Putin vai ficar sem Danone? O que está por trás da decisão da fabricante de iogurte de deixar a Rússia de vez
Na ocasião da invasão da Ucrânia, a Danone suspendeu os projetos de investimentos em território russo, com exceção da produção e distribuição de laticínios in natura e nutrição infantil, e agora pode tomar uma medida ainda mais drástica
O presidente Vladimir Putin pode ficar em breve sem seu iogurte matinal. Isso porque a francesa Danone está reavaliando os negócios na Rússia depois de uma perda milionária.
A empresa informou nesta quarta-feira (26) que registrará uma nova baixa contábil de 200 milhões de euros (cerca de R$ 1 bilhão) em seus negócios na Rússia.
Segundo a Danone, esse impacto de 200 milhões de euros será reconhecido até 31 de dezembro.
A fabricante de iogurtes também fez um "ajuste" de 500 milhões de euros (R$ 2,6 bilhões) em seu balanço devido à desvalorização do rublo em relação ao euro — o que eleva o total de prejuízos relacionados à Rússia para quase 700 milhões de euros (R$ 3,6 bilhões).
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Rússia assume a Danone
O governo russo assumiu neste mês o controle da subsidiária Essential Dairy and Plant-based (EDP), da Danone, juntamente com a participação da cervejaria Carlsberg. Diante disso, a Danone passou a buscar um comprador para os negócios na Rússia.
"A Danone continuará investigando a situação para entender as implicações das decisões das autoridades russas sobre as operações da EDP, bem como sobre o processo de venda em andamento", disse a empresa que também é dona das marcas Activia e Evian.
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Em outubro do ano passado, a Danone disse que estava procurando um comprador para seu negócio de alimentos lácteos na Rússia, que pode levar a uma perda de valor do ativo de até 1 bilhão de euros (R$ 5,6 bilhões).
As empresas que fugiram de Putin
Quando a guerra entre Moscou e Kiev começou, em 24 de fevereiro do ano passado, centenas de empresas deixaram a Rússia — algumas delas alegaram dificuldade de fazer negócios diante das sanções ocidentais, enquanto outras usaram como argumento a própria invasão.
McDonald 's, Apple, British Petroleum, Shell, Volkswagen, Disney, Netflix foram apenas alguns dos grandes nomes que anunciaram a suspensão das atividades na Rússia por conta do conflito.
Na ocasião, a própria Danone informou ter suspendido todos os projetos de investimentos em território russo, com exceção da produção e distribuição de laticínios in natura e nutrição infantil.
Também não é novo o fato de o governo russo se apropriar de empresas estrangeiras depois da guerra. Em abril deste ano, por exemplo, Putin assinou decreto para tomar os ativos de empresas alemãs de energia.
Muito dinheiro envolvido
Se esse movimento de tomada de controle de empresas estrangeiras vai continuar, ainda não se sabe. Isso porque o governo russo leva em consideração o que acontece com os cerca de 300 bilhões de euros em ativos do banco central congelados no Ocidente.
Além disso, as autoridades temem perder a atuação crucial desempenhada pelas empresas ocidentais em muitos setores da economia do país.
Também vale lembrar que a Rússia tem interesse em encontrar novas fontes de arrecadação para o orçamento, em meio à queda na receita das exportações de fontes de energia e ao aumento vertiginoso dos gastos militares, que elevaram o déficit fiscal para US$ 42 bilhões no acumulado de 2023.
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*Com informações do Financial Times e da Reuters
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