ENTRE OS DOIS LADOS DO OCEANO PACÍFICO
Na semana que se encerrou, os mercados nos Estados Unidos celebraram as notícias vindas do PCE, o indicador de inflação preferencial do Federal Reserve, que não trouxe as preocupações vistas nos índices de preços ao consumidor e produtor.
Os dados iniciais de 2024 sugerem um desvio pontual, sem alterar significativamente a trajetória de desinflação observada anteriormente, embora possam indicar um ritmo mais gradual neste processo.
A expectativa de um pouso suave para a economia mantém-se intacta, com o mercado internacional ainda vibrante com os recordes alcançados nos índices americanos, especialmente aqueles impulsionados pelos avanços em inteligência artificial.
A agenda global promete mais eventos importantes, incluindo o Congresso Anual na China e, nos Estados Unidos, a "Super Terça", que deverá confirmar Trump como o candidato republicano.
Dois eventos políticos importantes separados por um Oceano.
Na Europa, a semana inicia de maneira calma, antecipando uma crescente agitação com o anúncio da decisão de política monetária pelo Banco Central Europeu, agendado para quinta-feira.
Apesar de não se prever alterações, espera-se uma orientação clara sobre os próximos passos.
Os mercados europeus amanheceram em baixa, alinhados com as tendências dos futuros americanos.
A semana ainda reserva o relatório de empregos de fevereiro nos EUA e mais uma leva de resultados corporativos, adicionando camadas adicionais de expectativa e análise.
A ver…
00:46 — Tensão em Brasília
No Brasil, as declarações de Roberto Campos Neto ganham destaque.
A participação do presidente do Banco Central do Brasil em um evento hoje é crucial, sobretudo após suas recentes manifestações otimistas a respeito da situação fiscal do país.
Em uma conversa com a Folha, Campos Neto mencionou que o Brasil está em posição de apresentar um déficit fiscal abaixo das estimativas atuais do mercado, que giram em torno de 0,7% a 0,8% do PIB.
Sua postura parece buscar sintonia com o governo, especialmente após as iniciativas para aprovar a PEC que expande a autonomia do Banco Central.
Embora exista resistência por parte de alguns setores políticos, a esfera econômica, incluindo Fernando Haddad, parece coesa em torno dessa meta.
Contudo, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, enfrenta outros desafios imediatos.
A exigência por resultados fiscais favoráveis e a necessidade de evitar cortes substanciais no orçamento de 2024 têm intensificado as tensões e desacordos entre os ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Com Simone Tebet à frente do Planejamento e responsável pela revisão orçamentária, conflitos com a administração a qual faz parte são esperados.
Paralelamente, as atenções se voltam para o resultado da Petrobras, a ser divulgado na quinta-feira, após recentes declarações de seu presidente sobre dividendos que causaram repercussão negativa, já que se antecipava a possibilidade de um anúncio sobre a distribuição de até R$ 8 bilhões.
01:31 — Super Terça
Nos Estados Unidos, o índice Nasdaq rompeu uma estagnação de 27 meses ao registrar novos recordes em dois dias consecutivos, marcando um avanço de 1,1% na sexta-feira e solidificando sua posição no ápice do setor tecnológico.
Paralelamente, o S&P 500 também atingiu novos máximos, com um aumento de 0,8%.
A cena política promete ser ruidosa nesta semana, principalmente com as primárias da "Super Terça" que definirão os candidatos presidenciais dos principais partidos, uma dinâmica que, até o momento, não impactou significativamente o mercado, mas que está prestes a receber mais atenção.
Além disso, a temporada de balanços caminha para o fim e os olhares se voltam para os dados de emprego de fevereiro, que serão divulgados na sexta-feira.
Outro evento de grande interesse é o testemunho do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, perante o Congresso.
Recentemente, Powell indicou uma possível desaceleração no ritmo de redução das taxas de juros, contrastando com os aumentos anteriores.
Durante os anos 1990, período de taxas de juros elevadas, o mercado acionário experimentou uma expansão significativa, com o S&P 500 apresentando um retorno anual médio de 18,2%.
Naquela época, a taxa dos fundos federais alcançou o pico de 8,25% e manteve-se acima de 3%.
Atualmente, a taxa situa-se entre 5,25% e 5,5%, com expectativas do mercado de uma redução para 4,4% até o final do ano.
A perspectiva de alinhamento dos investidores com essa projeção cresce progressivamente.
02:25 — Novos cortes no horizonte
No último fim de semana, a Rússia declarou que reduzirá sua produção de petróleo em 471 mil barris diários durante o segundo trimestre deste ano, em um movimento alinhado às decisões da Opep, que optou por estender as restrições de oferta atuais até o término do segundo semestre.
Essa medida representa um corte conjunto na produção de aproximadamente 2 milhões de barris por dia.
Este prolongamento nos cortes de produção visa prevenir um possível superávit global e sustentar a elevação dos preços do petróleo.
Com essas ações, o preço do petróleo, que já ultrapassou a marca de US$ 83 por barril, tem a possibilidade de se manter em níveis elevados por um período estendido, o que é uma notícia positiva para a balança comercial do Brasil.
03:19 — Ventos vindos da China
Esta terça-feira marca o início do Congresso Nacional do Povo na China, um momento crucial em que Xi Jinping delineará seus planos para o futuro econômico do país em 2024.
Recentemente, a economia chinesa enfrentou vários desafios, incluindo turbulências no mercado de ações, redução nos preços, e uma queda notável no investimento estrangeiro, que atingiu seu nível mais baixo em três décadas em 2023.
Durante este evento político de grande importância, espera-se que a China estabeleça suas metas de crescimento para 2024 e apresente estratégias para revitalizar sua economia em desaceleração.
A situação econômica da China tem sido preocupante, com indicadores recentes mostrando dificuldades contínuas e o crescente temor de um colapso iminente de outro gigante do setor imobiliário, a Country Garden, sinalizando mais desafios pela frente.
O grande desafio para Xi é evitar que as preocupações econômicas se transformem em descontentamento popular generalizado.
Com o Partido Comunista Chinês valorizando o poder dos slogans, a reunião legislativa deste ano está sob os holofotes, especialmente com a expectativa de reforço das "novas forças produtivas".
Para o governo, parece crucial intensificar os esforços para modernizar a infraestrutura industrial do país e promover o avanço das novas forças produtivas, como meio de superar a potencial estagnação econômica enfrentada por modelos asiáticos similares.
04:12 — A poderosa economia indiana
O desempenho econômico da Índia em 2023 capturou a atenção global, com o país registrando um crescimento impressionante de 8,4% em seu Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre do ano, comparativamente ao mesmo período do ano anterior.
Esta expansão superou as expectativas dos analistas e se destacou como o crescimento mais rápido entre as maiores economias mundiais para esse trimestre, excedendo o aumento de 7,6% observado de junho a setembro.
Essa aceleração econômica tem alimentado um crescente otimismo em relação ao futuro econômico da nação mais populosa do mundo.
Em resposta a esses dados animadores do PIB, o mercado acionário indiano alcançou patamares recordes na sexta-feira.
Ao longo do último ano, o entusiasmo dos investidores tem impulsionado consistentemente as ações, elevando o valor total das empresas listadas nas bolsas de valores da Índia para ultrapassar a marca dos 4 trilhões de dólares ao final do ano.