divididos, aguardando outro pronunciamento de Jerome Powell. Neste retorno ao público, Powell tem a oportunidade de esclarecer ou distanciar-se dos comentários recentes de Neel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis, que limitou a expectativa de cortes de taxas em 2024 a no máximo dois.
A ver…
00:54 — A arrecadação parece continuar a surpreender…
No cenário econômico brasileiro, destaca-se a divulgação do resultado consolidado do setor público, que deve reafirmar os resultados positivos de janeiro em termos de arrecadação fiscal.
Tudo indica que fevereiro seguirá a mesma tendência, com estimativas preliminares apontando para um aumento nominal de 20% nas receitas líquidas administradas pelo governo central no mês.
Esse crescimento é sustentado pelo desempenho na arrecadação do INSS e pela forte tributação sobre a renda, além de um aumento nas receitas da Cofins, sinalizando uma atividade econômica vigorosa.
De fato, o índice PMI de serviços do Brasil sugere uma perspectiva otimista para o PIB, que pode superar as expectativas.
Com os indicadores de confiança em ascensão, é viável prever um crescimento do PIB brasileiro acima de 2% para este ano, o que contribuiria significativamente para a arrecadação e promoveria uma estabilização na curva de juros.
Além disso, há grande expectativa em torno do anúncio dos resultados da Petrobras, previstos para serem divulgados após o fechamento do mercado de hoje.
Há uma ansiedade palpável para conhecer não só o lucro do quarto trimestre, mas também a possibilidade de um pagamento de dividendos extraordinários.
Nos últimos dias, o presidente da companhia sinalizou que a distribuição de dividendos pode não ser tão generosa quanto o mercado esperava, desafiando a expectativa de cerca de R$ 8 bilhões.
Essa posição reflete o interesse em revisar a política de distribuição de dividendos volumosos adotada pela gestão anterior, uma mudança que até agora tinha se mostrado mais em discurso do que em ação. Resta-nos aguardar para ver se essa nova direção será efetivamente implementada.
01:49 — Um baita superávit comercial
Ontem, o Primeiro-Ministro espanhol, Pedro Sánchez, realizou uma visita a Brasília para um encontro com o Presidente Lula. Durante a reunião, ambos os líderes expressaram otimismo quanto à viabilidade de um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, embora nenhuma data específica para a finalização do pacto tenha sido estabelecida.
Independentemente das negociações desse acordo, a balança comercial do Brasil continua apresentando resultados excepcionais.
Em fevereiro, o país registrou um superávit de US$ 5,4 bilhões, marcando um aumento significativo de 111,8% em comparação ao mesmo mês do ano anterior.
Este desempenho elevou o superávit acumulado no ano para US$ 11,9 bilhões, um recorde para o primeiro bimestre, com um crescimento impressionante de 145,9% em relação ao mesmo período de 2023.
As principais commodities exportadas pelo Brasil, que incluem petróleo bruto, minério de ferro e soja, viram sua participação nas receitas totais de exportação do país aumentar de 26,5% para 34,7% do primeiro bimestre de 2023 para o mesmo período deste ano.
Juntas, essas commodities geraram US$ 17,54 bilhões em exportações, um aumento de 53,7% em relação aos US$ 11,42 bilhões do primeiro bimestre de 2023.
Notavelmente, o petróleo bruto se destacou nas exportações, mesmo com uma ligeira queda de 1,1% no preço médio durante o período, indicando que provavelmente será um dos principais produtos de exportação do Brasil neste ano.
A solidez das contas externas do Brasil deve contribuir para estabilizar a volatilidade cambial e favorecer a apreciação do Real, desde que não ocorram choques externos significativos.
02:32 — As falas de Powell
Nos Estados Unidos, os mercados acionários vivenciaram um rali na manhã de ontem, recuperando-se das perdas sofridas na terça-feira, embora parte desses ganhos tenha se dissipado ao final do dia.
O primeiro de dois dias de depoimentos do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ao Congresso não provocou grandes turbulências no mercado, e a maioria dos relatórios de lucros divulgados alinhou-se às expectativas.
Destaca-se a volatilidade das ações do New York Community Bancorp, que oscilaram em um intervalo amplo, de US$ 1,70 a US$ 4,40, antes de encerrar o dia em US$ 3,46, representando um incremento de 7,5%. Uma análise mais detalhada deste acontecimento será apresentada posteriormente.
Quanto às declarações de Powell, ele reiterou a possibilidade de cortes nas taxas de juros neste ano e indicou que a inflação não precisa necessariamente retornar a 2% para que haja redução nas taxas. O essencial é que não ocorra uma pausa no processo de desinflação.
Em suma, o Fed adota uma postura de cautela, baseando suas ações em dados concretos.
Os dados de emprego de fevereiro, que serão divulgados nesta sexta-feira, e as informações sobre inflação da próxima semana estão entre os indicadores mais aguardados tanto pelos investidores quanto pelo próprio Fed para definir os próximos passos.
Além disso, um segundo depoimento de Powell ao Congresso está previsto, o qual poderá esclarecer quaisquer dúvidas remanescentes de seu pronunciamento anterior.
Será crucial abordar e possivelmente corrigir as recentes declarações de Neel Kashkari, presidente do Federal Reserve de Minneapolis, que sugeriu a expectativa de até duas reduções nas taxas de juros em 2024, ou até mesmo apenas uma.
03:27 — O que está acontecendo em NY?
Ao encerrar o mercado ontem, o New York Community Bancorp anunciou ter recebido um aporte de capital superior a US$ 1 bilhão por parte de investidores institucionais. Esse movimento representa um essencial voto de confiança para a instituição.
O banco tem sido um foco de atenção quanto à estabilidade do sistema bancário americano desde o final de janeiro, momento em que reportou perdas inesperadas e incrementou as provisões para enfrentar as perdas no setor de imóveis comerciais.
O NYCB, um importante financiador de proprietários de prédios de apartamentos em Nova York, sujeitos a rigorosas legislações de aluguel, viu uma recepção positiva do mercado à notícia da injeção de capital, com suas ações encerrando o dia com uma alta de 7,5%, após uma queda de até 47% durante a sessão.
Tal volatilidade é emblemática das incertezas do mercado. Antes desse anúncio, a instabilidade se manifestou com uma queda acentuada nos rendimentos dos Treasuries, refletindo as renovadas preocupações sobre a solidez dos bancos regionais americanos.
Este episódio remete à crise dos bancos regionais ocorrida há um ano, quando o Federal Reserve interveio para dar suporte.
De um tempo para cá, porém, o Fed vem reduzindo progressivamente o apoio concedido.
Há preocupações de que esta situação possa culminar em uma nova crise no mercado imobiliário americano, um cenário anteriormente vivenciado e com consequências negativas bem conhecidas.
No entanto, a curto prazo, espera-se que o banco disponha de capital suficiente para aumentar suas reservas, se necessário, trazendo alguma tranquilidade diante das turbulências recentes.
04:13 — Os caminhos para o gigante asiático
Líderes econômicos da China têm defendido enfaticamente o objetivo do país de alcançar um crescimento econômico aproximado de 5% este ano, mencionando também a possibilidade de uma maior injeção de liquidez no mercado.
Pan Gongsheng, presidente do Banco Popular da China, afirmou que existe margem para redução das taxas de reserva obrigatórias para os bancos, facilitando a manutenção de reservas menores por parte das instituições financeiras e estimulando a concessão de crédito.
Por sua vez, Zheng Shanjie, presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, expressou otimismo, considerando a meta de crescimento do PIB como alcançável por meio de esforços determinados.
Essas declarações surgem em um contexto onde a ambiciosa meta de crescimento foi recebida com ceticismo, diante da percepção de que não haveria suporte político adequado – uma desilusão para investidores acostumados com a ausência de ações assertivas nos últimos anos, gerando preocupações de continuidade dessa tendência.
Contudo, as diretrizes recentemente apresentadas para a China revelam iniciativas notáveis. Destaca-se, especialmente, o incremento nos gastos militares, que passarão a ocupar uma fatia maior da economia.
Essa decisão está alinhada com a prioridade do presidente Xi Jinping de assegurar que as forças armadas, sob comando direto do Partido Comunista e não do governo civil, estejam preparadas para conflitos.
O orçamento de defesa verá um aumento de 7,2% este ano, alcançando US$ 232 bilhões, marcando o maior crescimento em cinco anos.
Além disso, um foco substancial será colocado em tecnologia, com o governo central elevando os investimentos em pesquisa científica e tecnológica em 10%, totalizando US$ 51,5 bilhões em 2024.
Tal movimento reflete a determinação do país em liderar em áreas de tecnologia avançada.
Essas ações exemplificam a forma como Xi Jinping tem exercido seu comando sobre a China, seguindo sua visão progressivamente assertiva.