Bolsa da Argentina já subiu mais que o dobro do Ibovespa em 2023 — mas você não deveria se deixar levar pelo ‘ouro de tolo’; entenda
O índice Merval, principal índice da bolsa argentina, sobe incríveis 175,64% em 2023 até o fechamento da última quarta-feira (27)

Pirita. Este é o nome popular dado ao dissulfeto de ferro, mais conhecido como “ouro de tolo”. Isso porque, diferentemente do metal precioso, esse material específico pode até reluzir em dourado — mas não tem valor comercial. Essa analogia geológica também se aplica à bolsa Argentina, que pode até brilhar mais do que a brasileira — mas…
Em primeiro lugar, é preciso colocar um ao lado do outro, assim como os mineradores, para entender suas semelhanças e diferenças.
O índice Merval, principal índice da bolsa argentina, sobe incríveis 175,64% em 2023 até o fechamento da última quarta-feira (27). Para efeitos de comparação, o Ibovespa, equivalente brasileiro, avança só 7,17%.
Essas comparações são em peso argentino e real, o que gera distorções. Mas mesmo utilizando o dólar como referência, a distância entre ambos é grande: o Merval sobe 39,47% enquanto o Ibovespa avança 14,17% em 2023.
Isso quer dizer que a pirita — digo, a bolsa — argentina é melhor do que a brasileira?
Argentina e Brasil: principais diferenças
Para Danielle Lopes, analista da Nord, que fez o levantamento em uma das newsletters da casa, existem alguns fatores que explicam a disparada do Merval.
Leia Também
Ela explica que o país está antecipando um movimento de mudança política na Argentina, que terá eleições em outubro deste ano. Vale lembrar que a vitória do candidato de extrema-direita, Javier Milei, nas primárias foi um dos motivos que levou a bolsa a disparar.
Milei tem uma linha mais liberal na economia, pregando a redução do Estado e a privatização de empresas públicas, o que explica a preferência do mercado — apesar de sua figura excêntrica.
Ainda que ele não vença, a segunda colocada nas primárias, Patricia Bullrich, conhecida como “dama de ferro”, também é uma das queridinhas do mercado.
Sergio Massa, atual ministro da economia e herdeiro do atual presidente Alberto Fernandez — de linha mais “mão aberta” para as contas públicas —, aparece em terceiro.
Há ‘salvação’ para a Casas Bahia (BHIA3)? Analistas indicam outra ação do varejo que pode se beneficiar da derrocada de VIIA3. Confira:
Bolsa argentina: concentrada e pouco líquida
Indo um pouco mais a fundo, o índice Merval é concentrado em cerca de 23 ativos, como explica Gabriel Ribeiro, trader do banco de câmbio brasileiro Braza Bank, e que acompanha o mercado argentino.
“Os ativos com maior peso são petrolíferas, empresas relacionadas a commodities e o setor financeiro, que tiveram um bom desempenho recentemente devido aos incentivos do governo”, diz Ribeiro.
A Argentina vem sendo obrigada a desvalorizar o seu câmbio como parte de um acordo feito com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para o pagamento da dívida. Apesar da perda de poder de compra da população, esse mecanismo financeiro tende a aumentar as exportações.
Já na parte do setor financeiro, Sergio Massa, o ministro da Economia, vem realizando uma série de cortes de impostos e estimulando diversos programas assistencialistas — o que tem acelerado a deterioração das contas públicas, mas tem chances de colocá-lo em um eventual segundo turno, segundo analistas locais.
Por fim, a bolsa argentina tem menos liquidez do que o Ibovespa. São 23 empresas no índice Merval contra 86 no brasileiro, o que tende a aumentar a volatilidade. Em outras palavras, qualquer movimento em grupo de ações têm potencial de mexer com o Merval.
Crise financeira — e nem a renda fixa se salva
É preciso dizer também que a Argentina vive uma profunda crise econômica. A inflação está acima dos 110% ao ano, e as projeções dão conta de que possa se aproximar dos 170% até o final de 2023.
Isso fez com que o Banco Central do país elevasse a taxa de juros para 118% ao ano. O investidor pode se perguntar se ativos de renda fixa — supostamente mais seguros do que investimentos em bolsa — seriam uma boa ideia.
Afinal, com essas taxas, os títulos argentinos garantem uma grande remuneração. Certo?
Lembre: “nem tudo que reluz é ouro”.
Na ponta do lápis: não vale a pena investir em renda fixa argentina
A inflação elevada abocanha uma grande parcela dos rendimentos. “O juro real da Argentina não é tão grande quanto parece”, explica Ribeiro. “A moeda desvalorizou 54% no ano. Sem contar a desvalorização do peso, um retorno de 18% com um risco absurdo de default [calote].”
Isso porque o país vive com uma chance constante de dar um calote na dívida — ou seja, o investidor pode acabar de mãos vazias. “Acredito que o investimento na Argentina seja para um investidor bem arrojado”, comenta.
Em resumo, o investidor precisa estar disposto a correr riscos elevados se quiser garantir o ouro argentino e passar sua carteira de ações por uma peneira fina antes de alocar seus recursos na bolsa argentina. Caso contrário, é capaz de encontrar algumas piritas pelo caminho.
Com ou sem feriado, Trump continua sendo o ‘maestro’ dos mercados: veja como ficaram o Ibovespa, o dólar e as bolsas de NY durante a semana
Possível negociação com a China pode trazer alívio para o mercado; recuperação das commodities, especialmente do petróleo, ajudaram a bolsa brasileira, mas VALE3 decepcionou
Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo
O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
“Liquidem agora”, ordena Milei. A decisão da Argentina que deve favorecer o Brasil
A determinação do governo argentino pode impactar os preços globais de commodities agrícolas e beneficiar as exportações brasileiras no curto prazo
Malbec World Day: 10 rótulos para apreciar o vinho favorito dos brasileiros
De passaporte francês e alma argentina, a uva ainda é uma das mais cultivadas da Argentina e ganha cada vez mais adeptos por aqui
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Como fica a bolsa no feriado? Confira o que abre e fecha na Sexta-feira Santa e no Dia de Tiradentes
Fim de semana se une à data religiosa e ao feriado em homenagem ao herói da Inconfidência Mineira para desacelerar o ritmo intenso que tem marcado o mercado financeiro nos últimos dias
Rodolfo Amstalden: Escute as feras
As arbitrariedades tarifárias de Peter “Sack of Bricks” Navarro jogaram a Bolsa americana em um dos drawdowns mais bizarros de sua longa e virtuosa história
Taxa das blusinhas versão Trump: Shein e Temu vão subir preços ainda este mês para compensar tarifaço
Por enquanto, apenas os consumidores norte-americanos devem sentir no bolso os efeitos da guerra comercial com a China já na próxima semana — Shein e Temu batem recordes de vendas, impulsionadas mais pelo medo do aumento do que por otimismo
Nas entrelinhas: por que a tarifa de 245% dos EUA sobre a China não assustou o mercado dessa vez
Ainda assim, as bolsas tanto em Nova York como por aqui operaram em baixa — com destaque para o Nasdaq, que recuou mais de 3% pressionado pela Nvidia
Deu ruim para Automob (AMOB3) e LWSA (LWSA3), e bom para SmartFit (SMFT3) e Direcional (DIRR3): quem entra e quem sai do Ibovespa na 2ª prévia
Antes da carteira definitiva entrar em vigor, a B3 divulga ainda mais uma prévia, em 1º de maio. A nova composição entra em vigor em 5 de maio e permanece até o fim de agosto
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Depois de derreter mais de 90% na bolsa, Espaçolaser (ESPA3) diz que virada chegou e aposta em mudança de fornecedor em nova estratégia
Em seu primeiro Investor Day no cargo, o CFO e diretor de RI Fabio Itikawa reforça resultados do 4T24 como ponto de virada e divulga plano de troca de fornecedor para reduzir custos
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25
Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump
Vai dar para ir para a Argentina de novo? Peso desaba 12% ante o dólar no primeiro dia da liberação das amarras no câmbio
A suspensão parcial do cepo só foi possível depois que o governo de Javier Milei anunciou um novo acordo com o FMI no valor de US$ 20 bilhões
Bolsas perdem US$ 4 trilhões com Trump — e ninguém está a salvo
Presidente norte-americano insiste em dizer que não concedeu exceções na sexta-feira (11), quando “colocou em um balde diferente” as tarifas sobre produtos tecnológicos
Alívio na guerra comercial injeta ânimo em Wall Street e ações da Apple disparam; Ibovespa acompanha a alta
Bolsas globais reagem ao anúncio de isenção de tarifas recíprocas para smartphones, computadores e outros eletrônicos