A Selic caiu, mas retorno esperado para CDBs, Tesouro Selic e outras aplicações de renda fixa pós-fixada é maior hoje do que antes dos cortes; entenda
Projeções para os juros para dois anos ainda são de queda, mas estão maiores hoje do que antes de o ciclo de queda da taxa básica começar
Os cortes que o Banco Central vem fazendo na taxa Selic tendem a reduzir o retorno de aplicações de renda fixa pós-fixada, que são aquelas cuja remuneração é atrelada à própria taxa básica ou então ao CDI. Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu os juros em 0,50 ponto percentual pela segunda vez consecutiva, para 12,75% ao ano.
O efeito desse tipo de mudança é imediato na rentabilidade de ativos como o Tesouro Selic, de CDBs, LCIs, LCAs e fundos de renda fixa conservadora. Você já deve ter sentido o impacto na sua reserva de emergência, caso a mantenha aplicada em um desses investimentos e não na poupança.
Por exemplo, em julho, mês que teve 21 dias úteis, o CDI acumulou alta de 1,07%. Já do dia 2 de agosto – data em que o BC iniciou o atual ciclo de cortes na Selic e baixou a taxa de 13,75% para 13,25% ao ano – até 31 de agosto, período que também teve 21 dias úteis, o CDI acumulou ganho de 1,04%.
Porém, quando queremos projetar a rentabilidade dessas aplicações para um futuro mais distante – digamos, para daqui a um ou dois anos –, algo contraintuitivo pode acontecer: o retorno projetado para uma data lá na frente após alguns cortes na Selic pode ser maior do que o retorno projetado para um prazo semelhante antes dos cortes. E é exatamente isso que está acontecendo agora.
- Renda fixa “imune” à queda dos juros? Esses títulos premium estão pagando IPCA + 10% e gerando mais de 2% ao mês; acesse
Renda fixa pós-fixada tem retorno esperado maior hoje do que antes do início dos cortes na Selic
Como a Selic ainda deve cair mais, uma maneira um pouco mais realista de estimar o retorno das aplicações de renda fixa pós-fixada nesses casos é usando as taxas de juros futuras. Foi o que eu fiz, por exemplo, nesta reportagem que mostra como fica a rentabilidade dessas aplicações após a última redução dos juros.
Afinal, se a meta para a taxa básica está em 12,75% hoje, mas cairá para 9,00% ao final de 2024 (conforme projeção dos economistas), o retorno da renda fixa pós-fixada será mais alto hoje do que no fim do ano que vem. Não se pode, portanto, estimar um retorno estável de 12,75% ao ano durante todo esse período.
Leia Também
Os juros futuros (ou DIs futuros, no financês) são negociados em bolsa na forma de contratos e consistem nas apostas do mercado para o CDI acumulado do momento da negociação (hoje) até uma determinada data futura (vencimento).
Hoje, após o segundo corte seguido da Selic e com as expectativas de mais quedas, o DI com vencimento para julho de 2025, por exemplo, é negociado em 10,36% ao ano; no dia 2 de agosto, porém, pouco antes de o Copom anunciar seu primeiro corte na Selic neste ciclo, o mesmo contrato era negociado em 10,28% ao ano.
Ou seja, antes de a Selic começar a cair, a expectativa de retorno anual para o CDI até julho de 2025 era mais alta do que agora que a Selic já sofreu dois cortes e que o prazo até lá está com quase dois meses a menos de rentabilidade elevada (com a Selic ainda em dois dígitos).
Isso significa que, antes do início do ciclo de queda da taxa básica, os investidores esperavam um retorno menor na renda fixa pós-fixada nos dois anos seguintes do que hoje, depois de duas reduções nos juros.
A DINHEIRISTA - Ajudei minha namorada a abrir um negócio, ela pegou meu dinheiro e ‘me deixou'
Não é bruxaria, apenas uma redução do otimismo
Esse “fenômeno” não tem nada de extraordinário e muito menos de sobrenatural. Trata-se do reflexo de uma mudança normal nas expectativas dos investidores em relação à trajetória da Selic. Esta, por sua vez, é afetada por fatores como a saúde das contas públicas, expectativas para a inflação e trajetória dos juros no resto do mundo.
Repare que, tanto no início de agosto quanto agora, a expectativa do mercado é de que os juros até 2025 acumulem uma variação menor do que a Selic atual, o que significa que os investidores ainda esperam uma queda na taxa básica até lá.
A diferença é que, antes do primeiro corte, em agosto, eles estavam um pouco mais otimistas. Achavam que a queda da Selic, nos próximos meses, poderia ser mais intensa. Porém, do início de agosto para cá, as expectativas do mercado para o médio prazo mudaram.
“Esse movimento é bastante comum. O mercado antecipou um ciclo de corte e hoje as variáveis mudaram, principalmente no exterior. Os juros estão batendo recordes em todas as economias desenvolvidas praticamente. Com isso, o mercado entende que o Copom não vai conseguir cortar tanto a Selic quanto se imaginava”, explica Lais Costa, analista de renda fixa da Empiricus.
Em outras palavras, antes do ciclo de queda da Selic começar, os investidores achavam que os juros pudessem cair com mais força nos próximos dois anos; de lá para cá, porém, houve uma piora na percepção do mercado em relação à política fiscal brasileira e também sinalizações de política monetária restritiva nos países desenvolvidos.
Na opinião de Lais Costa, o cenário global de juros inclusive pesou mais que a questão fiscal para essa mudança de percepção dos investidores, que agora acham que a Selic não deve cair tanto assim – pelo menos não nos próximos dois anos.
Vale frisar que as expectativas para os juros no curto prazo (até um ano), por outro lado, vêm caindo desde o início do ciclo de cortes na Selic.
Seu Dinheiro abre carteira de 17 ações que já rendeu 203% do Ibovespa e 295% do CDI desde a criação; confira
Portfólio faz parte da série Palavra do Estrategista e foi montado pelo CIO da Empiricus, Felipe Miranda
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Está com pressa por quê? O recado do chefão do BC dos EUA sobre os juros que desanimou o mercado
As bolsas em Nova York aceleraram as perdas e, por aqui, o Ibovespa chegou a inverter o sinal e operar no vermelho depois das declarações de Jerome Powell; veja o que ele disse
A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas
As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?
Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira
Quantidade ou qualidade? Ibovespa repercute ata do Copom e mais balanços enquanto aguarda pacote fiscal
Além da expectativa em relação ao pacote fiscal, investidores estão de olho na pausa do rali do Trump trade
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Stuhlberger compra bitcoin (BTC) na véspera da eleição de Trump enquanto o lendário fundo Verde segue zerado na bolsa brasileira
O Verde se antecipou ao retorno do republicano à Casa Branca e construiu uma “pequena posição comprada” na maior criptomoeda do mundo antes das eleições norte-americanas
Na contramão do mercado de ações: oportunidade de renda fixa cresce 113% em captações – veja como buscar até CDI + 3%
Categoria de renda fixa está conquistando investidores e pode entregar lucros de até 15% ao ano em um cenário de Selic nas alturas; conheça
Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta
Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa
Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA
A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
Renda fixa apimentada: “Têm nomes que nem pagando CDI + 15% a gente quer”; gestora da Ibiuna comenta sobre risco de bolha em debêntures
No episódio da semana do podcast Touros e Ursos, Vivian Lee comenta sobre o mercado de crédito e onde estão os principais riscos e oportunidades
7% ao ano acima da inflação: 2 títulos públicos e 10 papéis isentos de IR para aproveitar o retorno gordo da renda fixa
Com a alta dos juros, taxas da renda fixa indexada à inflação estão em níveis historicamente elevados, e em títulos privados isentos de IR já chegam a ultrapassar os 7% ao ano + IPCA
Selic sobe para 11,25% ao ano e analista aponta 8 ações para buscar lucros de até 87,5% ‘sem bancar o herói’
Analista aponta ações de qualidade, com resultados robustos e baixo nível de endividamento que ainda podem surpreender investidores com valorizações de até 87,5% mais dividendos
Carne com tomate no forno elétrico: o que levou o IPCA estourar a meta de inflação às vésperas da saída de Campos Neto
Inflação acelera tanto na leitura mensal quanto no acumulado em 12 meses até outubro e mantém pressão sobre o BC por mais juros
Você quer 0 a 0 ou 1 a 1? Ibovespa repercute balanço da Petrobras enquanto investidores aguardam anúncio sobre cortes
Depois de cair 0,51% ontem, o Ibovespa voltou ao zero a zero em novembro; índice segue patinando em torno dos 130 mil pontos
O que comprar no Tesouro Direto agora? Inter indica títulos públicos para investir e destaca ‘a grande oportunidade’ nesse mercado hoje
Para o banco, taxas como as que estamos vendo atualmente só ocorrem em cenários de estresse, que não ocorrem a todo momento