Plano de recuperação da Light (LIGT3) é bem recebido pelo mercado, mas grupo importante de credores defende que acionistas também paguem a conta
Um comitê que representa investidores que emprestaram R$ 5 bilhões à empresa espera um novo plano que divida entre debenturistas e acionistas o ônus do reequilíbrio da companhia
O plano de recuperação judicial apresentado na última sexta-feira (14) pela Light (LIGT4) foi bem recebido pelo mercado. O pacote é viável para a empresa e capaz de injetar recursos no caixa no curto prazo, disseram fontes ouvidas pelo Estadão.
"O plano é bom para os debenturistas e a empresa, pois leva em conta a disponibilidade de caixa e a estrutura de capital", diz Heitor Martins, estrategista de investimentos da Nexgen Capital.
Para os investidores menores, foi oferecida a possibilidade de receber integralmente até R$ 10 mil no prazo de 30 dias. Isso deverá injetar R$ 2 bi no caixa da Light, calcula Martins.
Já no caso dos fundos de investimento, que têm grandes posições, deve haver mais discussão, com a possibilidade de as instituições financeiras, até porque o leilão reverso deve ter adesão menor, tendo em vista o desconto mínimo de 60%, disse uma fonte ao Estadão.
"Os investidores institucionais tendem a preferir prazos mais longos ou negociações no pagamento de juros ou de amortizações do que um deságio tão grande. Esse tipo de situação costuma abrir frente de negociação."
Na opção que a empresa chamou de "parceiros 1", a remuneração é de NTN-B mais 2% ao ano com pagamento a partir de 2026. Na "parceiro dois" o pagamento começa em julho de 2025, com IPCA, acrescido de 4,85% ao ano.
Leia Também
No setor de energia as concessões são longas — com prazos de até 30 anos — e, por isso, é muito importante manter o bom relacionamento com o mercado e ter abertura para financiamento, concordam analistas e advogados consultados.
"Não honrar um compromisso prejudica a operação da companhia. Mas o plano veio ao encontro dessa necessidade de relacionamento com o mercado", diz Martins.
VEJA TAMBÉM — Nome no Serasa: sofri um golpe e agora estou negativado! O que fazer?
Parte do plano depende da renovação de concessões
A companhia informou que vai buscar pelo menos R$ 1 bilhão com novas linhas de crédito, Fidcs e securitizações e até R$ 3 bilhões com uma capitalização, trocando dívida por ações.
Também propôs o benefício de recebimento integral dos créditos a investidores que apoiarem a separação total da estrutura de capital da Light Energia (geradora), renunciando a obrigações via Light S.A. (holding).
Para os investidores que desejarem apoiar a Light SESA (distribuidora), que concentra R$ 6,3 bilhões das debêntures, a proposta é investir recursos em um FIDC da distribuidora à razão de 1,2 para 1: a cada R$ 1,20 de novo dinheiro aportado, R$ 1 de crédito poderá aderir à opção, com recebimento integral.
Agora, a empresa precisa obter a renovação da concessão junto à Aneel. O contrato com o governo acaba apenas em 4 de junho de 2024, mas a Light está buscando antecipar a renovação e deu entrada ao pedido no início de junho. O poder concedente tem um ano e meio para decidir.
Nem todos os credores apoiam o plano da Light (LIGT3)
Mas, apesar da boa avaliação dos especialistas, nem todos os credores da Light estão satisfeitos com o plano.
O Comitê de Gestoras de Fundos de Investimento em Debêntures da empresa — que representa mais de três milhões de investidores pessoas físicas que, por meio de fundos de investimentos ou diretamente, emprestaram R$ 5 bilhões à companhia — divulgou no sábado (15) uma nota sobre o tema.
A expectativa do grupo é de que a Light apresente um novo plano de recuperação, que divida entre debenturistas e acionistas o ônus do reequilíbrio da companhia.
"Continuamos afirmando que a Light não precisa impor seus credores a um processo danoso dessa magnitude. A Light SESA tem instrumentos em seu contrato de concessão que permitem essa correção e deveriam ser exigidos pelo Regulador."
A nota menciona que os credores "emprestaram R$ 5 bilhões para a melhoria dos serviços de fornecimento de energia elétrica no Rio de Janeiro", mas se sente insatisfeito com "a integralidade do sacrifício ao reequilíbrio financeiro da Light SESA aos credores e, dessa forma, transfere riqueza ao acionista, o que é ilegal, imoral e injusto".
"O Grupo de Debenturistas da Light SESA continua engajado de boa-fé e à disposição para negociar um plano que:
- não incorra em ilegalidade,
- assegure a viabilidade econômica da Light SESA,
- aprimore a governança corporativa da empresa
- e, ao mesmo tempo, distribua de forma justa e equitativa os sacrifícios entres os diversos stakeholders."
*Com informações do Estadão Conteúdo
Começa a semana mais importante do ano: Investidores se preparam para eleições nos EUA com Fed e Copom no radar
Eleitores norte-americanos irão às urnas na terça-feira para escolher entre Kamala Harris e Donald Trump, mas resultado pode demorar
Isentos de imposto de renda e mais rentáveis que o Tesouro IPCA+: as debêntures, CRIs e CRAs recomendadas pelo BB-BI para novembro
Em meio à alta da Selic e a desancoragem das expectativas de inflação, a casa segue priorizando emissores com características defensivas
O tempo parece voar: A uma semana das eleições nos EUA, Ibovespa repercute balanço do Santander e relatório de produção da Petrobras
Ibovespa subiu pouco mais de 1% ontem na esteira da expectativa com novas medidas de cortes de gastos pelo governo
Justiça do Reino Unido aprova acordo da Light (LIGT3) para reestruturação de dívidas com credores internacionais
Corte inglesa confirmou a proposta aprovada neste mês com 99,4% dos bondholders no âmbito do “scheme of arrangement”
Tudo incerto, nada resolvido: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho e dificultam a vida do Ibovespa em dia de agenda vazia
Fora alguns balanços e o Livro Bege do Fed, investidores terão poucas referências em dia de aversão ao risco lá fora
Sem IPOs, empresas apostam na renda fixa e captam valor recorde de R$ 542 bilhões no mercado de capitais neste ano; debêntures e FIDCs são destaques
Do total captado até setembro, a grande maioria veio da classe, cujo ativo de maior destaque são as debêntures, especialmente de infraestrutura
Agenda fraca deixa Ibovespa a reboque de Wall Street, mas isso não espanta a possibilidade de fortes emoções na bolsa
Andamento da temporada de balanços nos EUA e perspectivas para o rumo dos juros pesam sobre as bolsas em Nova York
Renda fixa no exterior: DBOA11, ETF que investe em debêntures americanas conversíveis em ações, estreia na B3
Gestora Oryx Capital, responsável pelo novo fundo de índice, deseja focar em ETFs voltados para o mercado externo e mudar a forma como a distribuição desses produtos é remunerada no Brasil
Light (LIGT3) recebe luz verde de credores no Reino Unido para proposta de reestruturação de dívidas; ação sobe mais de 3% na B3
Segundo a companhia de energia, 99,4% dos bondholders aprovaram o acordo, que será confirmado pela Corte Inglesa em audiência no dia 28 de outubro
Vale virar a chavinha? Em dia de agenda fraca, Ibovespa repercute PIB da China, balanços nos EUA e dirigentes do Fed
PIB da China veio melhor do que se esperava, assim como dados de vendas no varejo e produção industrial da segunda maior economia do mundo
O que divide o brasileiro de verdade: Ibovespa reage a decisão de juros do BCE e dados dos EUA em dia de agenda fraca por aqui
Expectativa com o PIB da China e novas medidas contra crise imobiliária na segunda maior economia do mundo também mexem com mercados
Mais um passo para a ação da CVC (CVCB3) decolar? Acordo para alongar vencimentos e reduzir juros de debêntures é aprovado em assembleia
O entendimento com os debenturistas para o reperfilamento de dívidas havia sido alcançado há pouco mais de um mês; confira os detalhes
Chapter 15: Light (LIGT3) pede reconhecimento de processo de recuperação judicial nos Estados Unidos
Objetivo é ingressar na lei de falências americana para aplicar nos Estados Unidos as medidas de reestruturação de dívidas aprovadas no Brasil
Sequoia (SEQL3) anuncia recuperação extrajudicial para renegociar dívidas de R$ 295 milhões, mas com bancos e debêntures de fora
O plano da Sequoia inclui a conversão e reperfilamento de créditos decorrentes de contratos com fornecedores, prestadores de serviços e locadores de armazéns
Não está fácil para a Kora Saúde (KRSA3): empresa anuncia reperfilamento de dívidas e convoca assembleia para debenturistas
Se você é titular de debêntures (títulos de dívida) emitidos pela Kora Saúde (KRSA3), fique ligado: companhia convocou assembleia geral para negociação de dívidas
Tesouro Direto, títulos isentos de IR e mais: as recomendações do Itaú BBA na renda fixa após a alta da Selic
Na visão dos analistas, a taxa básica de juros brasileira deve chegar aos 12% ao ano em 2025 e impulsionar a rentabilidade dos títulos pós-fixados
Em meio ao aumento da tensão no Oriente Médio, Ibovespa reage à alta do petróleo e à elevação do rating do Brasil
Agência Moody’s deixou o rating soberano do Brasil a apenas um degrau do cobiçado grau de investimento — e a perspectiva é positiva
BB Investimentos indica 7 debêntures e outros títulos isentos de imposto de renda para investir em outubro
Instituição recomenda títulos incentivados para o público geral e público qualificado; veja a carteira completa
Bitcoin e ouro lideram novamente o ranking dos melhores investimentos em setembro, enquanto Ibovespa volta a amargar perdas; veja o ranking
Nem mesmo o corte de juros nos EUA e os estímulos econômicos na China foram capazes de animar a bolsa brasileira; veja o ranking dos melhores e piores investimentos do mês
Bolsa numa hora dessas? Por que comprar ações agora e onde estão os tesouros ocultos da B3
O podcast Touros e Ursos recebe Gustavo Heilberg, sócio-fundador da HIX Capital, que fala sobre as suas apostas fora da caixa na bolsa brasileira