COMO O BRASIL FUNCIONA NA SEMANA EM QUE COMEÇA O CARNAVAL?
À medida que o Carnaval se aproxima, observa-se uma diminuição na movimentação do mercado local, embora ainda existam pontos de destaque nos próximos resultados corporativos, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
A repercussão da entrevista concedida por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, na noite de ontem, vem à tona entre os investidores.
Nesta entrevista, Powell enfatizou a intenção de manter as taxas de juros no nível atual até que haja uma clara melhora sustentável nos índices de inflação, necessitando de dados que ofereçam maior segurança.
Em paralelo, os mercados europeus iniciam o dia sem um rumo definido, influenciados pelos dados do comércio alemão de dezembro, que indicaram um declínio tanto em exportações quanto em importações.
Do outro lado do Atlântico, os futuros nos Estados Unidos apontam para uma correção mais evidente nesta manhã, com os olhos voltados para os próximos resultados da pesquisa de serviços ISM.
No cenário internacional, a divulgação do relatório de Perspectiva Econômica pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ocupa um papel crucial, servindo de guia para as projeções de crescimento econômico dos investidores.
A ver…
00:51 — Volta do Congresso? Melhor esperar para depois do Carnaval…
No cenário brasileiro, nos encontramos às vésperas de uma série de divulgações de resultados corporativos.
Destacam-se os anúncios dos números dos grandes bancos, Itaú e Bradesco, programados para quinta-feira.
Contudo, a atenção se volta primordialmente para a publicação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que promoveu uma redução da taxa Selic em 50 pontos-base.
Espera-se que essa divulgação, agendada para amanhã, forneça insights adicionais sobre as expectativas do Banco Central em relação à trajetória futura dos juros, um ponto de grande interesse para os investidores.
Adicionalmente, a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, na quinta-feira, poderá evidenciar se a fase de desaceleração da inflação enfrentará uma pausa.
Enquanto isso, em Brasília, o retorno oficial do recesso parlamentar é hoje, embora seja amplamente reconhecido que as atividades legislativas só ganharão ímpeto após o Carnaval.
Neste intervalo, a equipe econômica do governo buscará dialogar com líderes políticos para suavizar as tensões geradas pela Medida Provisória de reoneração.
O presidente Lula tem enfatizado a importância desta negociação, designando Rui Costa, da Casa Civil, e a ministra Tebet, do Planejamento, para liderar os esforços de articulação.
Já se antecipa que o governo apresentará um projeto visando a recomposição do corte de R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares, com o intuito de conciliar os interesses dos congressistas. Assim, o foco na política fiscal permanece como um tema de monitoramento constante.
01:47 — Até aqui, bons resultados dos pesos pesados
Na economia dos Estados Unidos, o cenário é positivo, refletido pela criação de 353 mil novos empregos no último mês, uma dinâmica que contribui significativamente para afastar o risco de uma recessão em curto prazo.
O temor anterior de que tal vigor no mercado de trabalho pudesse alimentar a inflação parece estar diminuindo, permitindo uma nova perspectiva onde avanços econômicos são recebidos com otimismo.
Na frente corporativa, gigantes tecnológicos como Apple, Alphabet, Amazon, Meta Platforms e Microsoft superaram as expectativas com seus resultados financeiros recentes.
Apesar de alguns pontos de atenção, como o crescimento desafiador da Apple e as possíveis melhorias nas receitas publicitárias da Alphabet, o desempenho robusto dessas empresas, especialmente com o impulso da inteligência artificial, sugere um potencial de valorização para as ações do setor tecnológico.
A expectativa se estende para esta semana, com mais de 100 empresas do índice S&P 500 agendadas para apresentar seus resultados financeiros.
Entre elas, destacam-se nomes como Caterpillar, McDonald’s, Simon Property Group, BP, Chipotle, Eli Lilly, Ford Motor, Spotify, Alibaba, CVS, PayPal, Uber e Walt Disney. Paralelamente, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, os mercados aguardam a divulgação do índice de preços ao consumidor na sexta-feira, um indicador chave para as direções futuras da política monetária e da economia em geral.
02:38 — Cortes? Não tão cedo…
Em uma recente aparição no programa "60 Minutes" da CBS, transmitido nos Estados Unidos na noite de domingo, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, expressou que os cidadãos americanos podem ter que aguardar além de março para ver cortes nas taxas de juros pelo banco central.
Ele enfatizou a necessidade de mais evidências econômicas que demonstrem uma queda sustentável da inflação para a meta de 2%, advertindo sobre o risco de tomar medidas precipitadas antes da conclusão efetiva do trabalho. Powell sugeriu que a abordagem mais sensata seria esperar mais tempo.
Além disso, ele compartilhou a projeção dos líderes do Fed, que inclui a possibilidade de três reduções de taxa neste ano. Ele indicou que, se os cortes começarem em maio, poderá haver margem para mais reduções além dessas.
Essa postura cautelosa e restritiva chamou a atenção do ex-presidente Donald Trump, potencial candidato republicano nas eleições de novembro, que afirmou que não manteria Powell como presidente do Fed caso fosse reeleito.
Trump sugeriu que, se Powell começasse a reduzir as taxas de juro na primeira metade do ano, isso poderia ser interpretado como um auxílio aos democratas para a reeleição.
Por outro lado, se Powell se abstivesse de cortar as taxas, estaria, na visão de Trump, prejudicando a economia. Assim, Trump insinuou que Powell estaria em uma posição difícil, independentemente de sua ação.
É importante notar que foi Trump quem nomeou Powell para o cargo durante seu primeiro mandato, enquanto Biden optou por renovar seu mandato. Independentemente das circunstâncias políticas, parece improvável que Powell seja indicado para um terceiro mandato.
03:24 — Novas tensões
A volatilidade do petróleo se intensifica devido a recentes episódios de violência no Oriente Médio. As negociações de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que pareciam promissoras na última semana, agora se mostram distantes.
Enquanto isso, os Houthis, apoiados pelo Irã, prometeram retaliação após os ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos e pela Grã-Bretanha, que visaram dezenas de posições desse grupo rebelde no Iêmen.
Essa ofensiva americana e britânica, a maior desde os ataques de 11 de janeiro, faz parte de uma estratégia para deter as agressões houthis contra embarcações comerciais no Mar Vermelho.
Apesar dos ataques recentes contra os Houthis durante o fim de semana, a produção petrolífera permanece estável, e o mercado manteve-se equilibrado no primeiro trimestre, em grande parte devido à reserva de capacidade ociosa mantida pelos países membros da OPEP.
Na Rússia, a maior refinaria do sul do país foi alvo de dois drones ucranianos no sábado, evidenciando a crescente tensão na região, mas o evento parece não ter afetado diretamente a produção. Pelo menos isso…
04:15 — O pessimismo com a China
O clima de desânimo em relação à China foi um fator determinante para o ambiente negativo nos mercados asiáticos hoje, após divulgação de uma pesquisa privada indicando que o crescimento da atividade no setor de serviços do país em janeiro ficou aquém das expectativas.
Essa revelação desencadeou uma queda acentuada nas bolsas de valores locais, com os índices Shanghai Shenzhen CSI 300 e Shanghai Composite registrando perdas de 1% e 2,4%, respectivamente.
Essa retração foi impulsionada principalmente pela desvalorização nas ações dos setores tecnológico e imobiliário, com ambos os índices alcançando seus menores níveis em cinco e quatro anos, respectivamente.
Os mercados na China enfrentam um período de adversidade prolongado, refletindo um desempenho significativamente inferior ao de seus congêneres globais ao longo de 2023, em meio a preocupações contínuas com a desaceleração do crescimento econômico do país.
Em resposta a essa tendência negativa, o governo chinês se comprometeu a estabilizar os mercados.
No entanto, detalhes específicos sobre as medidas planejadas para reverter a situação de um mercado que já viu mais de US$ 6 trilhões serem apagados de seu valor desde o pico ainda não foram divulgados.
Agravando a situação, o processo de liquidação da gigante do setor imobiliário Evergrande tem se mostrado muito mais complicado do que inicialmente antecipado.