Em dia de Copom, Tesouro Direto se antecipa a corte de juros, e títulos têm alta de até 450% do CDI desde a última reunião
Banco Central ainda não deve reduzir a Selic na reunião de hoje, mas títulos públicos já precificam os cortes futuros e têm valorização formidável no ano

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) termina, nesta quarta-feira (21), sua reunião de dois dias para decidir o rumo da taxa básica de juros no país, hoje estacionada em 13,75% ao ano.
Embora um corte na Selic já nesta reunião não esteja nas perspectivas do mercado, é esperado que, pelo menos, a autoridade monetária sinalize uma redução nos juros em breve.
Mas, como no mercado financeiro os investidores estão sempre tentando antecipar o futuro, os preços dos ativos já vêm incorporando a queda na Selic que está por vir.
Com os dados de inflação vindo abaixo do esperado, a aprovação do arcabouço fiscal, a descompressão do câmbio, o crescimento econômico acima do esperado e o andamento da reforma tributária no Congresso, o movimento pode ser observado nos juros futuros, cujos vencimentos longos e curtos passaram por uma queda forte desde o início do ano.
Isso fez com que os ativos de renda fixa com taxas prefixadas ou atreladas à inflação, cujos preços tipicamente sobem quando os juros futuros caem, vissem uma valorização formidável no mercado, o que pode ser bem observado na alta vista pelos títulos públicos negociados via Tesouro Direto.
Apenas desde a última reunião do Copom, finalizada em 3 de maio deste ano – pouco mais de um mês atrás –, alguns títulos apresentam valorizações nas faixas de 6% e 7%. O mais rentável de todos, o prefixado com vencimento em 2029, teve alta de 7,30%, o equivalente a 446% do CDI do período, que foi de 1,64%.
Leia Também
Veja, na tabela a seguir, os desempenhos em ordem decrescente dos títulos públicos ainda disponíveis para compra no Tesouro Direto da última reunião do Copom para cá. Repare que todos superaram o CDI do período:
Título | Desempenho desde 03/05/2023 |
Tesouro Prefixado 2029 | 7,30% |
Tesouro Prefixado com juros semestrais 2033 | 6,90% |
Tesouro IPCA+ 2035 | 6,48% |
Tesouro IPCA+ 2045 | 6,38% |
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2040 | 4,61% |
Tesouro Prefixado 2026 | 3,93% |
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2032 | 3,83% |
Tesouro IPCA+ 2029 | 2,68% |
Tesouro Selic 2029 | 1,92% |
Tesouro Selic 2026 | 1,78% |
Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2055 | 2,00% |
CDI* | 1,64% |
Fontes: Tesouro Direto e Banco Central
Prefixados são os mais beneficiados no cenário atual
Os destaques da lista são os títulos prefixados, uma vez que nos vemos num cenário em que os juros têm perspectiva de cair e a inflação já mostra fortes sinais de descompressão.
Esses títulos também são tipicamente mais sensíveis aos movimentos de juros do que os Tesouro IPCA+, uma vez que não oferecem um retorno garantido acima da inflação, como os papéis atrelados a índices de preços. É possível dizer, nesse sentido, que os prefixados são mais arrojados que os títulos indexados à inflação.
Além disso, com o alívio nos preços, os Tesouro IPCA+ também perdem um pouco a sua atratividade, uma vez que parte da sua remuneração corresponde a um índice de inflação.
VEJA TAMBÉM: A NETFLIX REALMENTE PODE TE PROIBIR DE COMPARTILHAR SUA SENHA? VEJA SE VOCÊ PODE IMPEDIR A COBRANÇA
Destaque ainda para o desempenho dos títulos de prazos mais longos, que tendem a ser mais voláteis que os de prazos mais curtos, apresentando variações maiores para cima ou para baixo.
Ademais, são títulos cujo desempenho é mais influenciado pela percepção de risco-país do que pelas perspectivas de queda na Selic.
Esta já vinha sendo precificada anteriormente, enquanto a redução no risco Brasil ocorreu mais recentemente, com a aprovação do arcabouço fiscal, o andamento da reforma tributária e a melhora da perspectiva de crédito do Brasil por parte da agência de classificação de risco S&P.
Ainda há espaço para novas altas?
Segundo relatório publicado por analistas da Guide Investimentos na última segunda-feira (19), o espaço para valorizações nos títulos públicos como as vistas até agora ficou limitado daqui para frente, sobretudo no caso dos papéis de vencimentos mais curtos (prazos de até dois anos).
Isso porque os juros futuros de dois anos recuaram, nos últimos meses, para o patamar de 10%, próximo da previsão das instituições financeiras para a Selic ao final de 2024.
Ou seja, segundo esta visão, os juros de mercado já convergiram para o patamar ao qual deve chegar a Selic, o que evidenciaria que os títulos públicos já precificam os cortes na taxa de juros.
“Em nossa visão, a relação risco-retorno da renda fixa já é bem pior do que três meses atrás. Por outro lado, no mercado de ações, a relação risco-retorno ainda é atrativa, com valuations baixos e potencial de recuperação dos lucros nos próximos trimestres”, dizem os analistas da Guide.
Ainda assim, na visão da Empiricus Research, o alongamento dos prazos dos títulos de renda fixa ainda se mostra como uma estratégia interessante.
No último relatório da série Super Renda Fixa da casa de análise, a analista Laís Costa frisou que os títulos indexados à inflação ainda oferecem taxas atrativas (acima de 5,5% mais IPCA, atualmente), mas que para os prazos mais curtos ainda prefere os prefixados.
Retornos dos títulos do Tesouro Direto chegam a ultrapassar os 15% no ano
Apenas nos seis primeiros meses incompletos de 2023, os títulos públicos negociados pelo Tesouro Direto apresentam rentabilidades que chegam a superar os 15%. No geral, os papéis mais longos, sejam os prefixados, sejam os Tesouro IPCA+, ultrapassam os 10% de valorização.
Veja o ranking dos títulos disponíveis para compra e venda no Tesouro Direto e que já estavam disponíveis desde o início do ano:
Título público | Desempenho no ano |
Tesouro IPCA+ 2045 | 16,66% |
Tesouro Prefixado 2029 | 16,27% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033 | 14,75% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2031 | 14,08% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | 13,72% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 | 13,45% |
Tesouro IPCA+ 2035 | 13,41% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2029 | 13,02% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2045 | 12,59% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | 12,38% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2027 | 11,69% |
Tesouro Prefixado 2026 | 11,48% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 | 11,39% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2032 | 10,79% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2030 | 10,09% |
Tesouro Prefixado 2025 | 8,21% |
Tesouro IPCA+ 2026 | 8,19% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2026 | 7,86% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2025 | 7,81% |
Tesouro Prefixado 2024 | 7,06% |
Tesouro Selic 2027 | 6,32% |
Tesouro Selic 2025 | 6,13% |
Tesouro Selic 2024 | 6,11% |
CDI* | 6,01% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2024 | 5,66% |
Tesouro IPCA+ 2024 | 5,60% |
Fontes: Tesouro Direto e Banco Central
Como declarar ETF no imposto de renda 2025, seja de ações, criptomoedas ou renda fixa
Os fundos de índice, conhecidos como ETFs, têm cotas negociadas em bolsa, e podem ser de renda fixa ou renda variável. Veja como informá-los na declaração em cada caso
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Por essa nem o Fed esperava: Powell diz pela primeira vez o que pode acontecer com os EUA após tarifas de Trump
O presidente do banco central norte-americano reconheceu que foi pego de surpresa com o tarifaço do republicano e admitiu que ninguém sabe lidar com uma guerra comercial desse calibre
Por que o Mercado Livre (MELI34) vai investir R$ 34 bilhões no Brasil em 2025? Aporte só não é maior que o de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3)
Com o valor anunciado pela varejista online, seria possível comprar quatro vezes Magalu, Americanas e Casas Bahia juntos; conversamos com o vice-presidente e líder do Meli no Brasil para entender o que a empresa quer fazer com essa bolada
Mercado Livre (MELI34) vai aniquilar a concorrência com investimento de R$ 34 bilhões no Brasil? O que será de Casas Bahia (BHIA3) e Magalu (MGLU3)?
Aposta bilionária deve ser usada para dobrar a logística no país e consolidar vantagem sobre concorrentes locais e globais. Como fica o setor de e-commerce como um todo?
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump
Allos (ALOS3) entra na reta final da fusão e aposta em dividendos com data marcada (e no começo do mês) para atrair pequeno investidor
Em conversa com Seu Dinheiro, a CFO Daniella Guanabara fala sobre os planos da Allos para 2025 e a busca por diversificar receitas — por exemplo, com a empresa de mídia out of home Helloo
Volvo EX90, a inovação sobre rodas que redefine o conceito de luxo
Novo top de linha da marca sueca eleva a eletrificação, a segurança e o conforto a bordo a outro patamar
COP30: O que não te contaram sobre a maior conferência global do clima e por que ela importa para você, investidor
A Conferência do Clima será um evento crucial para definir os rumos da transição energética e das finanças sustentáveis no mundo. Entenda o que está em jogo e como isso pode impactar seus investimentos.
Ibovespa é um dos poucos índices sobreviventes de uma das semanas mais caóticas da história dos mercados; veja quem mais caiu
Nasdaq é o grande vencedor da semana, enquanto índices da China e Taiwan foram os que mais perderam
Trump virou tudo do avesso (várias vezes): o resumo de uma das semanas mais caóticas da história — como ficaram dólar, Ibovespa e Wall Street
Donald Trump virou os mercados do avesso várias vezes, veja como ficaram as bolsas no mundo todo, as sete magníficas, Ibovespa e dólar
JP Morgan reduz projeção para o PIB brasileiro e vê leve recessão no segundo semestre; cortes de juros devem começar no fim do ano
Diante dos riscos externos com a guerra tarifária de Trump, economia brasileira deve retrair na segunda metade do ano; JP agora vê Selic em 1 dígito no fim de 2026
Acabou a magia? Ir pra Disney está mais caro, mas o ‘vilão’ dessa história não é Donald Trump
Estudos mostram que preços dos ingressos para os parques temáticos subiram mais do que a inflação americana; somado a isso, empresa passou a cobrar por serviços que antes eram gratuitos
Como declarar renda fixa — como CDB, Tesouro Direto, LCI, LCA e mais — e COE no imposto de renda 2025
Títulos de renda fixa — mesmo os isentos! — e Certificados de Operações Estruturadas (COE) são declarados de forma semelhante. Veja como informar o saldo e os rendimentos dessas aplicações financeiras na sua declaração
Dividendos e JCP: Santander (SANB11) anuncia o pagamento de R$ 1,5 bilhão em proventos; veja quem mais paga
Acionistas que estiverem inscritos nos registros do banco no dia 17 de abril terão direito ao JCP
Ambev (ABEV3) vai do sonho grande de Lemann à “grande ressaca”: por que o mercado largou as ações da cervejaria — e o que esperar
Com queda de 30% nas ações nos últimos dez anos, cervejaria domina mercado totalmente maduro e não vê perspectiva de crescimento clara, diante de um momento de mudança nos hábitos de consumo
Não foi só o Banco Master: entre os CDBs mais rentáveis de março, prefixado do Santander paga 15,72%, e banco chinês oferece 9,4% + IPCA
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado; no mês passado, estoque de CDBs no país chegou a R$ 2,57 trilhões, alta de 14,3% na base anual
Inteligência artificial autônoma abala modelos de negócios das big techs; Google é a que tem mais a perder, mas não é a única, diz Itaú BBA
Diante do desenvolvimento acelerado de agentes autônomos de inteligência artificial, as big techs já se mexem para não perder o bonde
Renda fixa para abril chega a pagar acima de 9% + IPCA, sem IR; recomendações já incluem prefixados, de olho em juros mais comportados
O Seu Dinheiro compilou as carteiras do BB, Itaú BBA, BTG e XP, que recomendaram os melhores papéis para investir no mês