A guerra 365 dias depois: os sinais de que Putin planejava a invasão à Ucrânia, mas o Ocidente fingiu não ver
Pronunciamentos, sanções, envio de equipamentos, plano de paz da China — confira também os principais eventos que marcam o dia
Já se passaram 365 dias desde que as forças russas chegaram à Ucrânia e, até agora, não há sinais reais de uma saída para a guerra — nenhum dos lados parece preparado para uma vitória direta, e o progresso na mesa de negociações neste momento é improvável.
Ao mesmo tempo, nem o presidente russo, Vladimir Putin, nem o ucraniano, Volodymyr Zelensky, mostram sinais de que podem recuar e abandonar um dos maiores conflitos militares desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Para os civis que estão no meio do fogo cruzado, isso significa que o derramamento de sangue e o sofrimento provocados pela guerra não têm fim próximo.
- Leia também: Putin não está para brincadeira: Rússia coloca mísseis a postos na véspera do aniversário da guerra
Os sinais da invasão
Sentindo-se encurralado, Putin alertou que poderia realizar uma “operação militar especial” na Ucrânia para defender o que chamou de soberania russa — mas o Ocidente entendeu o aviso da guerra como blefe.
Só que os sinais da Rússia vinham sendo emitidos muito antes daquele 24 de fevereiro de 2022. Desde pelo menos 2001, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) vem acelerando sua expansão em direção às fronteiras da Rússia, mas foi em 2014 que as hostilidades ganharam outra escala, com a anexação russa da Crimeia.
Embora diversos sejam os motivos para a invasão, o mais relevante deles é a influência da Otan no Leste Europeu — tendo como gatilho o pedido da Ucrânia para se tornar membro permanente da aliança.
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Para Putin, a Ucrânia na Otan significa a presença da aliança militar do ocidente em fronteiras russas, o que inclui o temor de nuclearização do território ucraniano.
Os eventos do primeiro ano da guerra
Os sinais foram ignorados e Putin invadiu a Ucrânia. O primeiro ano da invasão está sendo marcado por alguns eventos importantes, tanto para um lado como para o outro.
Na Ucrânia e em outros países, a data foi lembrada com momentos de silêncio, vigílias à luz de velas e protestos.
Confira os eventos recentes que marcaram o dia:
- União Europeia promete apoio adicional para de refugiados ucranianos: A vice-presidente da Comissão da UE, Margaritis Schinas, disse que o número de refugiados ucranianos é estável e que não acredita que deve aumentar nos próximos meses. “Se acontecer, estamos preparados, mas não parece ser o caso por enquanto”, afirmou.
- G-7 anuncia nova rodada de sanções contra a Rússia: O Grupo dos Sete (G7) anunciou uma série de novas sanções econômicas, militares e financeiras contra a Rússia. O grupo formado por Alemanha, Canadá, EUA, Reino Unido, Japão, França e Itália indicou que tomará medidas sem precedentes para enfraquecer a Rússia, prometendo medidas contra as exportações russas de diamantes, e alertou que terceiros países que ajudam a Rússia a escapar das sanções enfrentariam “custos severos”.
- EUA fornecerão mais ajuda militar para a Ucrânia: O pacote de assistência militar norte-americano incluirá vários novos sistemas de drones e antidrones que os EUA não disponibilizaram anteriormente, bem como equipamentos para ajudar a Ucrânia a combater a guerra eletrônica russa. Os EUA também enviarão mais munição para os sistemas de foguetes de artilharia de alta mobilidade (Himars) e canhões de obus de 155 mm que Washington forneceu ao longo do ano.
- Reino Unido proíbe a exportação centenas de produtos russos: O governo britânico barrou a compra de todos os itens que a Rússia usou no campo de batalha até o momento, uma lista que abrange centenas de produtos, incluindo peças de aeronaves, equipamentos de rádio e componentes eletrônicos. Os britânicos também impuseram sanções a altos executivos da estatal russa de energia nuclear Rosatom, que a Ucrânia diz serem cúmplices da apreensão e mudança forçada de nacionalidade dos funcionários da usina nuclear de Zaporizhzhia.
- Banco Mundial anuncia US$ 2,5 bilhões em financiamento adicional para a Ucrânia: O Banco Mundial anunciou US$ 2,5 bilhões em financiamento adicional para a Ucrânia para apoiar o orçamento do país e manter serviços essenciais. Os fundos irão para apoiar os principais setores da Ucrânia, incluindo saúde, escolas, pagamento de pensões, pagamentos para pessoas deslocadas internamente, programas de assistência social e salários para funcionários que prestam serviços governamentais essenciais.
- Ucrânia e Rússia saúdam a intervenção da China no processo de paz: A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que Moscou apreciou o plano da China para resolver o conflito na Ucrânia e disse que estava aberta para alcançar os objetivos do que chama de “operação militar especial” por meios políticos e diplomáticos. Já o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que é bom que a China esteja falando sobre a Ucrânia. A declaração da China “respeita nossa integridade territorial”, disse Zelensky, acrescentando que há alguns pensamentos na declaração de Pequim que são “compreensíveis” para ele e outros dos quais ele discorda.
- Zelensky quer ir à cúpula de países latino-americanos: O presidente da Ucrânia disse que quer fazer uma cúpula com os países latino-americanos, à qual ele diz que participaria pessoalmente “apesar de ser muito difícil deixar a Ucrânia”. Ele também quer que a Índia e a China participem de uma “cúpula de paz” para acabar com a guerra na Ucrânia.
- O jeito russo de homenagear as vítimas da guerra: Em Nova York, o embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, interrompeu um minuto de silêncio durante uma reunião do conselho de segurança. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, pediu um minuto de silêncio para homenagear “as vítimas da agressão”. Quando os membros da assembleia se levantaram, Nebenzya começou a bater em seu microfone e pediu a palavra. Ele disse: “Estamos nos levantando para homenagear a memória de todas as vítimas do que aconteceu na Ucrânia, a partir de 2014. Todos aqueles que pereceram. Todas as vidas não têm preço”, disse.
- Polônia entrega os primeiros tanques Leopard para a Ucrânia: O presidente da Polônia, Andrzej Duda, disse que seu país entregou seus primeiros tanques Leopard à Ucrânia. Duda disse que estava feliz que a Polônia foi a primeira nação a oferecer os tanques avançados para a Ucrânia. A Polônia prometeu 14 tanques Leopard 2 de fabricação alemã para a Ucrânia. Não ficou claro quantos tanques foram entregues.
- Grécia expressa apoio à Ucrânia: O ministro das Relações Exteriores grego, Nikos Dendias, foi ao Twitter para expressar o apoio de seu país à Ucrânia. “Um ano desde a invasão russa da Ucrânia: a Grécia esteve e permanece ao lado do povo ucraniano, comprometida com seus princípios de respeito à legalidade internacional e à soberania territorial de todos os estados e contra qualquer revisionismo”, escreveu Dendias.
- Zelensky recebe primeiro-ministro polonês: O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, postou no Telegram sobre a visita do primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, a Kiev hoje. Zelensky escreveu: “A Polônia estava conosco antes mesmo do início da guerra em grande escala, estava conosco a cada minuto deste ano e, tenho certeza, estará conosco até nossa vitória. Nossa vitória conjunta!” Ambos discutiram toda a gama de questões de defesa. As negociações envolveram armas para a Ucrânia e a cooperação em relação ao tratamento e reabilitação de soldados ucranianos.
- Suécia enviará até 10 tanques Leopard para a Ucrânia: A Suécia enviará até 10 tanques Leopard e sistemas antiaéreos para a Ucrânia, segundo o primeiro-ministro, Ulf Kristersson, e o ministro da Defesa, Pål Jonson. O governo sueco disse em um comunicado: “Os tanques suecos reforçam a contribuição do Leopard 2 que outros países europeus fazem. A coordenação do apoio está em andamento com parceiros internacionais doando Leopard 2 ou outros tanques.”
- Canadá fornecerá mais de US$ 32 milhões para segurança e a estabilização da Ucrânia: Os US$ 32 milhões incluem US$ 7,5 milhões para esforços de retirada de minas terrestres, mais de US$ 13 milhões para esforços de responsabilização que incluem abordar a violência sexual relacionada a conflitos e mais de US$ 12 milhões para “combater ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares. “Por um ano inteiro, o Canadá e a comunidade internacional se reuniram como nunca antes para apoiar a resiliência da Ucrânia diante das agressões do presidente Putin. O apoio do Canadá à soberania da Ucrânia é inabalável. Não vamos desistir até que a Rússia seja responsabilizada por seus crimes”, disse a ministra das Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly.
- Biden reforça apoio à Ucrânia e anuncia mais sanções: O presidente dos EUA, Joe Biden, manifestou seu apoio à Ucrânia hoje no Twitter, com uma foto com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, em Kiev. “A Ucrânia nunca será uma vitória para a Rússia. Nunca”, escreveu. Biden também anunciou uma nova rodada de sanções contra a Rússia.
- China pede negociações de paz entre Rússia e Ucrânia: O governo da China pediu negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia, enquanto pede a todas as partes para evitarem uma escalada nuclear e acabarem com os ataques a civis, em um comunicado que parece manter a posição de Pequim de que o Ocidente está alimentando o conflito. O documento de 12 pontos foi divulgado nesta sexta-feira (24) e afirma que a comunidade internacional deve “criar condições e plataformas” para o reinício das negociações, e afirma que a China continuará a “desempenhar um papel construtivo nesta matéria”.
- Rússia adverte sobre tropas na Moldávia: O Ministério das Relações Exteriores da Rússia alertou que qualquer ação que ameace suas tropas na região separatista da Moldávia, seria vista como um ataque direto à própria Rússia e desencadearia uma “resposta adequada”. O alerta de hoje veio um dia depois que o Ministério da Defesa da Rússia alegou que a Ucrânia planejava invadir a região separatista depois de encenar uma operação de bandeira falsa. A região se separou da então Moldávia soviética em 1990 e é controlada pelos separatistas da Rússia.
- Putin tenta silenciar o Wagner, grupo de mercenários que luta na guerra: Vários meios de comunicação estatais russos foram instruídos a não citar declarações feitas pelo fundador do grupo mercenário Wagner. Yevgeny Prigozhin, que é um dos associados mais notórios de Vladimir Putin, passou grande parte da última semana criticando publicamente os principais líderes militares da Rússia, acusando-os de "alta traição" e dizendo que eles se recusaram a fornecer munições a ele em uma tentativa de acabar com sua força de combate.
- O plano de paz da Ucrânia para acabar com a guerra: O conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, disse que qualquer “plano de paz” para acabar com o conflito deve envolver a retirada das tropas russas para as fronteiras de 1991. No Twitter, ele disse que um cessar-fogo que resultaria na ocupação contínua do território russo “não é sobre a paz, mas sobre o congelamento da guerra, a derrota da Ucrânia, os próximos estágios do genocídio”.
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