O FGTS vai passar a render mais? Veja 10 perguntas e respostas sobre o julgamento do STF que pode mudar a correção do fundo de garantia
Recursos depositados no fundo de garantia podem passar a ser corrigidos pela inflação, o que beneficia o trabalhador; veja quem teria direito
A sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) da tarde desta quinta-feira (20) pode mudar de forma significativa a remuneração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FGTS, reserva à qual têm direito os trabalhadores brasileiros com carteira assinada.
A Suprema Corte começou hoje a julgar uma ação que questiona o uso da Taxa Referencial (TR) como índice oficial de correção do fundo de garantia e pede a sua substituição por um indicador de inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
- Não dê dinheiro à Receita Federal à toa: você pode estar deixando de receber uma boa restituição do Imposto de Renda por algum equívoco na hora da declaração. Clique aqui e baixe GRATUITAMENTE um guia completo para não errar em nada na hora de acertar as contas com o Leão.
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) aberta pelo partido Solidariedade (SD) já tramita no Supremo desde 2014 e já foi retirada da pauta do plenário três vezes.
Ela questiona a constitucionalidade do uso da TR como índice de correção monetária neste caso, uma vez que, desde 1999, o indicador perde sistematicamente dos principais índices de inflação, tendo inclusive permanecido zerado durante vários anos recentemente.
A alegação, assim, é de que as reservas dos trabalhadores depositadas no FGTS ficam sujeitas a perder seu poder de compra, rendendo abaixo da inflação.
Caso o STF julgue a ação procedente, a remuneração do fundo de garantia deve mudar, podendo passar a ser corrigida por um índice de preços e finalmente ficar atrelada à inflação.
Leia Também
Nesta quinta-feira, os ministros André Mendonça e Luís Roberto Barroso proferiram seus votos, manifestando entendimento de que a remuneração do fundo de garantia não pode ser inferior à da caderneta de poupança. O julgamento foi suspenso no fim da tarde e continua na próxima quinta-feira (27).
A questão é que uma mudança dessa proporção naturalmente causaria um forte impacto nas contas públicas - algo que o governo tem tentado evitar a todo custo; ao mesmo tempo, seria uma grande vitória para os trabalhadores celetistas, que veriam o poder de compra do seu FGTS finalmente preservado contra a alta generalizada dos preços.
Mas quais as reais chances de tal mudança ocorrer? Quem teria direito à nova forma de remuneração? E a partir de quando ela passaria a valer, dado que a TR já vem perdendo da inflação há tantos anos? Reuni abaixo as principais perguntas e respostas sobre o tema:
1. Qual a rentabilidade atual do FGTS?
O FGTS atualmente rende 3% ao ano mais TR, além de distribuir aos trabalhadores, desde 2017, parte dos seus lucros, o que tem compensado, ao menos parcialmente, a perda da rentabilidade para a inflação.
Antes de 2017, porém, o fundo de garantia perdeu da inflação sistematicamente, principalmente se considerarmos que a TR permaneceu zerada ou muito próxima de zero de 2009 a 2013.
Adicionalmente, não há garantia alguma de que os lucros distribuídos pelo fundo sejam sempre suficientes para compensar a inflação, além do que a função dessa distribuição não é servir como correção monetária.
Em 2019, por exemplo, o retorno do FGTS, já incluída a distribuição de lucros, foi de 4,90%, acima do IPCA, que foi de 4,31%. Mas em 2021, o fundo não conseguiu bater a inflação oficial, tendo rendido 5,83%, ante um IPCA de mais de 10%.
2. Como deve ficar a rentabilidade do FGTS caso a ação seja considerada procedente pelo STF?
Caso o STF julgue procedente a ADI que questiona o uso da TR, esta deve ser substituída por um índice inflacionário - o proposto na ação é o INPC, mas também é possível que seja o IPCA.
O INPC mede a variação de preços de uma cesta de consumo típica da população que ganha de um a cinco salários mínimos, enquanto o IPCA é mais abrangente, pegando a faixa de um a 40 salários mínimos. Ambos os índices, porém, são fortemente correlacionados.
Assim, a princípio, a rentabilidade do FGTS passaria a ser de 3% ao ano mais INPC, mais os lucros distribuídos, o que seria bem mais vantajoso ao trabalhador por eliminar o risco de as reservas acabarem perdendo da inflação.
3. Quais os possíveis desfechos do julgamento de hoje?
Há dois desfechos possíveis: o STF a julgar a ação improcedente, o que manteria a situação atual, ou procedente, considerando que de fato a correção do FGTS pela TR não é adequada.
Em seguida, o Supremo deverá decidir qual será o prazo prescricional, ou seja, a partir de que momento será válida a nova correção. Porém, essa decisão pode não ser tomada ainda durante o julgamento.
4. Quais as chances de a ação ser julgada procedente pelo STF?
Especialistas consideram a chance elevada. Victor Gadelha, especialista em direito tributário e fundador da Easy Legal, plataforma online que facilita para qualquer pessoa entrar com uma ação judicial, lembra que o Supremo já “considerou a TR inconstitucional como índice de correção monetária em outras situações, como no caso de débitos trabalhistas e contra a Fazenda Pública [precatórios].”
Em ambos os casos, o índice proposto para substituir a TR foi o IPCA.
5. Quais os impactos financeiros da mudança?
Um dos possíveis entraves a uma decisão favorável aos trabalhadores é o possível impacto da mudança nas contas públicas, justamente num momento em que o governo federal se vê obrigado a conter os gastos e aumentar a arrecadação.
Em manifestação enviada ao STF na última segunda-feira, a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou uma estimativa de impacto nos cofres públicos de R$ 661 bilhões.
6. Quem teria direito à nova forma de correção do FGTS?
Uma eventual mudança na correção da rentabilidade do FGTS valeria para todos os trabalhadores com carteira assinada, impactando a remuneração de cerca de 117 milhões de contas no fundo de garantia.
Os recursos advindos da mudança seriam depositados na conta do trabalhador no FGTS e ficariam sujeitos às regras de saque do fundo de garantia.
A grande questão, porém, é a partir de quando a alteração passaria a valer, e aqui entra a questão do prazo prescricional a ser definido pelo STF. A mudança pode ou não ser retroativa e, se for, o Supremo precisa definir a partir de quando.
VEJA TAMBÉM - Fugi do país para escapar de uma montanha de dívidas, meus credores podem me perseguir?
Confira o episódio desta semana do quadro A Dinheirista, em que a repórter Julia Wiltgen resolve esse e mais casos cabeludos envolvendo dinheiro. Confira:
7. A partir de quando a correção pela inflação pode passar a valer?
Segundo Victor Gadelha, há algumas teses nesse sentido sendo defendidas no meio jurídico que podem ser caminhos possíveis para o STF. Há quem defenda que a troca de índice de correção monetária deveria valer desde 1999. Outra possibilidade é que o Supremo aplique o prazo prescricional previsto no Código Civil, que é de dez anos.
Para Gadelha, a chance mais alta é de que o STF faça a chamada modulação, que é o que costuma ocorrer em julgamentos de grande impacto econômico. Em outras palavras, o Supremo deve estabelecer uma data para a troca do indexador começar a valer, que pode ser até uma data futura.
Mas, em geral, diz o tributarista, a data do julgamento é delimitada como aquela que deve começar a produzir os efeitos da decisão.
Quem entrou com alguma ação na Justiça antes da data do julgamento questionando a validade da TR como índice de correção monetária para o seu FGTS deve, no entanto, conseguir uma retroatividade maior, obtendo a correção mesmo para valores do passado.
“Normalmente o STF protege contra a modulação quem entrou com ação até a data do julgamento”, explica.
Desde que o Solidariedade entrou com a ADI, há quase dez anos, tem havido uma corrida para a abertura de ações individuais e coletivas de trabalhadores que buscam se beneficiar o máximo possível de uma eventual decisão favorável aos trabalhadores.
8. Os efeitos da decisão seriam imediatos?
Muito provavelmente não. Segundo Victor Gadelha, a Caixa não deve aplicar o novo índice de correção imediatamente, pois deve esperar o trânsito em julgado, o que pode levar até dois anos.
“Hoje o Supremo decide apenas o mérito da questão, não fala nada sobre modulação. Esta só deve ser abordada durante o julgamento dos embargos, o que pode acontecer dentro de seis meses a um ano, podendo chegar a dois anos”, explica.
Isso significa que, para os trabalhadores que não entrarem com ação na Justiça, a nova correção, pela inflação, só passaria a ser aplicada após este prazo.
9. Ainda dá tempo de entrar com uma ação para corrigir meu FGTS pela inflação?
Sim. Caso o STF de fato julgue a medida procedente, quem entrar com uma ação daqui para frente não consegue corrigir seu fundo de garantia retroativamente, mas é capaz de garantir pelo menos a correção entre a data do julgamento e o trânsito em julgado, mesmo que a Caixa espere todo o processo terminar para começar a aplicar o novo índice.
“Todos os trabalhadores vão se beneficiar em alguma medida, mas quem tiver entrado com uma ação vai se beneficiar mais”, explica Gadelha.
10. Como entrar com uma ação na Justiça para questionar a correção do FGTS?
Têm direito a pedir a mudança na correção todos os trabalhadores que tiveram depósitos feitos em seu nome no FGTS desde 1999, ainda que já tenham sacado os recursos, não tenham mais carteira assinada ou já estejam aposentados.
As exceções são os servidores públicos, quem trabalhou como empregado doméstico antes de 2015, trabalhadores avulsos e estagiários.
Para entrar com uma ação, é preciso ter em mãos seus extratos de todas as contas do FGTS, ativas ou inativas, desde 1999, para fazer os cálculos de quanto você teria direito de receber.
É possível entrar com uma ação individual, com o auxílio de um advogado, ou ingressar em uma ação coletiva, como muitas já existentes movidas, por exemplo, por sindicatos e classes profissionais.
*Com informações da Agência Brasil.
Azeite a peso de ouro: maior produtora do mundo diz que preços vão cair; saiba quando isso vai acontecer e quanto pode custar
A escassez de azeite de oliva, um alimento básico da dieta mediterrânea, empurrou o setor para o modo de crise, alimentou temores de insegurança alimentar e até mesmo provocou um aumento da criminalidade em supermercados na Europa
Está com pressa por quê? O recado do chefão do BC dos EUA sobre os juros que desanimou o mercado
As bolsas em Nova York aceleraram as perdas e, por aqui, o Ibovespa chegou a inverter o sinal e operar no vermelho depois das declarações de Jerome Powell; veja o que ele disse
A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas
As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?
Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira
Bets livres? Sites de apostas driblam bloqueios da Anatel; STF e clubes defendem regulamentação
Na outra ponta, entidades de defesa do consumidor alertam para o vício que leva ao comprometimento da renda de quem joga
A Argentina dos sonhos está (ainda) mais perto? Dólar dá uma trégua e inflação de outubro é a menor em três anos
Por lá, a taxa seguiu em desaceleração em outubro, chegando a 2,7% em base mensal — essa não é apenas a variação mais baixa até agora em 2024, mas também é o menor patamar desde novembro de 2021
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Stuhlberger compra bitcoin (BTC) na véspera da eleição de Trump enquanto o lendário fundo Verde segue zerado na bolsa brasileira
O Verde se antecipou ao retorno do republicano à Casa Branca e construiu uma “pequena posição comprada” na maior criptomoeda do mundo antes das eleições norte-americanas
Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta
Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa
Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA
A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
Collor escapou da prisão? Pedido de ministro do STF adia conclusão de caso que poderia colocar o ex-presidente atrás das grades
Graças ao destaque de André Mendonça, o caso deve ir ao plenário presencial do STF, dando tempo ao ex-presidente
7% ao ano acima da inflação: 2 títulos públicos e 10 papéis isentos de IR para aproveitar o retorno gordo da renda fixa
Com a alta dos juros, taxas da renda fixa indexada à inflação estão em níveis historicamente elevados, e em títulos privados isentos de IR já chegam a ultrapassar os 7% ao ano + IPCA
Carne com tomate no forno elétrico: o que levou o IPCA estourar a meta de inflação às vésperas da saída de Campos Neto
Inflação acelera tanto na leitura mensal quanto no acumulado em 12 meses até outubro e mantém pressão sobre o BC por mais juros
Você quer 0 a 0 ou 1 a 1? Ibovespa repercute balanço da Petrobras enquanto investidores aguardam anúncio sobre cortes
Depois de cair 0,51% ontem, o Ibovespa voltou ao zero a zero em novembro; índice segue patinando em torno dos 130 mil pontos
O que comprar no Tesouro Direto agora? Inter indica títulos públicos para investir e destaca ‘a grande oportunidade’ nesse mercado hoje
Para o banco, taxas como as que estamos vendo atualmente só ocorrem em cenários de estresse, que não ocorrem a todo momento
Com Trump pedindo passagem, Fed reduz calibre do corte de juros para 0,25 pp — e Powell responde o que fará sob novo governo
A decisão acontece logo depois que o republicano, crítico ferrenho do banco central norte-americano, conseguiu uma vitória acachapante nas eleições norte-americanas — e na esteira de dados distorcidos do mercado de trabalho por furacões e greves
Jogando nas onze: Depois da vitória de Trump, Ibovespa reage a Copom, Fed e balanços, com destaque para a Petrobras
Investidores estão de olho não apenas no resultado trimestral da Petrobras, mas também em informações sobre os dividendos da empresa
Trump vai fazer os juros caírem na marra? Fed deve cortar a taxa hoje, mas vai precisar equilibrar pratos com a volta do republicano à Casa Branca
Futuro de Jerome Powell à frente do BC norte-americano está em jogo com o novo governo, por isso, ele deve enfrentar uma enxurrada de perguntas sobre a eleição na coletiva desta quinta-feira (7)