5% ESTÁ BOM PARA VOCÊ?
O otimismo está escasso nos mercados internacionais nesta manhã. As bolsas de valores na Ásia sofreram quedas acentuadas nesta terça-feira, após a China definir sua expectativa de crescimento econômico em 5% para o ano, enquanto as bolsas de valores de Wall Street recuaram na véspera da divulgação de indicadores econômicos cruciais nos Estados Unidos desta semana.
Tanto Tóquio quanto Hong Kong experimentaram declínios logo na abertura, seguindo o fechamento do índice Nikkei do Japão em um novo recorde, ultrapassando a marca dos 40.000 pontos pela primeira vez.
Paralelamente, os mercados na Europa também operam em baixa, assim como os índices futuros dos EUA.
Conforme mencionado anteriormente, deu-se início ao Congresso Nacional do Povo na China, que continuará até o final desta semana.
Espera-se que mais detalhes sobre a situação econômica chinesa sejam revelados nos dias que se seguem, podendo impactar significativamente os mercados, a exemplo da anunciada meta de crescimento, que se distancia das taxas de expansão de dois dígitos que impulsionaram a economia do país no passado.
Para agravar o cenário, os dados mais recentes sobre a atividade econômica chinesa decepcionaram. Ademais, influenciadas por esses fatores, as commodities também enfrentam desafios neste início de dia.
A ver…
00:51 — Do que se trata essa ampliação da autonomia do BC?
No mercado financeiro brasileiro, a B3 presenciou, em fevereiro, a maior retirada de capital estrangeiro desde o período imediatamente anterior ao surto global da pandemia do coronavírus, há quatro anos.
Hoje, a hesitação do Federal Reserve (Fed) em reduzir as taxas de juros tem sido um fator chave para a expressiva saída de investidores estrangeiros da bolsa de valores, com mais de R$ 9 bilhões saindo da B3 no último mês.
Esse cenário de retração de capital estrangeiro parece não ter previsão de reversão no curto prazo.
A agenda do dia traz poucos eventos de destaque, com uma atenção especial voltada para a apresentação de Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central do Brasil (BCB), que segue a recente comunicação de Roberto Campos Neto, presidente do BCB, sobre sua preocupação com a inflação de serviços e indícios de possíveis surpresas no resultado fiscal.
Entretanto, Campos Neto enfrenta outros desafios significativos.
O Banco Central está experimentando uma média diária de perda de sete funcionários, um reflexo direto das disparidades salariais que persistem desde o governo anterior, no contexto imediato pós-pandemia.
A solução para essa questão, especialmente considerando a crescente integração do BCB em tecnologias digitais e financeiras, passa por uma expansão da sua autonomia para incluir aspectos financeiros, além dos operacionais.
Isso permitiria ao banco oferecer remunerações mais competitivas, com recursos provenientes das suas próprias operações, como a emissão, gestão e circulação de moeda, além de determinadas taxas administradas pelo BCB.
Embora exista uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em tramitação no Congresso Nacional que endereça essas questões, sua aprovação enfrenta oposição da ala política do governo.
01:47 — Se for só no terceiro trimestre, a coisa fica complicada
Ontem, o mercado de ações dos Estados Unidos caiu de suas máximas recentes, em antecipação a importantes atualizações econômicas previstas para esta semana.
Apesar disso, houve alguns pontos positivos isolados.
De fato, a atividade do mercado foi relativamente tranquila, com as atenções voltadas principalmente para anúncios específicos de empresas e declarações de Raphael Bostic, presidente do Federal Reserve de Atlanta.
À espera do depoimento de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, previsto para o final desta semana, Bostic manifestou a expectativa de que haverá uma interrupção no ciclo de ajuste das taxas de juros após a implementação do primeiro corte, previsto por ele para o terceiro trimestre deste ano.
Diante dessa perspectiva, parece que o mercado permanecerá em uma fase de incerteza por mais algum tempo.
Os comentários de Bostic contribuíram para o aumento das taxas de juros de curto prazo, com a curva de rendimentos mostrando um achatamento enquanto a taxa de referência de dois anos avançava sete pontos-base, atingindo 4,60%.
Atualmente, o mercado antecipa três reduções de 25 pontos-base nas taxas, com início previsto para junho, após ajustes de expectativas anteriores de março para maio, e agora para junho. Esse ajuste de expectativas traz à tona a realidade do cenário econômico.
O Federal Reserve está adotando uma abordagem baseada em dados, e permanece incerto como os indicadores econômicos evoluirão nos próximos meses.
Nesse contexto, aguardamos hoje a divulgação do Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor de serviços referente a fevereiro.
02:39 — Ele poderá concorrer…
Hoje, os Estados Unidos realizam a Super Terça, um dia crucial nas primárias presidenciais que pode definir os candidatos dos principais partidos para as eleições de novembro.
Com Donald Trump e Joe Biden posicionados como favoritos, espera-se uma repetição do confronto eleitoral de 2020, desta vez marcada por uma polarização ainda mais intensa.
Esse cenário ganha uma dimensão adicional de importância devido à recente decisão da Suprema Corte dos EUA, que na segunda-feira invalidou uma determinação do tribunal do Colorado que impedia a candidatura de Donald Trump nas primárias republicanas do estado, com base na cláusula de insurreição. Essa decisão estabelece um precedente de que nenhum estado pode excluir Trump, ou qualquer outro candidato, das eleições presidenciais.
Com Trump liderando as pesquisas, incluindo uma vantagem sobre Biden em estados-chave, segundo médias do site Real Clear Politics, os indícios apontam para uma possível reeleição de Trump.
Diante dessa perspectiva, quais seriam as implicações econômicas? Prevejo que a reeleição de Trump possa provocar um choque inflacionário nos EUA, resultado de políticas fiscais expansionistas, com potenciais repercussões adversas para o Brasil.
Além disso, uma vitória de Trump poderia desencadear uma onda de desregulamentação, especialmente se os republicanos reconquistarem o controle do Senado. Isso tudo sem falar do cenário de intensa turbulência geopolítica.
3:25 — É uma bolha?
A questão que domina as conversas no mundo financeiro atualmente é se nos encontramos ou não à beira de uma bolha econômica.
As opiniões divergem significativamente dependendo da fonte. Marko Kolanovic, estrategista-chefe do JPMorgan Chase, sugere que a marcante recuperação do mercado de ações dos EUA e da criptomoeda Bitcoin sinaliza o início de uma situação de "espuma de mercado", tipicamente um prelúdio de uma bolha caracterizada por aumentos de preços de ativos em uma velocidade insustentável.
Contrapondo-se a essa visão, David Kostin da Goldman Sachs defende o otimismo vigente no mercado, justificando as altas avaliações das empresas de tecnologia com base em fundamentos sólidos.
Esse debate foi intensificado por Ray Dalio, da Bridgewater Associates, um dos investidores mais renomados globalmente, ao publicar um artigo questionando a existência de uma bolha no mercado de ações, onde ele conclui que "não estamos em uma ainda".
James Mackintosh, Colunista Sênior de Mercados do The Wall Street Journal, compartilha da mesma análise, sugerindo que a prevalência da questão pode ser um indicativo de que o mercado está consciente dos riscos envolvidos, afastando a possibilidade de estarmos no ápice de uma bolha.
Entre todas essas perspectivas, a afirmação de Dalio de que "AINDA não estamos em uma bolha" é a melhor para mim, insinuando que, embora o mercado ainda tenha algum espaço para crescer, é prudente permanecer vigilante quanto ao eventual surgimento de sinais de alerta.
04:14 — Os 5% do Partido Comunista
No dia em que foi divulgado um leve recuo no Índice de Gerentes de Compras (PMI) de serviços, caindo de 52,7 em janeiro para 52,5 em fevereiro, conforme indicado por uma pesquisa do setor privado e ficando abaixo das expectativas de analistas, que previam uma estabilidade em 52,7 pontos, a China anunciou sua meta de crescimento econômico para o ano.
Coincidindo com a abertura do Congresso Nacional Popular, evento que define as diretrizes econômicas para a nação, o governo chinês estabeleceu uma ambiciosa meta de crescimento de aproximadamente 5% para o ano corrente.
Essa definição aumenta a expectativa por parte dos líderes chineses de introduzirem novos estímulos econômicos, buscando revigorar a confiança em uma economia que enfrenta tanto uma crise no setor imobiliário quanto desafios deflacionários persistentes.
Para as empresas internacionais que produzem e vendem dentro do território chinês, o índice de crescimento econômico da China tem um peso significativo, muito embora o volume de importações chinesas para consumo interno seja restrito.
Outro fator crucial é a natureza deste crescimento; uma expansão econômica impulsionada pelo aumento do consumo doméstico poderia exercer uma influência mais abrangente a nível global.
Contudo, na ausência de estímulos focados no consumidor ou de políticas que liberalizem mais o mercado, as empresas estrangeiras que operam na China enfrentarão continuamente obstáculos.
A preocupação reside na possibilidade de o governo chinês agir com excessiva prudência, não conseguindo estimular de maneira eficaz a economia.