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Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores
PERDAS E GANHOS

A Faria Lima apostou contra Lula? O desempenho dos principais gestores de fundos após o anúncio de Haddad conta uma história diferente

Análise da Empiricus Research traz retorno de 132 fundos no dia seguinte ao pronunciamento do ministro da Fazenda sobre o pacote fiscal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com montagem de gráficos ao fundo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Imagem: Montagem Beatriz Azevedo

O mercado financeiro está contra o Brasil? Essa foi a conclusão do PT e de setores mais à esquerda após a disparada do dólar para o patamar de R$ 6 e a forte queda da bolsa após o anúncio do pacote fiscal do governo.

Mas uma análise da Empiricus Research indica que boa parte dos principais gestores não mantinha posições relevantes “contra o Brasil” no chamado “Haddad Day” — dia seguinte ao pronunciamento do ministro da Fazenda, que aconteceu na noite de 27 de novembro.

O retorno médio de 132 fundos com aproximadamente R$ 135 bilhões em patrimônio que a casa acompanha foi de 0,06% na última quinta-feira. Já a mediana das rentabilidades — que ajuda a eliminar distorções — foi ainda menor, de apenas 0,02%, ou seja, abaixo do CDI diário, de aproximadamente 0,03%.

A análise considerou fundos multimercados macro ou sistemáticos — que podem apostar tanto na alta como na queda — com pelo menos dois anos de histórico. Não há fundos exclusivos ou estratégias repetidas.

Do total de fundos da amostra, 59 tiveram retorno negativo no último dia 28, três ficaram no zero a zero e 70 registraram ganho nas cotas.

Os fundos que ganharam…

O campeão entre os multimercados foi o Truxt Macro, com ganho de 1,95% em um único dia. Outros fundos estrelados também estavam posicionados com a perspectiva de que o pacote não atenuaria a percepção de risco fiscal no país. 

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Entre eles está o lendário Verde, que apresentou uma rentabilidade de 0,43% no dia 28. O fundo de Luis Stuhlberger tinha posições favoráveis aos ativos brasileiros até abril deste ano, quando decidiu “virar a mão” após registrar perdas.

"Eu me penitencio por ter acreditado que o PT teria alguma seriedade fiscal", declarou Stuhlberger na ocasião.

Os retornos mostram, contudo, que não havia de modo geral apostas muito pesadas “contra o Brasil” — ou seja, compradas em dólar e juros e vendidas em bolsa.

“Os gestores mais céticos com a política fiscal brasileira simplesmente não têm posição em Brasil”, disse Bruno Mérola, especialista de fundos de investimento da Empiricus.

Para Marcio Appel, sócio e gestor da Adam Capital, o mercado estava na verdade otimista demais e precisou desmontar posições após o anúncio das medidas.

“Essa reação do câmbio não foi de gente apostando contra. Foi de gente que estava apostando a favor do governo e teve que desistir”, disse em entrevista ao Valor Econômico.

…E quem perdeu

De fato, o caso que mais chamou atenção no mercado não foi de lucro, mas de perdas registradas no “Haddad Day”.

Conhecido por fazer operações alavancadas — isto é, maiores que o patrimônio do fundo — o Versa LB apresentou queda de 30% apenas na quinta-feira passada. A aposta dos gestores era que o mercado exagerava no pessimismo em relação ao pacote fiscal.

“A expectativa era a de que, depois do anúncio, o mercado reagisse positivamente. Mas aconteceu o contrário: o pacote foi visto como fraco, e o mercado reagiu mal”, escreveu a gestora, que reduziu o nível de alavancagem do fundo após as perdas.

Vale destacar que o Versa não fez parte da análise do retorno dos fundos no Haddad Day feita pela Empiricus.

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