Quem dá as cartas agora? Fed não mexe nos juros, truca o mercado e deixa a mão de ferro para 2024; bolsas reagem com euforia
Como a decisão desta quarta-feira (13) era amplamente esperada, os investidores querem saber como será a próxima rodada da política monetária norte-americana
As cartas da decisão desta quarta-feira (13) estavam sobre a mesa: o Federal Reserve (Fed) manteve a taxa de juros na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano em um movimento que o mercado já precificava há meses — o que estava em jogo era a partida de 2024. A decisão de hoje foi unânime.
E tudo indica que o vencedor só vai ser conhecido em uma melhor de três — marcada para 31 de janeiro, 20 de março e 1 de maio do ano que vem. Acompanhe nossa cobertura ao vivo dos mercados.
Isso porque a maioria esmagadora dos investidores (92,2%) aposta em uma nova manutenção dos juros na primeira reunião de 2024.
Esse percentual muda para março, quando 46,7% enxergam a possibilidade de afrouxamento monetário.
Mas é em maio que as apostas de uma taxa menor ganham força: 83,8% acham que o Fed vai começar a mostrar as cartas e mudar o jogo dos juros altos.
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A mão de 11 do Fed
No truco, existe uma rodada especial chamada mão de 11, que acontece quando se está a um ponto de ganhar o jogo. Nesta rodada, aquele que está com os 11 pontos pode ver as cartas do parceiro.
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No caso da política monetária, o Fed fez questão de mostrar suas cartas para o adversário. O banco central norte-americano ainda joga contra a inflação e disse no comunicado de hoje que embora os preços tenham diminuído, a taxa ainda segue elevada.
"Indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica abrandou face ao ritmo forte registado no terceiro trimestre. Os ganhos de emprego moderaram-se desde o início do ano, mas permanecem fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação diminuiu ao longo do último ano, mas permanece elevada", diz o comunicado.
O documento com a decisão reforça ainda a premissa de que o comitê de política monetária continuará avaliando os dados e suas implicações.
"Ao determinar a extensão de qualquer reforço adicional da política que possa ser apropriado para fazer regressar a inflação a 2% ao longo do tempo, o Comitê levará em conta o aperto cumulativo da política monetária, os desfasamentos com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação, e os efeitos econômicos e desenvolvimentos financeiros", diz o comunicado.
O comitê reforça que está preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme necessário.
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Truco dos juros: o mercado vai pedir 6?
Pelo que parece, sim. Depois do comunicado com a decisão de hoje, o mercado se mostrou disposto a aumentar a aposta no corte de juros.
Assim que a manutenção da taxa foi publicada pelo Fed, Wall Street acelerou a trajetória de alta. O Dow Jones passou a subir 0,62%, aos 36.803,41 pontos; o Nasdaq avançava 0,55%, aos 14.612,67 pontos; e o S&P 500 ganhava 0,62%, aos 4.672,52 pontos.
Os três principais índices de ações de Nova York subiram ainda mais, com o Dow Jones rompendo os 37 mil pontos pela primeira vez, depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, admitiu que o corte de juros pode vir antes de a inflação chegar na meta de 2%.
Acompanhando o movimento de euforia no mercado de ações, os juros projetados pelos títulos de dívida do governo norte-americanos passaram a cair. Os yields da T-note de 2 anos, considerados papéis mais sensíveis às mudanças da política monetária nos EUA, chegaram na mínima do dia, a 4,541%. O movimento foi acompanhado pelo Treasury de dez anos e pelo de 30 anos.
O comportamento do mercado é explicado pelo dot plot, o famoso gráfico de pontos do Fed, que traz as projeções dos membros do comitê de política monetária para o próximo ano.
Segundo o gráfico de pontos, o banco central norte-americano vai cortar os juros pelo menos três vezes em 2024, cada redução de 0,25 ponto percentual (pp). Essa projeção é menor do que o 0,50 pp que parte do mercado projeta, mas é um afrouxamento bem mais agressivo do que as autoridades do Fed vinham sinalizando até então.
O gráfico de pontos com as expectativas individuais dos membros do comitê indica mais quatro cortes em 2025, ou um ponto percentual completo.
Além disso, traz mais três reduções em 2026, o que colocaria os juros na faixa entre 2% e 2,25%, próximo das perspectivas de longo prazo, embora tenha havido uma dispersão considerável nas estimativas para os dois últimos anos.
Os juros e a mão de ferro de Powell
Se, na mão de 11 é possível ver as cartas do parceiro, na mão de ferro, as jogadas acontecem completamente às escuras, sem que nenhum dos jogadores saiba quais são as cartas da partida.
Durante a coletiva, Powell chamou o mercado mais uma vez para uma rodada às escuras em 2024, mas os investidores parece que não aceitaram o convite.
O chefão do Fed insistiu que o banco central norte-americano não está confiante de que a inflação está em uma trajetória de desaceleração, mantendo a porta aberta para um novo aperto monetário caso seja preciso.
"Os membros do comitê não quiseram descartar completamente novos apertos monetários no futuro. O que estamos tentando fazer agora é entender se a política monetária é suficientemente restritiva", disse Powell, acrescentando que sabe que "as pessoas acreditam que é provável que não subiremos mais os juros".
O presidente do Fed alertou ainda que um crescimento mais robusto da economia dos EUA poderia retardar a volta da inflação para a meta de 2%. "O crescimento mais robusto da economia pode significar a necessidade de mais aperto monetário à frente", afirmou.
Embora tenha tentado moderar as expectativas do mercado em torno do corte dos juros, Powell reconheceu que o corte de juros deve ser um assunto para as próximas reuniões.
O valor das cartas — e dos juros
O aumento da aposta de afrouxamento monetário em Wall Street tem motivo. A última reunião de política monetária do ano traz também as projeções econômicas dos membros do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês).
Essas previsões dão uma ideia do valor das cartas que o Fed vai levar para as partidas de 2024 — inclusive para os juros — e, ao que parece, o corte da taxa vem mesmo no ano que vem.
Juros
- 2023: 5,4% de 5,6% previstos em setembro
- 2024: 4,6% de 5,1% previstos em setembro
- 2025: 3,6% de 3,9% previstos em setembro
- 2026: mantido em 2,9%
- Longo prazo: mantido em 2,5%
PIB dos EUA
- 2023: 2,6% de 2,1% previstos em setembro
- 2024: 1,4% de 1,5% previstos em setembro
- 2025: mantido em 1,8%
- 2026: 1,9% de 1,8% previstos em setembro
- Longo prazo: mantido em 1,8%
Inflação medida pelo PCE
- 2023: 2,8% de 3,3% previstos em setembro
- 2024: 2,4% de 2,5% previstos em setembro
- 2025: 2,1% de 2,2% previstos em setembro
- 2026: mantido em 2,0%
- Longo prazo: mantido em 2,0%
Taxa de desemprego
- 2023: mantido em 3,8%
- 2024: mantido em 4,1%
- 2025: mantido em 4,1%
- 2026: 4,1% de 4,0% previstos em setembro
- Longo prazo: mantido em 4,0%
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