Câmara aprova tributação de fundos exclusivos e offshores com várias alterações, inclusive para fundos imobiliários e fiagros; veja o que mudou
Número de cotistas para manter FIIs e fiagros isentos de IR foi fixado em 100; tributação de fundos exclusivos e offshores foi equiparada em 15%
A Câmara dos Deputados aprovou, na noite da última quarta-feira (25), o projeto de lei que muda a tributação de fundos exclusivos e offshores de modo a antecipar a cobrança de imposto de renda nesses veículos de investimentos muito utilizados por famílias de maior patrimônio.
Inicialmente prevista para terça-feira (24), a votação do projeto, que trancava a pauta da Câmara desde o dia 14, foi adiada para esta quarta. A aprovação ocorreu no dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a nomeação de Carlos Antônio Vieira Fernandes para a presidência da Caixa Econômica Federal. Ele entra no lugar de Rita Serrano, que deixou o cargo.
Foram rejeitados todos os destaques, mas o texto aprovado, que teve 323 votos a favor e 119 contra, sofreu várias alterações em relação à proposta original. Agora, o PL segue para votação no Senado.
O que mudou em relação à proposta original do governo
Entre as mudanças, foi elevada de 6% para 8% a alíquota de IR para quem quiser antecipar, tanto nos fundos exclusivos como nas offshores, a atualização de valor dos rendimentos acumulados até agora. Originalmente, o governo tinha proposto 10%.
Além disso, o relator do projeto na Câmara, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) fixou uma alíquota linear de 15% sobre os rendimentos das offshores, para igualar sua tributação à dos fundos exclusivos classificados como de longo prazo.
O governo originalmente tinha proposto alíquotas progressivas de 0% a 22,5% para as offshores, que aumentariam conforme os rendimentos anuais.
Leia Também
Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta
O relator, no entanto, alegou que a diferença de alíquotas entre os fundos exclusivos de longo prazo (15%) e os 22,5% para as offshores geraria o efeito contrário do que o governo pretendia e provocaria fuga de capitais do Brasil, com mudanças de domicílio fiscal entre os mais ricos.
- Felipe Miranda, CEO do Grupo Empiricus, lança projeto com foco em formar investidores partindo do zero rumo às estratégias mais avançadas do mercado, usadas por grandes gestores; veja como participar
Finalmente, após muita discussão, foi elevado de 50 para 100 o número mínimo de cotistas que um fundo imobiliário ou fiagro deve ter para que seus rendimentos (dividendos) sejam isentos de imposto de renda.
O governo havia proposto um mínimo de 500 cotistas e, na semana passada, fez uma contraproposta de 300 cotistas. A ideia é evitar que uma ou poucas famílias abastadas utilizem esses fundos para receber rendimentos isentos de IR indefinidamente de seus investimentos imobiliários.
O relator, deputado Pedro Paulo, acabou fechando um acordo com a bancada ruralista, que se opunha à alteração da regra para os fiagros, para bater o martelo em 100 cotistas.
Ele também criou uma trava para limitar as cotas de membros de uma mesma família a 30% do patrimônio líquido do fundo, incluindo parentes de segundo grau.
Pedro Paulo também acatou uma sugestão para que empresas que operem no país com ativos virtuais, independentemente do domicílio, passem a ser obrigadas a fornecer informações periódicas de suas atividades e de seus clientes à Receita Federal e ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão que combate a lavagem de dinheiro.
O que o texto aprovado na Câmara propõe agora para a tributação de fundos exclusivos, offshore, imobiliários e fiagros
Como dito anteriormente, o texto aprovado na Câmara agora segue para o Senado. Se não sofrer mais alterações na Casa, as novas regras ficariam da seguinte maneira:
Fundos exclusivos
Atualmente, os fundos exclusivos já são tributados de acordo com a tabela regressiva dos fundos de investimento abertos, aquela cujas alíquotas variam de 22,5% a 20% ou 15%, a depender do prazo de aplicação e do tipo de fundo, se de curto ou longo prazo.
Mas como não têm come-cotas, essa tributação só ocorre no resgate. Como são instrumentos personalizados, voltados para apenas um ou poucos cotistas de uma mesma família, é possível evitar os resgates tanto quanto possível e, com isso, praticamente nunca pagar imposto.
Atualmente, cerca de 2,5 mil brasileiros aplicam nesses fundos, que acumulam patrimônio de R$ 756,8 bilhões e respondem por 12,3% da indústria de fundos no país.
A intenção do governo é igualar a tributação dos fundos exclusivos à dos demais fundos abertos, acessíveis pelo público geral, como os de renda fixa e multimercados oferecidos por bancos e plataformas de investimento.
Assim, os fundos exclusivos passariam a ficar sujeitos ao come-cotas, que nada mais é que uma antecipação do IR sobre os rendimentos do fundo sem que tenha havido resgate, cobrada semestralmente nos meses de maio e novembro.
Além disso, os cotistas de fundos exclusivos que toparem antecipar o pagamento do imposto sobre os rendimentos auferidos antes de a nova regra entrar em vigor pagarão uma alíquota de apenas 8%, mais baixa que a menor alíquota da tabela regressiva (15% ou 20%, a depender da classificação do fundo).
Veja, em resumo, o que estabelece o texto aprovado na Câmara:
- Instrumento: originalmente era medida provisória, mas texto foi incorporado a projeto de lei;
- Como é hoje: tributação apenas no momento do resgate do investimento;
- Tributação proposta: alíquota de 15% (fundos de longo prazo) ou de 20% (fundos de curto prazo, de até um ano) de Imposto de Renda sobre os rendimentos uma vez a cada semestre por meio do mecanismo chamado “come-cotas” a partir do ano que vem. Fundos com maiores prazos de aplicação têm alíquotas mais baixas por causa da tabela regressiva de Imposto de Renda;
- Atualização antecipada: quem optar por começar a pagar o come-cotas em 2023 pagará 8% sobre o estoque dos rendimentos (tudo o que rendeu até 2023). O governo propôs dois modelos de pagamento: 8% para quem parcelar em quatro vezes, com a primeira prestação a partir de dezembro. Na medida provisória, o governo tinha proposto alíquota de 10% nessa situação; 15% para quem parcelar em 24 vezes (dois anos), com primeira prestação a partir de maio de 2024.
Offshores
Em relação à taxação das offshores, o governo quer instituir a tributação de trusts, instrumentos pelos quais os investidores entregam os bens para terceiros administrarem. Atualmente, os recursos no exterior são tributados apenas se e quando o capital retorna ao Brasil. O governo estima em pouco mais de R$ 1 trilhão (pouco mais de US$ 200 bilhões) o valor aplicado por pessoas físicas no exterior.
Veja, em resumo, o que estabelece o texto aprovado na Câmara:
- Instrumento: projeto de lei;
- Como é hoje: recursos investidos em offshores, empresas no exterior que abrigam fundos de investimento, só pagam 15% de imposto de renda sobre ganho de capital se voltarem ao Brasil;
- Tributação proposta: 15% de cobrança anual de rendimentos a partir de 2024, mesmo se dinheiro ficar no exterior. Governo tinha proposto alíquotas progressivas de 0% a 22,5%, conforme os rendimentos anuais;
- Apuração: lucros das offshores serão apurados até 31 de dezembro de cada ano;
- Forma de cobrança: tributação dos trusts, relação jurídica em que dono do patrimônio transfere bens para terceiros administrarem;
- Como funcionam os trusts: atualmente, legislação brasileira não trata dessa modalidade de investimento, usada para reduzir o pagamento de tributos por meio de elisão fiscal (brechas na legislação) e facilitar distribuição de heranças em vida;
- Atualização antecipada: quem optar por atualizar o valor do estoque dos rendimentos (tudo o que rendeu até 2023) pagará menos. Nesse caso, a adesão é voluntária. O governo propôs dois modelos de pagamento: 8% para quem parcelar em quatro vezes, com a primeira prestação a partir de dezembro. Na medida provisória, o governo tinha proposto alíquota de 10% nessa situação; 15% para quem parcelar em 24 vezes (dois anos), com primeira prestação a partir de maio de 2024.
- Variação cambial: lucro com alta do dólar não será tributado em duas situações: variação cambial de depósitos em conta-corrente, em cartão de crédito ou débito no exterior, desde que os depósitos não sejam remunerados; variação cambial para vendas de moeda estrangeira no valor de até US$ 5 mil por ano.
Petróleo, Guerra, Petrobras: Melhor que Petrobras (PETR4): ação pode subir até 70% com alta do petróleo na guerra Israel-Hamas
Fiagros e fundos de investimentos imobiliários (FII)
- Como é hoje: fundos com pelo menos 50 cotistas e com cotas negociadas na bolsa de valores ou em mercados de balcão de derivativos podem ter isenção de imposto de renda sobre os rendimentos distribuídos pelo fundo;
- O que muda: para obter isenção de IR, número mínimo de cotistas sobe para 100, com limite de cotas entre familiares a 30% do patrimônio líquido total, incluindo parentes até o segundo grau. Receita Federal tinha proposto 500 cotistas, depois reduziu proposta para 300.
Impacto da tributação de fundos exclusivos e offshores na arrecadação
As mudanças propostas no projeto de lei aprovado na Câmara devem fazer o governo arrecadar menos que o previsto. Pela proposta original, o governo tinha a pretensão de reforçar o caixa em R$ 20 bilhões em 2024 e em até R$ 54 bilhões até 2026. A equipe econômica ainda não divulgou uma estimativa de receitas com as novas votações.
O governo precisa reforçar o caixa em R$ 168 bilhões para cumprir a meta de zerar o déficit primário em 2024, conforme estipulado pelo novo arcabouço fiscal, aprovado no fim de agosto pelo Congresso. A tributação fundos exclusivos e offshores representa uma das medidas mais importantes para obter receitas.
Com Estadão Conteúdo.
Agenda fraca deixa Ibovespa a reboque de Wall Street, mas isso não espanta a possibilidade de fortes emoções na bolsa
Andamento da temporada de balanços nos EUA e perspectivas para o rumo dos juros pesam sobre as bolsas em Nova York
Em ano difícil para os Fiagros, fundo com menos de 500 cotistas salta 23% e registra o maior retorno de 2024
Considerando 39 fundos do tipo atualmente em funcionamento na CVM e outros três em fase pré-operacional, apenas oito têm retorno positivo em 2024
Fiagro despenca 6% na bolsa após zerar dividendos em meio à recuperação judicial da Agrogalaxy; fundo investe em CRA da companhia
O CPTR11 acumulou um resultado negativo após remarcar o título e provisionar 50% do valor de exposição ao CRA em questão
Fiagros: crise no agro é oportunidade de compra das cotas ou o melhor é ficar longe? Analista é direto e reto na resposta
Depois do crescimento acelerado dos Fiagros impulsionado pelas safras de 2021 e 2022, categoria enfrenta a primeira crise; veja o que fazer, segundo analista
Por que o Fiagro da Itaú Asset (RURA11) sobe na B3 hoje mesmo diante das preocupações em relação a calotes de CRAs
O desempenho negativo do fundo na semana acompanhou temores sobre a exposição do Fiagro a dois certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) inadimplentes
Do ‘Pix dos investimentos’ a oportunidades no agro e no futebol: as possibilidades do Open Capital Markets, segundo o presidente da CVM
Em entrevista ao Seu Dinheiro, o presidente da autarquia, João Pedro Nascimento, destrinchou a agenda do Open Capital Markets, iniciativa que visa a atrair mais investidores e emissores para o mercado de capitais, na esteira do Open Finance
Uma semana de ouro: Depois de salto das bolsas da China, investidores miram dados de emprego nos EUA em dia de agenda fraca no Brasil
Ibovespa acumulou queda de pouco mais de 3% em setembro, mas agenda fraca por aqui tende a deixar a bolsa brasileira a reboque de Wall Street
Vem Fiagro multimercado: CVM enfim publica novas regras para fundos de investimento no agronegócio; confira o que vai mudar
Segundo a autarquia, a norma para os Fiagros entrará em vigor em 3 de março de 2025 e o Seu Dinheiro havia antecipado a notícia para você
Wake me up when september ends
Até aqui, setembro tem sido um mês desafiador para os FIIs. Quais lições e oportunidades podemos tirar do período?
A promessa será cumprida: nova regulação dos fiagros sai mesmo em setembro, garante presidente da CVM; veja o que deve mudar
Novas regras devem sair na próxima segunda-feira (30) e ampliam as possibilidades de investimento dos fiagros, incluindo ativos verdes
Barrados no baile: Ibovespa passa ao largo da euforia em Wall Street com juros em direções opostas no Brasil e nos EUA
Projeções de juros ainda mais altos no futuro próximo pressionam as taxas dos DIs e colocam o Ibovespa em desvantagem em relação a outras bolsas
XP retoma negociações de fiagros expostos à AgroGalaxy; outros fundos com CRAs da companhia caem forte na B3
Em meio à crise, a XP Investimentos chegou a suspender temporariamente as negociações de cinco fundos expostos à companhia negociados em ambiente de balcão
Dividendos dos Fiagros superam os de fundos imobiliários e batem a Selic, diz Guide, que indica o favorito para investir
De acordo com a corretora, a classe está em recuperação graças ao fim do ciclo de cortes na Selic e a queda do real
Fiagro salta mais de 30% e registra o maior retorno do ano; confira o ranking dos fundos agro mais rentáveis de 2024 até agora
De acordo com um levantamento da Quantum FInance, oito fundos da classe acumulam um retorno positivo neste ano
Fundos imobiliários de papel e fiagros escapam de taxação na reforma tributária, enquanto FIIs de tijolo terão de escolher entre duas opções
Os FIIs de tijolo são chamados assim por investirem em ativos reais como galpões, shoppings e escritórios
Governo vai taxar fundos imobiliários e fiagros? Novo imposto pode afetar dividendos e provoca queda nas cotas dos FIIs
Segundo informações da imprensa, a ideia do governo é taxar a receita dos fundos, mas deputados refutaram a tributação
Como uma operação da polícia federal deve afetar os dividendos de dois fiagros com mais de 40 mil cotistas
Os proventos do AZ Quest Sole (AAZQ11) e do AZ Quest negociado na Cetip, devem ser afetados pelos desdobramentos de uma operação deflagrada na semana passada
B3 passa a permitir portabilidade digital entre corretoras de ativos negociados em bolsa, como ações, ETFs e fundos imobiliários
A portabilidade de investimentos já era possível, mas era um processo totalmente manual; agora, 15 corretoras já permitem a portabilidade digital de ativos negociados em bolsa, como ações
Investir em fiagros compensa? O que esperar dos fundos do agronegócio, um segmento cheio de desafios, mas que continua a crescer
Idalicio Silva, gestor responsável pela estratégia agro da AZ Quest, traça as perspectivas para os fiagros no podcast Touros e Ursos
Mesmo com calotes, indústria de Fiagros dobra e alcança R$ 38 bilhões em patrimônio
A maior parte desses recursos, ou cerca de R$ 17,2 bilhões, está aplicada nos fundos agro voltados ao mercado imobiliário